quinta-feira, 26 de maio de 2011

CÓDIGO FLORESTAL

Governo vai dar o troco nos ruralistas

Ministério do Meio Ambiente descarta prorrogar prazo para regularização das áreas de preservação permanente e, com isso, jogar a maioria dos produtores na ilegalidade Fonte: correioweb.com.br 26/05

Na ressaca da derrota na noite de terça-feira na Câmara, o governo prepara o troco nos ruralistas e trabalha para manter o prazo dado aos produtores para a legalização das áreas de preservação permanente (APPs) e as reservas legais. O decreto presidencial que obriga a regularização ambiental dessas áreas estabeleceu 11 de junho como a data-limite. Durante a discussão do Código Florestal, a prorrogação do prazo chegou a ser cogitada, mas a ampla vitória dos ruralistas, na contramão do que defendeu o Palácio do Planalto, irritou o governo e, pessoalmente, a presidente Dilma Rousseff. Dentro do Ministério do Meio Ambiente, não há qualquer intenção em prorrogar o decreto. Como é praticamente certo que o novo Código Florestal não será votado no Senado e sancionado antes de 11 de junho, o decreto presidencial continua valendo.

O Ministério do Meio Ambiente trabalha com o pressuposto de que o jogo está zerado. Depois da derrota na Câmara, a expectativa é que o relatório do Código Florestal seja profundamente alterado no Senado. Agrada ao Planalto a confirmação do senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) como relator de mérito. Rollemberg preside a Comissão do Meio Ambiente do Senado e deve promover um equilíbrio de forças com o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), relator do ponto de vista constitucional e autor do Código do Meio Ambiente de Santa Catarina, quando era governador. A lei catarinense é questionada no Supremo Tribunal Federal (STF).

No Senado, o governo vai tentar derrubar a anistia a desmatadores, a transferência de responsabilidades aos estados e a ampla autorização de áreas consolidadas em APPs. A expectativa dos governistas é de que o “bom senso” prevaleça no Senado. “Temos de ter um código que combine o respeito à produtividade agrícola com nossa posição clássica de respeito à natureza. Esperamos, inclusive, que os ânimos se acalmem e o debate possa ser realizado sem tantas paixões”, afirmou Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência. Ele lembrou que a proposta do novo Código Florestal foi votada exatamente no dia em que houve o assassinato de um casal de militantes da causa ecológica no Pará.

Insatisfação

A derrota na votação do Código Florestal, mesmo esperada pelo Planalto, irritou a presidente Dilma Rousseff ainda na noite de terça-feira, depois da divulgação do resultado no plenário da Câmara. Nas últimas semanas, interlocutores do Planalto e parlamentares da base aliada tentaram convencer o relator do projeto, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) a mudar alguns pontos da proposta. A anistia aos que desmataram até julho de 2008 era um dos temas mais polêmicos. “Evidentemente não ficamos satisfeitos com a votação final, uma vez que nós gostaríamos que o acordo realizado anteriormente pudesse prevalecer. Mas não jogamos a toalha. As posições colocadas com clareza pela presidente permanecem”, completou Gilberto Carvalho.

Perguntado se a derrota na Câmara representaria um possível fim da lua de mel entre PT e PMDB, o ministro emendou: “Nem um casamento permanente tem lua de mel eterna”.

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CÓDIGO FLORESTAL

Flagrante da devastação

Fiscais do Ibama impedem derrubada de 200 hectares de vegetação em Sinop. Para o governo, novo texto da lei piora desmatamento Fonte: correioweb.com.br 26/05

Sinop (MT) — Um correntão preso a dois tratores velhos permanece no local do crime. Depois de arrastar 120 hectares de mata amazônica, num sistema que remete às formas mais primitivas de desmatamento, o equipamento estava pronto para derrubar mais 200 hectares de vegetação. A devastação seria levada adiante na noite do último domingo. Uma equipe do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) impediu a continuidade da prática na Fazenda Santa Maria, nas imediações da cidade de Sinop (MT). Os 320 hectares da fazenda, que seriam abertos sem licença ambiental, foram embargados pelo Ibama. O órgão tenta, com o suporte do Exército, da Polícia Federal (PF), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Força Nacional de Segurança, frear a retomada do desmatamento da Amazônia, em especial em Mato Grosso.

