terça-feira, 24 de maio de 2011

Lobisomem juvenil

Em fase de produção, o filme Somos tão jovens, de Antonio Carlos da Fontoura, mostra a fúria punk que criou o mito Renato Russo Fonte: correioweb.com.br 24/05

É no mesmo Brasília Palace Hotel, onde, nos anos de 1960, hospedou-se para tomar parte do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que o diretor Antonio Carlos da Fontoura empreende um esforço para moldar a viagem visual marcada para ganhar corpo, a partir de 30 de junho, com as filmagens de Somos tão jovens. “Não é um filme só sobre o Renato Russo. É sobre a turma da Colina, sobre as bandas punk”, diz, ao afunilar o enfoque da fita que cercará o período entre 1976 e 1982. Esse último ano, aliás, marcou o lançamento do documentário Brasília segundo Alberto Cavalcanti, na sequência dos bem-sucedidos longas Copacabana me engana e A Rainha Diaba. “A minha relação com a capital é cinematográfica. O filme era mais sobre a arquitetura da cidade. Naquela época, Renato era um punk tocando na esquina, e eu nem sabia quem ele era”, conta Fontoura.

O frescor da abordagem do longa — “é uma obra sobre juventude”, enfatiza — distancia Somos tão jovens daquele filme clássico sobre roqueiro que se droga e quebra quarto de hotel. Mais uma vez, a arquitetura da cidade interfere no cinema de Fontoura. Um cenário sem games, sem shopping e sem shows o intriga, na representação do cantor, aos 16 anos. “O filme se passa muito mais nos blocos do que na Brasília monumental. Queremos mostrar como Júnior, que morava na 303 Sul, inventou o Renato Russo. Como Brasília criou ele, que é um produto daquele momento todo. Claro que entram o talento inato, o dom e a genialidade toda dele”, conta, ao adiantar o percurso do roteiro assinado por Marcos Bernstein (Central do Brasil), com posterior consultoria do jornalista Carlos Marcelo (autor de Renato Russo: O filho da revolução).

Se observa que hoje em dia, qualquer um, quando faz 12 anos, descobre Renato Russo, o realizador encontrou, com atraso, pontos convergentes de gosto musical, junto ao cinebiografado, admirado até por índios, como confirma o produtor Marcelo Torres (recentemente, imerso no set de Xingu): “O meu rock era estrangeiro, como o dele. Gostava de Beatles e de Bob Dylan.

Até cheguei a encontrar pessoalmente a Janis Joplin — posso botar isso no meu cartão”, diverte-se, aos 71 anos. Num plano absolutamente oposto ao da estelar musa do blues rock, o recorte cinematográfico na trajetória de Renato Russo privilegia a incipiência. “Os shows, naquela fase, eram feitos pra 40 pessoas: eles não eram os reis do rock. Eram moleques de banda de garagem, primeiro fazendo o Aborto Elétrico”, demarca o diretor.

Apoio familiar

Apenas um encontro, na casa da atriz Denise Bandeira, aproximou o cineasta do jovem artista. “Foi o acaso que me levou ao filme, em 2006. Luiz Fernando Borges (empresário de Zé Ramalho, criador da banda Gang 90.No Rio, foi o melhor amigo do Renato) foi o fiel da balança. Ele transferiu a confiança da família pra mim”, sintetiza. Além da cessão dos direitos de imagem (que contempla até possibilidade de futuro filme em torno da Legião Urbana), a família tornou irrestrito o acesso a material anteriormente exposto ao público: fotografias, móveis, manuscritos e figurinos do artista.

Somos tão jovens, o filme, já tem percurso definido para a equipe, com mais de 40 atores. As filmagens, ao longo de um mês, serão na Ermida Dom Bosco e nas quadras 308 Sul, 206 e 408 Norte, além de alcançarem áreas do Eixão (perto da Rodoviária), da Península dos Ministros e do Park Way. Produtor de locação, Daniel Fontoura (Meu nome não é Johnny), na atual fase de visitas técnicas, tem contado com cicerones como Philippe Seabra e Erik de Castro (de Federal). “Eles estão nos apresentando a cidade do passado. Renê Sampaio, meu amigo que está dirigindo Faroeste caboclo, tem dado dicas preciosas. Os filmes tentam se ajudar”, diz, à frente de fotógrafos, diretores de arte e eletricistas.

Três perguntas // Thiago Mendonça

O que tem dado mais trabalho: a preparação vocal

ou a desenvoltura gestual do Renato Russo?

