domingo, 1 de maio de 2011

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Ópera revela tensão antes da Revolução Francesa

Em "As Bodas de Fígaro", Conde de Almaviva deseja noiva de barbeiro

Gravação da obra de Mozart foi regida por maestro indiano e tem no elenco grandes vozes da música europeia Fonte: folha.uol.com.br 01/05




No dia do seu casamento, o barbeiro Fígaro tem que bolar uma série de estratagemas para manter seu patrão, o Conde de Almaviva, longe da noiva, em "As Bodas de Fígaro", de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791).
A obra, o volume 14 da Coleção Folha Grandes Óperas, é uma comédia vibrante, que revela as tensões entre aristocracia e burguesia às vésperas da Revolução Francesa.
Fígaro é o personagem de uma trilogia de Beaumarchais, cuja primeira peça é bastante conhecida, já que inspirou a célebre "O Barbeiro de Sevilha", composto em 1816 pelo italiano Gioachino Rossini (1792-1868).
Embora a criação do compositor austríaco seja anterior à de Rossini, ela se baseia na segunda peça da trilogia; a história é, portanto, a continuação da anterior.
Em "O Barbeiro de Sevilha", Fígaro coloca seu engenho e arte a serviço do Conde de Almaviva, que deseja se casar com Rosina. Depois de uma série de artimanhas, Fígaro consegue juntar os felizes amantes, que se casam.
Na ópera "As Bodas de Fígaro", quem vai casar é o próprio barbeiro, com Susanna, que agora é criada pessoal de Rosina, convertida em Condessa de Almaviva.
Contudo, o conde não é mais a figura heroica e generosa da obra de Rossini. Entediado pela convivência conjugal, o Conde de Almaviva deseja a noiva de Fígaro.
Toda a ação transcorre em um dia, o das bodas de Fígaro, que trama com Susanna e a condessa para enganar Almaviva e conseguir levar sua união conjugal a termo. No meio do caminho, cartas, mal-entendidos, revelações inesperadas e confusões.
A gravação da ópera é regida pelo indiano Zubin Mehta, à frente do Maggio Musicale Fiorentino. Ele comanda um elenco de grandes vozes europeias, como Michele Pertusi (Fígaro) e Lucio Gallo (Almaviva). As partes femininas são cantadas por Karita Mattila (condessa) e Marie McLaughlin (Susanna).

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Morre aos 99 o escritor argentino Ernesto Sabato

Ganhador do prêmio Miguel de Cervantes ficou debilitado após bronquite

Um dos nomes mais populares da literatura do país, autor esteve na primeira investigação de crimes da ditadura

Fonte: folha.uol.com.br 01/05


Morreu na madrugada de ontem, aos 99 anos, o escritor argentino Ernesto Sabato, um dos nomes mais populares da literatura do país.
"Há 15 dias ele teve uma bronquite que o debilitou muito, ele estava sofrendo há algum tempo. Mas ainda tinha momentos ótimos, principalmente quando escutava música", disse Elvira González Fraga, companheira do escritor, que vivia na cidade de Santos Lugares, nos arredores de Buenos Aires.
Nascido em Rojas, o escritor e ensaísta teve seu nome marcado na história política do país por seu trabalho na área de direitos humanos.
A pedido do então presidente Raúl Alfonsín, ele presidiu entre 1983 e 1984 a Conadep (Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas), a primeira investigação sobre a última e brutal ditadura militar (1976-83).
Esse trabalho, conhecido como "relatório Sabato", resultou no livro "Nunca Mais" (1984), que narra o modus operandi da repressão e levanta a morte e desaparecimento de 30 mil pessoas.
A investigação abriu caminho para o julgamento de militares que cometeram crimes no período.
Logo após esse trabalho, ainda em 1984, Ernesto Sabato recebeu o Miguel de Cervantes, um dos maiores prêmios literários da língua espanhola. Ele foi o segundo escritor argentino a receber o título, depois de outro grande, Jorge Luis Borges.
Dentre os livros mais célebres, estão "Sobre Heróis e Tumbas" (1961), os livros "O Túnel" (1948) e "Abbadon, o Exterminador" (1974).
Apesar do sucesso literário -sua obra marcou principalmente a geração dos anos 60 e 70-, Sabato não se considerava um escritor de ofício.
"Nunca me considerei um escritor profissional, dos que publicam um romance por ano", disse numa antiga entrevista. Era formado em física, profissão que abandonou ainda nos anos 40.
Os últimos trabalhos do autor argentino, que também pintava, incluem memórias e crônicas sobre a velhice.
Por causa da idade, segundo o filho Mario, autor de um documentário sobre o pai, Sabato já não saia de casa, falava muito pouco e vivia sob cuidado de enfermeiras.
Hoje, o escritor seria homenageado na Feira Internacional do Livro de Buenos Aires por seu centenário, em 24 de junho.

