sábado, 30 de julho de 2011

JOSÉ SIMÃO

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Sandy! A Devassa fez efeito!

E agora, se a sua mulher regular, você já pode gritar: "Você é mais careta que a Sandy!". Rarará!

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Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! Novo diretor do Dnit: Miguel MASELLA! Transportes, o Ministério dos Predestinados: Pagot, Fatureto, Varejão, Passos e Masella! Rarará!

E o novo slogan do Obama, que vai dar o calote: "Yes, we cano". Rarará! E terremoto do dia: a declaração da Sandy na "Playboy": "É possível ter prazer anal". Devassa! Anal Toddynho! Efeito devassa. A cerveja bateu agora.

E corre na internet o novo slogan da Devassa: "Devassa, a cerveja pra quem dá o redondo". A Skol desce redondo e a Devassa é pra quem dá o redondo! E agora, se a sua mulher regular, você já pode gritar: "Você é mais careta que a Sandy!". Rarará!

E a "Playboy" tem fotos da Galisteu e entrevista da Sandy. Mas o anal da Sandy derrubou o frontal da Galisteu. O fiofó da Sandy derrubou a periquita da Galisteu! E a "Playboy" da Sandy devia se chamar Playground! Playboy de travecas é a Playbolas. Playboy da Hebe é a Playlanca. E a Playboy da Sandy é o Playcenter.

E a trajetória da Sandy: no Carnaval ela tomou cerveja, nas férias de julho ela falou sobre prazer anal e no Natal? Até o Natal, a peruzada que se cuide. Rarará! E vai ser tudo na Disney.

E eu adoro a Sandy porque ela faz comercial da Devassa e fala sobre prazer anal com aquela mesma carinha de garota propaganda da Fanta Uva! E os sites de humor? Manchete do Piauí Herald: "Schin escala Sandy para nova campanha EXPERIMENTA!". Prazer anal! Experimenta! Experimenta! E o Sensacionalista: "Sandy deixa a Devassa e é contratada pela Caracu". E Cocotaseco postou uma foto bem singela da Sandy e escreveu embaixo: "Esta é uma singela homenagem ao furico mais comentado do Brasil". Rarará! Ô esculhambação!

O Brasil é assim: quando você acha que não tá acontecendo nada, vem a Sandy com essa analógica declaração! E como disse um amigo meu: se tomando cerveja ela já sai falando isso, imagine se tomasse a marvada! Rarará!

E eu tenho que dar um erramos: a CBF não é uma dinastia, é capitania hereditária. Rarará! E gostei muito da manchete da TV Vale Tudo sobre a viagem da Dilma ao Peru: Dilma pisa no Peru! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

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Itamaraty volta a comprar obras de arte

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Ministério das Relações Exteriores anuncia aquisição de 16 trabalhos de artistas brasileiros investindo R$ 150 mil

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De 2.000 candidatos inscritos, lista de 82 finalistas foi elaborada e resultado final sairá na semana que vem Fonte: folha.uol.com.br 30/07

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Quase 30 anos depois de abandonar seu programa de aquisições de obras de arte, o Ministério das Relações Exteriores quebra esse jejum nesta semana, anunciando a compra de 16 trabalhos de artistas brasileiros para compor seu acervo permanente.

Uma lista de 82 finalistas já foi elaborada por uma comissão julgadora, primeira peneira de 2.000 candidatos inscritos, que se estreita na próxima quinta com a escolha das obras que passarão a integrar a coleção, num investimento de R$ 150 mil.

Na primeira etapa do edital, a seleção ficou a cargo de brasileiros, representantes de instituições como a Pinacoteca do Estado de São Paulo, o Museu de Arte Moderna da Bahia e dos centros culturais do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

Estão na lista de finalistas, à qual a Folha teve acesso, jovens artistas, como Ana Elisa Egreja, Gui Mohallem, Matheus Rocha Pitta, Rafael Carneiro e Rodolpho Parigi, e trabalhos de autores consagrados, como Marepe, Carlito Carvalhosa e Paulo Monteiro.

Também há um grande contingente de artistas ainda pouco conhecidos ou sem expressão no mercado nacional e no circuito institucional.

É provável que os escolhidos sejam mesmo os nomes mais famosos, já que a decisão final será de uma comissão com curadores estrangeiros, entre eles Tanya Barson, da Tate Modern, em Londres, e Alison Greene, do Museum of Fine Arts, de Houston.

São profissionais reputados no circuito global, mas que têm contato limitado com a produção mais emergente realizada agora no país.

Segundo o diretor do departamento cultural do ministério, George Torquato Firmeza, resgatar "uma política sistemática, planejada, de aquisição" é um dos objetivos da atual gestão da chancelaria, a cargo do ministro Antonio de Aguiar Patriota.

"No exterior, a expansão de nossa rede de consulados e embaixadas tornou mais aguda a demanda por obras de arte", diz Firmeza. "Uma embaixada do Brasil não pode ser considerada completa sem algumas poucas obras de artistas brasileiros."

DIVISÃO ANACRÔNICA

Mas o valor investido por enquanto, e que pode ser duplicado na próxima edição do concurso no ano que vem, fica aquém da realidade do mercado nacional, em plena ebulição e com valores de obras em alta exponencial.