Carlos Trilha, Fred Nascimento e Fernando Morello têm me ensinado a cantar e tocar. É, o Renato também tocava, não esqueçamos ! E essa é uma área que não domino e pouco experimentei como ator. Desde o grito protesto do punk, ao vozeirão com jeitão italiano, à la Jerry Adriani. E eu — pobre de mim — às vezes, sinto que mal falo. Venho então me aproximando das referências que Renato teve. Russo já era um personagem do Júnior — criado com base em seus ídolos e inspirações. São essas que estou descobrindo e somando aos anseios, às aflições, aos prazeres e às vontades que são comuns a todos os jovens.

Dá receio mexer com um ídolo tão querido do país?

Receio, um tantinho assim. Prazer, um tantão assim! Era um cara muito especial, inteligente e interessante. E descobrir esse jovem Júnior está sendo um enriquecimento para o meu ser. O lance do ídolo, eu procuro não pensar. Procuro espantar os receios e atrair a coragem. Renato Russo era bem corajoso.

Qual a sua relação com a família do Renato Russo?

Alguns momentos. Algumas histórias. Muitos instantes. Dois almoços, e afeto. Esses dias ouvi que Carmem Teresa, irmã de Renato, virá treinar minha pronúncia em inglês. Adorei a ideia. Tanto ela quanto a mãe, dona Carminha, têm muito de Renato. Ou melhor... Renato tinha muito da família. Ainda mais o Júnior.

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LIVRO

Memórias do rebelde com causa

Mãe de Cazuza lança o livro O tempo não para, em que narra a vida do compositor e conta histórias da instituição que dirige Fonte: correioweb.com.br 24/05

Quem liga para a casa de Lucinha Araújo, enquanto a aguarda atender a chamada, ouve a gravação de Exagerado, um dos grandes hits de Cazuza. A mãe do roqueiro tem se empenhado de todas as formas em preservar a memória do filho. Uma delas — a de maior visibilidade — é manter em funcionamento há 20 anos a Sociedade Viva Cazuza, que dá suporte a crianças e adolescentes portadores de HIV.

Perguntada se o trabalho à frente da ONG preenche o vazio da ausência do poeta, emocionada e enfática, Lucinha responde: “A convivência com as crianças que acolho na casa dá sentido à minha vida, mas não quero que isso venha a ocupar o vazio com a perda do Cazuza. Ao contrário, para mim, é de importância fundamental mantê-lo vivo na memória. Até porque ele está presente em tudo que faço”.

Faz sentido. Cazuza era filho único e, para Lucinha, lidar com os abrigados da Sociedade a trouxe de volta o instinto maternal. Vê-los brincando, estudando, cantando, faz uma remissão ao seu próprio passado. “Tentamos criar nossos filhos baseados em nossas experiências, mas também nas que não tivemos. Se não pude vislumbrar na infância do meu filho quem ele seria, que árvores, flores ou frutos darão essas sementes que estamos cultivando?”, questiona, ao referir-se às crianças que acolhe.

A experiência como diretora da ONG levou Lucinha a escrever O tempo não para — Viva Cazuza, um misto de biografia e memória, que acaba de sair pela Editora Globo. O livro, com 256 páginas, será lançado hoje, às 19h30, em noite de autógrafos, na Livraria Cultura do shopping Iguatemi Brasília, no Lago Norte. “Ficaria muito feliz de ter os brasilienses prestigiando o lançamento do livro”, aguarda a autora.

O tempo não para traz muitas histórias sobre as crianças e adolescentes que recebeu na instituição, reunidas nas duas últimas décadas e contadas com naturalidade por Lucinha. Uma delas é a de Lucas, cuja mãe era interna do hospital Pinel e levou o filho depois de ter pulado o muro da Sociedade. Outra, é a de Newton, a criança número um da casa, com quem Lucinha confessa ter maior afinidade. Ela orgulha-se de ter dado bom encaminhamento a Pedro, que vai fazer 18 anos e vive de forma saudável.

“Ele é estudante do curso técnico em áudio e vídeo da Faetec, uma escola estadual que fica no bairro de São Cristovão, e pretende trabalhar com televisão e cinema. Há, também, o Tiago, que já deixou a casa e, aos 22 anos, trabalha no grupo Pela Vidda, ONG fundada pelo Betinho (o sociólogo Herbert de Souza, morto em agosto de 1997) — todos os nomes dos personagens são fictícios.

Depoimentos

No livro, as histórias da Sociedade se entremeiam com depoimentos de artistas que conviveram com Cazuza, como Ney Matogrosso, Roberto Frejat, George Israel (Kid Abelha), Nilo Romero e Sandra de Sá, entre outros. Ney aposta que o amigo, hoje, “seria exatamente igual na essência: irreverente, debochado, com alto senso crítico.” Para Sandra de Sá, “Cazuza não está morto. Está vivo na instituição — a casa de apoio às crianças portadoras de HIV — e é uma luz que ronda para mostrar o caminho”.

