terça-feira, 31 de maio de 2011

POLÍTICA CULTURAL

Luiz Müssnich é o novo presidente do Instituto de Arte Contemporânea

DE SÃO PAULO - Sócio da Bawm Investments e colecionador de arte, Luiz Müssnich foi eleito o novo presidente do IAC (Instituto de Arte Contemporânea). Ele já fazia parte da diretoria da instituição. O posto estava vago desde a semana passada, quando o então presidente Pedro Mastrobuono encaminhou seu pedido de demissão. Ele estava havia nove meses à frente da instituição. O destino do acervo de cerca de 17 mil documentos segue indefinido. Negociações estão em curso com PUC-SP e com o Centro Universitário Belas Artes. Fonte: folha.uol.com.br 31/05

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Autor lançou livro sobre o 11 de Setembro

Lawrence Wright, 63, ficou mundialmente conhecido com o livro "O Vulto das Torres", em que faz um mergulho nas origens da Al Qaeda, a organização por trás dos atentados do 11 de Setembro.

O livro rendeu a Wright o Pulitzer, mais importante prêmio do jornalismo e da literatura dos EUA.

Traduzido para 25 idiomas, é considerado o relato mais minucioso dos eventos que culminaram na destruição das torres gêmeas em Nova York.

Wright é repórter da "New Yorker" desde 1992. Além de seis livros, escreveu dois roteiros para o cinema, entre eles o filme "Nova York Sitiada". (Fonte: folha.uol.com.br 31/05

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A guerra do livro

ARNALDO NISKIER

Fala-se com insistência no oferecimento de cesta básica de livros para classes populares, mas questões institucionais precisam ser logo resolvidas Fonte: folha.uol.com.br 31/05

Há controvérsias sobre a lei de direitos autorais, e muita gente está se manifestando sobre a matéria.

Em nossa opinião, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, acertou quando mandou recolher a versão do governo anterior, que já se encontrava na Casa Civil, para uma nova rodada de audiências públicas. Que mal há nisso?

Na Biblioteca Nacional, os interessados diretos aprofundaram o debate sobre o livro, a leitura e a literatura, buscando modernizar o setor, que não é tão precário assim.

Apesar de ainda estarmos com um índice de leitura insuficiente (menos de dois livros por habitante ao ano), o Brasil ocupa a oitava posição entre os produtores de livro do mundo. A tendência é melhorar essa classificação, com a bem-sucedida medida de criação dos agentes de leitura, tarefa que é conduzida pela Fundação Biblioteca Nacional, presidida pelo especialista Galeno Amorim.

Um dos aspectos que chama nossa atenção: a avalanche de livros estrangeiros no mercado brasileiro, hoje mais apetitoso com a inserção, no mercado consumidor, de milhões de pessoas que agora integram a classe média.

Um outro aspecto se junta a isso, do ponto de vista industrial: vimos, na Feira Internacional de Bolonha (Itália), que há uma oferta desmesurada de gráficas internacionais, com preços baixos, como nos casos de Hong Kong, Colômbia e Chile.

Vamos assistir a esse efeito deletério da globalização em silêncio? Com dezenas de autores, livreiros, dirigentes de associações e interessados em geral, pudemos anotar o interesse do Ministério da Cultura pela manifestação objetiva de entidades, como a Câmara Brasileira do Livro e a Academia Brasileira de Letras, a respeito do que a cadeia produtiva do livro espera das autoridades sobre a intrincada questão dos direitos autorais.

Todos reconhecem que, com a existência da internet, a pirataria é uma triste realidade, mas que soluções são possíveis, no resguardo dos interesses envolvidos, sobretudo na defesa do patrimônio dos autores de obras.

Vai nascer a Biblioteca Digital, para oferecer acesso generalizado a obras literárias, virá a lei das biografias (como pediu o escritor Ruy Castro) e fala-se com insistência no oferecimento de uma cesta básica de livros para as classes populares, mas questões institucionais precisam ser logo resolvidas, para que não se construa um edifício sobre um terreno pantanoso e movediço.

ARNALDO NISKIER, doutor em educação, é professor universitário, membro da Academia Brasileira de Letras, presidente do Ciee (Centro de Integração Empresa-Escola) do Rio de Janeiro e autor de diversos livros, entre os quais "História da Educação Brasileira" (editora Altadena).

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Carta de cientistas critica nova lei florestal

Biólogos da Unesp alertam, em texto na "Science", sobre riscos para a biodiversidade Fonte: folha.uol.com.br 31/05

Pesquisadores da Unesp (Universidade Estadual Paulista) publicaram na última edição da revista especializada "Science" uma carta sobre os impactos do novo Código Florestal para a preservação das comunidades de anfíbios.

De acordo com os cientistas, mesmo os pequenos fragmentos de matas ciliares ou das propriedades rurais são importantes para a biodiversidade desses animais.

Essas áreas oferecem, além de refúgio, corredores de dispersão que ligam regiões importantes para a busca de alimentos e reprodução. Qualquer alteração que se traduza em redução de vegetação nativa pode gerar perdas de espécies, homogeneização da fauna e diminuição das populações.

"Pretendemos estimular um conjunto de reflexões integrando ecologia, sociedade e políticas públicas", disse à Folha um dos autores do documento, o biólogo Fernando da Silva, da Unesp de São José do Rio Preto.

