terça-feira, 17 de maio de 2011

LITERATURA

Narrativas minimalistas Fonte: correioweb.com.br 17/05

Tesselário é o sexto livro do professor Geraldo Lima. O volume reúne pequenas narrativas e microcontos escritos ao longo de 10 anos. Lima, que passou por outros gêneros da escrita como o romance, a literatura infantil e a dramaturgia, lança nesta obra fragmentos de textos que tematizam a morte, o sexo e a loucura . Colunista do site o-bule, que veicula resenhas literárias e divulga novos autores, Geraldo autografa hoje, às 20h, no Martinica Café, o novo livro.

Publicadas, originalmente, em sites e jornais, as micronarrativas ostentam um formato conciso e direto, que ganhou notoriedade nas redes sociais. Os textos estão organizados em duas partes. Na primeira, intitulada Tesselário, as vozes que o narrador assume constróem tramas um pouco mais detalhadas. Desde a reconstrução de fatos históricos — como em “O homem à beira do precipício”, onde reconta a morte de Zumbi — até o estilo epistolar de “Revolução de 30”, carta de amor um soldado que perdeu a perna, que o narrador diz ter encontrado nos pertences da avó. “Gosto de trabalhar nesses limites entre os estilos da ficção”, esclarece o autor. Já na segunda, Breu, com as páginas em negro, a escrita torna-se ainda mais enxuta e o autor se desafia a contar histórias com limite máximo de cinco linhas, num formato que ele chama de “nanoconto”.

Embora circule por diversos momentos temporais e não haja conexão entre os fragmentos de texto, o narrador parece seguir uma coerência, se colocando sempre na condição de observador ligeiramente embasbacado diante do corpo feminino. A mulher se apresenta em diversos aspectos. É a amante apaixonada, a prostituta ou até a revolucionária. Em um dos contos, o narrador persegue pelas ruas de São Paulo uma senhora que acredita ser Luíza Mahim, ex-escrava articuladora da Revolta dos Malês e da Sabinada, mãe do abolicionista Luiz Gama. E, ao alcançá-la, recebe o justo desprezo da mulher aborrecida.

A questão racial também aparece em As mãos do senhor, dedicado a Elisa Lucinda. Contado em terceira pessoa, narra a cena de estupro de uma escrava. “Sinto dificuldade em exteriorizar as reflexões sobre a negritude. Ainda estou procurando os personagens que possam dar voz a isso sem que se tornem panfletários”, revela. Professor de português da Fundação Educacional em Sobradinho, ele acredita que a poesia permita um espaço maior para a contestação e a expressão, o que explicaria uma predileção dos autores negros por esse estilo. “Acho que os escritores precisam dar conta daquilo sobre o que os seres humanos se indagam. Sobre a morte, sobre o desejo. O que faço na ficção para indagar sobre a condição do negro é muito pouco”, confessa.

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Campanha estimula prevenção do câncer

Instituto inicia hoje movimento de conscientização para que as pessoas tirem um dia no ano para fazer exames

Ideia é que população se habitue a fazer análises clínicas anuais para poder descobrir o câncer ainda em estágio inicial Fonte: folha.uol.com.br 17/05

Em dez anos, Maria Lucélia Silvino perdeu duas irmãs para o câncer de mama, ambas aos 47 anos. Em novembro, foi a vez de ela descobrir um tumor inicial, de 1 mm, no seio direito. Aos 47 anos.
Após a mastectomia e 25 sessões de radioterapia, Maria vai fazer a reconstrução das mamas. "Só descobri cedo [o tumor] porque fazia mamografia todos os anos."
Apenas um terço dos 12 mil pacientes que chegam anualmente ao Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira (Icesp) tem tumores em estágio inicial, como Maria, quando há mais chances de cura.
Para estimular a população a dedicar um dia do ano à realização de exames que podem detectar o câncer -no SUS ou na rede de planos de saúde-, o Icesp lança hoje a campanha "Doe 1 Dia".
Por meio do site www.doe1dia.org.br, a população terá acesso a informações da campanha e conhecerá os principais tipos de câncer e as medidas de prevenção e tratamento.
"É uma mobilização importante para que a pessoa cuide da saúde e se previna contra uma doença que vem avançando. O câncer pode ter cura se descoberto a tempo, e, por isso, dedicar um dia aos exames preventivos pode salvar vidas", afirma o secretário de Estado da Saúde, Giovanni Guido Cerri.

