sábado, 21 de maio de 2011

Essas mulheres

Seis grandes intérpretes de Brasília contam ao correio os projetos na carreira

Desde a inesquecível Glória Maria, estrela do piano Bar do Brasília Palace, nos primórdios da nova capital, até Thais Moreira, que, no momento, brilha no circuito das casas noturnas, a música brasiliense sempre teve grandes intérpretes. Algumas alcançaram o patamar mais alto ao conquistar o sucesso internacional. Três delas, Cássia Eller, Zélia Duncan e Rosa Passos, começaram a carreira artística cantando em bares da cidade, para depois, chegarem, com destaque, aos palcos de teatros, às casas de shows e aos grandes festivais do Brasil e do exterior. Outras, como Dhi Ribeiro, Indiana Nomma, Ellen Oléria e Mara Beau, com trajetória inicial semelhante, estão em busca de maior projeção fora dos limites do DF, após obterem reconhecimento local. Fonte: correioweb.com.br 21/05

O Correio passeia pelo som de seis intérpretes que elevam o nome de Brasília ao patamar da boa música e revela novidades na agenda de cada uma.

É luxo só
Baiana de Salvador, brasiliense desde meados da década de 1970, Rosa Passos conquistou prestígio nos Estados Unidos, Europa e Japão, onde se apresenta desde o começo da década passada, como intérprete de bossa nova. Com 30 anos de música, 14 discos lançados (três deles focalizando a obra de Tom Jobim, Dorival Caymmi e Ary Barroso), a cantora, intérprete sofisticada, dividiu trabalhos com expoentes do jazz como o contrabaixista norte-americano Ron Carter, o violoncelista chinês Yo Yo Ma, o clarinetista cubano Paquito de Rivera e o cantor francês Henri Salvador. Amiga de João Gilberto, elogiada por Caetano Veloso e admirada pelo biógrafo Ruy Castro, Rosa — acompanhada por Lula Galvão (violão), Jorge Helder (contrabaixo) e Rafael Barata (bateria) — acaba de gravar CD intitulado É luxo só. O álbum, que reúne clássicos da MPB, extraídos da obra de Noel Rosa, Ary Barroso, Cartola, Antônio Maria, entre outros mestres, é negociado com um selo americano.

Destino: Europa

Sambista apadrinhada por Jorge Aragão, Dhi Ribeiro, embora tenha iniciado a carreira há mais de 20 anos, só, em 2009, é que foi descoberta pelo Brasil. Ex-vocalista de trio elétrico (em Salvador) e de bandas de baile (em Brasília), a cantora integrou por três anos a Lidia Togni, trupe circense italiana. Em carreira solo desde 2004, fez de lugares como Feitiço Mineiro, Calaf e Arena a plataforma de lançamento. No Feitiço, foi ouvida por um executivo da Universal Music, gravadora pela qual lançou Manual de mulher, CD de estreia. Dhi, que já tomou partes de eventos como Festival de Verão de Salvador, Festa Nacional da Música (em Canela/RS) e Mulheres que Brilham (em São Paulo), já esteve duas vezes em Angola e prepara-se para shows em Portugal e na França, em julho. No momento, está envolvida com a pré-produção de um DVD, a ser gravado em Brasília no segunda semestre.

Entre dois discos
Há um ano, Indiana Nomma vive na ponte aérea Brasília/Rio de Janeiro. A cantora, que conquistou o público brasiliense como vocalista da BSB Disco Club (banda que surgiu há 15 anos), partiu para carreira solo em 2002 como intérprete de disco music, soul e jazz. Um dos momentos marcantes na trajetória foi o show que fez na extinta casa de espetáculos da Academia de Tênis, abrindo para a diva Gloria Gaynor. Atualmente, divide-se entre apresentações em bares da Lapa e no circuito noturno de Brasília. Indiana está envolvida na produção de dois discos: um de músicas inéditas, com a assinatura de compositores brasilienses como Eduardo Rangel e Ângela Brandão; e outro de piano e voz, com Daniel Backer, em que fará releituras de clássicos da MPB.