A ideia, de acordo com Silva, é informar os cidadãos "e estimulá-los a pensar e agir sobre problemas ambientais com base em dados científicos, e não em especulações".

O novo Código Florestal foi votado e aprovado há uma semana na Câmara.

ALTERAÇÕES

O texto prevê, entre outras mudanças em relação ao vigente, o fim da proteção à mata nativa em pequenas propriedades rurais e a diminuição da mata ciliar. Ele ainda tem de ser aprovado no Senado antes de entrar em vigor.

Para os autores da carta, essas medidas levam a uma maior fragmentação ambiental, colocando os animais sob risco de perder sua diversidade genética, já que terão dificuldade de achar parceiros com bom nível de diferenças genéticas, por estar isolados.

Os cientistas lembram também que a regulação da qualidade das águas, a polinização de lavouras e o controle de pragas são serviços gratuitamente fornecidos pela vegetação natural.

Com a diminuição das matas, muitos desses serviços seriam perdidos, prejudicando a todos, argumentam. De acordo com os cientistas consultados, a repercussão internacional da carta está sendo bastante "positiva".

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Senado quer mudar onze pontos do novo Código Florestal

Anistia irrestrita a desmatadores faz parte das possíveis mudanças no texto em debate Fonte: folha.uol.com.br 31/05

O governo quer alterar no Senado onze pontos da reforma do Código Florestal, aprovada na semana passada pela Câmara. Fazem parte da lista a anistia irrestrita aos desmatadores, o ressarcimento dos serviços agrícolas, a participação dos Estados na regularização ambiental.

A proposta de alterações no texto elaborado foi apresentada na noite desta segunda-feira pela ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) à bancada do PT.

No encontro, a ministra disse que pelo menos cinco desses pontos são estratégicos para garantir um código sem prejuízos ao ambiente. A bancada do PT deve receber até o final da semana uma avaliação técnica do texto. "Temos condições de mediar pontos que estão sem muito consenso", disse a senadora Gleise Hoffman (PT).

A ministra não quis comentar as mudanças que defende na reforma. "Querido, eu não discuto esses pontos".

A principal preocupação do governo é com a manutenção pelo Senado da medida que legaliza todas as atividades agrícolas em APPs (Áreas de Preservação Permanente), como várzeas e topos de morros, mantidas até julho de 2008. Esse ponto foi aprovado a partir de uma emenda apresentada pelo PMDB.

Alinhado com o Planalto e uma das principais lideranças do PMDB, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), criticou a medida. "Desmatadores não devem ser anistiados. Temos de ver que temos de preservar cada vez mais as nossas florestas."

O ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais), que tem sido alvo de críticas de aliados pela atuação discreta na discussão da proposta na Câmara, também participou da reunião e disse que o governo está empenhado em fazer mudanças com conteúdo. Ele disse que na Câmara o debate do texto foi sem conteúdo porque o tom emocional ficou acima da razão.

A proposta da reforma do código chegará hoje ao Senado. O governo não decidiu se vai prorrogar o decreto que vence no dia 11 de junho e que suspende os efeitos da lei de crimes ambientais.

O PMDB vai pedir a prorrogação do decreto. Parte da bancada do PT quer usar o decreto para pressionar por concessões dos agricultores.

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Crimes no PA são frutos da impunidade, afirma bispo

Para fundador da Comissão Pastoral da Terra, maior parte da população ainda não percebeu que reforma agrária é luta de todos Fonte: folha.uol.com.br 31/05

Mais um episódio da guerra no campo. Assim Dom Pedro Casaldáliga define o assassinato dos líderes extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, ocorrido na semana passada no Pará.Fundador da Comissão Pastoral da Terra e do Conselho Indigenista Missionário, o bispo ganhou notoriedade internacional ao denunciar brutalidades de madeireiros, policiais e grandes proprietários rurais no período da ditadura militar.Agora, aos 83 anos, o bispo emérito de São Félix do Araguaia (MT) segue fazendo o seu diagnóstico do país.

Folha - Qual o significado do duplo assassinato no Pará?

Pedro Casaldáliga - A morte de José Claudio e da Maria do Espírito Santo não é um fato isolado. É mais um episódio da guerra no campo. É fruto da impunidade e da corrupção marcantes sobretudo no Pará, campeão em violência no campo, em desmatamento e queimadas.

Qual é a situação dos conflitos agrários?

Simplificando, com uns traços panorâmicos, poderíamos dividir o nosso Brasil em três. Primeiro, o Brasil hegemônico, que está a serviço do agronegócio, depredador, monocultural, latifundista, excluidor dos povos indígenas e do povo camponês. Fiel à cartilha do capitalismo neoliberal. Uma oligarquia política tradicionalmente dona do poder e da terra.

Quem fica do outro lado?

O povo da terra indígenas, camponeses da agricultura familiar, ribeirinhos, extrativistas, sem terra consciente de seus direitos e organizado em diferentes instâncias de sindicato, de associação e respaldado por grupos militantes solidários do movimento popular, das pastorais sociais, de intelectuais e artistas, de universitários, de certas ONGs.

Quem é o terceiro grupo?