PREVENÇÃO
Para o oncologista Paulo Hoff, diretor-geral do Icesp, um exemplo importante de câncer que pode ser prevenido é o do colo uterino -que afeta 19 mil brasileiras por ano e é uma das principais causas de morte feminina.
"O teste de Papanicolaou é barato, fácil de fazer e detecta alterações na cérvix da mulher antes de ela ter câncer, num estágio em que as lesões são 100% curáveis."
A mamografia é outra grande aliada na detecção precoce do câncer da mama.
Nos homens, o toque retal e o exame de PSA podem prevenir o câncer da próstata. Após os 50 anos, todos também deveriam fazer o teste de sangue oculto nas fezes para detectar o câncer de cólon.
Realizada em parceria com a Folha e a Agência África, a campanha "Doe 1 Dia" conta com o apoio da Facesp (Federação das Associações Comerciais de São Paulo).

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Para Delfim Netto, Brasil passa por novo "processo civilizatório"

Economista diz que inflação vem de "desarranjo" na área do trabalho Fonte: folha.uol.com.br 16/05



O economista e ex-ministro da Fazenda e Planejamento Antonio Delfim Netto diz que o atual surto inflacionário no país é consequência de uma combinação de "desarranjo" e "estresse" no mercado de trabalho.
Nos últimos meses, o desemprego no Brasil vem batendo recordes de baixa, estimulando trabalhadores a pedir reajustes maiores.
"A inflação atual é mundial. E há seguramente alguma pressão interna, principalmente por conta de um estresse no mercado de trabalho. Há um desarranjo interno entre oferta e procura de trabalho", afirma.
Delfim Netto declara que o Brasil está passando por "um processo civilizatório".
Nessa transformação, as pessoas estariam melhorando seus padrões de vida, ao mesmo tempo em que há uma mudança nos padrões de consumo.

LULA
"Colocar a distribuição de renda como fator de desenvolvimento, sacrificando até o crescimento, foi intuição de um cidadão chamado Luiz Inácio Lula da Silva", diz.
"É um processo que os economistas detestam, pois eles têm a pretensão de querer saber mais do que o próprio consumidor" -diz ele sobre a maneira que os consumidores se comportam.
Delfim diz não acreditar que o volume de crédito concedido à população seja um risco hoje, mas acha que não haverá crescimento em 2011 no mesmo ritmo acelerado dos últimos anos.

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INCLUSÃO SOCIAL

Cursos digitais estão sob risco

A Fundação Gonçalves Ledo, responsável pelo programa DF Digital, reclama de descumprimento de ordem judicial e atraso nos repasses de verba por parte do governo local. Executivo alega que cumpriu intimação Fonte: correioweb.com.br 16/05

O DF Digital está ameaçado em decorrência da falta de verbas. A direção da Fundação Gonçalves Ledo (FGL), atual gestora do programa de inclusão, alega que, mesmo após uma decisão judicial, o Governo do Distrito Federal (GDF) não creditou as parcelas referentes aos quatro primeiros meses do ano. Os chefes da instituição filantrópica afirmam que a “inconstância nos repasses” acarreta problemas, como atrasos nos salários dos profissionais responsáveis pelas atividades.

A quantia mensal paga pelos cofres públicos à FGL gira em torno de R$ 2,8 milhões. O diretor presidente da entidade, Tasso Ottoni, afirma que a organização social não recebia a verba havia seis meses. Na última quarta-feira, saíram as parcelas referentes a novembro e a dezembro do ano passado. Mas, segundo Ottoni, ainda não foi creditado o acumulado de janeiro a abril. “Falta continuidade no repasse e isso dificulta os trabalhos”, explica. Ele acrescenta que a inconstância trouxe problemas com a folha de pagamento dos funcionários e as dívidas perante a prestadoras de serviço de internet.