Há, ainda, o depoimento de Serginho Maciel, “única pessoa com quem Cazuza teve um relacionamento duradouro”, como revela Lucinha. Na última vez em que viu o namorado, já muito doente, ouviu a pergunta: “Vamos começar tudo outra vez?” Sem saber o que fazer, Serginho saiu sem dizer uma palavra. No livro, resume em uma frase o que poderia ter dito: “O que aconteceu, valeu”.

Para escrever o livro, Lucinha teve o auxílio de Cristina Moreira da Costa, gerente da Sociedade Viva Cazuza. “Pacientemente, a Cristina ia digitando os meus depoimentos. Em seguida, eu fazia as revisões. Depois, uma outra amiga, a Maria Lúcia Rangel, me ajudou a dar uma forma melhor aos textos”, explica.

Vinte e cinco portadores de HIV — de crianças com dois anos de idade a adolescentes de 18 — recebem, atualmente, atendimento na entidade, localizada no bairro de Laranjeiras, no Rio de Janeiro. São duas casas, onde existem enfermaria, dormitórios, restaurante, biblioteca, salas de estudo e recreação e outras instalações.

Ali funciona, também, o Projeto Cazuza, que guarda todo o acervo do artista — discos, vídeos, fotografias, prêmios e roupas usadas em shows. Lucinha administra tudo, com o apoio de 24 funcionários. Os recursos levantados com os direitos autorais do cantor e compositor são a base da manutenção da Sociedade.

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CONGRESSO

Concessões no Código Florestal

Planalto cede a uma das reivindicações da bancada ruralista para evitar derrota na votação de hoje e flexibiliza regras de recomposição do terreno devastado em áreas de preservação permanente Fonte: correioweb.com.br 24/05

O prenúncio de uma derrota histórica na sessão de hoje que votará o Código Florestal na Câmara dos Deputados levou o governo federal a ceder na última hora em um ponto-chave da nova legislação: as áreas de preservação permanente (APPs) às margens de rios e córregos. O Palácio do Planalto informará à bancada ruralista na sessão que aceita dispensar uma parcela dos pequenos agricultores de recompor terrenos devastados irregularmente. A proposta negociada ontem pela presidente, Dilma Rousseff, e aliados libera proprietários de áreas inferiores a quatro módulos fiscais de recomporem parcela superior a 20% do terreno.

A dispensa, na prática, significa um retrocesso em relação ao compromisso firmado por Dilma durante a campanha eleitoral do ano passado. Ela prometeu vetar qualquer diminuição de APPs. Pelo acordo acenado, quem tiver mais de 80% da área comprometida com APPs e desmatou ilegalmente não precisará recompor toda a área protegida, mas apenas o limite de 20%. Depois de ouvir aliados, ministros e até ex-ministros do Meio Ambiente durante os últimos sete dias, Dilma entendeu que era necessário evitar uma derrota acachapante no plenário da Câmara — o governo federal só conseguiria reunir 100 dos 513 votos da Casa.

O projeto do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) que será votado hoje com flexibilizações propostas pela própria bancada governista — uma emenda do PMDB também deve ser votada — tem marcha garantida para a aprovação tanto na Câmara quanto no Senado. Se passaria sem dificuldades pelo Congresso, a diminuição das APPs tinha o veto presidencial de Dilma tido como garantido. Foi o que reforçou ontem a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Oficialmente, coube à ministra negar qualquer intenção da presidente de recuar em relação às áreas consolidadas em APPs. “Dilma mantém seus compromissos de campanha: não quer anistia a desmatadores, nem novos desmatamentos em APPs e reservas legais”, disse a ministra. Segundo Izabella, a presidente “não deu nenhuma declaração” sobre a flexibilização das regras para a agricultura em APPs.

O PMDB promete manter a Emenda nº 164, acertada com os partidos — com exceção de PT, PSol e PV — para ser votada com o relatório de Aldo Rebelo. O destaque autoriza qualquer atividade “agrossilvopastoril” em APPs, o que, na prática, permite qualquer tipo de área consolidada pela agropecuária em regiões que deveriam estar preservadas. A emenda também transfere para os estados a atribuição de definir regras de regularização de APPs. “Não houve nenhuma mudança em relação à emenda. Ela vai ser apresentada amanhã (hoje)”, garante o autor do texto, deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), da bancada ruralista.

Politicamente, a bancada ruralista decidiu jogar à presidente o desgaste de vetar a proposta de diminuição de APPs. Agora, o governo federal tenta encontrar uma fórmula que ao menos camufle uma derrota mais expressiva. Ontem, os rualistas passaram o dia em articulações. No começo da noite, um jantar na casa do deputado federal Paulo Piau (PMDB-MG) traçou a estratégia da bancada em plenário. Fragilizados pelas denúncias contra o seu principal interlocutor no governo, o ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, os ambientalistas recorreram a ex-ministros do Meio Ambiente para pedir novo adiamento.