É uma maioria média desinformada ou mal informada, que não vincula as lutas do campo com as lutas da cidade, no dia a dia da sobrevivência. Que não percebe ainda que a reforma agrária é uma luta de todos.

Qual é o papel do Estado?

O Estado continua omisso frente a três grandes dívidas: a reforma agrária, a política indigenista, a política doméstica e ecológica do consumo interno.

Como é o movimento dos trabalhadores rurais hoje em comparação com o período da ditadura militar?

Hoje, evidentemente, o Brasil está numa democracia, pelo menos formal. As organizações do povo da terra têm uma relativa liberdade de ação. O MST é um caso emblemático. Os governos do PT pelo menos não satanizam essa luta.

Qual é o papel da Igreja Católica nesse movimento? Como a orientação mais conservadora do Vaticano interfere?

A Igreja já não deve assumir, como nos tempos da ditadura, uma atuação de suplência abrangente. A Igreja deve continuar sendo -e talvez mais do que nunca, pela ambiguidade oficial e internacional- uma Igreja servidora e profética. Que não se omita nunca ante o clamor dos pobres.

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JOSÉ SIMÃO

Socuerro! Matamento no Pará!

Estão matando tanto líder ambiental no Pará que já não é mais desmatamento, é matamento. Rarará! Fonte: folha.uol.com.br 31/05

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!

E mais uma pra minha série os predestinados. É que tem uma funcionária da TIM que se chama Anália ALÔ! É verdade! Anália Alô Brito! "Anália, alô, é da Tim?" Rarará! E estão matando tanto líder ambiental no Pará que já não é mais desmatamento, é matamento. Matamento no Pará!

Então o Brasil tá com dois problemas na Amazônia: desmatamento e matamento! E querem dividir o Pará em dois Estados. Eu sugiro: Para Cima e Para Baixo! Rarará!

E o Silvio Santos é o único ser vivo que ainda fala: "Que rufem os tambores!". Agora vamos sortear dois carros! "Que rufem os tambores!". Rarará!

E esta: "Com a presença de Raí, São Paulo lança o Navio Tricolor". Vai ter cruzeiro comemorativo: Navio Tricolor. Mas já estão sugerindo outro nome pro navio do São Paulo: Priscila, a Rainha do Oceano! Rarará! Priscilão!

E pra que o São Paulo vai lançar navio? Pra torcida continuar a ver navio! E os corintianos precisam de um estádio. Pra pixar!

E o Palofi? Bullying no Palofi! O Palofi está ampliando os negócios. Vai lançar o fermento Palofi: aumenta seu bolo em 20 vezes.

E lançou o Budalocci: traz sorte nos negócios. Um Buda com a cara do Palocci. A pança é a mesma! Se o Palofi soltar a barriga, explode o zíper! E um Viagra super potente; o Paulocci. Aumenta 20 vezes!

E o Palofi é a alegria dos chargistas. Como tudo ele multiplica por 20, olha a charge do Sponholz com o Palofi no médico: "Diga 33!" E o Palofi: "660." Feisfentos e fefenta!

E o Alpino mostra o Palofi se recusando a ir pra CPI: "Vou não, quero não, posso não, a mulher não deixa não". Rarará!

E a convenção do Partido dos Socialiates do Brasil? Partido Sem Direção do Brasil: uma penca de héteros brancos de camisa social azul. Convenção da Camisa Social Azul. E a faixa etária? Festa Baile da Pintopausa! É mole? É mole, mas sobe!

O brasileiro é cordial! Placa do Gervásio na empresa em São Bernardo: "Se eu ouvir alguém aqui blasfemando em nome do Rabi da Galileia, vou fazer esse Inri Cristo charlatão ter hérnia de hiato de tanto que eu vou fazer ele beber óleo de pastel usado". E aí um funcionário escreveu: "Aleluia". Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

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O arraial tucano (EDITORIAL )

A convenção tucana do final de semana expôs um quadro lamentavelmente claro do desarranjo atual de forças no PSDB, principal partido de oposição no Brasil.

O senador Aécio Neves (MG) impôs uma derrota ao grupo de José Serra (SP) na primeira batalha da guerra interna para definir quem disputará a Presidência da República, dentro de três anos. Fonte: folha.uol.com.br 31/05

Serra, na realidade, não saiu menor do que entrou no evento tucano. O espaço do ex-governador de São Paulo dentro do partido já havia sido muito reduzido após o pleito presidencial de 2010.

Aécio consolida assim, num primeiro momento, a tomada de comando de uma "nova geração" dentro do PSDB. Isso não significa, como é óbvio, que os caminhos de 2014 estejam definitivamente traçados para a oposição. É usual da política que o derrotado de hoje seja o celebrado de amanhã, como demonstra a trajetória de Geraldo Alckmin, esmagado em 2008 e de novo influente no partido.

É representativo do estado das coisas no campo oposicionista que o grande suspense tenha sido a definição sobre quem comandaria o Instituto Teotônio Vilela (ITV), órgão quase sem expressão. A decisão de negar a Serra a chefia do ITV, já recusada pelo próprio alguns meses atrás, ganhou relevância só nas fileiras do partido.

