domingo, 29 de maio de 2011

Governante da Síria repete o pai e esmaga seu povo com balas e canhões. Fonte : El País 29/05

Em “Os Sete Pilares da Sabedoria”, T.E. Lawrence dedica apenas algumas linhas a Damasco, as do epílogo. É uma homenagem: uma vez em Damasco, sua aventura havia chegado ao fim, a cidade do califado omíada foi sua Ítaca. Lawrence e seus guerreiros árabes, na verdade, tinham combatido pelo sonho de chegar vitoriosos em Damasco e libertá-la do jugo dos turcos otomanos. Era o objetivo da revolta de independência árabe da 1ª Guerra Mundial.

Quase um século mais tarde, a revolução democrática árabe chegou a Damasco, e lá topou com a sanguinária resistência do clã governante dos Assad. A nova batalha de Damasco é a de “uma juventude inteligente contra um poder arcaico”, nas palavras do sírio Jaled Jalifa, autor do livro “O Elogio do Ódio”, baseado em outra repressão feroz: a que o presidente Hafez el Assad, pai do atual governante, Bachar el Assad, empreendeu contra a Irmandade Muçulmana em 1982.

Embora menos prepotente e extravagante que seus colegas Gadaffi e Saddam, Hafez el Assad governou a Síria com mão de ferro durante 30 anos. Foi um militar transformado num tirano obscuro e astuto, cujo principal feito político foi a invenção da república árabe hereditária. Em 2000, ao chegar ao poder, seu filho Bachar, um oftalmologista formado no Reino Unido e de modos afáveis, anunciou que tinha intenções reformistas. Sua “primavera”, entretanto, durou apenas alguns meses. Seu clã familiar, sua seita religiosa (os alawis), o partido Baaz, o Exército de seu pai e a fusão de todos esses coletivos, os mujabarat, ou serviços secretos, logo o convenceram de que a Síria ainda precisava de um braço forte.

No começo da segunda década do século 21, a invenção de Hafez el Assad estava a ponto de se institucionalizar no mundo árabe. O tunisiano Ben Ali, o líbio Gadaffi e o egípcio Mubarak planejavam deixar a chefia de seus respectivos Estados a seus familiares. Esse descaramento foi um dos motivos que levou à indignação da juventude desses países e desencadeou revoltas que acabaram com divisão dos regimes árabes em função de sua atitude para com os Estados Unidos e Israel. Porque, se por um lado Ben Ali e Mubarak eram chamados de “árabes moderados” por serem pró-americanos, Gadaffi e os Assad passavam por anti-imperialistas, pan-arabistas e socialistóides.

“O laço entre os movimentos no mundo árabe é evidente”, disse Jaled Jalifa numa entrevista ao “Le Nouvel Observateur”. “Nossos regimes têm em comum o despotismo e a corrupção. As reivindicações populares também são as mesmas: liberdade e dignidade.” E, como na Tunísia e no Egito, as manifestações sírias das últimas semanas distinguem-se pelo uso hábil dos telefones celulares e das redes sociais da internet e por sua vontade de não usar a violência, acrescenta o escritor.

Então, por que o mundo intervém na Líbia e não na Síria? A pergunta é pertinente: a família Assad, assim como Gadaffi, usa armas de guerra, inclusive tanques, contra as manifestações; os mortos são contados às centenas; os feridos, aos milhares, e pensar nas torturas dos detentos é muito doloroso. Mas a resposta oficial não é moral nem politicamente convincente: a Síria dos Assad confere estabilidade ao Oriente Próximo; para Israel, é um inimigo ideal; para a Turquia, um bastião contra os curdos; e já bastam o Afeganistão e a Líbia...

Saladino, o guerreiro medieval que derrotou os cruzados e recuperou Jerusalém para o Islã, está enterrado em Damasco, num pequeno mausoléu próximo à mesquita dos Omeya. Hafez el Assad gostava de apresentar-se como “o leão de Damasco” e competia com Gadaffi e Saddam pela condição de herdeiro de Saladino, de caudilho militar dos povos árabes contra Israel e os Estados Unidos. Mera tagarelice: o fundador da dinastia Assad não passava de um rugido diante de um rival poderoso. A paz reinava nas colinas de Golan ocupadas por Israel, e no Líbano, protetorado sírio de fato, suas tropas fugiam rápido quando irrompiam as da estrela da Davi.

Cauteloso em sua ação exterior – diferentemente de Gadaffi e Saddam, era difícil surpreendê-lo de arma em punho depois de alguma de suas más ações internacionais -, Hafez el Assad se beneficiava com o presente que Henry Kissinger havia lhe dado ao afirmar que a Síria era “um fator de estabilidade no Oriente Próximo”. Essa frase, repetida até a náusea pela realpolitik ocidental, permitia-lhe fazer o que bem entendesse no Líbano e fazia com que os políticos europeus tratassem Damasco com uma atitude quase reverente.

Assim, Hafez el Assad e seu clã não permitiam a mínima dissidência em seu país, como conta o livro “O Lado Escuro do Amor”, do exilado Rafik Schami. Os golpes eram levados pelo povo sírio.