Carta para Dilma

Nove antigos titulares da pasta desde o fim da década de 1970 assinaram uma carta aberta a Dilma em que pedem o adiamento da votação, sob pena de aprovação de uma lei “perversa”. “É um projeto que repete os vícios da legislação anterior. Os agricultores continuarão sem condições socioeconômicas de produzir em seu território. Faremos mais uma lei para não ser cumprida”, afirmou José Carlos Carvalho, ex-ministro no fim da gestão Fernando Henrique Cardoso, em 2002. “Há tanta exceção nessa lei que a verdadeira exceção fica sendo a proteção as nossas florestas”, reclamou Carlos Minc, que ocupou a pasta entre 2008 e 2010. A ex-senadora Marina Silva também participou do encontro dos ex-ministros com Izabella Teixeira e com os presidentes da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Uma reunião deles com Dilma está prevista para a manhã de hoje.

À véspera da votação do novo código, o relator do projeto, Aldo Rebelo, contrapôs o lobby ambientalista e também enviou uma carta a Dilma, explicando os temas polêmicos do texto. “Os ex-ministros parecem não demonstrar qualquer preocupação com o fato de quase 100% dos agricultores do país estarem irregulares pelo código atual”, reclamou Aldo.

A ameaça da ilegalidade

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, fez uso de uma ameaça antiga aos produtores, como forma de pressionar a bancada ruralista. Não haverá qualquer prorrogação da data estabelecida em decreto para a regularização ambiental dos produtores, segundo a ministra. O prazo final é 11 de junho. A partir dessa data, produtores que não mantêm reserva legal e área de preservação permanente (APP) cairão automaticamente na ilegalidade. “Eu entrarei em campo com o programa de regularização ambiental no dia 12”, disse Izabella, após se encontrar com ex-ministros do Meio Ambiente. A ministra afirmou que Dilma poderá vetar os pontos discordantes. Para os possíveis vetos serem derrubados no Congresso, são necessários dois terços dos votos.

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Empresas buscam imigrantes capacitados

Nos EUA, empresários alegam falta de mão de obra e pedem ampliação no número de visto de trabalho para estrangeiros

Grupo filiado ao Tea Party argumenta que os imigrantes roubam empregos e oneramos serviços públicos Fonte: folha.uol.com.br 24/05

Semanas atrás visitei a Motorola Mobility em Libertyville, na região industrial de Illinois. Conversei com Sanjay Jha, o presidente-executivo do grupo, sobre os desafios do setor. A resposta me espantou: em lugar de se queixar da burocracia, concorrência chinesa ou escassez de crédito bancário, Jha atacou a abordagem dos Estados Unidos com relação à imigração.

Ele afirma que vem enfrentando dificuldades para contratar pessoal porque o país tem negado vistos aos trabalhadores estrangeiros que oferecem a capacitação de que sua empresa necessita.

"Treinamos muitos estudantes estrangeiros aqui nos Estados Unidos, mas depois não lhes concedemos o direito de trabalhar aqui. Isso não faz sentido algum para mim", observou. "Está se tornando cada vez mais difícil obter talentos da qualidade necessária."

Entre 2000 e 2005, 8 milhões de imigrantes legais e ilegais entraram no país, o maior número na história norte-americana.

Mas a imigração vem polarizando as pessoas. No ano passado, um estridente grupo inimigo da imigração, frouxamente filiado ao movimento Tea Party, começou a pressionar por controles mais severos, argumentando que os imigrantes roubam empregos e causam distensão nos recursos dos serviços públicos do país.

CAPACITADOS

Líderes empresariais como Jha (ele mesmo imigrante) afirmam que o verdadeiro problema é que o número de trabalhadores capacitados que estão sendo admitidos é baixo demais. O prefeito Michael Bloomberg, de Nova York, recentemente apelou para que mais vistos sejam concedidos a empresários e a estudantes promissores.

Até mesmo o presidente Barack Obama decidiu intervir e apelou pela reforma de um "sistema inoperante" ainda que tenha admitido que se trata de uma questão "complexa" e que causa fortes emoções.

Esse tipo de tensão não é nova, mas o que torna o debate atual é que ele reflete um paradoxo mundial. O planeta está se tornando cada vez mais interconectado.

Bens e capital se movimentam por meio de fronteiras com facilidade. O mesmo acontece com mensagens de e-mail e estudantes universitários. Mas "o movimento de pessoas e a imigração são hoje mais regulamentados que nunca", diz o economista Ian Goldin em "Exceptional People", um trabalho recente.