Obcecados com seus projetos personalistas, os tucanos parecem ter perdido de vista o mundo real, em que o país carece de projetos e a presidente Dilma Rousseff enfrenta a sua primeira crise.

O governo federal atravessa um período delicado. Sofreu uma grande derrota no Congresso, na votação do Código Florestal. O principal parceiro da coalizão, o PMDB, foi um dos artífices da derrocada, e as tratativas deram-se na base de gritos e ameaças de ambos os lados. Para completar, o ministro mais poderoso, o articulador-mor Antonio Palocci, complica-se ao não elucidar seus milionários serviços de consultor.

Era o momento de o PSDB vir a público com um programa alternativo e forte. Em vez disso, aecistas, serristas e alckmistas tentam dar demonstrações de unidade em público, mas se digladiam nos bastidores, com o que desperdiçam a oportunidade de exercer o papel que se espera da oposição.

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SENADO

Impeachment ausente na memória seletiva da Casa

Reinaugurado, túnel do tempo ignora queda de Collor. Para Sarney, episódio foi "acidente que não deveria ter acontecido" Fonte: correioweb.com.br 31/05

O Senado reinaugurou ontem o “túnel do tempo”, com mostra de 16 painéis que narram a história do Congresso com o cuidado de uma memória seletiva. No quadro destinado à década de 1990, os historiadores responsáveis pelo projeto destacaram na linha do tempo o ano de 1991 e só retomaram a narrativa em 1997, “pulando” o episódio do impeachment de Fernando Collor, parlamentar em atividade no Senado que foi afastado da Presidência da República em 1992, após decisão do Congresso Nacional.

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), afirmou que o impeachment foi um “acidente” e que a omissão do afastamento do chefe de Estado no início da década de 1990 ocorreu para privilegiar fatos mais importantes. “Não posso censurar os historiadores encarregados de fazer a história. Agora, acho que talvez esse episódio seja um acidente que não deveria ter acontecido, mas não é tão marcante como os episódios que estão contados aqui, que foram os que construíram a história, não os que de certo modo não deveriam ter acontecido.”

A elaboração dos novos painéis do túnel do tempo do Senado foi feita durante seis meses e assinada por um consultor, dois arquitetos e equipe das secretarias de Comunicação e Criação e Marketing da Casa. A assessoria do Senado divulgou nota informando que a omissão do impeachment deveu-se à escolha por valorizar a agenda legislativa.

Segundo o texto, os fatos históricos da mais antiga Casa legislativa do país são narrados em 16 painéis, com textos e imagens seguindo a linha cronológica da história do Brasil, desde 1822. A partir da Constituição de 1988, a opção dos historiadores foi destacar os fatos marcantes da atividade legislativa. O foco da exposição é mostrar a produção legislativa do Congresso Nacional. A discussão e aprovação das leis é a essência do que faz o parlamento como poder republicano.

Escândalos envolvendo a cassação de Luiz Estevão em 2000 e a renúncia de Jader Barbalho, em 2001, também foram esquecidos da mostra que registra a história do Senado.

Exclusão

Personagem da militância estudantil à época em que os caras-pintadas tomaram as ruas protestando contra a permanência de Collor no poder, o senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP) conta que foi visitar a mostra e percorreu os painéis até a década de noventa, para conferir a abordagem que a Casa deu ao episódio do impeachment. O ex-cara-pintada, que juntamente com o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) liderou protestos pelo afastamento do presidente em 1992, reclama que o túnel do tempo do Senado excluiu quatro personagens da história, ao pular a linha do tempo.

“Estou indignado, me senti apagado da história. Como historiador, não concordo que fatos sejam apagados. Pularam de 1988 para 2010, como se não tivesse acontecido nada.

É omitido o Plano Real, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a reforma da Previdência do governo Luiz Inácio Lula da Silva e o impeachment em que o Senado foi protagonista. Apagaram quatro personagens da história: Collor, o ex-presidente Itamar Franco, Lindbergh e eu. Se eu fosse o Collor, também estaria indignado. Para a história não existem as palavras constrangimento, indelicadeza”, protesta Randolfe.

Escândalos e renúncia

Bombardeado por escândalos de corrupção, o governo de Fernando Collor de Mello foi questionado pelo Congresso em outubro de 1992, a partir de uma pressão que partiu de reportagens publicadas pela imprensa somadas à mobilização popular. A Câmara aprovou abertura de processo de impeachment e o Senado condenou o presidente por crime de responsabilidade. Pouco antes de o Congresso votar seu impeachment, Collor renunciou ao cargo, em dezembro de 1992. Após o afastamento do presidente, o vice Itamar Franco assumiu o posto e deu sequência ao governo até a eleição de Fernando Henrique Cardoso.

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MPB

Piano de bamba

Com formação em música clássica, Maíra Freitas, filha de Martinho da Vila, estreia como cantora aos 24 anos Fonte: correioweb.com.br 31/05

Maíra Freitas nasceu e cresceu na casa de um bamba, mas nem ela mesma sabe por que se interessou muito cedo por piano clássico. “Todo mundo pergunta isso e nunca sei responder. Sempre gostei de tocar piano. Não tem mistério. Quando pequena, pedi à minha mãe para fazer aula e continuo até hoje. Não lembro de quando não tocava o instrumento”, diz a filha de Martinho da Vila. Aos 24 anos, depois de construir vasto currículo de apresentações em concertos, concursos e festivais de música clássica, Maíra acaba de lançar o primeiro disco — de música popular.