O projeto tem mais de 101 mil pessoas matriculadas. Os atuais gestores temem que as dificuldades no recebimentos resultem no fim do DF Digital. “O programa tem um papel importante de inclusão e não pode morrer”, afirma o presidente do Conselho Curador da FGL, Jafé Torres. “No início, o perfil era de um público mais humilde em busca de emprego. Agora, tem também a demanda de universitários e de empresas que procuram meios de profissionalização de seus funcionários”, avalia Ottoni.

Os polos são equipados com computadores nos quais os alunos desenvolvem os cursos, com a supervisão de monitores. As atividades são gratuitas. Na unidade do Touring, ao lado da Rodoviária do Plano Piloto, a procura é grande. Cerca de 500 pessoas, a maioria funcionários dos órgãos instalados nos arredores, frequentam o local. A coordenadora do espaço, Adriana de Queirós, explica que foi difícil angariar estudantes, há cerca de um ano. “Tivemos que fazer panfletagem e buscá-los por conta própria”, relembra.

A servidora pública Cleoná Costa, 47 anos, descobriu por meio de um amigo que poderia lidar melhor com o software usado no trabalho a partir de um curso oferecido pelo DF Digital. “Não sabia que existiam essas aulas gratuitamente. Vou aproveitar que estou de atestado médico para fazer. É um método fácil, dá para acompanhar as instruções pelo fone de ouvido”, aponta. Antes de descobrir o programa, ela matriculou os filhos em uma escola particular de aulas de informática. “Se soubesse disso, teria economizado.”

Decisão judicial
No mês passado, o Conselho Especial do Tribunal de Justiça do DF e Territórios suspendeu a decisão do Tribunal de Contas do DF, que contestava o contrato firmado entre o GDF, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa (FAP), e a organização social. Determinou ainda o bloqueio dos repasses para a FGL.

O secretário de Ciência e Tecnologia, Gastão Ramos, afirma que o Executivo local recebeu a intimação judicial só para o pagamento das parcelas de novembro e dezembro de 2010. “As faturas delas já foram encaminhadas e atestadas pelo governo passado”, justifica. De acordo com Gastão, as mensalidades deste ano ainda passam por auditorias da Secretaria de Transparência. “O que vai determinar a continuação ou não do contrato é esse relatório, que deve ficar pronto nas próximas semanas”, explica.

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O valor do professor

Governo estadual paulista programa série de aumentos para mestres da rede pública, primeiro passo para atrair e manter os melhores na escola
Fonte: folha.uol.com.br 16/05 (EDITORIAL)



A decisão do governo paulista de conceder reajuste de 42,2% aos professores, escalonado ao longo dos próximos quatro anos, possui o mérito inequívoco de promover a valorização do magistério.
A baixa remuneração dos docentes, em São Paulo como em todo o país, é uma das grandes deficiências do sistema educacional público. Os salários defasados afastam da carreira os melhores alunos das universidades, além de servir como desestímulo aos que se aventuram na profissão.
Isoladamente, no entanto, a iniciativa paulista não basta para reverter a insuficiência das escolas públicas. A maior parte dos alunos ainda sai delas com conhecimentos não mais que rudimentares de português e matemática.
O resultado mais recente do Sistema de Avaliação de Rendimento Escola do Estado de São Paulo (Saresp 2010) reforça esse cenário preocupante. O único nível em que houve progresso significativo foi o ensino fundamental 1.
A política de aumentos dos salários dos professores vem, portanto, em boa hora. O governo Geraldo Alckmin (PSDB) promete, para as próximas semanas, o anúncio de medidas complementares. Seriam um novo plano de carreira e aperfeiçoamentos na política de gratificações por mérito instituída por seu antecessor, José Serra, também ele tucano.
A atual gestão, que em algumas áreas tem desarticulado iniciativas do ocupante anterior do Bandeirantes, já se comprometeu a manter o pagamento de bônus aos professores da rede pública. O apregoado aperfeiçoamento do mecanismo é bem-vindo.
Algo de que não se pode abrir mão é a contrapartida de requalificação dos professores. Sobretudo agora que veem atendida a reivindicação de reajuste, é obrigação dos docentes aproveitar todas as oportunidades de reciclagem profissional oferecidas pelo Estado.
A contratação de uma consultoria externa, para buscar soluções que levem os alunos da rede pública paulista a se equipararem a seus colegas de outros países, no prazo de uma década, também parece fazer parte da constatação -de resto, tardia- de que o quadro do ensino no Estado é grave.
O reajuste salarial aos cerca de 375 mil professores da ativa e aposentados terá, como é óbvio, o condão de apaziguar o sindicato da categoria, que passou os últimos anos às turras com José Serra. Essa distensão não implica ceder às reivindicações desse grupo, muitas vezes despropositadas.
A solução da difícil equação do sistema educacional passa, sem dúvida, por uma remuneração adequada dos responsáveis pela transmissão do conhecimento. Não existe bom ensino sem mestres preparados e motivados.