Também é um tanto anacrônica a divisão das peças escolhidas em quatro categorias, pintura, escultura, fotografia e obras em papel, deixando de fora vídeo, instalação e a produção contemporânea mais experimental.

Grafite deve ser o próximo suporte a entrar para o edital, a partir do ano que vem.

Talvez por esse funil estreito demais dos suportes ou valores ainda modestos, as obras finalistas se restringem a peças que podem figurar num canto de sala ou penduradas nas paredes dos prédios oficiais mundo afora.

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DRAUZIO VARELLA

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Cadeias lotadas

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A sociedade quer todos os bandidos atrás das grades, mas não terá recursos para as condições mínimas Fonte: folha.uol.com.br 30/07

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Lugar de bandido é na cadeia, diz o povo. Concordo, não tem cabimento deixar solto alguém que mata, assalta ou estupra, mas faço um reparo ao dito popular: lugar de bandido é na cadeia desde que haja lugar.

No sábado passado, o jornalista André Caramante publicou na Folha um relato sobre a superpopulação nos presídios: "Diariamente cem pessoas deixam as prisões paulistas, enquanto outras 137 são encarceradas". Não é preciso ser gênio em matemática para avaliar as dimensões da bola de neve: se a cada dia a massa carcerária sofre um acréscimo de 37 presos, em um mês serão 1.110 a mais.

Os técnicos recomendam que as cadeias não tenham mais de 800 detentos, para evitar indisciplina, fugas, dificuldade de vigilância, perda de controle e aparecimento de facções dominadoras. Com 1.110 presos a mais a cada mês que passa, deveríamos construir três presídios novos de dois em dois meses, ou seja, 18 por ano.

Sem levar em conta as dificuldades logísticas e a má vontade dos municípios que movem montanhas para impedir a instalação de prisões nas proximidades, analisemos apenas os custos de construção: se uma cadeia nova não sai por menos de R$ 30 milhões, para levantar as 18 gastaríamos R$ 540 milhões por ano. Quantas escolas faríamos com esse dinheiro?

Para não aborrecê-lo com mais números, caríssimo leitor que resistiu até agora, vou deixar de lado as despesas com a folha de pagamento dos funcionários e todos os custos de manutenção.

Graças às medidas tomadas pela Secretaria da Segurança nos últimos anos, a polícia de São Paulo ganhou mais competência. A continuar assim, à medida que esse processo de modernização e moralização se aprofundar, mais gente será presa. Vejam o paradoxo: a sociedade quer polícia atuante e todos os bandidos atrás das grades, mas não terá recursos para aprisioná-los em condições minimamente civilizadas. Como sair do impasse?

Ainda que mal compare: quando um produto abarrota o mercado, o que fazem os produtores? Diminuem a produção.

Violência urbana é doença multifatorial e contagiosa, que nas camadas mais pobres adquire características epidêmicas. Em sua gênese estão implicados fatores tão diversos como escolaridade, consumo de drogas ilícitas, desemprego, impunidade, condições de moradia, falta de espaço para lazer e muitos outros aspectos.

Os estudos mostram que correm mais risco de se tornar violentos aqueles que viveram pelo menos uma das seguintes situações: 1) falta de afeto e abusos físicos ou psicológicos na primeira infância; 2) falta de orientação familiar e de imposição de limites durante a adolescência; 3) convivência com pares envolvidos em atos de violência.

Na periferia das cidades brasileiras, milhões de crianças vivem nessas três situações de risco. São tantas que é de estranhar o pequeno número que envereda pelo crime.

Nossa única saída é oferecer-lhes alternativas de qualificação profissional e trabalho decente, antes que sejam cooptadas pelos marginais por um salário ridículo e sem direitos trabalhistas. Espalhadas pelo país há iniciativas bem-sucedidas nessa área, mas o número é tímido diante das proporções da tragédia social. Há necessidade de um grande esforço nacional que envolva as diversas esferas governamentais e mobilize a sociedade inteira.

Como parte dessa mobilização, é fundamental levar o planejamento familiar para os estratos sociais mais desfavorecidos. Negar-lhes o acesso ao controle da fertilidade é a violência maior que a sociedade comete contra a mulher pobre.

Toda vez que faço essa afirmação recebo e-mails de religiosos e de acadêmicos revoltados com ela. O argumento dos religiosos é o de sempre, o dos acadêmicos é a ausência de pesquisas que demonstrem a relação entre número de filhos e violência urbana.

Pergunto a você, leitor, e precisa? Há necessidade de evidências científicas para uma conclusão tão óbvia? Na penitenciária feminina em que atendo, é mais fácil achar uma agulha no palheiro do que uma menina de 25 anos que não tenha três ou quatro filhos, quase sempre indesejados. Algumas têm sete ou oito, espalhados em casas de parentes e vizinhos, morando na rua ou sob a tutela do Estado.