Territórios ocupados
Com vozeirão impressionante e marcante presença cênica, Ellen Oléria surgiu há cinco anos como a grande revelação da música brasiliense dos últimos tempos. Cantora, compositora, atriz e violonista, ela faz um som em que mistura elementos de diferentes vertentes da música negra: samba, afoxé, jazz e hip-hop, sempre com muito suingue. Em 2009, lançou o CD Peça, que de certa forma remete à sua formação de atriz pela UnB. De um ano para cá, tem levado seu talento a outras cidades brasileiras, com apresentações em Fortaleza, Salvador e São Paulo — onde fez shows na capital e em cidades do interior. O próximo projeto é a gravação de um DVD, marcada para agosto.

Abrigo de jazz
Considerada a grande dama do jazz na capital, Mara Beau conseguiu o que muitos artistas sonham: ser dona do seu próprio espaço. Há nove meses, a cantora está à frente do Mara Beau Jazz Restaurante, na 216 Norte, com capacidade para 35 pessoas. O lugar, que funciona de terça-feira a sábado, a partir das 20h, tem entre os frequentadores diplomatas, diretores do Banco Mundial, turistas e estudantes universitários. Perto de comemorar 30 anos de palco, Mara construiu a carreira cantando em pianos bar da cidade. O reconhecimento viria, depois de uma apresentação no auditório da Casa Thomas Jefferson, em 1991. Há cinco anos, ela lançou o Mara Beau jazz, DVD originário de gravação de programa na TV Câmara. Intérprete de ícones do jazz como Duke Elington, Cole Porter, George Gershwin, Louis Armstrong, aguarda o lançamento de CD que gravou com João Donato.

Musa onipresente
Thais Moreira é a recordista de presença nos palcos da cidade. A cantora, revelada pela primeira edição do programa Ídolos, do SBT, trafega com naturalidade entre a axé music, a MPB e o pop. Dona de timbre e de um tipo de interpretação semelhantes aos de Ivete Sangalo, ela já abriu shows do Chiclete com Banana, Timbalada, Olodum e Cheiro de Amor. Presente na programação dos grandes eventos de Brasília — como a festa comemorativa dos 51 anos —, cumpre temporada na casa noturna Garota Carioca, no Setor Comercial Norte, onde em março lançou o CD Axé e glamour, com 21 faixas, incluindo as composições autorais Levada Thatá e Eu tô na onda. Thais faz tanto sucesso com suas apresentações no projeto Pier de Todos os Sons, onde estará de volta na próxima terça-feira, que entrou para a calçada da fama do Pier 21.

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JOSÉ SIMÃO

Ueba! Xuxa dá palmada no ganso!

Um leitor me disse que o Palofi tá deixando o Eike Batista com complexo de inferioridade. Rarará! Fonte: folha.uol.com.br 21/05



BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador- geral da República! Olha a placa na gôndola de azeites e torradinhas do Pão de Açúcar: "Uma entradinha bem caprichada não faz você feliz?". FAZ! Então não é Pão de Açúcar. É Pau de Açúcar! Rarará!
Tem que avisar o Pão de Açúcar que tudo no Brasil tem duplo sentido! E esta do Extra: "Super Oferta Extra: mesa de ferro fudido". Rarará! E ainda cobram R$ 189 por mês! E o ex-diretor do FMI (Fornicar Mulher Ilegalmente) atacou a camareira, foi preso e teve sua carreira política exterminada.
Se fosse no Brasil, ele dispararia nas pesquisas e a camareira posaria pra "Playboy"! Final Feliz! E o mundo caiu na gandaia! Ex-diretor do FMI ataca a camareira, e o Schwarzenegger comeu a empregada. Rarará! Que coisa sórdida. Transar com empregada é a coisa mais antiga do mundo!
Ele é Exterminator ou Bulinador? O Bulinador do Passado! E como dizia uma amiga minha: "Qualquer homem é perfeito contanto que não coma a empregada". Rarará!
E a melhor declaração do Schwarzenegger: "O pênis não é um músculo". O pênis não é um músculo porque o dele deve ser minúsculo! Rarará!
E tá todo mundo perguntando: o Palofi cai? O Palofi não cai, ROLA! Com aquela pança da Nhá Barbina. E eu já disse que o Palofi não cai porque ele se defendeu com muita propriedade. Muuuitas propriedades. Rarará! E um leitor me disse que o Palofi tá deixando o Eike Batista com complexo de inferioridade! Rarará! E uma das clientes da empresa do Palofi: AMIL. E pagou quanto? AMIL por segundo! Rarará!
E a Xuxa? Tá na mídia. Primeiro declarou na Argentina que dormia com "pênis de ganso" e depois apareceu no Congresso para apoiar a Lei da Palmada. Já sei, a Xuxa só dá palmada no ganso! E depois que o Palofi aumentou o patrimônio em 20 vezes, já tem gente querendo que ele aumente tudo em 20 vezes.
Olha a charge do Rico com o Palofi dando consultoria: "Qual o seu problema meu senhor?". "Disfunção erétil!" Aumenta aí! Vinte vezes! Rarará!
E mais uma predestinada direto de Curitiba. Gerente do Clube Liberal: dona Liberalina. Ai, dona Liberalina, libera o Liberal! Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza! Hoje só amanhã!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

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Líder sandinista escreve memórias da revolução

Sergio Ramírez reconhece erros no poder, mas defende validade de ideais

Vice-presidente durante primeiro mandato de Daniel Ortega, escritor fala de jovens imersos em desencanto e apatia

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ADIÓS, MUCHACHOS
AUTOR Sergio Ramírez
EDITORA Record
TRADUÇÃO Eric Nepumoceno
QUANTO R$ 49,90 (350 págs.)

Fonte: folha.uol.com.br 21/05



A Revolução Sandinista na Nicarágua, em 1979, foi a última de inspiração socialista antes da queda do Muro de Berlim, dez anos depois.
Terminou de forma pouco gloriosa, sob a pressão dos grupos contrarrevolucionários financiados pelos EUA.
O escritor nicaraguense Sergio Ramírez, 70, reconhece os erros, mas reafirma a validade dos seus ideais em "Adiós Muchachos - A História da Revolução Sandinista e seus Protagonistas".
Lançado em 1999, o livro entremeia o relato da luta guerrilheira que derrubou o ditador Anastasio Somoza com episódios da década em que os revolucionários exerceram o poder no país.
Daniel Ortega, outro líder do movimento, foi presidente do país entre 1985 e 1990. Teve Ramírez como seu vice.
Em 2006, voltou à Presidência por meio de uma mudança constitucional acordada com partidos da direita. Ramírez, autor de mais de 30 livros, falou com a Folha, de Manágua, por telefone.

Description: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/images/ep.gif



FOLHA - O senhor é um revolucionário dos anos 1960 e 1970 que não lamenta o que fez. Por quê?
SERGIO RAMÍREZ -
Posso me definir como um idealista antiquado. Tenho raízes na década de 1960, que considero a melhor do século 20. O fato de a revolução que mudou minha vida ter fracassado e resultado no governo Ortega não me tira os ideais.

Como é a relação dos jovens com a política na Nicarágua?
Eles parecem imersos em desencanto e apatia. O que se antevê nas pesquisas às eleições deste ano é uma grande abstenção em novembro. Numa pesquisa recente, só metade das pessoas aceitaria receber a cédula; dessas, 25% a depositaram em branco. Levando em conta que 70% da população da Nicarágua tem menos de 30 anos...

Para o senhor, a literatura é uma continuação da política?
Vivemos em um continente cheio de anormalidades e de anacronismos. Por isso é um terreno fértil para a literatura, que depende muito do assombro. O romancista não pode escapar dessas percepções, mesmo que só queira contar uma história de amor.