A Síria, sem dúvida, é um país muito importante no Oriente Próximo, e Damasco, capital do primeiro califado, o Umayyad, é uma das grandes cidades do mundo árabe. Mas a Síria não tem petróleo, diferentemente do Iraque e da Líbia. Assim, para superar esse contratempo, Hafez el Assad forjou um casamento de conveniência com o Irã xiita de Khomeini, do qual o Hezbolah é o filho libanês.

Há outro motivo para esta aliança. Embora o regime dos Assad seja secular e militarista, a família pertence a uma seita religiosa singular, os alawis, parente dos xiitas. Sendo minoritários na Síria, 10% contra 80% de sunitas, os alawis mascaram sua hegemonia com um véu laico.

Os Assad têm partidários. A vida na Síria é modesta, mas não é pobre. As minorias religiosas – alawis e cristãos – respiram mais livremente que em outras partes do mundo. O vizinho e caótico “novo Iraque”, fruto da invasão norte-americana de 2003, é um exemplo contraproducente de “democracia”. E o fato de Israel ocupar desde 1967 uma parte do território sírio, as Colinas de Golan, mobiliza o patriotismo e serve de pretexto para justificar o estado de guerra que vige no país.

Os protestos de uma população jovem frustrada em suas expectativas de trabalho e de vida, cansada da falta de liberdades e da corrupção, chegaram de toda forma à Síria, mais nas províncias do que em Damasco, e num primeiro momento pareceu que Bachar daria uma resposta reformista. Essa impressão se desvaneceu de imediato, substituída por uma brutalidade sem limites justificada com toda sorte de teorias conspiratórias. Segundo a propaganda oficial, as manifestações são organizadas por potências estrangeiras, por grupos salafistas, ou por ambas as coisas; nunca correspondem aos desejos da população síria.

Em seu discurso de quinta-feira sobre o norte da África e o Oriente Próximo, Obama falou bastante da Síria. Como exemplo dos efeitos saudáveis de todo protesto contra a opressão, citou um jovem de Damasco: “Depois do primeiro grito, a pessoa sente sua dignidade recuperada”. Depois, lembrou que a resposta do regime sírio foi “o assassinato e a detenção”. E disse a Bachar que, ou ele lidera uma transição para a democracia, ou sai do governo. Mas não disse como.

Quem dirige hoje a Síria? Bachar foi substituído por familiares e partidários ainda mais duros? Quem manda é seu feroz irmão Maher? Pouco ou nada se sabe. A confusão, como sempre na Síria, esconde o topo do poder. E como escreveu há cinco anos o jornalista alemão Peter Scholl-Latour, “em Damasco, todas as conversas têm um ar de conspiração”. Seja como for, ao optar de novo pela matança, o regime dos Assad assinou sua própria sentença de morte.

&&&

HUMBERTO GESSINGER

Engenheiro de outras palavras Fonte: correioweb.com.br 29/05

Quase como no tempo em que era o front man do fenômeno Engenheiros do Hawaii, a agenda do cantor Humberto Gessinger anda superpreenchida. Para a turnê de lançamento do terceiro livro, Mapa do acaso - 45 variações sobre o mesmo tema, o roqueiro percorreu 26 cidades do Brasil no intervalo de um mês. Um estado por dia. A maratona é fruto da empolgação com a nova profissão de escritor iniciada com o livro infantojuvenil Meu pequeno gremista (2008) e continuada com o segundo, o adulto Para ser sincero (2009). Durante conversa em Brasília, Gessinger, aos 47 anos, só se ressentia de não poder jogar tênis nos intervalos dos compromissos de trabalho.

Como você está se sentindo em trânsito tão intenso?

É bom para ficar meio sem chão físico. Principalmente, se o que está te levando são as palavras que você escreveu, as canções que você fez. Na estrada, pode ser quando elas começam a existir. Acho que a canção existe mesmo sem ninguém ouvir. Mesmo no vácuo. Não sei explicar. Mas o livro não faz sentido sem o leitor. Parece que ele não existe enquanto não se encontra com ele. Na canção, já sei mais ou menos o que aquilo quer dizer. Já sei os erros e a virtudes que ela tem. No livro, é preciso mudar a chave seletora de escritor para leitor para ser lido friamente. O que eu não sinto na canção. Uma canção mesmo sem sentido, merece existir.

Há quem diga que letra de música não é poesia. E há quem diga que é. No seu caso, o trabalho é de prosa. Como foi a transição de letrista para escritor?

Na nossa cabeça, tudo faz parte do mesmo oceano. Essas manifestações — a música, o texto e o livro — são ondas que chegam à praia em momentos diferentes. Parecem muito diversos, mas a raiz é a mesma. Há partes do livro que eu seria capaz de cantar. A próxima coisa que estou querendo fazer é misturar música com palavra falada, sem que seja canção. Acho que o formato da canção popular é a grande criação do século 19. Sou completamente fã.

Você é metódico ou escreve quando bate inspiração?

Sou capricorniano e gostaria de ter mais método há uns 20 anos. Nunca consegui fazer uma música de propósito, por exemplo. Recebo várias ideias, mas não consigo. Não tenho esse tipo de objetividade em meu trabalho. Estava escrevendo esse livro e não conseguia saber o que fazia. Alguém me disse que era crônica. Falo para demonstrar a minha deliciosa falta de objetividade. Acho salutar que o artista não seja uma pessoa muito objetiva. Tento preservar a dúvida, o lapso e o engano.