Para ela, essa opção também ocorreu de forma natural. Maíra acha que músicas popular e clássica não são coisas tão diferentes: “Música é boa ou é ruim. Não importa se é clássica, jazz…”. Ela conta que começou a diversificar há uns quatro anos. “Venho incluindo choro no repertório de recital, acompanhando cantores… Comecei a cantar com minha irmã e meu pai me convidou para gravar uma faixa no disco dele, O poeta da cidade. Aí, como muitas pessoas gostaram, acabei tomando essa direção”. A irmã a que ela se refere é Mart’nália, que se encarregou da produção e da direção musical do disco de estreia da caçula.

No álbum, que leva apenas o nome da artista, Maíra canta, cria arranjos, toca piano e até guitarra em uma das faixas, As voltas. Composta por Qinho e Vitor Paiva, amigos da cantora-pianista, As voltas é exceção em um repertório que revela gosto musical curioso para uma garota da geração de Maíra. Ela recria composições de, entre outros, Joyce (Monsieur Binot), Paulinho da Viola (Só o tempo), Chico Buarque (Mambembe), Jacob do Bandolim (O voo da mosca), Gonzaguinha (Recado) e do pai, claro (Disritmia). Joyce e Martinho comparecem em suas respectivas criações como convidados especiais. “São músicas que gosto de cantar, que acho bonitas. Enfim, o motivo das escolhas é bem simples. A ideia do disco era mostrar quem eu sou, as várias faces dessa que se chama Maíra Freitas”, resume.

E uma dessas faces é a de compositora. São três as composições próprias, uma delas instrumental (Se joga, que fecha o disco). “Compor é uma coisa que faço quando estou com vontade. Não componho todos os dias, só de vez em quando, se bate inspiração, dá vontade. Geralmente falo sobre coisas que estou sentindo, que estão acontecendo. Então, posso estar mais alegre, mais reflexiva...”, diz, tentando explicar o processo de criação que resultou nas bem-humoradas Alô e Corselet.

Para dar forma ao disco de estreia da irmã, Mart’nália chamou para o estúdio alguns músicos bem credenciados, como o baterista Wilson das Neves, o gaitista Rildo Hora, o violonista Cláudio Jorge e o baixista Arthur Maia. O encontro das duas em estúdio é fruto de uma afinidade antiga. “A gente tem uma relação bacana, somos muito ligadas. Desde pequena admiro a Mart’nália. Ela esteve presente em minha vida em todos os momentos. Nada mais natural que participasse deste. Foi ótimo, a gente pensa muito diferente, mas, ao mesmo tempo, somos muito parecidas, geminianas (risos).”

Com o disco lançado, Maíra Freitas prepara o show de divulgação sem pressa de antever o que virá daí. “Gosto de fazer uma coisa de cada vez, para não atropelar. Resolvi embarcar nesse trabalho novo, nesse momento diferente e cair de cabeça nessa vida”, afirma.

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Teatro do absurdo

Falta de planejamento no edital de ocupação deixa a sala villa-lobos com graves problemas na pauta. Há espetáculos anunciados que não vêm Fonte: correioweb.com.br 31/05

Num rápido giro pelo site de grandes palcos, como o Theatro Municipal, do Rio de Janeiro; o Teatro Castro Alves, de Salvador; ou o Guaíra, de Curitiba, o público pode se programar para espetáculos até junho. No caso do Municipal do Rio, a agenda está disponível até 18 de dezembro. Em Brasília, ao contrário, a pauta do Teatro Nacional Claudio Santoro sofre de inconstância e incertezas. O internauta dificilmente vai descobrir a que montagens poderá assistir, em junho, porque tudo pode mudar a qualquer instante, uma condição que fragiliza o teatro e dificulta o acesso de turistas eventualmente interessados em programação cultural na capital. Se a Copa do Mundo fosse em 2012, seria impossível um visitante de passagem pela cidade programar uma ida à Sala Villa-Lobos. Até abril passado, nem mesmo a Secretaria de Cultura sabia a agenda do mês que começa amanhã.

A incerteza começou a ser gerada no ano passado, quando a Secretaria publicou, mas mal divulgou, o edital de abertura de pauta para a programação de 2011. A atual subsecretária de Eventos, Fátima de Deus, acredita que o concurso foi abafado pelas notícias e investigações da Caixa de Pandora e pela troca de secretário de Cultura, por isso o número de inscrições teria sido muito baixo. O resultado foram os buracos na pauta disputados ferozmente pelos produtores da cidade e a indignação quanto à reserva de datas arquitetadas por alguns profissionais, com espetáculos sem confirmação do artista ou com agenda marcada para outros países nos dias teoricamente reservados para Brasília.