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Anne Rice revisita criaturas soturnas

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Próximo livro da autora de "Entrevista com o Vampiro" será lançado em 2012 com trama centrada em lobisomem

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Norte-americana havia abandonado temática sobrenatural seis anos atrás, ao se aproximar do catolicismo Fonte: folha.uol.com.br 30/07

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Faz 41º C lá fora, e Anne Rice surge toda de preto, crucifixo no pescoço e sorriso largo no rosto. Dentro de casa, toma refrigerante diet e oferece minibombas de chocolate. Os móveis da sala são claros, há vista para uma piscina e uma estante de livros decorada por santos de madeira comprados no Rio de Janeiro.

A escritora americana não está mais na sua cidade natal, a úmida Nova Orleans, cenário de seu primeiro romance e obra mais famosa -"Entrevista com o Vampiro", lançado há 35 anos e responsável por modernizar e glamourizar os épicos vampirescos.

Ela mora há seis anos na abafada Palm Desert, nos confins da Califórnia. A mudança aconteceu na mesma época em que substituiu o vampiro sedutor Lestat por Jesus Cristo em seus livros.

Foi sua volta à religião, que abandonara aos 18. Mas durou pouco. Em 2010, largou a Igreja Católica e os padres homofóbicos, embora ainda conserve sua fé.

Para os leitores, o que mais interessa: ela desistiu da promessa de nunca mais voltar às criaturas obscuras. Rice se entregou aos lobisomens.

OUTRO CAMINHO

"Não sou mais a niilista ou ateia que fui quando escrevi sobre os vampiros", diz a escritora. "Tenho um outro caminho espiritual. Mas há um lado sombrio, sem dúvida. Meu lobisomem é um herói sobrenatural que mata."

"The Wolf Gift" (O presente do lobo), com mais de 500 páginas, só sai em 2012. Fala sobre um jovem jornalista de San Francisco que é mordido e vira lobisomem. Mas como manter a voz original com tantos lobos-homens surgindo na TV e no cinema?

"É difícil. Mas quero dar a minha versão deste personagem, criar um universo deles", disse. "Vou te contar algo irritante: é complicado achar uma palavra para seu monstro que já não tenha sido usada!"

GENÉTICA

O caminho oposto também acontece. Rice, que escreveu 12 livros de vampiros entre 1976 e 2003, diz ver o DNA de seus personagens na série "True Blood" e na saga "Crepúsculo". "Tudo bem, admiro esses novos autores. Estão fazendo material original. Claro que são influenciados. Da mesma forma que fui por 'Drácula' [de Bram Stoker]."

Espalhadas pela casa estão pinturas feitas pelo marido, morto em 2002. Da cozinha vem uma música de João Gilberto. "Coincidência", diz. "Ele adorava esse disco. Comprei para me lembrar dele."

Rice também perdeu a irmã em 2007, o que a levou à depressão. "Minha saúde não andou muito boa nos últimos anos. Apenas agora estou voltando a ficar bem", diz a autora, que completa 70 anos em outubro.

Recentemente, anunciou que "Entrevista com o Vampiro" ganhará nova versão, em quadrinhos, desta vez pelo ponto de vista de Claudia, a menina-vampiro. Ela nega que voltará a escrever sobre tais criaturas, mas aponta um possível retorno ao cinema.

"Há muito interesse em Lestat. Querem vê-lo nas telas de novo. E eu também", diz, sobre seu personagem mais conhecido, interpretado por Tom Cruise em 1994.

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Escritora vai ao Rio em setembro para Bienal Fonte: folha.uol.com.br 30/07

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Anne Rice visita o Rio em setembro para participar da Bienal do Livro, quando irá falar sobre sua obra e autografar seu romance mais recente, "De Amor e Maldade".

A editora Rocco, que leva o livro às lojas no próximo sábado, está reeditando todos os trabalhos da autora no Brasil.

Essa será a segunda visita de Rice ao país. A primeira, a passeio, foi em 1994, quando visitou o Rio, Salvador e Manaus.

"Sempre quis estar no Rio na virada do ano. Foi um dos grandes momentos da minha vida", diz Rice, que foi acompanhada da irmã, da cunhada, da secretária e de seguranças.

O Cristo também foi outro destaque. "Tinha visto aquela escultura num filme quando tinha uns sete anos. Escrevi sobre tudo isso no romance 'Violino'", diz, lembrando que a passagem em que a protagonista recebe rosas no hotel em Copacabana, enviadas por um grupo de fãs, aconteceu de verdade.

Do Rio levou meia dúzia de santos de madeira. "Por anos eu colecionei muitas coisas. Vendi todas as minhas grandes esculturas de santos, mas guardei as brasileiras."

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Mostra no Rio reúne gravuras históricas da Biblioteca Nacional

site www.bndigital.bn.br

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Exposição tem obras de mestres como Goya, Rembrandt e Dürer Fonte: folha.uol.com.br 30/07

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Dona do maior acervo de gravuras históricas do país -cerca de 30 mil exemplares-, a Biblioteca Nacional cede parte de sua coleção para a exposição "Mestres da Gravura", que está abrigada no Centro Cultural dos Correios, no Rio.

O que será exposto é uma parte ínfima do acervo total (170 gravuras), mas se trata da maior mostra dessas peças desde o século 19, segundo os organizadores.

"É bom tirar essas coleções do silêncio, é uma grande oportunidade para o público", diz Fernanda Terra, historiadora de arte e curadora da exposição.

