A voz do samba
Mestre Monarco completa 50 anos de carreira, lança DVD histórico e tem um dos clássicos em trilha da novela das nove Fonte: correioweb.com.br 23/05
Um dia cinza, aquele 7 de fevereiro deste ano. Um incêndio acidental na Cidade do Samba, no Rio de Janeiro, destruiu os barracões das escolas Grande Rio, União da Ilha e Portela. Um ano inteiro de esforços para confeccionar fantasias, carros alegóricos e adereços de carnaval foi perdido em questão de minutos, faltando apenas um mês para a chegada dos desfiles. Era uma situação extrema. Mais uma enfrentada pelo portelense Hildemar Diniz, 77 anos. Esse carioca, no entanto, sabe se virar. Passou por muitos perrengues na vida antes de ficar eternizado pela alcunha de Monarco. A arma potente do veterano para curar todo mal? Colocar tudo num samba. “Triste ou alegre, não importa. São coisas da vida”, desabafa Monarco durante passagem por Brasília, antes de subir ao palco com os parceiros Marquinhos (pandeiro), Guará (violão), Timbira (surdo) e Serginho Procópio (cavaquinho). Durante a conversa, ele não deixou de usar o gravador que registrava a entrevista como pandeiro para batuque. Na sexta, Monarco tocou na Academia Brasileira de Letras (ABL) e fez um tributo a Nelson Cavaquinho. No sábado, ele esteve no Viradão Carioca, na Quinta da Boa Vista. Nem sempre a agenda do mestre foi lotada de shows e viagens pelo Brasil. Compositor desde a adolescência, fazia hinos em homenagem à escola do coração. Por muito tempo, as músicas ficavam conhecidas apenas pelos parceiros da azul e branco. Em 1973, enquanto lavava carros na frente ao Jornal do Brasil para sustentar a família, o compositor experimentou o sucesso na gravação de Tudo menos amor, por Martinho da Vila. Muitos sambas depois, veio a tão sonhada consagração com a gravação de composições de sua autoria feitas por Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Paulinho da Viola e a caçula do grupo, a cantora Maria Rita, que emplacou o sucesso Coração em desalinho, na novela das 21h da Rede Globo, Insensato coração. Muitos desses intérpretes fizeram participações nas gravações do DVD Monarco, a memória do samba, que será lançado ainda este ano. Mas, é mesmo o filho do mestre, o cavaquinista Mauro Diniz, o maior parceiro desse veterano do samba. Foi ao lado dele que Monarco cicatrizou a dor do incêndio que transformou tudo em cinzas na Portela, colocando toda a tristeza e a felicidade num samba que profetiza a vitória da Águia em 2012. “O meu filho Mauro Diniz é meu parceiro agora, já que os meus parceiros antigos estão morrendo. Nós compomos assim. ‘A Portela espera que cada um saiba cumprir com seu dever/ A vontade impera e o portelense não se cansa de dizer que esse ano é o ano da consagração.” Sucesso » É uma felicidade muito grande ser reconhecido na rua. Antes tarde do que nunca. Eu ralei muito. Tinha um radialista no Rio que, quando tocava um samba meu, me chamava de injustiçado. A vida é assim mesmo. O Cartola morreu com 70 e poucos e foi gravar o primeiro disco dele com 60. O divino Cartola! Nem tenho palavras para descrevê-lo. Carlos Cachaça dizia que as coisas honestas neste país não dão Ibope. Palavra do meu parceiro. É assim mesmo. Tem muito valor bom escondido e muita mentira se dando bem. O que fazer? A mídia pega, faz e pronto. Mas, a verdade vem um dia. Tristeza » Já disseram para mim que meus sambas são tristes. O que é que tem? Tristeza é coisa da vida. Às vezes o samba é triste, mas vai alegrar o coração daquela criatura que está sofrendo muito em um mau momento. Se não tiver sentimento, não tem graça. Divino Cartola » Eu tive muita lição de Cartola nessa vida. Conversávamos muito. Falávamos horas e horas. Ele me citou numa notícia de jornal que eu nunca mais joguei fora. Um dia contei isso e ele disse que pregou na parede um pedaço de jornal em que o Carlos Drummond de Andrade o elogiava. Ele me falou uma vez que gostava mais de O mundo é um moinho (que ele compôs para a filha dele) do que de As rosas não falam. Isso eu digo com toda verdade. Ele disse isso para mim. Descompasso » Há muitos garotos compondo, mas eles estão mais interessados no samba enredo. Não falam sobre o outro lado da vida. O lado das desilusões amorosas, o cotidiano, a natureza e se esqueceram de enaltecer a Portela. Está faltando essa criação. A bem dizer, estão vivendo mais do samba antigo e não estão criando quase nada. Está todo mundo cantando durante o carnaval e chega na quarta-feira ninguém se lembra de mais nada. É pobre a letra, pobre a melodia. Aquele negócio manjado. Para onde nós vamos com isso? Não sei. Sentimento » O samba que sai do coração é o verdadeiro. É a criação do artista. Não é o encomendado. Fazer samba enredo é uma espécie de encomenda. Não é uma coisa que vem do coração. Isso é que é o bonito. O samba não vem do morro, nem da cidade. Ele vem do coração. Zeca Pagodinho » Eu gosto do Zeca como se fosse um filho. Quando ele era criança e me via no ônibus, pedia para o motorista deixá-lo subir. Ele ia até Madureira me pentelhando. Me adora. A fidelidade dele fez com que ele esteja onde está hoje. Queriam que ele gravasse música de gente fora da turma. Ele sempre bateu pé e falou que só gravava a rapaziada dele. Não adianta, ninguém se mete no repertório do Zeca. A fidelidade dele a essa raiz é infinita.