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Sem muitos méritos, autor foi campeão moral da Argentina Fonte: folha.uol.com.br 01/05



Houve um tempo em que Ernesto Sabato pensou que podia competir com Jorge Luis Borges (1899-1986). Então apareceu um livro seu com um anúncio publicitário que dizia: "Sabato, o rival de Borges".
Logo perguntaram a Borges o que pensava do assunto, e, irônico, ele respondeu: "Que curioso! Jamais diria que Sabato era um rival para mim".
Esse gesto de desdém de Borges põe Sabato em seu justo lugar, mas não explica o mistério. É que esse enigma de Sabato é parte do grande enigma da Argentina -o país do inexplicável.
Todo intelectual argentino, cada vez que viaja ao exterior, encontra-se diante da terrível situação de ter de responder a uma pergunta como esta: "Pode me explicar o que é o peronismo?". Impossível. Para nós, é muito simples compreender o peronismo, mas impossível explicar.
Noutro extremo, algo semelhante ocorre com Sabato. Como é possível que um escritor sem grandes méritos se converteu numa referência da literatura argentina? Como é possível que com uma trajetória política um tanto duvidosa tenha se tornado o campeão moral da nação? Impossível expressá-lo.
O sucesso de Sabato há de ser explicado pelo viés do mal-entendido, do inefável.
Escritor de certa influência existencialista ("O Túnel" é seu melhor livro), adquiriu rapidamente uma pose estereotipada de alma desgarrada, de consciência atravessada pelos demônios.

DOIS DEMÔNIOS
Volta aqui o paradoxo: Sabato, que sempre se imaginou como um escritor escuro e maldito, ocupou publicamente o lugar do politicamente correto, da sensatez. Foi o homem aplaudido pelos meios mais poderosos, pela classe política mais trivial. O senso comum foi seu horizonte de pertencimento.
Depois de certo flerte com o ditador Jorge Rafael Videla, rapidamente se recompôs como o intelectual da transição democrática.
Presidiu a Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas, que investigou os crimes da ditadura, e é seu o célebre prólogo de "Nunca Mais", o livro oficial sobre aqueles crimes.
Prólogo esse que expressa como ninguém a ideologia conservadora daquele retorno à democracia: nele se igualam ética, política e juridicamente o terrorismo de Estado com as ações cometidas pelas organizações revolucionárias dos anos 70. É o que se conhece como "teoria dos dois demônios".
Novo paradoxo: Sabato era o homem que acreditava nos demônios, que os invoca, mas desta vez o faz em nome da moderação.
Ele foi o escritor que encarnou a consciência moral de um país, obturando as perguntas mais críticas, enclausurando os debates políticos mais agudos.


DAMIÁN TABAROVSKY , 44, é escritor e jornalista, autor dos livros "La Expectativa" (2006), "Las Hernias" (2004), entre outros.

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Uma brasiliense no Bolshoi

Nascida em Taguatinga, Clítia Nascimento é uma das bailarinas do espetáculo Grande suíte do ballet Don Quixote, que será apresentado na quinta-feira, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional

Fonte: correioweb.com.br 01/05

Quando as cortinas de veludo da Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional se abrirem, na próxima quinta-feira, e o elenco da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil surgir sob os holofotes, a bailarina Clítia Nascimento, 20 anos, começará a viver uma experiência inédita: a de se apresentar em sua terra natal. Nascida em Taguatinga, ela subiu na sapatilha de ponta e deu seus primeiros pliês em academias de Brasília. No ano passado, foi aceita pela única filial da companhia russa de balé e ópera, instalada em Joinville (SC). E agora, com o espetáculo Grande suíte do Ballet Don Quixote, poderá finalmente mostrar aos conterrâneos o resultado de suas oito horas de dedicação diária à dança.