Há escritores na América Latina e na Central em particular que merecem maior atenção?
Há novos novos escritores notáveis, como Juan Gabriel Vásquez, da Colômbia, Alberto Fuguet, do Chile, Jorge Volpi, do México, e Santiago Roncagliolo, do Peru. Na América Central, há Carlos Cortés, da Costa Rica, Erick Aguirre, da Nicarágua, ou Claudia Hernández, de El Salvador. É a experimentação da linguagem que cria a nova literatura.

Outros livros seus serão publicados no Brasil?
Não por ora, mas espero que meus livros continuem sendo publicados pela Record. Sobretudo meus romances, começando por "Margarita Está Linda la Mar" (Margarita, está lindo o mar), que ganhou o Prêmio Internacional Alfaguara e tem uma edição em Portugal.

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Acervo Folha traz início, altos e baixos do cinema brasileiro

Criação de estúdios, ciclos autorais, crises e prêmios em festivais contam história do gênero no país

Arquivo digitalizado dá acesso gratuito a 1,8 milhão de páginas do jornal desde a sua fundação, em 1921
Fonte: folha.uol.com.br 21/05



Numa quarta-feira, 4 de fevereiro de 1931, a página 12 da "Folha da Manhã", ilustrada com caricaturas das atrizes americanas Dorothy Mackail e Loretta Young, trazia uma notícia discreta sobre a "Semana Brasileira" de cinema em São Paulo.
O Rosário e o Alhambra, "os dois luxuosos cinemas do centro", exibiriam unicamente filmes nacionais. Uma das películas em cartaz foi "Lábios sem Beijos", a primeira produção da Cinédia.
Numa hora em que o cinema brasileiro recuperava-se de uma de suas primeiras crises, do início dos anos 1910, era um sinal de vitalidade.
Passados 80 anos, o espaço dedicado aos filmes nacionais só cresceu nas páginas da Folha, num vasto painel que está documentado no "Acervo Folha" (www.acervo.folha.com.br).
O acesso ao arquivo digitalizado, que reúne cerca de 1,8 milhão de páginas publicadas pela Folha e pelos jornais "Folha da Manhã" e "Folha da Noite" desde 1921, é por ora gratuito.
No Festival de Cannes que termina amanhã, o filme "Trabalhar Cansa" pode agregar mais uma peça ao tabuleiro da história do cinema nacional.
O longa de Juliana Rojas e Marco Dutra concorre aos prêmios Un Certain Regard e Caméra d'Or, este último para realizadores que exibem seus primeiros filmes.

CONSAGRAÇÃO
Foi na Côte d'Azur que veio a primeira consagração internacional da cinematografia verde-amarela, com a Palma de Ouro para "O Pagador de Promessas", de Anselmo Duarte. O feito foi registrado, com foto do ator Leonardo Villar carregando sua cruz, na capa da Folha de 24 de maio de 1962.
O prestigioso festival francês -que já dera, em 1953, o Prêmio Especial do Júri a "O Cangaceiro", de Lima Barreto- premiaria ainda Glauber Rocha (melhor direção por "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro", em 1969) e Fernanda Torres (melhor atriz por "Eu Sei que Vou Te Amar", em 1986).
No Festival de Berlim, as maiores conquistas foram os Ursos de Ouro de "Tropa de Elite", de José Padilha, em 2008, e "Central do Brasil", de Walter Salles, em 1998.
A vitalidade do Cinema Novo nos anos 60 seria seguida pelo incentivo estatal à produção, com a criação da Embrafilme, em 1969.
Fruto dos primeiros ares da redemocratização, "Pra Frente, Brasil" (1982), de Roberto Farias, é ao mesmo tempo revelador do conflito vivido pelo país na época.
Financiado pela ditadura que agonizava, o longa retratava a brutalidade da ditadura barra-pesada de anos antes e trazia cenas de tortura. Acabou censurado, provocando ainda a saída do então diretor da Embrafilme, Celso Amorim -que viria a ser chanceler do governo Lula.
Em 1990, durante o governo Collor, a Embrafilme foi extinta, um marco da derrocada da produção.
"Carlota Joaquina", de Carla Camurati (1995), é tido como marco da chamada "retomada", impulsionada pela criação da Lei do Audiovisual, dois anos antes.
O retorno das grandes produções, refletido em boas bilheterias, foi potencializado pela entrada da Globo Filmes no mercado.