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CONGRESSO

A guerra dentro dos manguezais

Projeto do Código Florestal expõe disputa entre ambientalistas e produtores de camarão para regulamentar áreas de cultivo ao longo do litoral brasileiro Fonte: correioweb.com.br 16/05

Acordo costurado entre o governo e parlamentares da base excluirá faixa litorânea próxima às regiões de mangue — conhecidas como apicuns e salgados — das Áreas de Preservação Permanente definidas pelo Código Florestal. Produtores de camarão e sal, parlamentares da bancada nordestina e o Ministério da Pesca defenderam que o texto do código, em análise na Câmara, acabasse com o hiato jurídico em relação às áreas litorâneas. O tema é polêmico, pois há corrente de ambientalistas que defende o enquadramento dos apicuns e salgados nas APPs, alegando que a exploração das faixas pode prejudicar o equilíbrio dos mangues, considerados berçários naturais de espécies importantes de pesca.

Os defensores da ocupação das áreas próximas ao mangue argumentam, por sua vez, que a região tem salinidade tão alta que só serve para a extração de sal e o cultivo de crustáceo em cativeiro. E que a regulação dos apicuns no Código Florestal aumentaria em 600 mil hectares — área equivalente ao Distrito Federal — o espaço para produção de camarão no país. Desse grupo, fazem parte o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), e a ministra da Pesca, Ideli Salvatti.

Alves tratou do assunto com o ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, e Ideli defendeu a ampliação da criação do camarão em cativeiro durante audiência na Comissão de Agricultura do Senado. “Há algo que nós pedimos lá para a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) e ela nos disse que estava contemplado, é a história dos apicuns e salgados, que têm que estar definidos no Código Florestal de maneira claríssima, porque senão fica aquela confusão de saber se é mangue ou se não é mangue, e, aí, toda a produção de camarão, todos os crustáceos e sal, fica tudo ameaçado”, afirmou Ideli.

Ambientalistas contrários à abertura das áreas para a produção afirmam que os resíduos orgânicos da ração para os crustáceos podem alterar o equilíbrio dos mangues, que têm importância fundamental para fixar os solos impedindo a erosão da costa marítima. A ministra da Pesca afirma que a taxa de sal das áreas impede crescimento de formas de vida vegetais. “A caracterização se dá pela salinidade. Só dá para produzir sal e camarão, não dá para plantar, não nasce nem uma folhinha de nada.”

Os produtores de camarão estão empolgados com a definição jurídica da faixa no código e representantes do setor estão em Brasília acompanhando detalhes da negociação do texto. A ampliação da área de cultivo em 600 mil hectares, explica o conselheiro técnico da Associação de Criadores de Carcinicultores da Costa Negra, Pedro Henrique Martins Lopes, pode gerar 120 mil empregos diretos apenas no Ceará, segundo maior produtor de camarão do Brasil.