Entre os 81 gravadores cujas obras serão mostradas, destacam-se mestres como o holandês Rembrandt, o espanhol Goya e o alemão Dürer -há ainda coleções de artistas italianos (como Piranesi), franceses (onde sobressai Callot), ingleses, portugueses e flamengos.

RESTAURO

A curadora privilegiou as obras mais antigas (do século 15 ao 18), feitas em xilogravura (na qual a matriz é de madeira) e talho-doce (ou intaglio, em metal), e teve de restaurar 27 delas para que pudessem ser exibidas.

Além de buscar pelas obras dos artistas mais renomados, o público também pode ver personalidades históricas retratadas nas gravuras, como Maurício de Nassau, a rainha d. Maria 1a e o príncipe regente d. João.

Há ainda uma série dedicada a "Dom Quixote", de Cervantes, e outra retratando textos de Shakespeare, tudo acompanhado por uma trilha sonora do mesmo período das obras.

Para os que não puderem visitar a mostra pessoalmente, o acervo foi digitalizado e está disponível no site www.bndigital.bn.br.

MESTRES DA GRAVURA

QUANDO de terça a domingo, das 12h às 19h; até 18/9

ONDE Centro Cultural dos Correios (r. Visconde de Itaboraí, 20, Rio, tel. 0/xx/21/2253-1580)

QUANTO grátis

CLASSIFICAÇÃO livre

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Conceitos econômicos podem salvar o casamento, diz livro

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'Spousonomics' decifra até as 'bolhas' que podem existir na vida conjugal

O TEXTO É SABOROSO. (...) MAS O TOM DE AUTOAJUDA PODE SE TORNAR EXCESSIVO AO LONGO DA LEITURA Fonte: folha.uol.com.br 30/07

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"Spousonomics" pode causar estranhamento a quem buscar, no livro, dicas para uma vida financeira mais saudável no casamento e na família - a exemplo do que oferecem outros sucessos de vendas, como "Casais Inteligentes Enriquecem Juntos".

A publicação de Paula Szuchman, editora do "Wall Street Journal", e Jenny Anderson, repórter do "New York Times", vai na linha da autoajuda aplicada a relacionamentos conjugais.

A particularidade é que o texto propõe a utilização de conceitos da economia nesse processo. Um olhar inusitado sobre temas como a relação entre oferta e demanda, o efeito dos incentivos nas decisões, divisão do trabalho e até bolhas.

"Seu casamento é um negócio, que floresce em épocas de prosperidade, mas, outras vezes, parece trabalho", afirmam as autoras, que dizem também acreditar na economia como solução porque ela "não faz discriminação entre os sexos nem entre o certo e o errado".

O CUSTO DO SEXO

Um dos capítulos mais curiosos é o que fala sobre como se valer de noções de custo, oferta e demanda para ter uma vida sexual mais feliz.

O raciocínio é simples: quando o preço de um produto sobe muito, você tende a substituir esse item por outro -carne vermelha por frango, por exemplo. O mesmo acontece com o sexo.

"Quando o custo do sexo se torna muito alto [em relação a tempo e energia gastos], você vai optar por uma tediosa noite de televisão e biscoitos", dizem as autoras.

A equação econômica proposta para melhorar o cenário é ajustar o "custo" do sexo àquele que o casal pode "pagar" para que não se transforme em um "produto" de raro consumo.

BOLHAS

O capítulo dedicado às bolhas -conceito econômico que recobrou popularidade recentemente, a partir da crise no mercado imobiliário americano- também chama a atenção.

Uma bolha se forma quando, por alguma razão, os preços sobem muito além do valor verdadeiro. E, de acordo com as autoras, "as bolhas são endêmicas tanto para os relacionamentos quanto para a economia".

No casamento, um reflexo da supervalorização é o sentimento de que a vida é gloriosa e intocável.

A solução proposta é evitar bolhas. E, quando não for possível, saber o que fazer para escapar da explosão -evitando dar passos largos como apertar o orçamento para comprar uma casa maior (algo gerador de estresse).

"Eis como uma bolha de casamento arrebenta: os estressores começam a cobrar seu preço. Um de vocês perde o emprego e sua casa enorme, de repente, começa a sugar todo o seu dinheiro. Vocês brigam por dinheiro."

O texto é saboroso, com personagens narrando situações de dificuldade que enfrentaram no dia a dia do casamento. Mas o tom de autoajuda pode se tornar excessivo ao longo da leitura.

SPOUSONOMICS

AUTORES Paula Szuchman e Jenny Anderson

EDITORA Campus Elsevier

QUANTO R$ 59,90

AVALIAÇÃO Bom

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Literatura/Análise

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Os bons e velhos contos de Rubem Fonseca

Fonte: opopular.com.br 30/07

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Rubem Fonseca é um daqueles autores, como Machado de Assis, que quando escreve romances é ótimo, mas que, quando escreve contos, é excelente. O seu mais recente trabalho no gênero, Axilas e Outras Histórias Indecorosas, comprova essa sua tradição que começa com Fevereiro ou Março, enredo de suspense - com magistrais toques de comicidade - que abre o livro Os Prisioneiros, de 1963.