No livro, a comunicação é feita de forma direta. Na literatura, você se sente livre para ser um comunicador sem metáforas?

Numa canção, você está falando para várias pessoas. No livro, sempre me pareceu uma relação um a um. Para mim, essa é a diferença do formato. A escrita é anterior a tudo que a gente tem de tecnologia hoje em dia. Um papel branco com umas manchinhas pretas. Com isso, dá para montar qualquer tipo de arquitetura emocional. A palavra escrita é fascinante.

Alguma saudade da vida de pop star?

Não sinto a menor saudade. Não há mais a necessidade de ser nada tão avassalador para existir com força hoje em dia. Estamos falando de tempos anteriores à internet. Ninguém falava na época, mas tinha umas coisas que eu achava superdesagradáveis. Por exemplo, a música de trabalho. Vinha alguém e pegava uma música sua para transformar em hit. Do ponto de vista artístico, era um saco. Não sinto a menor saudade.

Você faz garimpo musical na internet?

Acho fundamental para a renovação da música. Mas o garimpo tem de ser feito pelo coração, não pela cabeça. Existem artistas tentando fazer o papel dos jornalistas e ficam analisando o cenário musical, as tendências e tentam se adiantar. Acho legal que um jornalista faça isso. Mas não acho que seja o dever de um músico. Não sei. Eu gosto de artistas como o Garrincha, que não sabem muito bem por que deram determinado drible. A arte, quando é forte, não dá muito bem para explicar.

A regravação de Revelação, do Clodo Ferreira, foi encomenda?

Conheci essa música por meio do Fagner, que montou uma banda incrível lá no Regional. A música é maravilhosa e misteriosa. Sou fã desde aquela época. Quando me convidaram para gravar, eu escolhi essa música.

O que você acha da “juniorização” do rock brasileiro?

É estranho. Me parece que o rock sempre foi um lance para se sentir mais maduro. Era a música que nossos pais não ouviam. Essa daí parece música para ouvir comendo cereal de manhã quando vejo essa molecada com uma guitarra no pescoço. Me parece que o tipo de energia que eles estão trabalhando faz mais sentido na música eletrônica. Às vezes, você ouve uma guitarra parecendo uma serra elétrica e o que o cantor está dizendo é uma coisa tão inocente. Forma e conteúdo foram cada um para um lado. Ninguém é mais rebelde por vestir uma jaqueta de couro e usar óculos escuros. Ninguém mais tem salvo-conduto só por fazer rock’n’ roll.

Futebol e rock juntos dá certo? Ajudou ou atrapalhou escrever um livro sobre gremistas?

Lá no Sul tem artistas que nem falam para que time torcem para não ficar mal com a outra torcida. Ou mente dizendo que torce para um time do interior. Acho um crime para o qual não haveria perdão nenhum. O que esse cara não seria capaz de fazer com outras coisas?

O Engenheiros do Hawaii estão ativos?

Acho que estamos ativos sim. Só não estamos na estrada desde 2006. Não tem o raciocínio de fechar a tampa. Eu tenho vontade voltar para as guitarras. O que acontece é que não conseguiria formar o projeto paralelo Pouca Vogal. O lance é basicamente formal. Mais do que as músicas que a gente está tocando é a forma como estamos tocando. Tem instrumentos que eu e o Duca (Leindecker, companheiro no Power Duo) tocamos com os pés. São duas pessoas, mas é muito intenso. É estética quase de música de rua.

Você já foi visto por muita gente como um cara personalista. Como você lidava com esse rótulo?

O trio tem muito disso. São sempre três personalistas. Não tem como não pisar no pé um do outro. É uma percepção errada que as pessoas têm com o final da formação em trio do Engenheiros. Foi fadiga dos metais mesmo. Gessinger, Licks e Maltz deram o que tinha de ter dado. Às vezes, o teu passado gera uma inércia. E a cada pessoa que você tenta conhecer é preciso tirar camadas e mais camadas do que ela sabe sobre você. Acho que estou conseguindo escapar disso. Nunca me senti numa banda cover de si mesma. Nós tocaríamos juntos sim. Mas, não é como marcar as férias de janeiro. Às vezes, os fãs acham que é como montar um time de botão. Não é assim. Somos seres humanos que precisam vibrar numa frequência específica.

Você nunca foi um cara de cometer excessos rock and roll. No que isso tem te ajudado na maturidade?

Viver é um pouco se gastar. Não é uma coisa poética de se dizer. Mas, o que somos é um pouco como um palito de fósforos. Isso é uma obviedade que se perde muito. O que me irrita é essa pretensa imortalidade. Todo mundo se sentindo o super-homem. A percepção de que a gente obedece um ciclo é maravilhoso. Eu estou feliz porque trabalho com música. Se tivesse sido jogador de tênis, aos 29 eu já seria veterano.