O governo matogrossense permite o uso do correntão, diferentemente de estados como o Pará. Durante a visita a Sinop dos ministros do Meio Ambiente, Izabella Teixeira; e da Justiça, José Eduardo Cardozo, o governador de Mato Grosso, Sinval Barbosa (PMDB), prometeu estudar a proibição do correntão. Os ministros foram a Sinop na primeira visita a Mato Grosso depois da instalação do gabinete de crise para conter a devastação.

Repressão

As imagens de satélite mostraram a retomada do desmatamento: entre agosto de 2010 e abril deste ano, o desmate cresceu 27% em relação ao mesmo período anterior.

Somente em Mato Grosso, o desflorestamento consumiu 47,7 mil hectares. O governo tenta reprimir os crimes ambientais no estado: 520 fiscais do Ibama estão na região e o Ministério da Justiça determinou o envio de 153 policiais da Força Nacional, 10 delegados da PF e 40 policiais rodoviários.

A interpretação dentro do governo federal é de que o novo Código Florestal, na forma como foi aprovado na Câmara, vai piorar o desmatamento nos estados. A Emenda nº 164, validada em plenário, transfere para os estados a definição de regras de regularização de Áreas de Preservação Permanente.

Além de permitir o uso do correntão, o governo de Mato Grosso tem poder para conceder licenças de desmatamento e acaba de concluir o zoneamento econômico-ecológico do estado, que anistia desmatadores, reduz reservas legais e amplia as possibilidades de cultivo de cana. O Conselho Nacional do Meio Ambiente deve vetar o zoneamento.

Vistas de cima, as imediações de Sinop são constituídas por plantações de soja e algodão e por quadriláteros de vegetação, muitos prontos para ser desconfigurados por correntões. A presença do Estado inibe os desmatamentos ilegais, assim como o embargo das áreas pelo Ibama. Uma prática recorrente, porém, mostra que a fiscalização é incipiente: áreas já embargadas voltam a ser ocupadas e desmatadas.

A estratégia do Ibama, agora, é voltar a essas áreas e apreender tratores, correntões e madeira. Para isso foi solicitado suporte logístico do Exército. Os tratores e o correntão da Fazenda Santa Maria, multada em R$ 600 mil, seriam os primeiros a ser recolhidos pelo Exército nessa ofensiva. As multas aplicadas, no entanto, raramente são pagas. Seja por sonegação ou por liminares na Justiça, é comum que elas não cheguem aos cofres públicos.

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VIOLÊNCIA NO CAMPO

PF investigará mortes de extrativistas Fonte: correioweb.com.br 26/05

A Polícia Federal vai abrir inquérito para apurar a morte do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, assassinados na manhã de terça-feira no Projeto de Assentamento Praia Alta Piranheira, em Nova Ipixuna, no sul do Pará. O caso já está sendo investigado pela Polícia Civil, que ontem tentava localizar indícios dos matadores e possíveis testemunhas, mas não tinha nenhuma pista concreta sobre os criminosos.

A entrada da PF no caso foi determinada pela presidente Dilma Rousseff, logo que recebeu a notícia, na terça, pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Nas investigações, a corporação vai empregar policiais especializados em homicídios, que trabalharão em conjunto com as autoridades locais. “Independentemente de a Polícia Federal abrir ou não inquérito, já estamos trabalhando com a delegacia de Marabá”, disse ao Correio o secretário de Segurança Pública do Pará, Luiz Fernandes Rocha, explicando que uma equipe da Polícia Civil foi escalada para trabalhar exclusivamente na morte do casal.

Hoje, a Polícia Civil paraense começa a ouvir familiares e pessoas ligadas ao casal para investigar quem estaria ameaçando José Cláudio e Maria do Espírito Santos. “Todos que poderiam nos dar informações estavam no velório e se prontificaram a falar, mas ainda não temos nada definitivo sobre possíveis suspeitos”, afirmou o secretário Luiz Fernandes Rocha. “Vamos trabalhar com várias linhas de apuração.” A PF não informou de que forma vai atuar no caso, mas vai enviar agentes de Belém a Marabá para ajudar nos trabalhos.