Antes de chegar à meca do balé nacional (e mundial), a menina percorreu um longo caminho, pontilhado por dedicação e sacrifícios. Aos 6 anos, já rodopiava pelos cantos da casa e executava os passos que aprendia nas aulas de jazz. Atenta aos sinais, a mãe da menina, Acácia Daniel, decidiu matriculá-la na Academia Lúcia Toller. “Foi aí que comecei a aprender balé clássico mesmo, com uniforme, salas de aula e disciplina. Eu gostava, queria ter mais compromisso com a dança”, conta. A hora diária de aprendizado não lhe bastava. Quando havia salas disponíveis na escola de dança, ela se alongava e praticava os passos por conta própria, durante quase duas horas.

Sete anos depois, a bailarina juntou-se à turma da professora Gisele Santoro. “Com ela, aprendi que é importante ter a técnica enraizada, saber o que fazer, ter confiança em si mesmo e se esforçar muito”, lembra. Como os ensaios mudavam frequentemente de lugar, era preciso enfrentar longos trajetos de ônibus, às vezes tarde da noite. Mas Clítia driblava as horas de locomoção entretida com os livros e os deveres de casa.

Quando a unidade brasileira do Bolshoi foi fundada no país, em 2000, a mãe da menina leu a notícia no jornal e prometeu que, quando se aposentasse, a família se mudaria para Santa Catarina. O sonho ficou em suspenso até 2008, fase em que Clítia se informou sobre a seleção. Enviou currículo, fotos e um vídeo em que aparecia executando passos básicos de balé. Um mês depois, soube que havia sido selecionada para a próxima etapa: testes presenciais.

Ao lado da mãe, entrou num avião pela primeira vez, rumo a Joinville. Durante três dias, passou por uma bateria de avaliações, incluindo testes de flexibilidade, checape completo e uma aula coletiva. A última etapa exigia que cada candidato mostrasse um número de seu repertório. Ela escolheu uma variação de Carnaval em Veneza, coreografia de Marius Petipa, com música de Cesare Pugni. “Tinha ensaiado bastante, estava tranquila”, comenta a bailarina, que foi uma das seis selecionadas, entre os mais de 200 inscritos. Aos 17 anos, ela já era uma veterana, comparada às crianças de pouco mais de 11 anos que costumam ser aceitas pela companhia.

Hoje, Clítia vive na casa de uma senhora que recebe bailarinas de todos os cantos. Pela manhã, dedica-se às aulas de inglês e ao estudo das disciplinas teóricas (literatura musical, teoria da dança e até mesmo introdução ao piano). Almoça na escola e, entre as 14h e as 18h, frequenta as aulas de balé clássico, repertório, dueto, dança contemporânea e teatro. Das 18h às 19h45, ensaia os números que o Bolshoi leva para teatros de todo o país, e do mundo. Depois que se formar, no ano que vem, ela já sabe o que pretende fazer: tentar uma bolsa no exterior, para continuar dançando.




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Três empresas dominam quase 70% da distribuição de gasolina

Concentração subiu desde 2006, quando cinco empresas dividiam a mesma fatia do mercado

Política de preços para combustíveis no país e monopólio da Petrobras em refino afastaram petroleiras estrangeiras

Fonte: folha.uol.com.br 30/04

Cerca de 70% do mercado de distribuição de gasolina está nas mãos de três empresas: BR Distribuidora, Ipiranga e Raízen (joint venture formada entre Cosan e Shell).
Os dados, compilados pelo CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), são da ANP (Agência Nacional do Petróleo) e referem-se a fevereiro.
No mesmo período de 2006 -antes da última fase de consolidação do setor-, cinco empresas concentravam 70% da distribuição.
De lá para cá, empresas saíram, outras surgiram e o resultado foi a expansão do "market share" da BR, da Petrobras, e da Ipiranga, adquirida pelo grupo Ultra e pela estatal em 2007.
Ipiranga e BR, hoje, respondem por 50% do mercado de distribuição de gasolina -fatia dez pontos percentuais maior do que em 2006.
Mas o impacto da concentração de mercado para os consumidores não é consenso entre especialistas.
Uma mudança natural na política de investimentos das empresas seria o motivo principal da concentração. Diante do crescente custo de exploração de petróleo, as companhias precisaram definir em qual fase da cadeia pretendiam atuar.
"As petroleiras buscam racionalizar os ativos. A Exxon, por exemplo, deixou o país por entender que o negócio de distribuição na América Latina era o menos rentável", diz Alexandre Szklo, professor da Coppe/UFRJ.
Mas os fatores que levaram a Exxon e outras estrangeiras, como a Chevron (vendedora da Texaco), a optar pela saída têm origem no monopólio da Petrobras no refino e na política para os preços dos combustíveis.
"Ela tende a tornar menos rentável um segmento que, naturalmente, já não é tão rentável", afirma Szklo.
Como a Petrobras não repassa para o consumidor interno os altos e baixos do petróleo e derivados no exterior, o mercado nacional caminha descolado do mundo.
Adriano Pires, do CBIE, é mais enfático: "Em países onde a concorrência é predatória, elas definiram que o melhor seria sair".