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Ecad deve ser investigado por duas CPIs
Comissões Parlamentares de Inquérito serão instaladas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e no Senado
Escritório responsável por distribuir direitos autorais recebeu sucessivas denúncias de fraude e má gestão
Fonte: folha.uol.com.br 23/05
A Assembleia Legislativa do Rio vai instalar, na próxima terça-feira, uma CPI para investigar o funcionamento do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad). A proposta partiu do deputado estadual André Lazaroni (PMDB-RJ).
Em Brasília, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) propôs outra CPI, no Senado, para investigar o Ecad.
André Lazaroni disse que a CPI na Assembleia é uma resposta à sucessão de denúncias que vem recaindo sobre o Ecad, responsável por distribuir direitos de obras musicais a seus compositores.
No último mês, o Ecad foi acusado de pagar R$ 127,8 mil a Milton Coitinho dos Santos, que assinava a autoria de composições. A Folha localizou Coitinho em Bagé (RS). Ele é motorista de ônibus, afirma não tocar "nem gaita" e nunca ter recebido a soma da entidade.
Há, ainda, outras denúncias de fraude, como a de 2004, em que R$ 1.140.198 de crédito retido (dinheiro que deveria ser distribuído igualmente entre todos os compositores) foi transformado em receita do escritório.
Procurada pela Folha, a superintendente do Ecad, Glória Braga, não quis se manifestar sobre as denúncias.
Por meio da assessoria, a entidade declarou que publicará, hoje, uma nota que não só esclareça o caso mas também aponte para os interesses do grupo Globo no Ecad.
O grupo é o principal autor das denúncias, por meio de reportagens de "O Globo". E corre no Superior Tribunal Justiça uma ação movida pela TV Globo contra o Ecad.
A emissora tenta manter o valor mensal pago à entidade (R$3,8 milhões) contra o resjuste para R$ 10,4 milhões exigido pelo Ecad. Em um ano, a TV Globo teria de pagar o equivalente a 27% do total recebido pelo Ecad em 2010 (R$ 433 milhões).
Procurada pela Folha, a TV Globo informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não se posicionará antes de tomar conhecimento do conteúdo da nota do Ecad prevista para hoje.
Lazaroni diz só ter tomado conhecimento da disputa entre Globo e Ecad após a aprovação da CPI. "Soube na quinta-feira passada. E não tenho nada a ver com essa briga. Minha preocupação é em agir de acordo com o interesse dos compositores."
Já o senador Rodrigues diz ter sido procurado pela diretoria do Ecad justamente em função da disputa judicial com a Globo.
"Falei que eles deveriam tornar isso público. Se o artista brasileiro recebe menos por causa da Globo, é um assunto que interessa à CPI."
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Consumidores físicos e virtuais têm os mesmos direitos
O CRESCIMENTO DO ACESSO BANCÁRIO PELA INTERNET NÃO DEVE SERVIR DE ÁLIBI PARA MAU ATENDIMENTONAS AGÊNCIAS Fonte: folha.uol.com.br 23/05
Os bancos têm impelido seus clientes a realizar a quase totalidade de suas transações pela internet.
Em princípio, isso congrega os interesses dos banqueiros -reduzir custos com prédios, equipamentos e pessoal- e dos correntistas -de evitar filas para pagar contas, enviar ordens de pagamento, conferir os extratos e fazer investimentos.
Outras vantagens são mais segurança pessoal e o funcionamento ininterrupto.
Recentemente, os bancos criaram a isenção de tarifas na modalidade de conta virtual, mas que só pode ser movimentada por meios eletrônicos: caixas eletrônicos, internet, central telefônica automática e celular.