O edital prevê tempo máximo de 15 dias entre a divulgação do resultado dos espetáculos selecionados e a assinatura de um termo de permissão de uso que firma o contrato entre o produtor e a Secretaria de Cultura. Mesmo após oito meses de publicação do edital, há datas reservadas para espetáculos que não acontecerão. É o caso, por exemplo, da apresentação do conjunto Voca People, agendada para 16 de outubro, data em que se apresenta no Teatro Bobino, em Paris, e do tcheco Image Black Light Theater, cujos organizadores nunca cogitaram estar no Brasil no mesmo mês, data com a qual a BSB Agência de Produção de Eventos concorreu ao edital. “O Black Theater teve um problema com a turnê mundial e, nesse caso, não é responsabilidade nossa. A gente faz um pedido de reserva na pauta. Se acontecer algum imprevisto com o artista, o produtor não tem condições de trazer. Marcamos Voca People para outubro, mas ainda não sabemos se eles vêm”, explica o produtor Jaime Carneiro.

João em silêncio

Imprevistos não são a regra, mas acontecem mesmo em teatros com temporadas fechadas para o ano inteiro. O importante é que isso seja organizado para não prejudicar o público e deixar buracos na agenda. Na pauta do Teatro Nacional, há pelo menos três espetáculos não confirmados para a Sala Villa-Lobos e dois cancelados na programação até outubro. Jorge Giral, da Giral Produções, reservou pauta para shows de Almir Sater, em agosto, e João Gilberto, em setembro, mas já sabe que o primeiro não poderá vir na data prevista e ainda não obteve confirmação do segundo. “O edital foi feito com muita antecedência e ficam buracos na pauta”, explica Giral. “Já pedi para cancelar. É um equívoco da Secretaria.” Também não está confirmado o espetáculo Adorno, da companhia mineira Primeiro Ato, agendado na pauta para agosto.

Regina Moura, produtora da companhia, diz que só confirma a apresentação quando assinar o contrato com o Teatro Nacional, mas até hoje a Secretaria de Cultura não enviou os documentos. “Isso não pode acontecer”, avisa Fátima de Deus, subsecretária de eventos. “O produtor quer trazer o espetáculo e, quando vai para o edital, quer levar uma pauta que encha os olhos das pessoas que fazem a seleção. A gente pede uma carta de anuência do artista dizendo que tem disponibilidade para estar em Brasília, no Teatro Nacional, naquele momento e parece que deixaram passar isso. Não estava aqui, não posso fazer críticas de uma licitação pública da qual não participei, mas que a lei diz isso ,diz”, justifica.

O empresário Steffen Dauelsberg, proprietário da produtora Dell´Arte, explica que a reserva de pauta é uma maneira amadora e antiga de trabalhar com espetáculos. “Espetáculo anunciado é espetáculo realizado”, garante. “Existiu no passado essa cultura de trancar a pauta e anunciar shows incríveis e não ter certeza da realização. O Brasil não está mais nesse momento e isso depende da seriedade de cada um.” Dauelsberg criou a Dell´Arte há 30 anos e costuma ser responsável por turnês internacionais de companhias como Kirov e grandes orquestras. Neste ano, o produtor é responsável por trazer a Brasília a Companhia Antonio Gades e Pilobulus Dance Theater, que acabou de se apresentar no último fim de semana.

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LIVROS

Site doa e mapeia obras

Sebos on-line como o Estante Virtual, que integra lojas de livros usados por todo o Brasil, são uma boa opção para quem pode bancar o frete e o valor do produto. Mas o que fazer para ajudar quem não pode arcar com os custos e circular volumes depois de lê-los? Criado em fevereiro deste ano, o site Mudar o Mundo é uma boa opção. Com mais de mil usuários cadastrados, o website intermededeia doações e dispõe de um mapa que localiza o doador, permitindo visualizar a proximidade dele com quem estiver interessado. O formato original era um espaço para trocar coisas intangíveis, como palavras de conforto e mensagens de apoio, mas acabou transformado em um mediador de tudo o que as pessoas quisessem passar para frente. Desde livros, CD’s e DVD’s. Até aulas, mesas de estudo e abraços.

Idealizada pelo publicitário Antônio Ventura e construída com o programador Marcos Vinicius, a página alcançou cerca de 120 doações completas, uma média de duas por dia, e 300 visitas diárias. Em Alagoas, no município de União dos Palmares, o internauta que se identifica apenas como Zfernandes, disponibiliza um exemplar do filme Panteras negras. Já em São Paulo, no Morumbi, o usuário Márcio, que já deu seis livros e um DVD, está entregando O selo da agonia — livro dos cavalos, de Carlos Nejar. “Brasília ainda tem poucas doações, mas aos poucos as pessoas vão aprendendo a compartilhar”, torce Larissa Barros, que colocou os livros do ensino médio à disposição na página.

Jéssica Carrijo conheceu o site graças a uma postagem de um amigo no facebook há três meses. “Sempre dou voltas por lá, procurando coisas interessantes”, conta ela. Há dois dias, recebeu de Walter Ferreira o livro O seminarista. “Nós dois moramos no Recanto das Emas, mas nos encontramos entre a Universidade Católica e a Facitec (Faculdade de Ciências Sociais e Tecnológicas)”, conta ela. Depois de três dias de conversa por MSN, os dois marcaram encontro em um lugar movimentado e durante o dia. “O site é uma excelente oportunidade de reaproveitar coisas”, diz Walter.