O estado cearense produz 23 mil toneladas por ano em 5,6 mil hectares de apicuns, gerando 12 mil empregos. Com a alteração do Código Florestal, o cultivo poderia se expandir para 50 mil hectares, com ampliação da produção anual para 90 mil toneladas. Martins Lopes explica que mesmo com a liberação dos apicuns e salgados das Áreas de Preservação Permanente nem toda a região passaria a ser destinada ao cultivo e seria preciso fazer uma análise de todas as faixas para verificar quando a exploração do local poderia causar danos aos mangues. “Este número de 600 mil hectares é um levantamento somente de área, sem levar em conta outros fatores que podem causar interferência no sistema.”

Martins Lopes afirma que a ampliação da área de cultivo também poderia reduzir o preço do produto no mercado brasileiro. “A tendência é que o preço diminua por conta da oferta”, diz Martins Lopes. O setor alega ainda que se o código for aprovado sem especificação da exploração das áreas de apicuns e salgado o abastecimento de sal no país pode ficar comprometido.

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PARLAMENTO

Um "não" aos políticos profissionais

Proposta de iniciativa popular quer limitar a dois mandatos o tempo de permanência de parlamentares no Congresso. Se a regra valesse hoje, 35% dos deputados estariam fora da Legislatura Fonte: correioweb.com.br 16/05

Cansados de esperar por uma reforma política que nunca chega, representantes dos movimentos sociais elaboram projeto de iniciativa popular propondo alterações nas regras eleitorais. A ideia é encaminhar o texto da reforma política nascido no berço da sociedade civil ao Congresso, a exemplo da Lei da Ficha Limpa. Uma das principais alterações pleiteada pelos movimentos sociais é o fim da política como profissão, limitando a dois mandatos o tempo máximo de permanência de um político no Congresso. A proposta é capitaneada pelo ativista social Chico Whitaker, organizador do Fórum Social Mundial e do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), e tem o apoio da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, que faz parte da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

O “movimento por no máximo dois mandatos” é uma tentativa de mobilizar a sociedade a pressionar os políticos a aceitarem a regra “voluntariamente”, como forma de assumir compromisso de seriedade perante os eleitores. E os parlamentares que aceitassem o compromisso do “no máximo duas” estariam mostrando que não “veem a função política como meio de enriquecimento pessoal e poder, além de um emprego garantido”, resume o manifesto do ativista.

Os movimentos sociais argumentam que a perpetuação do poder representativo é uma das distorções no sistema representativo do país. Na pauta da reforma política proposta pela sociedade, as discussões sobre financiamento público de campanha, coligações partidárias e lista fechada estão diretamente ligadas à criação de regra que vetasse o tempo infinito de permanência no Poder Legislativo. “A desqualificação do Legislativo assim eleito abre então espaço para o mecanismo da ‘compra’ de parlamentares para constituir as ditas maiorias, o que torna os parlamentos um lugar extremamente atrativo para pessoas com nenhuma outra intenção senão a de ‘vender’, o mais caro que puderem, seu poder de votar leis e fiscalizar o Executivo”, pondera Whitaker.

Encastelados
Se a regra do “no máximo duas” estivesse valendo, 181 deputados, 35% do total, estariam fora da legislatura. Levantamento do número de mandatos dos parlamentares em exercício realizado pelo Correio mostra que a repetição infinita do poder é regra na Câmara. O deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) está na mesma cadeira há mais de 40 anos e renovou o mandato de quatro anos 11 vezes. Doze colegas do peemedebista estão na Casa desde o período de redemocratização e 54 superaram os 20 anos de mandato. No Senado, Casa em que mandatos duram oito anos, existe maior rotatividade. Da atual legislatura, seis parlamentares — ou 7,4% dos 81 senadores — têm mais de dois mandatos. Os mais “antigos” do Senado são Eduardo Suplicy (PT-SP), Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), Garibaldi Alves (PMDB-RN), com três mandatos, José Agripino (DEM-RN) e Pedro Simon (PMDB-RS), com quatro, e o recordista, José Sarney (PMDB-AP), que registra cinco mandatos.