ÁLCOOL
Das estrangeiras, só a Shell continua no setor, agora em uma joint venture com a brasileira Cosan, que entrou no segmento em 2008, por meio da compra dos ativos de distribuição da Esso.
A expansão do etanol no consumo explica a entrada de uma produtora de álcool em distribuição. Como a gasolina C, vendida ao consumidor, tem uma mistura de até 25% de álcool anidro, para os produtores de etanol a venda direta ao consumidor pode ser um bom negócio.
"Você acaba vendendo álcool a preço de gasolina", diz Walter Belik, professor do Instituto de Economia da Unicamp.
Segundo ele, o custo de produção de álcool está entre R$ 0,30 e R$ 0,35 por litro. Ontem, o anidro saía das usinas a R$ 2,38 por litro, segundo o indicador Esalq/Cepea.

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USP vai construir dois museus e área para exposições

Acervos de museus de Zoologia e de Arqueologia serão transferidos para novo espaço na Cidade Universitária

Complexo, idealizado nos anos 1990, só saiu do papel por conta de ordem judicial; custo será de R$ 100 milhões

Fonte: folha.uol.com.br 30/04
Até 2013, a USP (Universidade de São Paulo) deve inaugurar, finalmente, sua praça dos museus. Idealizado nos anos 1990, o projeto só ficou pronto agora.
O complexo envolve uma passarela suspensa unindo três grandes prédios, num canto da Cidade Universitária, no Butantã (zona oeste).
Os edifícios abrigarão o Museu de Zoologia (atualmente no Ipiranga), o MAE (Museu de Arqueologia e Etnologia) e um espaço para exposições de ciência. O custo estimado, diz a USP, é de R$ 100 milhões. A data da inauguração coincide com o último ano do mandato do reitor João Grandino Rodas.
Um dos edifícios será recheado com o acervo do atual Museu de Zoologia da USP, que deixará o prédio histórico no bairro do Ipiranga. E abrirá espaço, assim, para que o Museu Paulista, mais conhecido como Museu do Ipiranga, possa estender seus tentáculos.
"A mudança é totalmente positiva. Vamos ter o dobro do espaço que temos aqui hoje", diz o professor Hussam Zaher, diretor da instituição.
O novo prédio terá por volta de 14 mil m2 de área.
No prédio que o museu ocupa hoje, existem por volta de 8 milhões de peças no acervo. Porém, só 2.000 podem ser expostas ao mesmo tempo, por causa espaço disponível nas salas e corredores para as exposições.
Um outro prédio do complexo será ocupado pelo MAE, que já funciona na USP, mas em um espaço mais acanhado. O tamanho da edificação do MAE será praticamente o mesmo destinado ao Museu de Zoologia.
A execução do antigo projeto da Praça de Museus será possível por causa de uma decisão judicial, diz Antonio Massola, diretor da Fusp (Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo).

COMPENSAÇÃO
O imbróglio começou quando empresas imobiliárias destruíram parte de um sítio arqueológico que havia no bairro do Itaim (zona sul).
Na Justiça, elas foram condenadas, como compensação, a construir um museu sobre arqueologia, diz Massola. Como já havia um projeto pronto, a obra acabou sendo desengavetada pela USP.
Talvez a universidade tenha que pagar parte dos custos, afirma Massola.
O terceiro prédio do complexo, terá uma entrada independente da USP e, por isso, funcionará normalmente aos finais de semana, será usado principalmente para exposições de ciência.
A obra, quando concretizada, será o primeiro grande projeto assinado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, aluno da FAU/USP, dentro da Cidade Universitária.
A ideia original previa a ida do MAC (Museu de Arte Contemporânea) para o mesmo espaço. "Mas eles preferiram não deixar a região do Ibirapuera", diz Massola.