“Ao assistir o que acontecia no Rio, percebi que havia uma grande falha de comunicação que fazia com que as doações não chegassem até quem precisava e me perguntei o que podia ser feito a respeito”, conta Ventura. O site faz parte da marca E.Aí, uma empresa que presta consultoria em web, formada por Antônio e Marcos Vinícius. Os dois se conheceram pela internet, quando Antônio procurava um programador para colocar em prática suas ideias. As doações costumam ficar restritas ao lugar de origem, porque quem recebe é que se responsabiliza por buscá-la. “Há casos em que a pessoa que doa pode enviar pelo correio, mas isso ocorre na negociação entre eles”, explica Ventura.

O site permite a troca de mensagens entre quem oferece ou deseja receber doações, mas nem sempre a transação é efetivada. A usuária Fabiana Lopes conta por e-mail que já cancelou a doação de uma máquina fotográfica porque a receptora não entrou mais em contato. Por outro lado, conta que fez amigos entre as doações que realizou. “Pessoas que de início não acreditavam no site, mas depois viram que era verdade”, revela. Os criadores da página explicam que qualquer coisa pode ser doada, de uma mesa de estudos a orientações de monografia. E a confiança conquista adeptos. Cristiano Mendes recebeu no Gama a doação de um livro que precisava para os estudos em webdesign e decidiu colaborar em seguida. “Tem sempre alguém querendo tirar vantagem, mas conversei com o rapaz que fez a doação e resolvi confiar também”.

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CÓDIGO FLORESTAL

Telhado de vidro no Senado

Seis parlamentares da Casa, entre eles o provável relator da lei na CCJ, são suspeitos ou investigados por crime ambiental Fonte: correioweb.com.br 31/05

Licenças ambientais concedidas pelo governo de Blairo Maggi (PR) levaram ao descontrole das queimadas em Mato Grosso, no fim de 2007. O fogo consumiu parques e reservas da Amazônia e do Cerrado. Levou diversas cidades a declararem estado de calamidade pública, cancelou aulas, superlotou hospitais públicos. Em Joinville (SC), o então prefeito Luiz Henrique da Silveira (PMDB) autorizou a retirada da vegetação de um mangue para a instalação de um loteamento privado, com 319 lotes. A Rua Guanabara foi prolongada e asfaltada à revelia de ordem judicial. Já o senador João Ribeiro (PR-TO) ergueu edificações à margem do lago da usina de Lajeado, a 55km de Palmas. As obras foram feitas numa Área de Preservação Permanente, levaram a desmatamentos ilegais e deram início a erosões à beira do lago.

As três ocorrências de crimes ambientais estão documentadas em investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Citados como responsáveis pelos crimes, os senadores Blairo Maggi, Luiz Henrique e João Ribeiro têm foro privilegiado e passaram a ser investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) — Luiz Henrique, inclusive, já é réu na ação penal. Os parlamentares vão apreciar o texto do Código Florestal Brasileiro, que deve chegar esta semana ao Senado. Aprovado na Câmara com permissão de atividades agrárias em APPs, anistia a desmatadores e dispensa de reserva em pequenas propriedades, o código será acompanhado de perto por Blairo e Luiz Henrique. O primeiro prepara emendas. O segundo deve ser o relator na Comissão de Constituição e Justiça.

Outros três senadores são suspeitos de infrações ambientais. Ivo Cassol (PP-RO) teve quatro áreas de suas fazendas embargadas pelo Ibama em razão de desmatamento de APP e reserva legal na Amazônia. O senador prepara emenda ao Código para garantir a transferência aos estados da possibilidade de regularização de APPs. Três áreas do senador Jayme Campos (DEM-MT) foram embargadas em Mato Grosso pelo mesmo motivo. E a senadora Kátia Abreu (ex-DEM-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura, foi autuada pelo Ibama por desmatamentos ilegais. O filho dela, deputado Irajá Abreu (ex-DEM-TO), chegou a ter duas áreas embargadas.

No caso dos senadores que passaram a ser investigados no STF, o foro privilegiado impediu, até agora, punições. O crime ambiental citado na denúncia contra Luiz Henrique prescreveu neste mês, conforme decisão do ministro Dias Toffoli. A acusação de desobediência a uma ordem judicial, ao autorizar o loteamento sobre um mangue, permanece. Para o advogado do senador, Carlos Adauto Vieira, Luiz Henrique já não responde a acusação de crime ambiental. “Ele não tinha conhecimento da ilicitude desse ato.” Quando governador de Santa Catarina, Luiz Henrique sancionou o Código Ambiental do estado, questionado no STF.

As queimadas em Mato Grosso em 2007 levaram o juiz Julier da Silva, da 1ª Vara Federal do estado, a exigir abertura de inquérito pela PF para apurar os responsáveis. Perícias, imagens de satélite e licenças concedidas embasaram a responsabilização de servidores e do então governador, Blairo Maggi. O caso foi remetido ao Superior Tribunal de Justiça, por causa do foro privilegiado. A eleição de Blairo para o Senado levou a nova transferência, ao STF. “O estado não teve responsabilidade. Colocamos aviões e brigadistas no combate ao fogo”, diz o senador. Sobre as licenças ilegais, Maggi afirma que os documentos foram suspensos. Durante a gestão de Blairo, dois secretários de Meio Ambiente foram presos pela PF por extração ilegal.