&&&

PARTIDOS

É hora de fazer oposição

Resolvida a questão interna, tucanos organizam a munição para se aproveitar do momento de fragilidade no governo petista. Fonte: correioweb.com.br 29/05

Depois de anunciar o cessar-fogo dentro do próprio partido, o PSDB estuda agora como aproveitar a maré negativa no governo federal e abrir espaço para a oposição. Na reunião de ontem, foi do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso o alerta de que os tucanos precisam partir para o ataque de forma mais efetiva, sem dar tempo para o adversário fechar as feridas. Nas conversas, a cúpula da legenda avaliou que o cenário é favorável, já que a presidente Dilma Rousseff está sendo obrigada a enfrentar o primeiro desgaste ainda no início do governo, situação não vivida por seus antecessores.

Os discursos feitos durante a convenção mostraram que, se a legenda não havia encontrado ainda o caminho para atacar o Planalto, o próprio comando governista se encarregou de dar a eles a munição necessária. “Está acontecendo o que a gente já avisava na campanha: a pessoa que foi eleita não governa e quem não tem mandato é quem está comandando”, disse José Serra, em uma referência às aparições do ex-presidente Lula para ajudar a resolver a crise no Executivo. “Temos um governo negligente, omisso e que agora já começa a navegar nas águas da corrupção”, completou.

Rumos

No papel de técnico do time que andava sem rumo, FHC listou os caminhos que devem ser adotados pelos tucanos. Citou a paralisação de obras, os atrasos na infraestrutura dos aeroportos com vistas à Copa do Mundo de 2014, a polêmica e o alto custo do projeto de construção do trem de alta velocidade e o desperdício nas obras de transposição do Rio São Francisco. Segundo ele, apesar de já terem consumido mais de R$ 400 milhões, estão longe de serem concluídas.

“Não somos contra a transposição. O que não vamos ignorar é o desperdício de dinheiro no canal do sertão. Afinal, apesar dos gastos, a água não está correndo.” O ex-presidente afirmou que a falta de infraestrutura para a Copa e as Olimpíadas vai beneficiar construtoras mal- intencionadas, já que tudo será feito às pressas e sem a fiscalização necessária. “Levaram oito anos sem fazer obras estruturais. Agora, às vésperas dos eventos esportivos, vão fazê-las. Será um penduricalho aqui, um penduricalho ali. Tudo para enganar o povo”, disse.

DEM

O jogo que os tucanos ensaiaram iniciar ontem contra o governo ganhou o reforço do DEM. Fragilizada e reduzida, a legenda tem na união com o PSDB a esperança de ganhar espaço político e força para confrontar o Executivo. O presidente da legenda, senador José Agripino Maia (RN), afirmou que a oposição está unida porque tem afinidades. O que, segundo ele, não ocorre “do outro lado”, onde “não há afinidades políticas, éticas ou ideológicas”. “Vamos ficar unidos para mostrar essa grande fraude que é o governo Dilma Rousseff. Eles não possuem nenhuma consideração pelo povo”, concluiu o presidente reeleito da legenda, senador Sérgio Guerra (PE).

>>>>>

Novo livro da coleção Folha trará culinária da Sicília

Próximo volume, com receitas de Palermo feitas por Silvia Percussi, chega às bancas no próximo domingo por apenas R$ 14,90 Fonte: folha.uol.com.br 29/05

Na próxima semana chega às bancas o quinto número da coleção Folha Cozinhas da Itália, sobre a Sicília.

Com foco na culinária de Palermo, o livro desvenda histórias gastronômicas da região, cuja comida foi influenciada por invasores que trouxeram novos ingredientes e hábitos alimentares aos moradores locais.

Essas referências geraram pratos como o atum em crosta de pistache, a cassata siciliana e os canólis de ricota, receitas que integram o livro.

Omar que banha essa ilha ao sul do país também foi fundamental na formação de uma cozinha que valoriza os pescados, sobretudo a sardinha, o atum, o polvo e o peixe- espada.

O quarto número da coleção chega hoje às bancas; o livro é sobre a culinária da Lombardia, onde fica Milão, Região mais rica do país.

Ao todo, serão 20 livros, com histórias culinárias de cada parte da Itália, sempre acompanhadas por receitas assinadas pela chef Silvia Percussi. Filha de italianos, ela comanda a cozinha do restaurante Vinheria Percussihámaisde20anos.

A chef teve o cuidado de adaptar as receitas para os ingredientes encontrados no Brasil, sem perder o sabor original italiano.

Um novo volume chega às bancas a cada domingo, por apenas R$ 14,90. Assinantes da Folha e do UOL podem comprar a coleção completa por R$ 238,40. Para não assinantes, a coleção custa R$ 280.

Aproveite para colecionar os livros e viaje sem sair de casa pelo que há de melhor na cozinha italiana.

&&&&

Vamos sorrir !!!!

JOSÉ SIMÃO

Ueba! Datena levou uma voadora!