Além disso, devem garantir ao consumidor segurança e qualidade de acesso para as transações financeiras, com investimento constante em tecnologia da informação. Cabe, ainda, aos bancos a responsabilidade por eventuais perdas sofridas em golpes virtuais, exceto quando houver negligência do correntista, claramente identificada.
Clientes físicos ou virtuais são iguais para o Código de Defesa do Consumidor. Ou seja, não podem receber cartões não solicitados, nem cobranças de tarifas que não constem dos contratos.
Também não devem ser forçados a adquirir seguros e outros produtos como contrapartida a empréstimos -a prática que é comumente chamada de chamada venda casada.
Vale igualmente para os que acessam o internet banking o direito à informação e o aviso com antecedência de mudança de regras, como ocorre com quem entra nas filas bancárias.
Atenção, consumidores: não tentem limitar as idas aos caixas, sacando muito dinheiro em espécie, pois facilita roubos, sequestros-relâmpago e outros crimes.
Ao contrário, solicitem ao banco um limite menor para transações diárias, inclusive na internet.
Atenção, banqueiros: o crescimento do acesso pela internet não deve servir de álibi para atendimento ineficiente, nem para as longas filas castigarem as pessoas que teimarem em ir ao banco convencional.
Esse é um direito de qualquer correntista, por mais que haja opções na internet. E esse direito não pode ser desconsiderado.
Afinal, em um país em que mais de 40 milhões sequer têm conta-corrente, há que se considerar que nem todos dispõem de computadores pessoais, embora seu uso venha aumentando exponencialmente.
Algumas pessoas ainda têm dificuldade para usar um simples terminal de autoatendimento, quanto mais as agências na web.
Isso posto, o banco tradicional não pode perder qualidade em atendimento, e tampouco em serviços.
Na agência de tijolos ou de bits, os interesses do cliente sempre deveriam prevalecer.
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A ilusão do imediatismo penal
ROBERTO DELMANTO JUNIOR
A "Castelo de Areia" desabou, a exemplo da "Satiagraha", que já está em frangalhos; retratos de "operações" midiáticas sem respeito à lei Fonte: folha.uol.com.br 23/05
Operação "Castelo de Areia", eis a alcunha. Poderia ser "Castelo de Cartas" ou "Castelo de Palha".
Esse viés midiático da polícia em dar nome a certas investigações foi objeto de duras críticas por parte do Supremo Tribunal Federal, mesmo porque a mídia não deve, jamais, ser o foco da atuação policial.
Ocorre que essas "operações", não raras vezes, têm sido anuladas por nossos tribunais em decorrência de erros procedimentais elementares que, talvez por excesso de confiança, prepotência ou precipitação catalisada pela exposição, têm sido cometidos, com a sedutora ilusão do imediatismo penal.
É fato que nossos tribunais têm aceito denúncias anônimas para que se inicie uma investigação, devendo a polícia checar a sua veracidade, embora a Constituição Federal vede o anonimato.
É correto afirmar, também, que significativa parcela das denúncias anônimas são verdadeiras, levando ao esclarecimento de crimes e salvando vidas de pessoas sequestradas, sendo importante instrumento de combate ao crime no Brasil.
Essa mesma denúncia anônima, todavia, não é suficiente para, por si só, permitir que um juiz determine a interceptação telefônica de pessoas nela referidas, sob pena de violação da Constituição e da lei nº 9.269/96. Tal restrição se aplica a todo cidadão, seja ele rico ou pobre.
Isso é compreensível, porque o anonimato gera a mais absoluta irresponsabilidade de quem denuncia, abrindo espaço para acusações levianas, sendo temerário banalizar a interceptação telefônica, admitindo-a com tão pouco.
Foi com esse fundamento que, recentemente, o Superior Tribunal de Justiça (nos habeas corpus nº 137.349 e nº 159.159) anulou grande parte da denominada operação "Castelo de Areia", que investigou a prática de crimes financeiros e de financiamento de campanhas envolvendo uma das maiores construtoras do Brasil.
A lição que se tem disso tudo é a de que os juízes que autorizam interceptações telefônicas precisam ter mais cuidado.
Se a polícia a eles apresenta uma denúncia anônima, que se determine a realização de investigações preliminares para só depois haver a quebra do sigilo telefônico. É cuidado elementar que muitas vezes não tem sido observado, gerando situações que causam repúdio, indignação e descrédito.
Repúdio de quem sofre a ilegalidade, tendo sua vida devassada com a interceptação telefônica ilegal; justa indignação do contribuinte, que assiste ao desperdício de recursos públicos em investigações policiais malfeitas e fadadas à ruína; descrédito, já que a mídia havia alardeado como certo aquilo que era incerto.
A "Castelo de Areia" desabou, a exemplo da "Satiagraha", que já está em frangalhos; retratos de "operações" policiais midiáticas construídas sobre o terreno arenoso e movediço do desrespeito à lei e à Constituição. Que se tirem lições de suas ruínas, como fazem os arqueólogos, para compreender erros e acertos do nosso Poder Judiciário.