Já tinha um tempinho que Rubem Fonseca não mostrava do que era capaz em seus textos mais concisos. Manter o nível de obras como Lucia McCartney e A Coleira do Cão não é tarefa fácil, mas esse novo trabalho do escritor se aproxima muito de seus momentos luminosos. O resultado é um conjunto de contos que faz jus à sua produção anterior.

Sapatos, o primeiro conto do volume, é um cartão de visitas emblemático. Na história, um rapaz ganha um par de sapatos novinho em folha da mãe com o qual consegue um emprego. Os sapatos, porém, foram roubados pela mulher ao seu patrão. Com sua maneira bem peculiar de mostrar como se dá o embate de classes no Brasil e seus preconceitos intrínsecos - um de seus temas preferidos, desenvolvidos com maestria em contos como O Cobrador e Feliz Ano Novo -, Rubem Fonseca leva o leitor, por caminhos acidentados, a reflexões necessárias. Já a união entre sexo e violência, com aquele toque safado de fetichismo, pode ser visto em Axilas, narrativa tipicamente fonsequiana, com um final de extremo humor negro. O mesmo pode ser dito do conto Mordida.

Aquele que é diferente e polticamente incorreto surge em Axilas e Outras Histórias Indecorosas como se representasse um riso mal disfarçado, uma alegria impudica e sádica. Gordos e Magros é um dos contos que abordam esse universo sem meias palavras, sem piedade alguma com os personagens. Já Beleza é uma crítica que surge a partir da ditadura dos moldes estéticos a que todos devem se adequar.

Nas narrativas Suspeita e O Misantropo, Rubem Fonseca se apresenta em toda sua virulência e ironia. Mortes para lá de estúpidas e atrozes e pessoas com pensamentos tortuosos habitam as histórias. No volume também reaparece o detetive Guedes, o inteligente e niilista investigador do romance Bufo & Spallanzani. Ele está em dois contos, resolvendo crimes enquanto reafirma uma certa descrença pela vida. Nada mais Rubem Fonseca, não é mesmo?

Título: Axilas e Outras Histórias Indecorosas

Autor: Rubem Fonseca

Páginas: 210

Preço: R$ 39,90

Editora: Nova Fronteira

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RETRATO BRASILIENSE

Capital com perfil mais solitário

O DF está entre as sete unidades da Federação com o maior número de pessoas que vivem sozinhas. Há duas décadas, era mais fácil encontrar cinco indivíduos na mesma residência Fonte: correioweb.com.br 30/07

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A individualidade e a independência observadas na rotina de Brasília não se refletem apenas na geografia urbana, nos monumentos e nos traçados da capital do Brasil, mas também no estilo de vida dos habitantes. Entre as 27 unidades da Federação, o Distrito Federal é a sétima região onde há mais pessoas que moram sozinhas. Dos mais de 774 mil domicílios, 12,67% têm apenas um inquilino.

O número supera a média nacional, de 12,18%. Abaixo, aparecem estados populosos, como São Paulo e Santa Catarina.

Pela primeira vez em toda a série histórica, é mais comum encontrar um só indivíduo por residência do que unidades habitacionais com cinco moradores (11,53%). Os dados são do Censo Demográfico 2010, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (veja arte).

Os motivos que levam alguém a morar sozinho são variados. E a culpa não é das longas distâncias — catalisadores do isolamento de algumas pessoas — nem da quantidade de espaços vazios no cenário da metrópole. A alta renda per capita, a baixa taxa de fecundidade, o crescente fluxo de migrantes pela capital e a longevidade contribuem para o desenho desse quadro.

Especialistas ouvidos pelo Correio ponderam que o perfil dos solitários não se restringe àqueles que migram de outros estados em busca de trabalho e estudo. Tampouco é composto de pessoas sem vínculos sociais ou familiares. É cada vez mais comum tratar-se de uma opção, impulsionada pelo desejo de privacidade.

Para o publicitário Douglas Silveira, 32 anos, viver sozinho é uma questão de escolha. Há quatro anos, ele mora em Brasília, numa quitinete de 40 metros quadrados, no Sudoeste. Veio para a capital, após passar 28 anos no Rio de Janeiro. Diante de uma proposta de trabalho, ele alçou a primeira experiência fora da cidade natal, como sempre sonhou.

Para ele, não dividir o apartamento com outras pessoas nunca será encarado como solidão. “Para mim, é muito prazeroso ter a possibilidade de saber que, ao chegar em casa, vou poder ficar comigo mesmo. E que só encontrarei pessoas caso opte por isso”, esclarece.

Mudança

Em amostras coletadas pelo IBGE nos censos de 2000 e de 1991, a realidade era oposta à atual. No recorte obtido na década de 1990, por exemplo, os domicílios com cinco moradores superavam em muito aqueles com apenas um. Eram 42 mil a mais. Dez anos depois, embora a diferença tivesse diminuído, ainda era grande o abismo entre os índices. Enquanto cerca de 51 mil pessoas moravam sozinhas no DF, 85 mil domicílios abrigavam cinco pessoas.

A supervisora de Divulgação de Informações do IBGE no DF, Sônia Baena Maciel, explica que a queda nos números de residência com cinco indivíduos nesses quase 20 anos pode ser explicada, entre outras coisas, pela diminuição na taxa de fecundidade. “Quanto menor o número de filhos, menores são as famílias. O maior poder aquisitivo, aliado à alta escolaridade, favorece a opção de morar sozinho”, avalia.