Segundo o procurador da República no Pará, Felício Pontes Júnior, que mantinha contato com o casal, José Cláudio e Maria passaram a sofrer ameaças após denunciarem, há três anos, madeireiros que invadiram a área do assentamento. “Ele era considerado uma pessoa perigosa para os madeireiros”, comentou o procurador. “No nosso último encontro ele me mostrou alguns produtos que fazia, como o óleo da castanha, que tinha uso medicinal e cosmético.”

Repercussão

Os assassinatos de José Cláudio e de sua mulher ganharam repercussão internacional. Os jornais norte-americanos The New York Times e o Washington Post lembraram o número de mortos no campo (veja quadro) no Brasil, enquanto o The Guardian, da Inglaterra, comparou o líder extrativista ao ambientalista Chico Mendes, morto em dezembro de 1988, no Acre. O periódico inglês ressaltou que José Cláudio já havia anunciado a própria morte, seis meses de ela acontecer. A rádio BBC de Londres destacou em seu noticiário que a presidente Dilma Rousseff determinou a entrada da Polícia Federal na apuração das mortes.

Passeata

Os corpos de João Cláudio e de sua mulher foram velados ontem em Marabá, onde quase mil pessoas estavam concentradas para um ato público. O enterro está marcado para a manhã desta quinta-feira. Segundo o Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), entidade da qual José Cláudio era integrante, antes dos sepultamentos, haverá uma missa no bairro São Félix, onde ocorreu o velório, e, em seguida, haverá uma passeata, que levará os caixões ao Cemitério da Saudade. Segundo a coordenadora do CNS no Pará, Cristina Silva, durante toda a noite de ontem haveria mobilização em frente ao local do velório.

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Pessoa física é novo filão para impulsionar captação das ONGs

Grupos contratam empresas especializadas a fim de aumentar suas bases de doadores Fonte: folha.uol.com.br 26/05

A cena é comum em bairros com muitos escritórios: grupos de pessoas, identificados com o logo de uma organização do terceiro setor, tentam parar os pedestres. Se alguém os ouve, eles explicam qual é o propósito da ONG e, depois de alguns minutos, pedem doações.

Chamados de "mobilizadores", eles são contratados por empresas especializadas em captação de recursos de pessoas físicas.

Dois grupos internacionais desse setor começaram a trabalhar no país desde novembro do ano passado.

A International Fundraising, espanhola, e a Appco, australiana, oferecem às ONGs o serviço de contato direto, que é essa busca por doadores nas ruas.

Os mobilizadores procuram, principalmente, contribuintes regulares (que podem fazer doações mensais).

LEGITIMIDADE

A International Fundraising trabalha no Brasil com o MSF (Médicos Sem Fronteiras), a Aldeias Infantis (ONG que trabalha com direitos das crianças) e, em breve, também vai captar para a Action Aid (organização com foco em crianças e minorias).

Quem trouxe a empresa para cá foi a consultoria Ader e Lang. A meta deles no país é fazer, anualmente, "200 mil novos doadores só com o contato direto", diz Flávia Lang, uma das donas.

As ONGs demoram, em média, 12 meses para quitar o investimento feito para trazer o doador, segundo Ader Assis, sócio da consultoria.

A empresa não revela quanto gasta para conseguir um novo contribuinte. Mas diz que custa mais ter vários doadores "pequenos" do que poucos que doam muito. A estratégia é mais segura (deixa o grupo menos dependente de poucos) e dá mais legitimidade à causa.

O valor que as entidades pagam à International Fundraising varia com a quantidade de novos doadores.

Em 2010, a empresa conseguiu, no mundo inteiro, 820 mil novos doadores e uma receita de € 95 milhões (R$ 218 milhões).

MAIS DOAÇÕES

A concorrente da International Fundraising, a Appco, conseguiu contratos com a WWF (que atua em ambiente) e com a Fundação Abrinq (direitos da criança).