ABERTURA

Ele conclui que os governos ocidentais deveriam abrir suas fronteiras de acordo com a demanda de suas economias. Uma liberalização como essa propiciaria "um estímulo econômico da ordem de US$ 39 trilhões em 25 anos", estima.

Um "ponto de inflexão" alterará o debate, ele afirma. "Quando o nível da população mundial se estabilizar, nos próximos 50 anos, uma escassez global de mão de obra causará concorrência feroz por imigrantes."

Se isso for fato, Bloomberg e Jha representam a onda do futuro.

No momento, a gritaria do lobby anti-imigração é ruidosa, mas em breve os Estados Unidos lutarão para atrair mais trabalhadores capacitados, segundo Goldin.

O desemprego elevado e a proximidade com a eleição presidencial tornam difícil até mesmo iniciar um debate.

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Sindicatos e empresas se unem por política industrial

Objetivo é pressionar governo e compensar perdas com a queda do dólar

Entre as sugestões estão desoneração da folha de pagamento, correção da tabela do IR e isenção na participação de lucros Fonte: folha.uol.com.br 24/05

Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), CUT e Força Sindical anunciaram ontem uma parceria com o objetivo de pressionar o governo por ações para compensar perdas provocadas pelo dólar baixo.

Sindicalistas e indústria apresentaram uma lista de prioridades, a ser entregue ao governo federal. A proposta é reeditar um grupo de trabalho tripartite, com trabalhadores, indústria e governo, que existiu nos anos 90 para discutir medidas de incentivo à indústria no país.

As iniciativas sugeridas vão desde a redução da taxa de juros a ações no âmbito tributário, como a desoneração da folha de pagamentos.

Muitas dessas medidas já estão contempladas no projeto de reforma tributária em estudo pelo governo federal. Mas, segundo o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, a proposta apresentada pelo grupo é mais ambiciosa.

No governo, estuda-se reduzir de 20% para 14% o imposto sobre os salários, ao longo de três anos. Pela proposta apresentada ontem, a desoneração seria total, em dois anos.

Segundo Skaf, a compensação da perda de arrecadação do governo seria feita com a redução das despesas com juros, a partir da queda da taxa básica (Selic).

A lista de pedidos fala, ainda, em correção da tabela do IR e isenção de imposto sobre o valor recebido a título de participações no lucro (PLR).

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CARLOS HEITOR CONY

"O PT profundo" Fonte: folha.uol.com.br 24/05

RIO DE JANEIRO - Pelo menos três leitores não compreenderam bem a minha crônica anterior, em que transmiti uma informação certamente não privilegiada sobre a possibilidade de uma renúncia de nossa presidente, motivada por problemas de saúde. Deus é testemunha do quanto torço para que ela supere esses trancos humanos e dê a ela a energia e a sabedoria que nunca lhe faltaram.

Contudo a situação neste início de governo não é muito tranquila. Tivemos tragédias naturais e temos a ameaça de uma inflação que um entendido por aí já estimou em dois dígitos até o final do ano.

Além disso, a presidente parece que não teve sorte quando formou a sua equipe de trabalho mais próxima. No passado recente, quando chefiava a Casa Civil, teve um problema com o seu braço direito, que aliás não era braço mas "braça", pois se tratava de uma mulher.

Em contexto semelhante, apenas em dimensão maior, tem problemas agora com o seu braço direito, que está atravessando uma fase bastante esquerda e insuficientemente esclarecida. Aceita-se, por ora, a explicação oficial de Antonio Palocci, que garante nada ter feito de ilegal e contra a ética.

Por coincidência, ou simetria de fatos, o atual chefe da Casa Civil, tal como Dilma, teve um problema que o retirou do ministério que ocupava no governo Lula.

A secretária Erenice e o caseiro Francenildo, cada qual a seu modo, foram manchetes recentes e ainda não absorvidas.

Tem mais: alguns setores da atual administração enfrentam turbulências que tornam tensas as condições de voo de alguns ministros. Não foi à toa que Dilma chamou às pressas o escolado Franklin Martins.

O perigo que ronda a presidente não vem da oposição em berrante minoria no Congresso. Vem do chamado "PT profundo", que Lula soube tão bem administrar.

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ANÁLISE CASO PALOCCI

Falta de regra para lobby leva a limiar da ética

Única saída seria a criação de normas claras de ação para que a sociedade entenda quem defende quais interesses

NO BRASIL, CRIA-SE A FALSA IMPRESSÃO DE QUE A NÃO REGULAMENTAÇÃO DO LOBBY IMPEDE TAMBÉM SEUS EFEITOS DANINHOS Fonte: folha.uol.com.br 24/05

Sempre que algum novo escândalo político surge no horizonte é reacendida a discussão acerca da necessidade ou não de regulamentação da prática do lobby.