O inquérito contra João Ribeiro cobra explicações do governo de Tocantins e da prefeitura de Lajeado — onde fica a chácara do senador — sobre autorizações para obras irregulares à beira do lago. Ribeiro é investigado também por trabalho escravo numa fazenda no Pará envolvendo 38 trabalhadores. Segundo a assessoria dele, a irregularidade à beira do lago se resume à fossa de um banheiro que avança em APP. Sobre o trabalho escravo, a assessoria informa que o senador recorre da multa de R$ 760 mil.

“Não sou bandido”

Numa das regiões onde mais cresce o desmatamento da Amazônia, Alta Floresta (MT), três áreas rurais do senador Jayme Campos (DEM-MT) foram embargadas pelo Ibama. Jayme diz que foi “perseguição política” e culpa a “insegurança jurídica” gerada pelo Código Florestal em vigência. “Crio boi nas áreas e não sou bandido.” Já o senador Ivo Cassol (PP-RO), com quatro áreas embargadas em Rondônia, sustenta que os crimes foram em áreas vizinhas às suas. Nas propriedades da senadora Kátia Abreu (ex-DEM-TO), não há exploração de área de reserva legal, segundo ela.

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VIOLÊNCIA NO CAMPO

Intervenção nas áreas de conflito

Uma semana após a primeira das quatro execuções de camponeses, Planalto convoca ministros para discutir problema e estuda criar força-tarefa federal, que atuaria na fronteira entre Acre, Rondônia e Amazonas Fonte: correioweb.com.br 31/05

O governo poderá dar proteção policial às lideranças camponesas ameaçadas de morte na Região Norte do país e estuda a possibilidade de decretar uma espécie de intervenção federal em uma área de fronteira entre o Acre, Rondônia e o Amazonas. As medidas foram anunciadas ontem, após uma reunião de ministros com o presidente em exercício, Michel Temer. No encontro, foram discutidos os quatro assassinatos de ambientalistas ocorridos no Pará e em Rondônia na semana passada. A reunião, determinada pela presidente Dilma Rousseff horas antes de ela embarcar para o Uruguai, tinha como meta encontrar meios para cessar a violência na região, que está associada aos desmatamentos ilegais e à regularização fundiária.

Temer reuniu-se com os ministros da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho; do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence; e com o secretário executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto. Após o encontro, foi anunciada a criação de um grupo interministerial, que se reunirá diariamente para discutir a violência rural. O governo ainda prometeu liberar recursos para o pagamento de diárias aos fiscais do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para que eles visitem a região nos próximos dias. O Executivo também decidiu retomar a Operação Arco de Fogo, da Polícia Federal, para reprimir crimes ambientais.

Na coletiva concedida após a reunião, o ministro do Desenvolvimento Agrário negou que o governo tenha tomado providências somente depois dos assassinatos recentes. “Pelo contrário, antes dos óbitos, a presidente Dilma já tinha determinado a liberação de todo o recurso previsto no orçamento de 2011 para sanar os problemas na região. As providências já vinham sedo tomadas. Em função das mortes, as ações estão sendo incrementadas”, assegurou Afonso Florence.

Para Luiz Paulo Barreto, os assassinatos são caso de polícia, e não de política agrária. “A apuração desses crimes é de responsabilidade da polícia estadual, assim como a segurança pública. Mas o governo federal deverá complementar e ajudar os estados para pacificar essas regiões, em um combate efetivo a esse tipo de delito, que incomoda o Brasil e não pode mais ocorrer”, reforçou o secretário executivo do Ministério da Justiça, negando que o contingenciamento de recursos anunciado pelo governo no fim de fevereiro tenha prejudicado as operações da Polícia Federal.

Ameaças e mortes

Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), 123 pessoas estão ameaçadas de morte no país, sendo que a metade encontra-se no Pará, em Rondônia e no Amazonas. Nessa lista, já estão excluídos os nomes de José Cláudio Ribeiro da Silva, 54 anos, e de sua mulher, Maria do Espírito Santo, 53. O casal foi executado na última terça-feira, em uma emboscada, próximo a Nova Ipixuna (PA). Eles eram conhecidos na região por terem denunciado a ação de madeireiros em reservas florestais da região.

Três dias após as mortes no Pará, foi assassinado o agricultor Adelino Ramos, 57 anos, líder do Movimento Camponês Corumbiara, que também vinha denunciando a retirada de madeira ilegal em áreas de proteção ambiental de Rondônia. O principal suspeito do crime, Ozeas Vicente, foi preso ontem. Ele já cumpriu pena por posse ilegal de arma e de munição. Na noite de sábado, o agricultor Eremilton Pereira dos Santos, 25, foi vítima de pistoleiros. Ele foi encontrado sem vida por fiscais do Ibama também em nova Ipixuna.

Deputados vão acompanhar investigações

A Comissão de Direitos Humanos da Câmara deve acompanhar as investigações sobre os assassinatos de ambientalistas na Região Norte. Amanhã, o colegiado votará um requerimento do deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA) pedindo a criação de uma comissão especial para acompanhar os casos recentes. O vice-líder do PT na Casa, Fernando Ferro (PE), também defende que a Casa acompanhe as apurações dos episódios.