Victor Alcântara, gerente de marketing da Abrinq, conta que, até o fim de 2010, a organização recebia doações de 2.500 pessoas físicas. Neste ano já conseguiu dobrar esse número. "Nossa meta para cinco anos é ter 50 mil contribuintes", afirma.

Da receita de R$ 11 milhões do ano passado, 22% vieram de pessoas físicas, 62% de empresas e 16% de fundos internacionais.

Algumas ONGs fazem o seu próprio contato direto. É o caso do Greenpeace, que nunca aceitou dinheiro de empresas ou do governo. No país são 51 mil colaboradores. Juntos, eles doaram cerca de R$ 5 milhões em 2009.

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O caso

FAUSTO MARTIN DE SANCTIS

Alguém que dedique as suas energias de forma a cumprir as exigências do direito à verdade honra o cargo, assim como dignifica a condição humana Fonte: folha.uol.com.br 26/05

Gürtel, o suposto maior caso de corrupção vinculado a um partido de direita espanhol (dos 80 imputados, 24 altos cargos do Partido Progressista), está nas mãos do juiz instrutor Antonio Pedreira, do Tribunal Superior de Justiça de Madri.

Inquieta porquanto o primeiro juiz da causa, Baltasar Garzón, foi afastado e passou a sentar no banco dos réus. A organização teria recebido somas em troca da mediação de contratos de administrações do PP. Doutro lado, o Tribunal Supremo processa Garzón por ter determinado interceptação telefônica reputada irregular (em presídio).

Esta, porém, foi prorrogada para impedir a dissimulação no exterior dos valores ilícitos (30 milhões de euros). A decisão de Antonio Pedreira fundamentou-se na jurisprudência do Tribunal Europeu de Direitos Humanos, que permite a medida para evitar crimes de evasão fiscal. Comenta-se de estratégia antijurídica e imoral para afastar um juiz de carreira e assim possibilitar a nulidade do caso.

Isso nos remete ao caso do capitão militar Dreyfus (França, séc. 19), que, apesar de inocente, foi condenado por razões antissemitas e considerado incompatível com a "nobreza" do Exército francês.

No caso Garzón, como em todos os demais, a questão deve ser analisada com a profundidade merecida. Decisões legítimas em nome do Estado de Direito contra os que detêm o poder político-econômico são, por vezes, consideradas excessivas ou com carga moral retórica desmedida, mediante argumentos filosóficos que parecem expressar não interpretação da lei, mas franca oposição à "prudentia iuris".

O denominador comum parece ser sempre o mesmo: persegue-se alguém por algo que se alega inconstitucional ou perigoso: a busca da verdade. Deveria esta restar em segredo eterno?

Émile Zola, em sua carta "J'Accuse", escreveu: Dreyfus conhece várias línguas: crime. Em sua casa, não há documentos comprometedores: crime. Algumas vezes, visita seu país natal: crime. É trabalhador, tem ânsia de saber: crime. Se não se curva: crime. Tudo crime, sempre crime. A verdade constitui um consagrado direito humano fundamental.

As resoluções da ONU, de nº 2.200/ 1966 (Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos), e da OEA, de nº 2.595/2010, reconhecem a importância de se respeitar e garantir o direito à verdade, a fim de contribuir para acabar com a impunidade e promover e proteger os direitos humanos. Trata-se de um dos pilares de nossa convivência cívica e democrática.

Não se deseja uma reabilitação póstuma, como ocorreu no caso Dreyfus no ano de 1906, quando o Tribunal Supremo reconheceu as injustiças cometidas.

Alguém que dedique suas energias a cumprir as exigências legítimas do direito à verdade, até mesmo quando haja, por hipótese, excesso de zelo, honra o cargo e dignifica a condição humana. Conspirações podem tristemente concorrer e decorrer de virtudes. O caso Garzón exige julgamento que não reflita incompatibilidades institucionais.

FAUSTO MARTIN DE SANCTIS é juiz do Tribunal Regional Federal da 3ª Região e escritor.