E o presidente do Corinthians garante que as obras do estádio começam na próxima semana. Santa! Fonte: folha.uol.com.br 29/05

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Deu a louca nos supermercados! Olha a placa da gôndola de azeites e torradinhas do Pão de Açúcar: "Uma entradinha caprichada faz você feliz?". FAZ! Rarará! Então não é Pão de Açúcar! É Pau de Açúcar! E essa oferta no Extra: "Mesa de ferro fudido". E ainda parcelam em cinco vezes. E essa: "Todos os produtos dessa mesa contém glúteos". Pão com bunda! E a manchete do Sensacionalista: "Corintianos desolados com a perda de Dentinho: "Era o último que a gente tinha'". Corintiano agora só vai de sopa e truta. E o presidente do Corinthians garante que as obras do estádio começam na próxima semana. SANTA! E diz que o estádio vai se chamar Fielzão. Mas como ninguém acredita, muda pra Ateuzão!

E essa do G1: "Mulher flagra marido transando com uma pata". E fica com cara de pata! A pata é ela! E essa da Folha: "Sexo oral dá câncer na boca". E uma amiga minha: "Por que não me avisaram ontem?". Rarará! Sexo oral dá cãibra na boca! No máximo, pode dar LER. Lesão por esforço repetitivo.

E o babado da TV: comandante Hamilton vai pra Record. E deixa o Datena a pé! Sem helicóptero! Isso é a pior coisa da separação: quando um dos dois vai embora e leva o carro! O comandante Hamilton deu uma voadora no Datena! Rarará! E o bom do comandante Hamilton é que ele entrega pizza em dia de enchente! E o Datena vai chamar o Marrone. No lugar do comandante Hamilton. Datena chama o Marrone pra pilotar o "Águia"!

Bullying no Palofi! Diz que a Dilma perguntou pro Palofi: ""Você sabe multiplicar por 20?". "Sei, mas demora quatro anos".

E uma amiga me disse que o marido tá igual o Palofi: em quatro anos, a barriga aumentou 20 vezes. E as quatro operações matemáticas: somar, diminuir, dividir e Palocci! E a manchete do Twiteiro: "Palocci explica o fenômeno do crescimento: "Meu patrimônio sofre de hipotireoidismo'". Efeito Ronaldo! Rarará!

E avisa pros tucanos e demolidos que CPI não serve pra nada. A não ser pra aparecer em telejornal. CPI é Coma a Pizza Inteira. CPI é a Comissão de Perguntas Imbecis! Rarará! Nóis sofre mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

&&&&&

GILBERTO DIMENSTEIN

A inteligência é um lixo

A Olimpíada pode ser uma chance de melhorar uma cidade e de elevar o seu patamar civilizatório Fonte: folha.uol.com.br 29/05

IMAGINE UMA cidade em que não existam caminhões de lixo passando pela rua nem se vejam, em nenhum lugar, lixeiras. O lixo passaria por tubos subterrâneos, desembocando num centro de reciclagem. Essa imagem está prestes a ser realidade em Barcelona, onde a experiência começou em 1992 com a Olimpíada. Desde então, o projeto vem sendo expandido.

Acontece nesta semana em São Paulo (onde ainda existe muito lixo na rua) o encontro dos prefeitos das 40 maiores cidades do mundo, ideia que surgiu em Londres e Nova York para compartilhar projetos ambientais e traçar uma ação conjunta.

É uma chance de conhecer alguns desses projetos, que revelam como a criatividade e a ousadia estão produzindo cidades mais inteligentes e saudáveis.

Mesmo quem não se importe com a sustentabilidade vai reconhecer que essas experiências são formidáveis exemplos da inventividade.

Por coincidência, Londres e Nova York, as cidades criadoras do encontro batizado de C-40, chamaram na semana passada a atenção mundial para ações que visam manter o ar mais limpo.

Nova York já tinha sido pioneira em banir o fumo de lugares fechados, inclusive bares e restaurantes. Agora, numa ofensiva ainda mais radical e polêmica, proibiram o cigarro em parques e na praia.

Para ser a cidade mundial do carro elétrico, Londres lançou oficialmente na quinta-feira o projeto de instalar até 2013 uma rede de 1.300 postos de recarga. Esse número supera o de postos de gasolina. Os indianos, aliás, estão prometendo o carro elétrico mais barato do mundo e imaginam que as ruas londrinas venham a ser o seu, digamos, grande "test drive".

Londres prepara-se para projetar uma imagem de sofisticação ambiental, aproveitando o fato de, no próximo ano, receber a Olimpíada. A cidade teve a ousadia de lançar o pedágio urbano e está estimulando seus moradores a criar fazendas urbanas, plantando hortas em todos os lugares possíveis, especialmente sobre os prédios e as casas. O objetivo, nada modesto, é fazer que a cidade produza o que consome ao mesmo tempo em que dissemina áreas verdes por todos os lados.

Tudo isso serve de inspiração para o mundo em geral e, em particular, para o Brasil, que vai receber a Olimpíada seguinte. Assim como ocorreu em Barcelona, a Olimpíada pode ser uma chance não apenas de melhorar uma cidade mas de elevar o seu patamar civilizatório.