ROBERTO DELMANTO JUNIOR, mestre e doutor em processo penal pela USP, advogado criminalista, é professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), conselheiro estadual da OAB/SP e coautor do "Código Penal Comentado" e de diversas obras.
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LUIZ FELIPE PONDÉ
Flagelo da classe média
Basta ver o tanto de bobagens que se fala no Facebook, tipo "fui ao banheiro" Fonte: folha.uol.com.br 23/05
NÃO SOU BEM RESOLVIDO, tenho muitos preconceitos. Um deles é contra a classe média.
Além disso, sou cheio de maus hábitos: charutos, cachimbos, álcool, comida com sangue e não ando de bike. Para mim, o vício e a culpa são o centro da vida moral.
Enfim, não sou uma pessoa muito saudável. Por isso, não sou de confiança. Mas não pense que sofro do fígado; sou apenas um fraco.
Tenho uma amiga, muito inteligente, que costuma me chamar de "flagelo da classe média".
Quando falo "classe média", não olhe para seu saldo bancário, olhe para dentro de si mesmo. Classe média é um estado de espírito, e não apenas uma "alíquota" do imposto de renda ou o tipo de cartão de crédito que você tem.
Uma das marcas da classe média é pensar que, quando se fala de classe média, pensa-se essencialmente em saldo bancário.
Você pode ter muita grana e pensar como classe média, quer ver? Vou dar um exemplo de um surto de classe média em alguém que não era da classe média.
O sociólogo húngaro radicado na Inglaterra Frank Furedi, em seu livro "Therapy Culture", comenta como a Lady Di (morta tragicamente em 1997), a "princesa da classe média inglesa" ou a "princesa do povo", lamentou para a mídia o fato de seu então marido, príncipe Charles (herdeiro do trono da Inglaterra), ter uma amante.
Podemos imaginar uma mulher do East End londrino se sentindo irmã da então princesa porque ambas sofreriam da mesma maldição: a infidelidade em um casamento infeliz. Choravam juntas, uma na frente da TV, outra na frente das câmeras.
Lady Di nunca entendeu o que é ser da aristocracia, confundiu-se com a classe média e seus anseios de que casamento, amor e felicidade sejam uma coisa só.
Mas não há muito o que fazer com relação à realeza hoje em dia, porque vivemos no mundo da opinião pública e "ter opinião sobre tudo" é um fetiche típico do espírito de classe média. Alexis de Tocqueville (1805-1859) já dizia que a democracia é tagarela.
Quando se depende da opinião pública já não há mais saída para escapar das "redes sociais" típicas do mundo contemporâneo, no qual as pessoas têm opinião sobre tudo a partir de seus apartamentos de dois quartos com lavabo.
Basta ver o tanto de bobagens que se fala no Facebook, tipo "fui ao banheiro" ou "vomitei". Além de "revoluções diferenciadas", as redes sociais potencializam a banalidade humana.
Quando a classe média sonha, ela sempre pensa como Cinderela. "Querer ser feliz" é coisa de classe média.
Você pode ser milionário e ter cabeça de classe média, por exemplo, quando faz algo preocupado com o que os outros vão pensar. Nada mais típico do espírito da classe média do que citar um restaurante numa ruazinha em Paris para mostrar que conhece a cidade.
Por outro lado, você pode ser uma pessoa que "batalha" pela vida e não pensar como Cinderela. Basta não criar de si mesmo uma imagem de "reduto do bem e da honestidade". O bom-mocismo social é o novo puritanismo hipócrita do início deste século.
Uma clara semelhança de espírito entre "aristocracia" e as classes sociais mais pobres (aparente absurdo) é a pouca ilusão com relação à hipocrisia social, substância da moral pública.
A primeira porque está acima da hipocrisia social (não precisa dela porque tem poder), e a segunda porque está abaixo da mesma hipocrisia social (não pode bancar a hipocrisia porque hipocrisia é um pequeno luxo).
O que caracteriza o espírito da classe média é pensar mais de si mesma do que ela é. Já que não tem nada, mas não morre de fome, fabrica de si mesma uma história de grandeza que não existe.
Por exemplo, inventa para si mesma uma "história de dignidade familiar", quando ninguém sobrevive sendo "digno", acha que educa bem seus filhos sempre "brilhantes", calcula cada proteína que come, num movimento de ganância travestido de preocupação com a vida, diz coisas como "não minto", quando, sabemos, a vida se afoga em mentiras necessárias à própria vida.
A classe média adora ter uma família de pobres como "amigos" para exibir por aí. Enfim, a classe média sofre de avareza espiritual.
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