O economista Roberto Piscitelli sugere tratar-se de um público variado. Dentro da análise, ele cita os jovens que veem para o DF em busca de estudo e trabalho.

“Eles ficam na cidade transitoriamente. São pessoas iniciando a vida, que ainda não se fixaram regularmente e que, muitas vezes, vivem precariamente, em quitinetes. Temos também aqueles que moram sozinhos por conveniência. Nesse caso, não podemos nos esquecer dos flats, que não devem estar no cálculo.”

Idosos

A longevidade do brasiliense também influencia os dados. Atualmente, a expectativa de vida das mulheres na capital é de 79 anos, como aponta a demógrafa Ana Boccucci. Ela também cita a baixa taxa de fecundidade como uma das responsáveis pela reversão do panorama. Segundo ela, em Brasília, esse número é de 1,8%, o que reflete em encolhimento dos núcleos familiares. “Há muitos idosos morando sozinhos no DF. O Lago Sul é um local da cidade onde existem pessoas mais velhas, que já criaram os seus filhos.”

O aposentado José Wilson da Silva, 60 anos, afirma que o curso da vida o levou a morar sozinho. Após dois casamentos desfeitos, ele decidiu se aventurar. A paraplegia, fruto da poliomielite que teve na infância, segundo ele, não é impedimento para a independência. A casa onde mora, no Gama, tem cinco cômodos.

José Wilson preferiria morar com a família. Ele tem uma filha, fruto do primeiro casamento. Mesmo assim, não gosta de ser taxado como solitário. “Só são sozinhos aqueles que querem ser. As pessoas com limitações físicas também podem morar sem ajudantes”, enfatiza.

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COMO NASCE UMA CIDADE

Demarcando o sinal da cruz

Aos 75 anos, ainda em plena atividade, o engenheiro Ronaldo de Alcântara Velloso relembra um momento crucial da história do Plano Piloto: a demarcação do Eixo Monumental, do Eixo Rodoviário e da Estaca Zero. Velloso guarda um tesouro: uma cópia da caderneta em que Joffre Mozart Parada calculou as coordenadas da nova capital Fonte: correioweb.com.br 30/07

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Brasília não nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse. Ou seja: o Plano Piloto não foi riscado no Cerrado incólume a partir do cruzamento dos dois eixos em ângulo reto. Na prática, a cidade que Lucio Costa inventou com 3.895 palavras começou a surgir na cruz fincada no ponto mais alto da região, a hoje Praça do Cruzeiro. De lá, os topógrafos e os tratores foram descendo, uns atrás dos outros, no rumo leste, até alcançar o lugar onde seria demarcada a Praça dos Três Poderes. Só então, o engenheiro Joffre Mozart Parada demarcou a Estaca Zero, o sinal da cruz, e daí foi fixando, ponto a ponto, o Eixo Rodoviário Sul. E, depois, o Eixo Rodoviário Norte.

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O mito segundo o qual Brasília nasceu na Rodoviária cai por terra com o depoimento do engenheiro agrimensor Ronaldo de Alcântara Velloso, um dos topógrafos a demarcarem os dois eixos que, cruzados, definem o corpo da cidade. Aos 75 anos, Velloso continua em atividade profissional numa empresa de engenharia de pavimentação asfáltica com sede na Cidade do Automóvel. Está tão ativo quanto suas lembranças dos nove meses, entre dezembro de 1956 e setembro de 1957, nos quais participou da demarcação da área em que se instalariam a Novacap, a Cidade Livre e o Plano Piloto, pela ordem.

Do escritório da Novacap no Rio de Janeiro chegavam, via rádio, as coordenadas que determinavam o local exato em que a cidade seria demarcada em relação ao Sol e às curvas de nível, marcas que indicam a declividade do terreno. Os engenheiros da equipe de Lucio Costa, chefiados por Augusto Guimarães Filho, determinaram também se a cidade ficaria mais próxima ou mais distante do futuro lago. Dito de outro modo, eles aterrissaram o Plano Piloto no terreno que lhe foi destinado a partir de um desenho em escala 1/25.000. Esticaram uma imagem do tamanho de uma folha de cartolina até a escala de uma cidade real.

Em Brasília, Joffre Parada recebia as coordenadas gerais e calculava as específicas; colava palmo a palmo, por assim dizer, o imenso Plano Piloto. Os primeiros cálculos da nova capital estão guardados num armário de metal na sala de Ronaldo Velloso. É uma cópia amarelada do caderno original, que o engenheiro deixou com o topógrafo para que ele pudesse pôr a cidade no chão. São equações, gráficos, números decimais, sinais aritméticos, triângulos, croquis, tudo escrito com a letra caprichada, a lápis, de Joffre Parada. O Plano Piloto está ali, matematicamente calculado.