O que essas cidades inovadoras fazem é justamente melhorar nossa percepção de civilidade. É o que sentimos quando vemos o prefeito de San Francisco, nos Estados Unidos, indo de bicicleta para o trabalho. Ou, no caso brasileiro, a Lei Cidade Limpa, em São Paulo, ou o sistema de transporte público de Curitiba. Poucas coisas são importantes para a imagem do Brasil como a disseminação do etanol, que acabou pondo o país na vanguarda tecnológica da indústria automobilística e química (produção do plástico verde, por exemplo). Em nenhum lugar do planeta existe um museu de arte tão ecológico como o de Inhotim, em Brumadinho (Minas Gerais), uma reserva florestal que virou um templo de arte contemporânea.

Na cidade de Calgary, no Canadá, graças a uma rede de energia eólica, o abastecimento do transporte público vem do vento. Na Dinamarca, as famílias que produzem sua própria energia ganham dinheiro do governo. Surgiram assim cooperativas de energia eólica. Por isso Copenhague virou um modelo admirado mundialmente.

Na cidade de Linköping, na Suécia, todo o transporte público é movido com o que sobra das cantinas e restaurantes.

Colocar a inteligência no lixo é hoje uma das grandes e maravilhosas fontes da inventividade humana.

PS- Estou tendo a maior experiência ecológica da minha vida. Cambridge, onde moro, é um imenso jardim, onde podemos fazer quase tudo a pé ou de bicicleta. Aqui é um lugar em que o compartilhamento de carro deu certo e estimulou a invenção de chaves digitais. Prédios emprestam ou alugam suas garagens para as pessoas deixarem os carros compartilháveis. Coincidência ou não, minha gastrite crônica deu um tempo. Quanto mais inteligente a cidade, mais podemos usar a mais antiga das trações: a tração humana. Preparei uma seleção de projetos inovadores para as cidades, postos no Catraca Livre (www.catracalivre.com.br), além do detalhamento dos casos citados nesta coluna.

&&&

Antiga cidade indígena do México era "igualitária"

Arqueólogos dizem que a metrópole Tlaxcallan era um tipo de república

Organização política de sociedade do século 13 pode ter sido resposta às ameaças de invasão como do Império Asteca Fonte: folha.uol.com.br 29/05

Se um grupo de arqueólogos do México e dos EUA estiver certo, a metrópole indígena de Tlaxcallan tinha uma organização política mais típica da Grécia Antiga ou da Itália medieval do que das Américas antes de Colombo.

Em meio a um mar de impérios com pirâmides, templos faraônicos e governantes de status quase divino, quase 50 mil habitantes de Tlaxcallan (hoje Tlaxcala, a pouco mais de 100 km da Cidade do México) podem ter vivido numa "república". As pistas para traçar esse cenário vêm das tradições dos indígenas do local, registradas nos primeiros anos após a conquista espanhola. E, principalmente, de escavações feitas pela equipe.

A análise da estrutura urbana de Tlaxcallan mostra uma planta urbana vasta e, ao mesmo tempo, aparentemente igualitária, sem sinal de estruturas palacianas ou pirâmides (veja infográfico).

Isso não quer dizer que Tlaxcallan não tivesse dinheiro para gastar com luxo, afirma Lane Fargher, autor de um estudo na revista científica "Antiquity" sobre a cidade.

"Tlaxcallan era extremamente rica em recursos agrícolas. Os tlaxcaltecas também produziam grandes quantidades de corante vermelho, valorizado na América Central", diz Fargher, que é ligado ao Departamento de Ecologia Humana do Centro de Pesquisas e Estudos Avançados do México e à Universidade Purdue (EUA).

Mesmo assim, a análise detalhada dos restos da cidade-Estado, que floresceu entre os anos de 1250 e 1519, indica uma sucessão de terraços residenciais relativamente simples (necessários por causa do relevo montanhoso, com altitude de cerca de 2.500 m).

"PLAZAS"

Vários grupos de terraços eram servidos por "plazas", áreas mais ou menos como as praças atuais, mas com um caráter mais solene: deviam ser centros cerimoniais.

A única grande estrutura fica a cerca de 1 km da cidade. Apesar de apresentar um complexo de salas, Tizatlan não tem nada de palaciano: sua principal característica é uma grande "plaza" com espaço para uma multidão.

Os cientistas interpretam esse quebra-cabeças a partir de dados registrados por historiadores e pelo próprio Hernán Cortés, líder dos invasores espanhóis no século 16.

Sabe-se que os tlaxcaltecas falavam náuatle, mesma língua dos astecas, mas lutaram durante séculos ""com sucesso"" para não serem absorvidos pelo Império Asteca.

Além disso, dados sobre monarcas tlaxcaltecas parecem ser espúrios ou duvidosos, e as crônicas mais antigas falam em negociações envolvendo grupos de dezenas de magistrados da cidade.

Por isso, diz Fargher, "propomos que os tlaxcaltecas idealizaram sua república como resposta específica às ameaças imperiais".

A estratégia republicana talvez tenha dado um tino político diferenciado. Os tlaxcaltecas se aliaram aos espanhóis contra os astecas e ganharam status mais autônomo. Uma situação melhor do que a maioria dos indígenas mexicanos na era colonial.

&&&

Educação como fator de desenvolvimento

A Suécia é um dos países que mais investem em educação, pesquisa e desenvolvimento, alicerces do crescimento; o Brasil pode aprender conosco Fonte: folha.uol.com.br 29/05

Em seu encontro com o primeiro-ministro da Suécia, Fredrik Reinfeldt, a presidente Dilma anunciou um acordo que vai disponibilizar 75 mil bolsas de estudo em universidades suecas, inicialmente nas áreas de exatas e médicas.