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cONGRESSO

Código Florestal, o que isso tem a ver com você?

Regras, que atingem moradores de áreas urbanas, tratam da regularização de imóveis e da ocupação à margem de rios e lagos

As regras de uma nova legislação provocam um debate poucas vezes visto no Congresso e influenciam o cotidiano no campo e nas cidades. A controvérsia ainda prevalece nas negociações sobre o Código Florestal Brasileiro, que será votado no plenário da Câmara esta semana. Até agora, o embate entre dois grupos — ambientalistas e ruralistas — reduziu o assunto a uma simples oposição entre a preservação de biomas e o avanço do agronegócio. Mas a reforma do código vai além. Cada ponto da nova lei determina mudanças na qualidade de vida dos brasileiros.

O Correio apurou o resultado prático das alterações do Código Florestal (leia arte acima). A decisão que sair do Congresso e for validada pela Presidência da República terá uma ressonância direta no campo e na cidade. O brasiliense que decidiu construir às margens do Lago Paranoá, por exemplo, numa área de preservação permanente (APP), poderá ver impedidas de vez as chances de regularização do imóvel. Será a mesma realidade de quem comprou uma chácara em Vicente Pires, na beira do córrego, ou da família que invadiu a encosta de um morro em Sobradinho 2. Boa parte dos produtores da zona rural estará dispensada de definir reserva legal. Pode ser um tiro no pé: a retirada de matas afetaria diretamente a qualidade e o ritmo da produção, diante da redução do fornecimento de água e de fatores indispensáveis a algumas culturas como a polinização. O alimento chegaria mais caro à mesa. A água, com menos frequência à torneira.

A consequência da diminuição das áreas de preservação permanente (APPs), segundo prevê o novo código, é ainda pior, como apontou um estudo divulgado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) na semana passada. A retirada da mata ciliar, às margens dos rios, amplia os processos de erosão. Em todo o Distrito Federal, já foram catalogadas 1,25 mil erosões, voçorocas e sulcos, facilmente encontrados nas áreas urbanas. Reduzir APPs aumenta as chances de transbordameento dos rios e inundações, piora a qualidade do ar, deteriora a água retirada para abastecimento, o que encarece os custos do tratamento. O consumidor paga a conta final.

Reserva legal
As regras que vigoram no Código Florestal foram insuficientes para conter o crime ambiental mais recorrente no DF: o avanço ilegal de imóveis, loteamentos, condomínios e da agropecuária por APPs. O zoneamento ecológico-econômico do DF precisou esse avanço. Ao todo, existem quase 85 mil hectares de áreas que deveriam estar intocadas, o equivalente a 15% da área do DF. São matas de Cerrado imprescindíveis para a regulação do microclima em Brasília, para o fornecimento de água e para a qualidade do solo.

Propriedades rurais no DF também estão deficitárias na definição de reservas legais — pelo menos 20% das áreas devem estar preservadas. O zoneamento ecológico-econômico mostra que tramitam no Governo do DF 1,2 mil processos para delimitação de reserva legal. O tamanho mínimo de um módulo rural na região é de dois hectares. Assim, a reserva deve medir, pelo menos, 0,4 hectare (ou 4 mil m²). Apenas 65 processos — 5,3% — pedem a configuração da reserva legal no tamanho mínimo exigido pela lei. Há ainda um outro aspecto questionável: de cada 10 processos para definição de reservas, quatro estão em área urbana. “Isso reforça um questionamento sobre a obrigatoriedade de averbação de reserva legal nesses tipos de zonas”, cita o zoneamento econômico-ecológico.

A proposta do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP), relator do novo Código Florestal Brasileiro, isenta da obrigação da reserva legal propriedades de até quatro módulos fiscais. Este é um dos pontos de maior discussão. Aldo ignorou, até agora, a defesa do governo da definição de reserva legal em todas as propriedades rurais. Grande parte dos produtores do DF pode se beneficiar com a medida. Os desmatamentos seriam mais frequentes, com consequências diretas à produção agrícola na região. Tradicionalmente, os agricultores não se preocupam com a reserva legal. O presidente da Cooperativa Agropecuária da Região do DF (Coopa-DF), Leomar Cenci, dá uma explicação: “As pessoas não têm procurado fazer reserva legal e APP porque não têm o título das terras nas mãos. Elas não se sentem obrigadas. É o governo do DF, o proprietário real, que deve fazer isso.”