O secretário executivo da Comissão Brasileira Justiça e Paz, Pedro Gontijo, explica que além da proposta de colocar fim na prática da política como profissão, os movimentos sociais também pretendem formar uma “assembléia constituinte” permanente, que funcionaria como órgão de representação popular para atuar paralelamente ao Congresso, recolhendo pleitos e manifestações da sociedade quando o povo não se sentisse representado pelo parlamento. “A ideia é criar uma assembleia constituinte popular, pois o Congresso não tem se mostrado representativo. A assembleia teria mais facilidade de articulação para organizar os projetos de iniciativa popular, como a proposta de limitação de mandato que tem como perspectiva garantir maior rotatividade. A função de representação se transformou em profissão de algumas figuras, pessoas encasteladas ali, como se fosse uma representação para a vida toda”, critica Gontijo.

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Empreendedores criativos

LEONARDO BRANT

A boa gestão dos conteúdos, nas diversas plataformas, aumenta as possibilidades de participação e construção de um novo mercado cultural Fonte: folha.uol.com.br 16/05



As tecnologias da informação e de comunicação apresentam uma nova perspectiva para uma disputa centenária entre autor e indústria cultural. O criador é mais dono de sua obra, pois consegue controlar todo o processo de produção cultural, da ideia ao "produto".
A indústria cultural tradicional sofre um processo intenso de desgaste e remodelagem. E migra, aos poucos, para um novo modelo de exploração das obras criativas.
Sites de busca, redes sociais, blogs, microblogs e empresas de telefonia valem-se do fluxo de informação gerado por seus usuários, que produzem, copiam, colam e compartilham conteúdos de forma colaborativa, para gerar negócios baseados na diluição gradual do processo autoral.
A tendência histórica é de que haja fusão entre a indústria cultural analógica e a digital, como já vem acontecendo a passos largos.
A aquisição do Myspace pela Fox e o recente acordo entre Google e Warner são exemplos disso: navalha que corta para os dois lados.
Um tenta garantir ganhos galopantes de produtos licenciados sob seu comando, enquanto o outro continuará financiando e estimulando discussões sobre a relevância da livre circulação do conhecimento. O artista faz circular a sua obra, mas continua sem acesso à camada lucrativa do mercado, pois, nos meios digitais, seu valor econômico é reduzido a pó.
A conveniência e a facilidade dos licenciamentos livres e gratuitos permitem o benefício da adesão ideológica a um novo socialismo das redes, facilmente percebido pelo público adepto da cultura remix.
Mas o impede de tornar a atividade cultural comercialmente sustentável, produzindo uma das economias mais interessantes para o país. Abrir mão dos direitos patrimoniais significa financiar essa nova indústria, tão rica e concentradora quanto a anterior.
Essa consciência é mercadológica e cidadã, pois define o lugar da arte e do artista na sociedade. Não por menos, o direito autoral figura como um direito fundamental, garantido na Constituição Federal e na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Nesse cenário de convergência, surge uma indústria cultural brasileira, conduzida por artistas-empresários, como Vik Muniz, Gilberto Gil, Paulo Coelho, Fernando Meirelles e José Padilha, que desbancou as distribuidoras internacionais e bateu o recorde histórico de audiência para o cinema nacional com "Tropa de Elite 2". A indústria ainda é um bom lugar para oferecer acesso à cultura nacional.
O Brasil precisa reconhecer, incentivar e qualificar os seus empreendedores criativos.
A boa gestão dos conteúdos, nas mais diversas plataformas, aumenta as possibilidades de participação e construção de um novo mercado cultural, que está aberto e se mostra cada vez mais estratégico para alcançarmos o tão sonhado desenvolvimento sustentável.

LEONARDO BRANT, 41, é pesquisador e consultor de empreendedorismo criativo, autor do livro "O Poder da Cultura", diretor do documentário "Ctrl-V", sobre a indústria do audiovisual, e editor do site Cultura e Mercado.