Segundo a presidente, o desenvolvimento socioeconômico e tecnológico está ligado a uma política efetiva de formação educacional.

O Brasil vem demonstrando conquistas no setor educacional e a evidência de que se trata de uma área de extrema importância para o sucesso do país nos próximos anos.

Segundo dados do Censo 2010, em sete anos o número de matrículas em cursos de graduação no Brasil aumentou de 3,5 milhões para 5,9 milhões. Os números são expressivos e, sem dúvida, mostram um caminho que já está sendo percorrido. Uma forma de otimizar esse caminho, no entanto, é observar exemplos de avanços na área.

Em alguns meses, o ministro de Ciência e Tecnologia irá apresentar o plano para a nova política industrial do Brasil, com foco em ciência e inovação. Essa é uma área na qual a Suécia tem tido muito sucesso; a questão que o Brasil enfrenta agora é: como traduzir educação superior e pesquisa em produtos e benefícios para a economia?

A Suécia, por exemplo, é um país em que o ensino gratuito sempre foi garantido a todos. O país tem forte tradição em educação pública, com 50% da sua população matriculada em algum tipo de curso educacional. Isso ajudou a criar gerações de indivíduos inovadores, o que é crucial para o conhecimento e para a economia de uma nação.

Dentro desse quadro, a Suécia é um dos países que mais investem em educação, pesquisa e desenvolvimento, alicerces do crescimento econômico do país. Dois terços das pesquisas financiadas pelo governo sueco acontecem em universidades e faculdades, baseadas no modelo sueco de desenvolvimento de hélice tripla, envolvendo indústria, universidade e governo.

Esse modelo tem contribuído para o desenvolvimento de um ambiente colaborativo entre diferentes âmbitos da sociedade: o governo desenvolve os parâmetros da economia, as universidades ampliam suas bases de conhecimento e as indústrias criam novos produtos, serviços ou mercados.

As universidades suecas desempenham um novo papel na sociedade, não só treinando estudantes e conduzindo pesquisas, mas também verificando que o conhecimento e o capital humano são usados para o desenvolvimento econômico da sociedade. Tal modelo de hélice tripla pode servir de exemplo para o Brasil, que vive uma nova fase de desenvolvimento. Por isso, é importante ter objetivos claros para a qualificação da educação pública no país, de forma que o Brasil aumente ainda mais suas conquistas no setor.

Se o país estiver interessado em compreender, com maior detalhe, o exemplo da Suécia, nós ficaríamos felizes em compartilhar nossas práticas e experiências.

ANNIKA MARKOVIC é embaixadora da Suécia no Brasil. Foi também embaixadora na República das Filipinas e atuou como primeira-secretária na missão permanente sueca na ONU

&&&

FERREIRA GULLAR

Verdade e preconceito

Pensava que escritor não deveria escrever errado; li só gramáticas por dois anos ao suspeitar que seria poeta Fonte: folha.uol.com.br 29/05

TENHO COMENTADO aqui o fato de que, para alguns linguistas, nunca há erro no uso do idioma: tanto faz dizer "problema" como "pobrema" que está certo. Confesso que, na minha modesta condição de escritor e jornalista, surpreendo-me, eu que, ao suspeitar que poderia me tornar poeta, passei dois anos só lendo gramáticas. E sabem por quê? Porque acreditava que escritor não pode escrever errado.

E agora descubro que ninguém escreve errado nunca, pois todo modo de escrever e falar é correto! Perdi meu tempo? Mas alguma coisa em mim se nega a concordar com os linguistas: se em todo campo do conhecimento e da ação humana se cometem erros, por que só no uso da língua não? É difícil de engolir.

Essa questão veio de novo à baila com a notícia de um livro, adotado pelo Ministério da Educação e distribuído às escolas, em que a autora ensina que dizer "os livro" está correto. Estabeleceu-se uma discussão pública do assunto, ficando claro que, fora os linguistas, ninguém aceita que falar errado esteja certo.

Mas não é tão simples assim. Falar não é o mesmo que escrever e, por isso, falando, muita vez cometemos erros que, ao escrever, não cometemos. E às vezes usamos expressões deliberadamente "erradas" ou para fazer graça ou por ironia. Mas, em tudo isso, está implícito que há um modo correto de dizer as coisas, pois a língua tem normas.

O leitor já deve ter ouvido falar em "entropia", uma lei da física que constata a tendência dos sistemas físicos para a desordem. E essa tendência parece presente em todos os sistemas, inclusive nos idiomas, que são também sistemas.

Devemos observar que as línguas, como organismos vivos que são, mudam, transformam-se, como se pode verificar comparando textos escritos em épocas diferentes. Há ainda as variações do falar regional, que guarda inevitáveis peculiaridades e constituem riqueza do idioma.