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Na Flip, fac-símile de caderno da garçonnière terá edição digital Fonte: folha.uol.com.br 21/05



Miss Cíclone, quem diria, estará em Paraty na Flip.
Misteriosa, uma das mais loucas paixões de Oswald de Andrade, era chamada também de Deise. Foi a musa da garçonnière que ele e um grupo de modernistas mantiveram em 1918 na rua Líbero Badaró, centro de São Paulo.
Guilherme de Almeida e Monteiro Lobato frequentaram o local, que rendeu um caderno de 200 páginas com anotações, desenhos e pilhérias, depois editado sob o título "O Perfeito Cozinheiro das Almas deste Mundo".
Deise aproximou-se de Oswald por ser prima da professora de piano de Kamiá (a francesa Henriette Boufflers), primeira mulher dele.
O romance teria um final trágico. Deise engravida e, sem saber quem é o pai, é convencida por Oswald a abortar. O aborto provoca a morte dela. Oswald fica tão culpado que casa-se no papel com Deise "in extremis", dias antes da morte, e a enterra no jazigo da família dele.
Uma edição fac-similar do caderno saiu em 1987 pela hoje extinta Ex-Libris, com projeto de Frederico Nasser. Viraria objeto de culto entre artistas gráficos.
Durante a Flip, e só no evento, o Instituto Moreira Salles vai expor uma edição digital de trechos do fac-símile. Na casa que manterá em Paraty, o IMS também exibirá um filme sobra a edição e terá uma cópia em papel para ser manuseada.
A Globo Livros, que tem os direitos sobre a obra de Oswald e editou uma versão convencional de "O Perfeito Cozinheiro...", estuda publicar outra fac-similar.

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Banquete Oswaldiano

Lançamentos e exposições se unem à Flip para celebrar ícone modernista
Fonte: folha.uol.com.br 21/05


"Nasceu em 1890 em São Paulo. Casado cinco vezes, tem quatro filhos. Não gosta de andar. É antropófago."
"Tem muito cabelo. Gosta de bom vinho, bom uísque e boa pinga. Várias vezes foi homem rico, outras, homem pobre. Gosta de todos os seus livros publicados e não se arrepende de os ter escrito."
"Considera a sua obra literária acima da compreensão. Pessoalmente é pessimista. Não tem amigos."
Oswald de Andrade (1890-1954) se autodefiniu em pílulas no artigo "Carteira de Identidade", de 1948.
O texto abre "A Alegria É a Prova dos Nove", antologia que a Globo Livros lançará às vésperas da Flip.
Em sua nona edição, de 6 a 10 de julho, a Festa Literária Internacional de Paraty homenageia o autor do Manifesto Antropófago.
A antologia se junta a uma série de eventos que aproveitam o embalo da Flip para também celebrar Oswald.
Organizado e apresentado pelo escritor Luiz Ruffato, que o define como uma "autobiografia intelectual" de Oswald, "A Alegria É a Prova dos Nove" reúne trechos pinçados da vasta produção do pensador modernista.
É dividido por tópicos como "Um homem sem qualidades" (aspectos biográficos), "Minienciclopédia oswaldiana" (conjunto de sarcasmos) e "Terra da garoa" (sobre a relação de amor e ódio com SP, "cidade onde até as estátuas andam").
A conclusão de Ruffato é que Oswald "é muito mais coerente do que aparenta", alguém que sempre lutou "pela liberdade, contra a hipocrisia e a mediocridade" (aliás, o título da apresentação escrita para a antologia).
Segundo a diretora editorial da Globo Livros, Sandra Espilotro, a obra "se propõe a aproximar o público de Oswald. É uma espécie de degustação do pensamento dele, um homem de muitos adjetivos: provocativo, inquieto, polêmico e original".
A editora, que tem os direitos de publicação da obra de Oswald, também lançará duas reedições ampliadas.
A É Realizações trará uma coletânea de artigos sobre antropofagia de intelectuais do mundo inteiro.
Haverá ainda uma exposição sobre Oswald no Museu da Língua Portuguesa.
Junto à conferência de Antonio Candido e às duas mesas voltadas ao autor anunciadas pela Flip, é o perfeito banquete antropofágico.