Basicamente, tal terminologia serve para designar a prática de defesa de um determinado interesse particular ou associativo frente aos representantes políticos da população -normalmente os legisladores.

Essa prática, que nasce contemporaneamente com o direito de petição exposto na constituição dos EUA, foi assumindo relevância neste país e em outras democracias à medida que os interesses sociais em jogo na arena política se tornaram mais competitivos entre si.

Nesses termos e em perspectiva comparada, é possível estabelecer algumas diferenças entre esta prática no Brasil e nos EUA.

O principal aspecto aqui é o fato de que, enquanto a sociedade estadunidense compreende o lobby e o regulamenta de forma a dar mais transparência ao processo -via credenciamento dos defensores de interesse e prestação de contas dos valores recebidos por parte dos congressistas-, no Brasil, a prática está fora das luzes do ambiente democrático.

E qual o resultado de tais diferenças de comportamento sobre o tema? Um resultado bastante visível é que nos Estados Unidos a transparência que envolve o processo de lobby fortalece a cultura democrática e fixa no cidadão o direito de peticionar.

Aqui, contrariamente, cria-se a falsa impressão de que não regulamentar a atividade impediria os efeitos daninhos do lobby -fossem eles o tráfico de influência e a cooptação de parlamentares.

O fato é que a não regulamentação abre espaço para ações que se colocam no limiar da legalidade e da ética, tais como as que são observadas com infeliz frequência nos noticiários nacionais.

A única saída plausível a esse processo seria a criação de regras claras de ação e a possibilidade de a sociedade civil entender quem defende quais interesses perante a nação. Isso porque transparência é fundamental em todos os âmbitos da vida democrática.

CREOMAR LIMA CARVALHO DE SOUZA é professor de relações internacionais do Ibmec, mestre pela UnB (Universidade de Brasília) e especialista em política externa dos EUA pela Universidade da Flórida.

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Internacionalização, adensamento e crédito

LUIZ GUILHERME PIVA

Há nítida necessidade de testar cenários em que os juros sejam baixos, fortalecendo os processos de modernização que estamos experimentando Fonte: folha.uol.com.br 24/05

Para pensar o Brasil nos próximos anos, destaco, em meio aos processos que estão em curso, dois vetores que são dinamizadores de muitos outros. Um vetor é constituído pelos investimentos em infraestrutura (energia, transportes, saneamento, portos e aeroportos). Outro, pela ascensão de camadas sociais nos mercados de trabalho, consumo, informação e educação.

O primeiro vetor mobiliza grandes volumes de recursos internos e externos e enseja modernizações institucionais, regulatórias e financeiras. Redimensiona investimentos públicos e privados, o mercado de capitais e fundos de investimento e de pensão, com efeitos imediatos e estruturais na economia.

Chamo a atenção para o fato de que configuram redes interligadas por mãos duplas: ampliam corredores de circulação de mercadorias e serviços entre o Brasil e o mundo e, ao mesmo tempo, multiplicam as conexões entre as regiões, revitalizando e criando polos dinâmicos no território, antes rarefeito.

O segundo processo intensifica a produção de bens e serviços em grande escala para parcelas crescentes da população.

Isso imprime torque à economia, com externalidades em todas as direções. E configura um tipo de atualização maciça nos padrões de produção, consumo, informação e comportamento dessas camadas, tendo como referência (via convivência e informação) os padrões modernos nas sociedades brasileira e internacional.

Aqui, também destaco que tanto o público consumidor ascendente quanto as empresas que a ele fornecem bens e serviços se espraiam por muitos núcleos do território, diferentemente da histórica concentração na região Sudeste.

Os dois vetores ainda estão limitados pela carência de instrumentos de dívida e de crédito de baixo custo. No caso das empresas e dos projetos, o BNDES, o BNB e outras fontes suprem parte da lacuna. Mas a maioria das fontes oferece dívida muito cara ou participação no capital das empresas ("private equity").

A primeira é desaconselhável; o segundo ainda é rejeitado pela maioria dos empresários, resistentes a ter sócios. No caso dos consumidores, a carência de crédito de baixo custo também constitui um entrave decisivo, ainda mais sendo eles, na maioria, cidadãos de baixa renda.

Há, portanto, sinais de que os processos econômicos e sociais brasileiros têm -concomitantes e articuladas- uma dinâmica de internacionalização e integração ao mundo e outra de alastramento e adensamento no território nacional. Há muitas hipóteses que precisam ser testadas com esses sinais.

Mas há, nitidamente, a necessidade de testar cenários em que os juros (e, assim, os custos para dívida e crédito) sejam baixos, fortalecendo os processos de modernização que estamos experimentando.