As pessoas não têm procurado fazer reserva legal e APP porque não têm o título das terras nas mãos. Elas não se sentem obrigadas. É o governo do DF, o proprietário real, que deve fazer isso”

Leomar Cenci, presidente da Coopa-DF

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Quantidade de erosões, voçorocas e sulcos registrados na área urbana do Distrito Federal

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Governo americano quer restringir publicidade de junk food para crianças Fonte: folha.uol.com.br 30/04

Para combater a obesidade infantil, o governo dos EUA quer restringir a publicidade de junk food na TV e na internet e o uso de personagens de filmes e desenhos para vender alimentos com alto conteúdo de açúcar, gordura e sal.
O objetivo é fazer a indústria mudar o conteúdo dos alimentos ou parar de anunciá-los para o público infantil.
As diretrizes foram divulgadas pela Comissão Federal de Comércio, pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, pelo Ministério da Agricultura e pela FDA, que regula alimentos e remédios.
O prazo de implantação das regras é de até dez anos, diz o governo. A adesão das empresas será voluntária.

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Para cada 100 mulheres, há 96 homens, diz IBGE

Dados do Censo revelam que existem ao menos 60 mil casais gays no país

Pela 1ª vez, o percentual de pessoas que se dizem brancas caiu abaixo da metade; taxa de pretos, pardos e amarelos sobe
Fonte: folha.uol.com.br 30/04

O Brasil -com seus 190.755.799 de habitantes- que emerge dos números do Censo 2010 divulgados ontem pelo IBGE, é menos branco, mais velho, mais feminino e mais alfabetizado. Pela primeira vez, o percentual de pessoas que se declararam brancas caiu abaixo da metade: 47,7%. Em 2000, eram 53,7%.
Mais pessoas passaram a se declarar pretas (7,6%), pardas (43,1%) e amarelas (1,1%). Os indígenas continuam sendo 0,4%.
O IBGE usa exclusivamente o conceito de autodeclaração para atribuir cor e raça, dentro das classificações preto, pardo, amarelo e indígena. Os termos para designar cor fazem parte da nomenclatura oficial do instituto.
Para Sônia Rocha, pesquisadora do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade), é "natural" o crescimento da população parda. O motivo, avalia, é o "avanço da miscigenação".
Mas a expansão de pretos, diz, está ligada ao "orgulho".
A vendedora Marineide de Oliveira Santos, 29, confirma isso. Na certidão de nascimento, sua cor é branca.
Mas, ao IBGE, ela se declarou parda. "Dizia no passado que era branca, porque antes havia brincadeiras de mau gosto. Mas hoje em dia, pardo é como negro e tem suas vantagens -como as cotas."

MULHERES
O Censo 2010 revela ainda que, no país, "faltam" quatro homens para cada grupo de 100 mulheres. Na última década, a população "perdeu" um homem: o país passou a ter 96 homens para 100 mulheres -em 2000, eram 97.
Ana Amélia Camarano, demógrafa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), afirma que o crescimento mais acelerado da população feminina está ligado ao envelhecimento -já que as mulheres vivem mais.
É o caso de Maria Dicélia Campos Matias, 65, do Rio Grande do Norte, que ficou três vezes viúva. Dois de seus maridos morreram de ataques cardíacos. O outro, após um acidente de carro.
"Depois disso, convivi com uma pessoa por oito anos. Não deu certo, deixei.
Depois convivi com outro por três anos. No momento, estou gostando aí de uma pessoa. Tem que ir em frente."

CASAIS GAYS
O IBGE pesquisou ainda -e pela primeira vez- casais do mesmo sexo. Foram contados 60 mil cônjuges de igual sexo do chefe do domicílio -apenas 0,2% do total.
"Esse número está subnotificado e reflete, em parte, o preconceito, mas a tendência é que aumente nos próximos censos à medida que a legislação brasileira avance, como com o reconhecimento dessas uniões pela Previdência e pela Receita", disse Eduardo Pereira Nunes, presidente do IBGE.

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