Mas isso não é a mesma coisa que entropia. Já violar as normas gramaticais é, sim, caminhar para a desordem. Se isso é natural e inevitável, é também natural o esforço para manter a ordem linguística, que não foi inventada pelos gramáticos, mas apenas formulada e sistematizada por eles: nasceu naturalmente porque, sem ela, seria impossível as pessoas se entenderem.

Na minha condição de "especialista em ideias gerais" (Otto Lara Resende), verifico que, atualmente, não só na linguística, tende-se a admitir que tudo está certo e, se alguém discorda dessa generosa abertura, passa a ser tido como superado e preconceituoso.

Agora mesmo, durante essa discussão em torno do tal livro, os defensores da tese linguística afirmaram que quem dela discordava era por preconceito.

Um dos secretários do ministro da Educação declarou que aquele ministério não se julgava "dono da verdade" e que, por isso mesmo, não poderia impedir que o livro fosse comprado e distribuído às escolas.

Uma declaração surpreendente, já que ninguém estava pedindo ao ministro que afirmasse ou negasse a existência de Deus, e sim, tão somente, que decidisse sobre uma questão pertinente à sua função ministerial.

Não é ele o ministro da Educação? Não é ele responsável pelo rumo que se imprima à educação pública no país? Se isso não é de sua competência, é de quem? De fato, o que estava por trás daquela afirmação do secretário não era bem isso, e sim que a crítica ao livro em discussão não tinha nenhum fundamento: era mero preconceito. Ou seja, simples pretensão de quem se julga dono da verdade que, como se sabe, não existe...

Esse relativismo, bastante conveniente quando se quer fugir à responsabilidade, tornou-se a maneira mais fácil de escapar à discussão dos problemas.

Certamente, não se trata de afirmar que as normas e princípios que regem o idioma ou a vida social estejam acima de qualquer crítica, mas, pelo contrário, devem ser questionados e discutidos. Considerar que todo e qualquer reparo a este ou aquele princípio é mero preconceito, isso sim, é pretender que há verdades intocáveis.

Não li o tal livro, não quero julgá-lo a priori. Creio, porém, que quem fala errado vai à escola para aprender a falar certo, mas, se para o professor o errado está certo, não há o que aprender.

&&&

Lista revela políticos donos de rádio e TVs

Mapa mostra que 56 congressistas são sócios ou têm parentes em emissoras

"Caixa-preta" do setor poderá ser consultada a partir de amanhã na página na internet da pasta das Comunicações Fonte: folha.uol.com.br 29/05

Classificado de "caixa-preta", o cadastro dos donos de rádios e TV no país -onde estão os nomes de 56 deputados e senadores que são sócios ou têm parentes no controle de emissoras- passará a ser divulgado em caráter definitivo pelo Ministério das Comunicações.

O mapa, antiga reivindicação de entidades que tentam fiscalizar o setor, estará disponível a partir de amanhã na página do ministério (www.mc.gov.br) e pode ser acessado no site da Folha.com (www.folha.com).

A lista, obtida pela Folha, já teve uma primeira versão divulgada em 2003, no governo Lula, mas foi retirada do ar logo em seguida por conta de pressões de políticos contrários à divulgação.

Pela legislação, o político pode ser sócio de rádio ou TV, mas não pode exercer cargo de diretor. A principal crítica é o uso das emissoras para alavancar candidaturas e prejudicar adversários.

O ministro Paulo Bernardo (Comunicações) chegou a defender a proibição de que políticos sejam sócios de emissoras, mas a aprovação dessa ideia é considerada inviável politicamente.

A publicação do cadastro faz parte de um conjunto de medidas a ser baixado pelo governo para combater irregularidades na área. Entre elas, o uso de laranjas para esconder o verdadeiro dono com o objetivo de venda posterior da concessão, como revelou a Folha em março.

"A publicação da lista vai dar transparência ao setor e combater a atuação de aventureiros, que usam laranjas só para lucrar com o negócio", afirmou o ministro.

Presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM) disse que a divulgação "abre a caixa-preta" do setor e forçará quem está na "clandestinidade a se regularizar".

PARTIDOS

Entre os 56 dos 594 congressistas que são sócios ou com parentes em emissoras, 12 são do PMDB, partido que presidiu o país durante o governo de José Sarney, quando houve farta distribuição de concessões em troca de apoio no Congresso.

Segundo partido na relação, o DEM, antigo PFL, tem 11 congressistas na lista. O partido foi aliado do PMDB no governo Sarney e comandava o Ministério das Comunicações com o senador Antonio Carlos Magalhães, cuja família controla um grupo de rádio e TV na Bahia.

A família de Sarney, presidente do Senado e aliado do governo Dilma, também controla um grupo de comunicação no Maranhão.

O cadastro traz um mapa das 291 TVs, 3.205 rádios e 6.186 retransmissoras comerciais existentes no Brasil.

O ministério espera que a lista, que será atualizada a cada dois meses, ajude a identificar irregularidades, revelando casos em que os verdadeiros donos de emissoras não são aqueles registrados oficialmente.

"Infelizmente, num universo de quase 10 mil concessões, é impossível fiscalizar tudo. Agora, porém, alguém poderá acessar a lista na sua cidade e descobrir que a rádio local é registrada no nome de um laranja", afirmou o ministro das Comunicações.

Nenhum comentário: