domingo, 15 de maio de 2011

Os riscos da greve ou a greve sem riscos?

Fonte: http://blog.tudonahora.com.br/ricardomota/2011/05/13/o-risco-da-greve-ou-a-greve-sem-risco/

Existe um entendimento de que é ditatorial o governo que toma medidas repressivas, mesmo que administrativas, contra servidores que fazem greve.

Mas é esta a regra do jogo: a greve é um direito dos trabalhadores para buscar melhorias salariais e/ou na qualidade do ambiente de trabalho, mas não exime os que aderem ao movimento de arcar com as responsabilidades pela paralisação.

Na iniciativa privada, posso dizer por experiência própria, o jogo é muito mais bruto. Já participei de três greves em empresas diferentes e sei o quanto é difícil ter de enfrentar uma estrutura muito mais poderosa do que os sindicatos de trabalhadores. Quando o fiz, sabia dos riscos que corria – profissionalmente – e os assumi porque considerei que valia a pena.

No Brasil, e particularmente em Alagoas, só temos acompanhado nos últimos anos greves do funcionalismo – nas três instâncias. E qualquer medida adotada pelo dirigente público é tida como absurda e antidemocrática.

Bobagem. Greve é risco. E não vou me ater às particularidades das corporações militares, com os seus códigos arcaicos.

As medidas punitivas fazem parte do “pacote de negociação”. Ao final, elas entram na mesa de debate da mesma forma que os índices de reajuste salariais propostos. O que não significa que elas devam ser esquecidas integralmente ao fim da paralisação.

Não há, aqui, um julgamento de valor sobre as reivindicações dos servidores – justíssimas, creio. Mas greve sem risco, não é greve – é descanso coletivo. Foi isso que aconteceu durante os quatro anos do governo Geraldo Bulhões. Quem viveu aquele período há de lembrar: com exceção da PM, nada funcionava no Estado e até hoje pagamos por isso.

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Literatos sobem rio Negro em cruzeiro

Autores como Cristovão Tezza e Laurentino Gomes entram em navio para dar palestras e visitar tribos indígenas

Projeto "Navegar é preciso" partiu do dono da Livraria da Vila, durou cinco dias e gerou crônica "chapa branca" Fonte: folha.uol.com.br 14/05



A ideia de um cruzeiro literário era, no mínimo, antagônica.
Transposta ao mundo musical, seria como assistir a um concerto da Osesp em Las Vegas. Se a seara fosse religiosa, seria escutar o sermão de um padre na sinagoga (ou numa mesquita, num templo budista, num terreiro de umbanda...).
As palavras "cruzeiro" (que remete a Miami, minigolf, lambaeróbica) e "literário" (sugere silêncio, introspecção) pareciam não se encaixar de nenhuma forma.
Apenas pareciam.
Ontem, no Porto de Manaus, 46 pessoas desembarcaram de um navio, o Grand Amazon, em companhia de Cristovão Tezza, José Eduardo Agualusa, Mary del Priore e Laurentino Gomes.
Haviam desembolsado entre R$ 4.400 e R$ 5.300 para, durante cinco dias, ouvir os autores, confinados, palestrando por sobre as águas do rio Negro.
O projeto "Navegar é preciso" surgiu um ano atrás, da cabeça de Samuel Siebel, dono da Livraria da Vila. "Eu promovia encontros literários nas lojas", explica. "Pensei: "Por que não fora delas?'"
Siebel procurou, então, Guilherme Padilha, sócio de uma agência de viagens, a Aurora Eco, que arcou com os custos da empreitada. De chofre, optaram por realizar um cruzeiro.
"Pensamos no litoral sul do Rio, mas a Flip já era ali", disse Padilha, que sugeriu, também, um roteiro pela Patagônia: "Mas o Samuel não queria fora do Brasil."
Sobraram três opções: um cruzeiro em Pernambuco, para Fernando de Noronha; na Bahia, pelo rio São Francisco; e no Amazonas, subindo o rio Negro. A decisão foi unânime.
Siebel se encarregou de convidar os autores. "O Cristovão Tezza topou de cara. O Laurentino Gomes ficou de pensar, mas se decidiu antes de desligar o telefone", lembra. (Milton Hatoum, que havia concordado em participar, desistiu um mês antes, alegando razões pessoais).
A exemplo do que ocorre na Flip, os convidados -que ainda incluíam o grupo musical Mawaka, o autor de livros infantis Ilan Brenman e a ativista Sylvia Guimarães- não receberam cachê.
"Mas eles ganharam passagem, estadia e o direito de trazer mais uma pessoa", explica Siebel.
Ele conta que nunca teve a pretensão de fazer um festival literário aos moldes da Flip: "Não chamei mais autores para não perder o tom intimista. Queria que essa tribo que nunca entra em um cruzeiro sentisse aqui uma coisa caseira".
Para dar conta disso, tentou ao máximo abolir a programação do navio (em outras semanas, o Grand Amazon percorre o mesmo roteiro, subindo o Rio Negro, sem literatos a bordo).

AVENTURA
O esforço foi em vão. Na segunda-feira, quando entraram no navio, autores, músicos e público pagante foram brindados com uma pergunta, enunciada por um membro da tripulação: "E aí, pessoal, estão prontos para encarar essa aventura na floresta amazônica?"
A aventura incluiria uma visita a uma "tribo selvagem" (com um macaco enjaulado que poderia ser fotografado a R$ 5) e um show, na última noite, de um tripulante vestido de índio.
"Um pouco a gente tem que desencanar, também", ensinou Siebel. As demais atividades -tirando as palestras- incluiriam observação de botos, jacarés e pesca de piranhas.
Cristovão Tezza, vencedor do Jabuti por "O Filho Eterno", pareceu não se importar. Uma noite, no deque, comentou: "Isto aqui está tão bom que escrevi uma crônica chapa-branca".

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Autores criticam academia ao longo de viagem Fonte: folha.uol.com.br 14/05



Durante os cinco dias a bordo do Grand Amazon, o público do cruzeiro assistiu a seis debates -com destaque para as mesas que juntaram os historiadores Laurentino Gomes e Mary Del Priore, e os ficcionistas Cristóvão Tezza e José Eduardo Agualusa.
Gomes e Del Priore criticaram, em uníssono, os cânones da universidade.
"Saí da USP para escrever do jeito que eu queria, sem nenhuma amarra", disse Mary Del Priore, que acaba de lançar "Histórias Íntimas -Sexualidade e Erotismo na Historia do Brasil".
Laurentino Gomes, que durante três décadas foi jornalista, endossou: "Quando me dizem que eu vulgarizo a história, concordo. Vulgarizo mesmo, no sentido latino da palavra, de tornar vulgo, acessível."
Cristovão Tezza e José Eduardo Agualusa falaram sobre usar a escrita como substituto à psicanálise.
Tezza foi irônico. "Se eu fizer análise, fico bom, curado, e não escrevo mais", disse.
"Não acredito em literatura como catarse, mas ninguém produz sem ser afetado pelo que escreveu. Fui sendo escrito pelos meus livros", completou.

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LITERATURA 1

Escritor luso Manuel António Pina é vencedor do 23º Prêmio Camões Fonte: folha.uol.com.br 14/05



DA EFE - O escritor português Manuel António Pina, 67, venceu a 23ª edição do Prêmio Camões, dedicado a autores de língua portuguesa. Poeta, professor e cronista, Pina é autor de mais de 40 livros, entre os quais "O País das Pessoas de Pernas para o Ar", "Os Livros" e "Algo Parecido com Isto, Da Mesma Substância". Além do título, o português recebeu um valor de 100 mil euros e, de Lisboa, se disse emocionado com o reconhecimento. "Nunca pensei que minha obra fosse conhecida para além da minha rua", afirmou. Criado em 1988 pelos governos brasileiro e português, o Camões já foi concedido a Ferreira Gullar (2010), Jorge Amado (1994), José Saramago (1995) e Antonio Lobo Antunes (2007).

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LITERATURA

Cidade de mulheres Fonte: correioweb.com.br 14/05

Pirenópolis (GO) –Ùltima filha viva de Cora Coralina, Vicencia Bretas Tahan disse ao Correio que não sabia se iria à terceira edição da Festa Literária. Mas ela conseguiu e foi uma das principais atrações da protocolar cerimônia de abertura da Festa Literária de Pirenópolis (Flipiri). Ela leu textos da mãe e falou, sempre com bom humor infalível, sobre o espaço que a mulher ocupa na literatura:

“As mulheres estão por cima”, brincou. “Que coisa maravilhosa essa cidade! Cheia de jovens. Essa mocidade está fazendo a cidade ser conhecida por seu lado cultural”, também declarou. Em vez de poesias ou trechos de contos, a caçula de Cora separou alguns pensamentos da mãe. “Não tenho medo de envelhecer. Tenho medo de ficar velha”, diz um deles.

Aproveitou o momento para falar sobre as dificuldades que a poetisa enfrentou para ter seu trabalho finalmente reconhecido. “Hoje, a Cora anda tão homenageada. Ela é mais lembrada agora do que em vida, porque a menosprezaram na época em que ela escrevia. Diziam que era uma ‘velhinha que faz doce’”, desabafou. Após a solenidade, organizada no Theatro Pyrenópolis Sebastião Pompeu de Pina, Elisa Lucinda encerrou a noite com um bate-papo sobre poesia — e com muita poesia — no palco da Praça Central. Foi uma visita relâmpago da atriz carioca: com agenda cheia, ela chegou na quinta e teve que retornar ontem de manhã. Mas deixou acertado com o público que volta no ano que vem para ficar mais tempo.

Os concursos fazem essa hierarquia: premiam o melhor romance com R$ 100 mil e o melhor livro de poesia com R$ 20 mil. E há uma crueldade exercida no mercado”, criticou, de sorriso no rosto, mas com voz grave. “Poesia é souvenir moderno, lembrancinha eterna do tempo”, definiu.

A festa acaba hoje, com programação o dia todo. À noite, os brasilienses do Oi Poema fazem recital poético.

Cine Brasília
Ao final de cada poesia, Elisa Lucinda dava chutes no ar e brandia o microfone na direção do público. Sem roteiro, falou por uma hora e meia sobre todos os assuntos que a sua memória poderia comportar: educação, mulher, união homoafetiva, racismo. E sempre recitando, com o vigor de uma interpretação teatral, poemas seus e de autores favoritos. Entre piadas, causos e interações com o público (como uma professora escolar, chamava a atenção de quem ousava se levantar no meio da apresentação), ela comentou a desigualdade que existe entre ficcionistas e poetas. “A poesia é o negão da literatura.

Secretário de Cultura do Distrito Federal, Hamilton Pereira chegou com atraso à festa, mas teve tempo de dizer algum palavras ao microfone. Ele aproveitou para falar de mudanças a Feira do Livro e deu detalhes sobre a reforma do Cine Brasília.

“Nós temos a obrigação de redimensionar, não apenas em termos quantitativos, mas qualificar a nossa relação com o livro e a leitura.

Então, vamos trabalhar, no sentido de oferecer para a cidade um projeto já a partir do ano que vem. Neste ano, não temos condições de avançar significativamente. É um compromisso nosso da Secretaria de Cultura, para que Brasília possa dialogar com demais iniciativas dessa natureza no país e no exterior”, garantiu.

Segundo o secretário, a reativação da sala mais nobre do cinema brasiliense, prometida para março, ainda está em processo. “Nós estamos concluindo a impermeabilização do Cine Brasília. Agora, vamos baixar e fazer a reforma necessária para esse festival, o 44º, que vai ocorrer na última semana de setembro. Vamos antecipar a data, para que a gente escape da chuva”, acrescentou.

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ENSINO

Apaixonados pelo espaço

Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica registra a participação de centenas de estudantes do DF. Os que se destacarem poderão se aprimorar em competições internacionais Fonte: correioweb.com.br 14/05

Quase 800 mil estudantes de todo o país que se interessam por planetas, nebulosas e foguetes puderam testar seus conhecimentos em astronomia, astrofísica e energia ontem, na prova da 14ª Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). Só o Distrito Federal tem 105 escolas cadastradas, nas quais foram aplicadas as provas.A competição, aberta a todos os estabelecimentos de ensino fundamental e médio, teve participação voluntária. Serão distribuídas 30 mil medalhas e os melhores colocados ainda têm a chance de participar de outros eventos, inclusive internacionais.

Além das medalhas e dos certificados, os que obtiverem boa classificação no Nível 4 (ensino médio) vão conhecer as instalações do Centro Técnico Aeroespacial (CTA) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Os 100 estudantes de melhor colocação na olimpíada serão convidados a participar de um curso de astronomia, enquanto os cinco jovens com bom desempenho nesse curso vão disputar a Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica, que, este ano, ocorre na Polônia. Outros cinco vão participar da Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica (OLAA), no Rio de Janeiro.

Segundo João Batista Canalle, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e coordenador da OAB, não apenas os alunos são beneficiados, mas também os professores, que podem se aprimorar nos temas escolhidos. “Nós procuramos promover a interação entre professores de ensino superior e da educação básica. O primeiro passo para o professor que organiza a participação da escola é se preparar e nós colaboramos nesse processo”, explica. “Todo ano a gente envia algum material didático, como livros, CDs e DVDs. Este ano, as escolas inscritas vão ganhar uma luneta, desde que não tenham recebido o equipamento no ano passado.”

O Colégio Militar de Brasília (CMB) participa da OBA desde 2005, com a chegada do professor de física Thiago Alberto Magalhães. Desde então, ele tem tomado a frente na organização e na preparação da escola para o evento. Para o professor, o estímulo à participação em uma olimpíada desse porte é também um incentivo ao interesse pela ciência.

“O aluno não aprende astronomia no colégio, mas estuda matemática, geografia e física. Quando ele procura a astronomia e descobre que tudo isso se complementa, é um estímulo para continuar estudando”, defende. Magalhães dá aulas extracurriculares de astronomia no CMB. “Nós sempre temos representantes entre os 50 melhores do país, tanto que outras escolas já me procuraram para saber como a gente faz”, se anima.

Oportunidade
Renata Giarola, 16 anos, participa desde 2008 e já ganhou duas medalhas de prata e uma de bronze. “É uma boa oportunidade de expandir conhecimento e ir além do que é dado em sala de aula. Vale muito a pena. Me ajudou até a escolher o que eu quero fazer e a entrar na universidade”, conta. Renata vai cursar engenharia química na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos — as universidades americanas também analisam currículos para aceitar estudantes.

Otávio Henrique Mayrink, 14 anos, participa pela primeira vez. “Me interessei por curiosidade pelas coisas do universo mesmo, como planetas, galáxias, raios solares, atmosfera. Acho que fui bem na prova”, anima-se. Adriano Souza Brandão, 17, vai participar também da Olimpíada Brasileira de Foguetes, que está dentro da OBA — quem se inscreve nesta pode, automaticamente, participar da outra. “Estamos aperfeiçoando o foguete do ano passado, mas já o mudamos todo. É muito diferente você ver a matéria em sala de aula e no dia a dia. E aí você entende que estuda não só para a escola, mas porque pode aplicar depois na vida.”

A correção e apuração das provas começam na próxima segunda-feira, quando elas serão enviadas para a Uerj, sede da organização do evento. Os resultados serão concluídos em setembro e divulgados em outubro, quando as escolas recebem as premiações para distribuir aos seus vencedores. A olimpíada é organizada pela Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Eletrobras Furnas.

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