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Pelo interesse público (Editorial FSP)

Na posse, Dilma Rousseff prometeu transparência e rigidez contra desvios, mas não é o que se pratica no tratamento do caso Palocci Fonte: folha.uol.com.br 26/05

Logo depois de eleita, em sua primeira entrevista, Dilma Rousseff disse que na escolha do seu ministério iria "exigir competência técnica, desempenho, um histórico de pessoas que não tenham problemas de nenhuma ordem".Ao tomar posse, em seu primeiro discurso como presidente, foi além: "Afirmo com clareza que valorizarei a transparência na administração pública. Não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito. Serei rígida na defesa do interesse público em todos os níveis de meu governo".A retórica de ambas as frases, tão recentes, precisa ser confrontada com a suspeita que agora envolve o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. Estão em jogo, neste episódio, justamente os princípios da transparência e do interesse público. É em nome deles, e sobretudo do último, que se impõe a suspensão da confidencialidade dos contratos firmados entre a empresa de consultoria do ministro, a Projeto, e seus clientes, de 2006 até 2010.Esta Folha revelou, num primeiro momento, que o patrimônio do ministro no período em que exercia o mandato de deputado federal havia sido multiplicado por 20. Por intermédio da Projeto, Antonio Palocci comprou um apartamento por R$ 6,6 milhões, no ano passado, e um escritório por R$ 882 mil, em 2009.Na última sexta-feira, o jornal noticiou que a empresa de Palocci faturou R$ 20 milhões em 2010. Metade deles, nos últimos dois meses do ano, entre deixar função de coordenador da campanha de Dilma e ser nomeado ministro.Trata-se, evidentemente, de uma trajetória empresarial atípica, suficiente para suscitar todo tipo de questionamento. O que se espera do ministro, já há duas semanas, é que venha finalmente a público para explicar em detalhes a lisura do empreendimento.Palocci precisa demonstrar que não havia conflito de interesses ou incompatibilidade legal entre a sua atividade pública e a dos clientes pagantes. Só assim sua imagem não será injustamente comprometida, e ele poderá então ter tranquilidade para retomar sua importante função no governo.O comportamento adotado por Palocci e pelo Planalto, no entanto, tem sido no mínimo frustrante e colabora para ampliar as dúvidas disseminadas na sociedade.A Comissão de Ética Pública da Presidência decidiu, de forma bastante ligeira, que simplesmente não era o caso de investigar a evolução patrimonial do ministro. E o próprio Palocci, na única ocasião em que se dirigiu ao público, o fez por meio de uma nota canhestra, que chegou ao conhecimento do Congresso, na qual nada de substantivo se esclarecia.Não é o caso, repita-se, de condenar antecipadamente Palocci. Mas o interesse público implicado nesse imbróglio exige que ele dê transparência a seus negócios.

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JOSÉ SIMÃO

Sarney cancela o fim do mundo!

Estão adiando tanto a data do fim do mundo que vai acabar sediado no Brasil, no estádio do Corinthians Fonte: folha.uol.com.br 26/05

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!

"Após 11 anos do crime, Pimenta Neves é preso." Mas JÁ? Pra que essa pressa toda?

E o Rubinho sumiu! "Procura-se tartaruga perdida, grande estima, com a família há 18 anos. Gratifica-se bem!" Quem tava tomando conta da tartaruga, o Suplicy?

E o Corinthians quer contratar novo técnico: o Palófi! Assim já começa com 20 pontos a mais.

E esta da Folha: "Sexo oral dá câncer na boca". Como disse uma amiga minha: "Por que não avisaram isso ontem?". Sexo oral dá câncer na boca! Errado. Sexo oral dá cãibra na boca! Rarará! No máximo pode dar LER: lesão por esforço repetitivo! E sabe como se fala sexo oral em Minas? Chupar um queijo! Rarará!

Não dá pra fazer mais nada: beber dá ressaca e cirrose, transar dá Aids e churrasco dá colesterol. Viver dá câncer!

E o fim do mundo? E aquele monte de americano panaca esperando o fim do mundo? Que não veio! Diz que foi o Sarney que cancelou o evento: "Como fim do mundo? Eu ainda tenho 50 mandatos pra cumprir". E estão adiando tanto essa data do fim do mundo que vai acabar sendo sediado no Brasil, no estádio do Corinthians.