Definição

O mineiro Ronaldo Velloso estava demarcando a Cidade Livre quando Parada o chamou para tarefa muito mais importante: definir com estacas o local onde seria construído o Plano Piloto. “O escritório da Novacap no Rio mandou pra gente o azimute (ver glossário). Esse ângulo foi determinado no Rio de Janeiro. Brasília partiu do Cruzeiro, onde tem um marco de coordenadas do IBGE. Com uma equipe de uns 10 homens, fomos descendo com o teodolito, locando o Eixo Monumental até a Praça dos Três Poderes. Depois, então, determinaram-se as asas, o Marco Zero. É chamado de Zero porque pra um lado era a Asa Sul e pra o outro, a Asa Norte.”

Se de dia os topógrafos iam marcado a piquete o Eixo Monumental, de noite Joffre Parada ia calculando a cidade. “A máquina calculadora era uma Facit daquelas que tinham uma manivela que ia pra frente e pra trás. Os cálculos eram feitos com 11 decimais. Era uma conta imensa, uma trabalheira. Hoje, um cálculo que a gente faz em um minuto, naquela época demorava duas horas. Doutor Joffre calculava as coordenadas (ver glossário). Dava pra gente os ângulos e as distâncias e a gente ia locando e ele vinha conferindo.”

A demarcação do Plano Piloto começou 35 dias depois do anúncio do vencedor do concurso do Plano Piloto, Lucio Costa. O resultado da disputa saiu em 16 de março de 1957. Em 2 de abril, o arquiteto já estava em Brasília, em sua primeira das pouquíssimas visitas ao futuro Plano Piloto. Veio com Juscelino Kubitschek e se aborreceu porque havia uma placa, preparada para recebê-lo, onde estava escrito: Avenida Monumental. Imediatamente, Joffre Parada mandou corrigir o erro e apareceu uma tábua onde se escreveu: Eixo Monumental.

Em 20 de abril, 16 homens, entre topógrafos, ajudantes de topógrafos e motoristas, pousaram para uma foto histórica, no Cruzeiro, ao lado de Joffre Parada. “Naquele dia, íamos cravar o primeiro marco do Plano Piloto”, conta Velloso, diante da foto pendurada na parede de sua sala de trabalho. Daqueles três meses intensos que se seguiram, o engenheiro guardou lembranças indeléveis. “Do teodolito, eu via emas e veados que se aproximavam do local que estava sendo desmatado, como se quisessem entender o que estava acontecendo.” Como o teodolito aproxima a imagem 28 vezes, o que Velloso via pela lente era uma aparição idílica num mar de Cerrado. O engenheiro guarda também recordações menos líricas. Lembra-se de um dos poucos contatos que teve com o então presidente da Novacap, Israel Pinheiro. “Ele e Juscelino de vez em quando passavam lá na picada. Um dia, eu estava parado assim, em pé, Israel me viu e falou: ‘Ô rapaz, o que é que você está fazendo aí?’. Eu respondi: ‘Sou topógrafo, estou locando’. E ele me deu uma patada: ‘Então trabalha, não fica aí olhando’.”

Precisão

A equipe de topógrafos, ajudantes de topógrafos e mateiros descia fincando os piquetes de 20 em 20 metros e em seguida os tratores abriam as vias. “Era tudo muito rápido e, apesar das dificuldades, conseguimos umas precisões muito boas.” Mas houve erros. Velloso conta que já havia demarcado e desmatado uns 400 metros do Eixão Sul quando veio uma contraordem do Rio. “Mandaram parar o desmatamento e subir a demarcação mais ou menos um quilômetro.” O jornalista Adirson Vasconcelos, autor de mais de uma dezena de livros sobre Brasília, confirma o erro: “No primeiro cálculo, a asa ia cair no lago”.

Não houve grandes movimentos de terra na demarcação dos dois eixos. O terreno foi só descascado e nem essa tarefa foi das mais complicadas. “Era um Cerrado ralo”, lembra Velloso, como aquele que existe até hoje ao lado da Catedral Rainha da Paz, no Parque das Sucupiras. Foram feitas escavações no cruzamento dos dois eixos para que o terreno pudesse receber a Plataforma Rodoviária. “Houve uma movimentação de terra de mais ou menos seis ou sete metros de profundidade. A terra tirada de lá foi levada para levantar o terreno da Praça dos Três Poderes em três ou quatro metros. Havia uma máquina muito grande que ficava escavando a terra e a esteira dela ia enchendo os caminhões. Eram uns 350 caminhões que jogavam a terra na praça. E a equipe de lá já ia aterrando e compactando.” Também houve grande movimentação de terra na obra do 28, o Congresso Nacional, para a construção do edifício sob as duas cúpulas.

Para demarcar o Eixão Sul e depois o Norte, os topógrafos primeiro locaram três retas, uma depois da outra (ver reprodução de páginas da caderneta de Joffre Parada), em angulações diferentes, curvadas na direção oeste. Depois, foram demarcando a curvatura do Eixão Sul. Em seguida, os topógrafos locaram as superquadras, de 360 em 360 metros. Para evitar o efeito da refração, provocado pelo calor do sol nos aparelhos (quando a imagem fica tremida), eles trocavam o dia pela noite. Esperavam escurecer e iam para o Cerrado, com uma lanterna amarrada ao teodolito, para continuar as demarcações. “Cheguei a pegar 2 graus à noite.” Numa dessas investidas noturnas, quando o Eixo Monumental estava pronto para receber a imprimação (ver glossário), Velloso foi contemplado com mais uma aparição: “Era noite de lua. Olhei de longe e vi aquele Eixo Monumental branquinho cortando o Cerrado escuro. A maioria das pessoas não ia sentir nada, mas para um engenheiro, aquela imagem era apaixonante”.