LUIZ GUILHERME PIVA, economista e doutor pela USP em ciência política, é diretor da LCA Consultores. Publicou "Ladrilhadores e Semeadores" (Editora 34) e "A Miséria da Economia e da Política" (Manole).

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JOSÉ SIMÃO

Ueba! A Rainha dos Emergentes!

A Dilma perguntou pro Palofi: "Você consegue multiplicar por 20?". "Consigo, mas leva 4 anos" Fonte: folha.uol.com.br 23/05

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!

Direto do país da piada pronta: ontem foi Dia Mundial da Tartaruga. E aniversário do Rubinho. Então parabéns ao Rubinho e a todas as outras tartarugas. E olha esta faixa! Grande notícia da semana: "Deus ama quem dá com alegria". Oba!

E a nova Rainha dos Emergentes, Val Marchiori, no programa do Silvio Santos? Ele dá três palavras e a pessoa adivinha o que é. Seu Silvio: "Primavera, verão...". E ela: "Coleções". Rarará! Ela só pensa em moda. Essa é daquelas que só atinge o clímax no provador da Daslu!

E o seu Silvio: "Casa, planta, arquiteto". E ela: "Casa Cor". E ela no programa "Mega Senha". "País do macarrão". E ela: "Japão". "Japão?" "É que eu adoro sukiyaki." Adorei: coleções, Casa Cor e sukiyaki, universo paralelo! Ela comprou um Universo só pra ela!

E o Palofi? O Palofi é uma pândega! Diz que a Dilma perguntou: "Você consegue multiplicar por 20?". "Consigo, mas demora 4 anos."

E a loja dum amigo meu estava com movimento fraco. Sabe o que ele fez? Pendurou um retrato do Palofi. E as vendas aumentaram 20 vezes. Vou vender santinho do Palofi pra lojistas, camelôs e endividados.

E o Palofi na lanchonete com aquela língua plesa. "Quelo flango com falofa". E pra beber? "Uma fukita e uma foda limonada." Rarará! E adorei a charge do Myrria com o Palofi e a secretária: "Alguém me ligou?". "Sim, um tal de George Soros, um tal de Bill Gates e um tal de tio Patinhas. Todos querem saber o seu segredo."

E todo mundo já sabe que o Palofi sabe multiplicar. Agora tá na hora de dividir! Eu quero! Rarará!

E a oposição pedindo CPI? Oposição de dinossauros! Eles são do tempo da CPI! CPI não serve pra nada! CPI quer dizer Coma a Pizza Inteira! CPI só serve pra aparecer em telejornal. Rarará!

O brasileiro é cordial! A placa do Gervásio na empresa em São Bernardo: "Se eu receber ligação de namorico ou ex-ficante de algum daqui acusando de paternidade não assumida, corto o pinto desse Neymar cabeça de vento pra fazer figuração no próximo "BBB". Conto com todos. Assinado: Gervásio".

E esta eu presenciei. Um tiozinho passou mal na feira e chamaram o Samu. Quando os paramédicos chegaram, ele gritou: "Me leva pro Sírio Libanês". Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza.

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

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Rico aceita melhor publicidade em escola

Segundo Datafolha, 42% dos entrevistados com nível superior e 45% das classes A/B concordam com a prática

Para especialista, pais mais pobres ficam incomodados por não poderem ceder a apelos de consumo dos filhos Fonte: folha.uol.com.br 23/05

Distribuir folhetos e brindes dentro das escolas, vender produtos com o aval de diretores nas salas de aula.

Quanto maior escolaridade e renda, mais tolerância a esse tipo de ação publicitária, revela pesquisa Datafolha realizada em todo o país com 2.061 pessoas.

Segundo a pesquisa, feita a pedido do Instituto Alana, ONG que combate a publicidade voltada para crianças, 42% dos entrevistados com nível superior e 45% das classes A/B concordam com a prática. No total, porém, só 39% são favoráveis a esse tipo de abordagem, contra os 56% que são contrários.

Assim, quanto mais pobre, maior a tendência de discordar da publicidade.

Para Isabella Henriques, coordenadora do projeto Criança e Consumo do Instituto Alana, um motivo para essa resistência é o fato de os pais com menor poder aquisitivo ficarem mais incomodados em não poder ceder aos apelos dos filhos.

Marilene Proença, do Conselho Federal de Psicologia, concorda. "Os que têm mais acesso ao consumo talvez nunca tenham visto [a propaganda] como um problema."

O segundo motivo mais citado entre os que concordam com a propaganda é "poder conhecer e experimentar novos produtos", argumento que, segundo Henriques, está ligado ao consumismo.

Para ela, as ações são prejudiciais às crianças porque não entendem o caráter persuasivo da mensagem. Para piorar, diz, quando a ação ocorre na escola, tem a chancela dos professores.

LEGISLAÇÃO

Apesar de reprovada pela maioria dos entrevistados, a publicidade em escolas não é proibida na legislação.

Na semana passada, voltou a ser discutido no Congresso projeto de lei que restringe propaganda voltada ao público infantil, mas, por enquanto, o texto não prevê vetos em ambiente escolar.

O Simeesp, sindicato das escolas particulares de São Paulo, diz que não dá nenhuma orientação sobre permitir ou não ações publicitárias.

A Secretaria Municipal de Educação de São Paulo diz que esse tipo de ação é proibida nas escolas da rede. Na Secretaria Estadual, não há uma proibição, e cada caso é avaliado em particular.

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CONGRESSO

Mais uma mutação no Código Florestal

Emenda que será apresentada e votada amanhã dará liberdade para os estados definirem regras de regularização das áreas de preservação permanente Fonte: correioweb.com.br 23/05

O PMDB cercou o governo mais uma vez e ressuscitou uma regra - considerada pelo próprio Planalto como uma das mais retrógradas do ponto de vista ambiental - que já havia sido sepultada na elaboração do relatório final sobre o novo Código Florestal. Os partidos acertaram votar amanhã o relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e mais uma única emenda, de autoria do deputado Valdir Colatto (PMDB-SC). A Emenda nº 164 prevê a transferência para os estados da atribuição de definir regras de regularização de áreas de preservação permanente (APPs).

A possibilidade de os estados terem seus próprios códigos florestais já havia sido descartada na elaboração do relatório de Aldo, mas volta à discussão com grandes chances de ser decidida no plenário da Câmara. Essa regra é uma ampliação da própria Emenda nº 164, que originalmente previa apenas a permissão de “atividades agrossilvopastoris” em áreas consolidadas em APPs. Decidido a ser oposição ao governo na definição do novo Código Florestal, o PMDB produziu uma emenda ainda mais permissiva.

Se o destaque for votado e aprovado, representará uma derrota retumbante para o governo. As horas que antecedem a votação serão decisivas para a Casa Civil tentar impedir mais essa ofensiva dos ruralistas. “Começo a negociação sobre essa emenda a partir de amanhã (hoje). É possível termos uma proposta que não transfira atribuições aos estados e que não permita consolidações em APPs”, diz o líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). “Vamos votar mesmo sem acordo. Não será a primeira vez que um governo é derrotado, nem a primeira vez que um presidente veta o que o Congresso aprova”, ameaça.

Até agora, três pontos opõem o conteúdo do relatório de Aldo Rebelo ao que o governo deseja em relação ao assunto: a permissão das áreas consolidadas em APPs, a dispensa de reserva legal em propriedades com menos de quatro módulos fiscais e a anistia a desmatadores que devastaram antes de 22 de julho de 2008. O impasse sobre as áreas consolidadas impediu a votação no último dia 11. Uma emenda do DEM, que seria votada em plenário, retirava o poder de a União decidir por decreto quais áreas consolidadas seriam permitidas em APPs. Agora, os partidos concordaram em votar amanhã - com exceção de PT, do PV e do PSol - a emenda de autoria do PMDB, um partido da base aliada.

Na emenda, Valdir Colatto inclui a possibilidade de “atividades agrossilvopastoris, ecoturismo e turismo rural” em APPs. Na interpretação do governo, o termo “agrossilvopastoris” abarca qualquer tipo de atividade de pecuária e agricultura. O Ministério do Meio Ambiente (MMA), inclusive, já calculou o quanto isso representa: o país tem entre 100 e 120 milhões de hectares de APPs, dos quais 40 milhões são passivos ambientais. Se o conteúdo da emenda passar a ter validade, poderão ser suprimidos pelo menos 60 milhões de hectares, segundo o MMA, o equivalente a 103 áreas do tamanho do DF. “Isso basicamente acaba com APP no meio rural”, diz um dos técnicos do governo que acompanha as negociações sobre o novo código.

Transferir para os estados a possibilidade de definir leis sobre APPs é ainda mais grave: “É um retrocesso inimaginável. O governo sempre defendeu o Código Florestal como uma regra nacional”, diz o técnico. “O governo não está feliz, a área ambiental está protestando muito. Mas a emenda vai jogar para os estados a possibilidade de regulamentação de APPs”, afirma o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). Ele sustenta que o acordo para a votação da emenda já foi selado com os partidos. “Essa emenda é um bode na sala, não tem como prosperar. Ela premia quem desmatou”, rebate o líder do PT na Casa, deputado Paulo Teixeira (SP).

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