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Por dentro do ecad

Entenda como atua o escritório que distribui direitos autorais da execução de músicas Fonte: folha.uol.com.br 16/05



As críticas à gestão da ministra Ana de Hollanda à frente do Ministério da Cultura têm como um de seus pontos centrais a questão da distribuição dos direitos autorais e a atuação do Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição).
Por lei, promotores de eventos, emissoras de rádio e TV, comerciantes e médicos que mantêm a TV ligada em consultórios estão obrigados a pagar ao Ecad.
Em 2010, a entidade arrecadou R$ 433 milhões. No mesmo período, outra instituição privada, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), mesmo com contratos de patrocínio para a seleção, arrecadou R$ 263 milhões, 40% menos do que o Ecad.
Cerca de R$ 87 milhões ficaram com a instituição, que não sofre fiscalização específica e é considerada poderosa demais por setores do meio artístico.
A reforma da lei dos direitos autorais -de 1998- foi discutida durante o governo Lula. Em 2010, uma consulta pública gerou um projeto, encaminhado à Casa Civil, que previa a fiscalização da entidade. Mas ao assumir, em janeiro, a ministra anunciou que iria revê-lo.
Desde então, é acusada de proteger o Ecad. Ana, que é cantora, substituiu o técnico que cuidava do assunto no ministério, Marcos Souza, por Márcia Regina Barbosa, que já trabalhou com Hildebrando Pontes, um dos advogados do Ecad.
Em abril, foi denunciada uma fraude no órgão, que pagou R$ 127,8 mil a alguém que se passou por autor de trilhas sonoras criadas por Sérgio Ricardo, Guto Graça Mello e outros. O fraudador ainda não foi identificado, e os verdadeiros autores receberam o valor devido.
A União Brasileira de Compositores, uma das entidades que compõem o Ecad (veja abaixo), à qual o fraudador se filiou usando o nome de Milton Coitinho dos Santos, comunicou o caso ao Ministério Público do Rio, que deve ordenar a abertura de inquérito para identificar o autor do golpe.
Ele pode ser acusado por estelionato, apropriação indébita e falsidade ideológica. O verdadeiro Coitinho é motorista, mora em Bagé (RS) e nega participação na fraude.
Agora o Senado discute a criação de CPI para investigar o órgão. Em nota, o Ecad afirmou estar disponível para prestar esclarecimentos.

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OSB seleciona novos músicos na Europa e nos Estados Unidos

Em busca de 33 instrumentistas, a orquestra fará audições em Nova York, Londres e no Rio

As avaliações serão feitas por uma comissão e pelo maestro Roberto Minczuk, pivô da crise no começo deste ano
Fonte: folha.uol.com.br 16/05



A partir de hoje, 251 músicos concorrerão a uma das 33 vagas abertas na Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) após a crise que levou à demissão de instrumentistas que se recusaram a participar das avaliações propostas pela direção da orquestra.
As audições para contratação começam hoje em Londres e prosseguem em Nova York e no Rio de Janeiro.
Os músicos serão julgados pelo maestro Roberto Minczuk, pivô da crise com os demitidos, e por comissão cujos nomes não foram divulgados pela Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira (Fosb).
As audições foram marcadas de acordo com o instrumento escolhido pelo candidato. Em Londres, elas acontecem entre hoje e quarta-feira. Em Nova York, as audições começam na sexta, 20, e se estendem até segunda-feira, 23.
A última etapa é no Rio, entre os dias 25 e 28.
De acordo com o edital da Fosb, há dez vagas disponíveis para violinistas - uma delas de spalla, o primeiro violinista de uma orquestra.
Há ainda vagas para aqueles instrumentistas que tocam viola, violoncelo, contrabaixo, flauta, oboé, clarineta, fagote, trompa, trompete, trombone e piano. Os novos contratados receberão salários que variam entre R$ 9,4 mil e 11 mil.
A crise na OSB começou no início do ano, quando parte dos músicos se recusou a participar das avaliações convocadas pela direção. Trinta e três deles foram demitidos por justa causa pela instituição.
As duas partes tentaram fazer um acordo, mas os músicos exigiam o afastamento do maestro Roberto Minczuk, pedido que não foi não aceito pelo conselho curador da orquestra.
A instituição apresentou uma proposta que previa a conversão das demissões em suspensões por dois dias, desde que os músicos retornassem imediatamente às suas funções.
A proposta não foi aceita, e a Fosb considerou encerradas as negociações.

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