GLOSSÁRIO

Azimute

É o posicionamento de determinado ponto na Terra em relação ao norte.

Coordenadas

Cada uma das coordenadas esféricas (longitude e latitude) de um ponto no globo terrestre que tem como referência o Equador e um meridiano de origem.

Imprimação

É a aplicação de uma camada de material betuminoso sobre a superfície a ser asfaltada para impermeabilizar a área e aumentar a aderência ao revestimento.

Teodolito

Instrumento de precisão usado em topografia para medir ângulos horizontais e verticais.

LEIA NA EDIÇÃO DE 13 DE AGOSTO DE 2011 — Em maio e junho de 1957, Juscelino inaugura a pista do aeroporto comercial e o Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira. O Instituto Nacional de Imigração e Colonização (INIC) começa a acompanhar a chegada dos candangos. Em 3 de maio, 10 mil pessoas se reúnem no Cruzeiro para a primeira missa na nova capital.

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CONSUMIDOR

Orgânico custa até 378% a mais

Incluir alimentos sem agrotóxicos na dieta, um hábito ainda raro entre os brasileiros, sai caro no DF, indica pesquisa do Correio Fonte: correioweb.com.br 30/07

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O faturamento do mercado de produtos orgânicos cresce 40% no Brasil ao ano. Um em cada três supermercados do país vende produtos sem agrotóxicos e abastece os consumidores com hortaliças, legumes e frutas cultivados em 1,8 milhão de hectares. Ainda assim, uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou, anteontem, que os brasileiros, sobretudo aqueles que ascenderam à classe média, comem muito mal. Mas melhorar a alimentação custa caro. Devido à falta de escala na produção, os preços continuam elevados. No Distrito Federal, paga-se no Plano Piloto até R$ 2,39 por um pé de alface sem adubo químico, enquanto no Gama a mesma hortaliça cultivada de forma convencional sai por R$ 0,50 — uma diferença de 378%, revelou um levantamento do Correio.

A pesquisa mostrou ainda que o preço da rúcula sem agrotóxico chega a ser até 167,7% mais alto que o da convencional. O quilo da abobrinha orgânica, por exemplo, está 150,7% mais caro que o da cultivada com produtos químicos (veja quadro). Mas a Associação Brasileira de Orgânicos (BrasilBio) discorda de tamanha dispersão. Para a entidade, nos últimos cinco anos, a distância do custo entre produtos sem química e os tradicionais caiu de 70% para 30%. Mas essa relação varia conforme a época do ano e a região de produção. Em 2011, a expectativa é de que as vendas do setor cheguem a até R$ 960 milhões.

As redes varejistas apostam alto nesse mercado. “Tudo voltará a ser orgânico como era há 100 anos”, defendeu Camila Sallaberry, gerente do SuperMaia, que tem expectativa de elevar a participação dos produtos sem agrotóxicos, as hortaliças especialmente, a 25% de suas vendas de hortifrutigranjeiros até o fim do ano. Os produtos sem adição de adubos químicos respondem por 20% das vendas totais de frutas, legumes e verduras do supermercado. “Já registramos crescimento de 50% na venda de produtos orgânicos entre 2010 e 2011”, complementou a gerente de Marketing do supermercado, Flávia Michels.

Distribuição

As boas perspectivas também embalam os pequenos produtores. Valdir Manoel de Oliveira, 49 anos, cultiva frutas e verduras em Ceilândia e considera um excelente negócio trabalhar com agroecologia. “Não tem coisa melhor do que produzir saúde”, afirmou o agricultor. A crença de Valdir encontra eco em um grupo cada vez maior de consumidores, como a arquivista Alraune Reinke da Paz, 38, que só compra de produtores conhecidos: “Tenho criança em casa e busco esse tipo de alimentação para prevenir doenças. Alfaces orgânicas são maiores e duram mais tempo, além de terem sabor diferente”.

Os supermercados funcionam como os principais canais de distribuição dos orgânicos. A venda desse tipo de produto representa 2,5% do total da produção de hortifrutigranjeiros comercializados pela rede Pão de Açúcar, por exemplo, observou a gerente comercial Sandra Caires. A exemplo da empresa, os maiores varejistas do país classificam o público de Brasília como muito seleto e exigente, superando, inclusive, o de São Paulo em consumo per capita.

Cuidados

Mas é preciso muito cuidado na hora de comprar. O servidor aposentado Mauro Vaz de Melo, 69 anos, considera-se um consumidor experiente. Ele sugere algumas precauções, como verificar a procedência do produto. Para Mauro, o selo de certificação não é suficiente para determinar a qualidade. “Às vezes, vejo selo de orgânico, mas acho que o Ministério da Agricultura não tem estrutura para fiscalizar. Ontem, comprei mamão e estava amargo. Parecia ser cultivado com agrotóxico. Tem uma feirinha perto de casa onde compro. Ele pode não ser muito grande nem muito bonito, mas tem que ter boa origem”, ensinou.