E o discurso do Obama? Folha: "Obama quer Estado palestino com as fronteiras de 1967!". "Piauí Herald": "Obama quer Suzana Vieira com o traçado de 1967". Quando ela ainda tinha 82 anos.

Sensacionalista: "Após plano de paz para a Palestina, Obama tem nova missão: quer que o Serra dê um abraço no Fernando Henrique". Rarará!

E eu já sei o que vão perguntar pro Palófi na CPI: "Como o senhor conseguiu multiplicar tudo por 20? Nós também queremos!". Rarará! É mole? É mole, mas sobe!

E por que eu sou contra a CPI? CPI quer dizer Comissão de Perguntas Imbecis. Na última CPI um deputado perguntou: "Qual o seu modess operandi'?". O meu modess operandi é o Sempre Livre!

E outra pergunta que eles gostam de fazer: "O senhor leu a "Veja" esta semana?". Rarará! Quem gosta de CPI é telejornal!

E adorei esta: "Ministro tunisiano para a juventude anuncia demissão pelo Twitter". Mas é o ministro perfeito pra juventude. Não pode pedir demissão! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza.

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

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LIVRO

O romance da inflação

“Porque há doçura e beleza na amargura atravessada, e eu quero a memória acesa depois da angústia apagada.” Fonte: correioweb.com.br 26/05

Com a citação do verso do poema Desejo de regresso, de Cecília Meireles, Miriam Leitão apresenta ao leitor o sentido do livro que poderia ser mais uma publicação técnica em economês escrita no Brasil. Mas não é. Em Saga brasileira — A longa luta de um povo por sua moeda, a autora torna palatável toda a história da inflação no país, narrando, de forma empolgante, as agruras do povo, assim como os erros (e os acertos) dos governantes até a conquista da estabilidade.

“Eu puxo o fio condutor dessa história para mostrar que havia um projeto nacional de ter uma moeda estável. Não é um projeto planificado, decidido pelo governo, mas que era desejo do povo. Foi uma história dolorosa, com final feliz, que me faz ter orgulho do Brasil”, disse Miriam ao Correio.

Para reconstruir a história da luta contra a carestia no país, ela recorreu a exemplares raros de obras como O encilhamento, romance de Visconde de Taunay passado no fim do século 19, que tem como pano de fundo a crise inflacionária e especulativa gerada pela farra de emissões monetárias realizadas pelo governo de Deodoro da Fonseca.

Além da extensa pesquisa histórica, o livro foi escrito a partir de entrevistas com brasileiros que viveram, por exemplo, o período da hiperinflação do governo Sarney, assim como conversas com os responsáveis pelos planos econômicos adotados no país nos governos democráticos.

“O que eu quis mostrar é que a República começa com a crise monetária e completa 100 anos na hiperinflação. Me concentrei no período da democracia porque o governo democrático recebeu essa bomba de efeito retardado: a inflação de 200% associada a uma confusão fiscal e a uma dívida externa difícil de pagar. A ditadura não foi boa nem para a política nem para a economia”, enfatizou Miriam.

Conquista da democracia, a estabilidade é, hoje, importante alicerce dela. “Essa instabilidade gerada pela inflação alimenta ideias como a de que pode haver um salvador da pátria. Foi o que aconteceu no governo Collor, que surgiu num momento em que a população estava desesperada com o sequestro do dinheiro da poupança”, lembrou.

O papel da imprensa também perpassa a narrativa. “Vi que parte do nosso trabalho é prestar serviço ao consumidor. Em um momento de crise, você precisa responder: isso é caro ou barato? O jornalista tem um trabalho braçal, de bater perna, comparar preços e conversar com especialistas. Era uma economia de guerra”, recordou.

Após reunir as suas próprias experiências às de seus entrevistados, Miriam constatou que foi o povo o maior protagonista dessa história. “É só pensarmos no desafio que foi entender a URV (Unidade Real de Valor), que havia uma moeda para fazer as contas, mas não fisicamente. Eram quantos cruzeiros reais para comprar um real? A conta chegou a ser uma divisão por 2.750. Se o brasileiro não tivesse feito esse esforço, teria havido a inflação da URV”, concluiu.

Em tempos de inflação em alta — o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula elevação de 6,51% em 12 meses, rompendo o teto da meta estipulada pelo governo —, o livro deixa lições para as gerações que não viveram os piores tempos da carestia, mas que começam a se preocupar com o descontrole dos preços. O recém-nascido Saga brasileira será leitura obrigatória em universidades.

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DE GRAÇA

O universo das crônicas

Crônicas, contos e poesias ganham uma roupagem diferente, uma leitura dramatizada no projeto Quinta Crônica, que volta a ser realizado hoje, às 19h, no auditório da TV Câmara. Fonte: correioweb.com.br 26/05

O evento comandado pelo ator J. Abreu — responsável pela apresentação dos textos — mostra ao público brasiliense o trabalho da contista e poetisa Cinthia Kriemler, do letrista e cantor Renato Matos e do jornalista e dramaturgo Sérgio Maggio. Tudo isso, em uma narrativa dinâmica, que mostra os escritos quase como uma peça de teatro.

Após a leitura dos textos, J. Abreu comanda uma espécie de talk show, no qual os convidados comentam sobre os trabalhos. “Quero instigá-los a falar sobre como Brasília influência o processo de criação deles e sobre a história de envolvimento com a escrita. Saber como começaram a desenvolver a atividade de escritor e o caminho trilhado”, comenta Abreu. O ator garante que tudo se passa de maneira dinâmica, com participação da plateia. “A ideia é oferecer um bate-papo descontraído, uma conversa divertida e interativa.”

Oficialmente, a funcionária pública Cinthia Kriemler, 54 anos, é escritora há apenas quatro anos. Isso é uma meia-verdade. É fato que ela decidiu, aos 50 anos, começar a publicar os trabalhos que escreve desde a adolescência e alguns deles resultaram no livro Para enfim me deitar na minha alma. A contista e cronista explica que gosta de falar sobre pessoas, sobre seres humanos e seus conflitos da convivência. “Minhas produções falam de gente, de relação, mas não é meloso e nem água com açúcar. Sempre tem um passeio pelo humor, mas sem exageros.” A autora comenta que prefere os contos a textos mais curtos. “Acho que é por conta de gostar da trama, do enredo, dessa coisa de criar personagens. A crônica é mais factual. Uso esse gênero mais para a denúncia.”

Diversidade

O livro Conversas de cafetinas — um dos vencedores do Prêmio Jabuti 2010 — e as peças teatrais Cabaré das donzelas inocentes e Eros impuro fazem parte do acervo do baiano-brasiliense Sérgio Maggio. Soma-se a isso, as crônicas produzidas e publicadas no Correio durante a carreira jornalística. Completa o trio de convidados. O músico Renato Matos, autor de letras marcantes como Um telefone é muito pouco.

Essa diversidade entre os convidados é uma das principais qualidades do evento. Pelo menos é o que pensa J. Abreu. “Eles possuem estilos diferentes e até mesmo veem de partes diferentes do país, mas se unem na literatura. Cada um à sua maneira, mais divertida, mais musical, mais romântica”.

O evento será gravado e exibido pela TV Câmara, abrindo uma janela imensa que tira o projeto de Brasília e o coloca em todo o país. Para Kriemler, essa nova característica pode ser muito benéfica não somente para o Quinta Crônica, mas para a literatura da capital. “Essa cidade é uma celeiro artístico genial. Esse projeto abre portas para a divulgação das produções locais, o país tem a chance de conhecer alguns artistas brasilienses”, explica.

J. Abreu ainda não sabe como o Quinta Crônica vai ficar na televisão, mas comenta que a expectativa é muito positiva. “Não sei ainda como vai ficar toda essa questão do enquadramento, da dinâmica do palco, se vai ter edição ou não. Mas é uma experiência bacana, estou empolgado em levar ao Brasil a força desse projeto que é um forte incentivador da leitura ", comemora.

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