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"Ele achava que nunca seria lido", lembra filha

Marília de Andrade cita abandono de Oswald e busca interesse de jovens

Litígio entre herdeiros faz com que juiz assuma inventário e decida sobre toda negociação relativa à obra do autor
Fonte: folha.uol.com.br 21/05

O nome dela fala por si mesmo: Antonieta Marília de Oswald de Andrade. "Meu nome é uma dedicatória do meu pai à minha mãe [Maria Antonieta d'Alkmin, quinta e última mulher do escritor]. Quer dizer: Antonieta é a musa do Oswald de Andrade", explica ela, lembrando o poema de Tomás Antonio Gonzaga.
Oswald teve quatro filhos. Nonê (com a francesa Kamiá), Rudá (com Pagu) e Marília e Paulo Marcos (com Maria Antonieta). Única viva, Marília, 65, é apontada pela curadoria da Flip como fundamental na concepção e organização da homenagem que a festa literária fará ao modernista.
Abriu seu arquivo pessoal e mostrou o caminho para o centro da Unicamp que guarda o acervo do autor.
Psicóloga com doutorado na Universidade Columbia (EUA), é figura de proa na dança nacional -implantou o curso de dança da Unicamp e integrou nos 70 o Ballet Stagium, pelo qual ajudou a conceber e levar ao Xingu o espetáculo "Kuarup".
"Dos 4 aos 60, nunca parei de dançar", conta. Uma disputa com outros herdeiros (o sobrinho Rudazinho e as cunhadas, viúvas de Nonê e Rudá) fez com que um juiz passasse a responder pelo inventário, decidindo sobre qualquer negociação relativa aos direitos da obra.
A homenagem na Flip, portanto, só foi possível graças ao despacho do juiz. Marília, que por causa do litígio pede reserva sobre detalhes do processo, diz que a cisão familiar é sofrida, mas se diz realizada pela celebração em torno do pai.
(FABIO VICTOR)

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Folha - Por que acha que escolheram Oswald agora?
Marília de Andrade
- Fui pega totalmente de surpresa. Voltei para a psicologia há dez anos e passei a clinicar numa área que trabalha trauma e corpo. Estava num trabalho intensivíssimo de psicologia aplicada ao trauma quando o Manuel [da Costa Pinto, curador da Flip] me ligou, em novembro. Foi tão emocionante, eu não previa, não tinha nenhum indício de que ele era cogitado, nunca tinha pensado.
Vivi um momento difícil da vida do Oswald, foi muito doloroso vê-lo abandonado, muito frágil e descrente até que seus livros fossem publicados. Como eu era criança [estava prestes a fazer 9 anos quando o pai morreu], fiquei com essa impressão muito marcada, de que ele não seria lido nem reconhecido.
Foram anos e anos e anos de esquecimento. Meu desejo é que Oswaldo finalmente possa ser lido e compreendido pelos jovens.

Como ele era no papel de pai?
Foi um pai muito presente. Éramos uma família muito unida. Era extremamente caseiro, adorava ficar em casa com minha mãe, trabalhando no escritório. Não era o furacão que pensavam -era um furacão de ideias.

Ôswald ou Oswáld? Por que, embora família e amigos sempre usassem Oswáld, de repente todo mundo passou a chamar Ôswald?
As pessoas chamavam Oswáld ou Oswaldo. Acho que [a mudança] foi quando chegou a cultura americana ao país. Nos anos 60, o Lee Oswald matou o Kennedy, esse nome apareceu muito na mídia. Na época do meu pai, ser culto era falar francês.
Eu me aborrecia quando ouvia. Aí Antonio Candido me disse: "Marília, deixa isso de lado, porque o Ôswald é o deles, o Oswaldo é o nosso".

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