quarta-feira, 11 de maio de 2011

Artur Barrio é o segundo do país a ganhar o Velázquez

Português radicado no Rio, que representará o Brasil na Bienal de Veneza, foi anunciado ontem vencedor

Cildo Meireles recebeu o prêmio do Ministério da Cultura espanhol, um dos mais importantes do mundo, há três anos
Fonte: folha.uol.com.br 11/05



Foi anunciado ontem vencedor do prêmio Velázquez o artista plástico Artur Barrio, português radicado no Brasil que representará o país na Bienal de Veneza deste ano, que começa no mês que vem.
Organizado pelo Ministério da Cultura espanhol, o Velázquez é um dos prêmios mais importantes do mundo nas artes visuais. Barrio vai receber 125 mil euros, cerca de R$ 290 mil, na premiação.
Cildo Meireles, vencedor do troféu em 2008, ano em que fez retrospectivas na Tate, em Londres, e no Reina Sofía, em Madri, era o único artista ativo no Brasil a ganhar esse prêmio até hoje.
Nascido em Portugal em 1945 e vivendo no Rio desde 1955, Barrio se tornou conhecido por suas ações performáticas usando material perecível e objetos cotidianos e registros em fotografia e filme dessas performances.
Uma de suas ações mais emblemáticas, da série "Situações", foi "Trouxas Ensanguentadas", em que espalhou tecidos envolvendo carne animal em putrefação num rio em Belo Horizonte.
Realizada em 1970, a performance foi interpretada como ato de protesto contra os abusos da ditadura militar no Brasil e a situação social na América Latina. Também levantou questões centrais à obra de Barrio, como a relação da obra com um mercado mais agressivo e acelerado.
Fotografias dessa ação estavam na última Bienal de São Paulo, que incluiu Barrio num recorte histórico de artistas que evocavam questões políticas em suas obras.

BIENAL DE VENEZA
Logo depois, o artista foi escolhido pelos curadores Moacir dos Anjos e Agnaldo Farias para ocupar o pavilhão nacional do Brasil na próxima Bienal de Veneza.
Barrio já está trabalhando na Europa para construir seu trabalho. "Realizo meu trabalho no momento", diz Barrio. "Trabalho no local com os materiais que vou desenvolver naquele espaço."
Pouco antes de viajar, no entanto, o artista ainda aguardava a liberação de R$ 400 mil para a produção da obra, verbas da Funarte, órgão do Ministério da Cultura.

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Frente ao machismo do funk, Lacraia deu aula de como quebrar preconceito Fonte: folha.uol.com.br 11/05



"Vai, Lacraia, vai, Lacraia." Quem diria que o hit (quem não conhece essa frase?) pudesse ter sido escrito para uma pessoa que tinha tudo para se alvo de bullying, ou coió, na gíria gay?
Afinal, ela era feia, preta, favelada, gay e nada glamorosa. Lacraia (ou Marco Aurélio Silva), a musa do funk carioca que morreu ontem aos 34 anos, carregava em si quase tudo o que gera preconceito pesado.
Ser gay mais que assumido em um ambiente machista como o do funk já poderia ser o suficiente para que ela tomasse umas garrafadas na cara quando subia para dançar nos bailes do Jacarezinho, zona norte do Rio, onde foi criada.
Nada disso. Acabou virando rainha e convidada para formar uma dupla com o MC Serginho.
Ok. O povo da comunidade aceitou Lacraia. Mas quem poderia imaginar que ela atravessaria o túnel, viraria musa do B na zona sul e no Brasil inteiro? Sim, ela até chegou à televisão. Ficou famosa. Virou orgulho da família e dos vizinhos que a destratavam quando criança.
E continuou rompendo barreiras. Até no fechado e preconceituoso mundo da moda ela entrou.
Não usava peças incríveis feitas por algum estilista badalado (como acontece com várias drag queens de São Paulo) e muito menos roupas de grife. "Eu adoro bolsa Louis Vuitton de camelô", me disse uma vez, quando nos conhecemos durante uma reportagem.
Ela falava da caríssima grife Louis Vuitton e logo começou a mostrar suas peças compradas no Saara (região de comércio popular do Rio). "Gostei de você porque você é fashion", brincou.
Lacraia foi recebida de braços abertos em ambientes que teriam tudo para fechar as portas na sua cara.
E, se riam do seu corpo esquisito, das suas roupas colantes, ela parecia nem mesmo se importar. Ao contrário. Ela ria de quem ria dela. E ainda fazia uma dancinha.
O sucesso foi tanto que ontem, quando sua morte foi noticiada, o nome Lacraia era o assunto mais comentado do Twitter entre os brasileiros. Sim, tinha gente que a mandava para o inferno e a chamava de feia. Mas a maioria falava coisas como "que triste, vai com Deus".
Lacraia, mesmo após morrer, continuou quebrando e requebrando preconceitos.

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Política energética ineficiente causa impacto no custo Brasil Fonte: folha.uol.com.br 11/05



A pretensão do Brasil de assumir papel de destaque no ordenamento global não pode vir desacompanhada de uma política energética eficaz.
O apagão de 2001 foi um exemplo claro dos prejuízos que o descuido nesse campo pode provocar e mostrou que não há projeto político-econômico viável sem a contrapartida no setor energético.
No entanto, a despeito dos avanços alcançados em alguns segmentos nos últimos anos, diversos episódios têm exposto a fragilidade do planejamento do setor no país. Duas situações recentes merecem destaque.
Em primeiro lugar, a tão debatida elevação dos preços do etanol (alta de 75% em um ano) deixa clara a falta de coordenação entre as políticas econômica e energética.
O estímulo à atividade econômica pelo governo no período pós-crise, com redução do IPI sobre as vendas de automóveis, resultou em elevação expressiva na venda de veículos de passeio (10,6% em 2010 ante o ano anterior).
Essa medida, contudo, não foi acompanhada por uma política de estímulo à ampliação da oferta de etanol. O resultado não poderia ser outro que não o aumento dos preços.
O caso do gás natural, que recebeu menos destaque, também é ilustrativo.
O desconto de 9,7% concedido recentemente pela Petrobras deixou em segundo plano o fato de os preços estarem em patamares internacionalmente elevados -excluídos os impostos e a margem da distribuidora, o energético nacional é comercializado a US$ 11 por MMBTU (milhão de BTU, unidade térmica britânica usada para quantificar a energia calorífica do gás), enquanto nos EUA não chega a US$ 5.
Nesse segmento, erros estratégicos do passado como aquele que tornou o país refém dos acontecimentos políticos na Bolívia e, mais recentemente, a delegação da política do combustível à Petrobras, levaram o Brasil a enfrentar uma situação de escassez que comprometeu o desenvolvimento da indústria nacional e estimulou o uso de combustíveis mais caros e poluentes na geração de eletricidade.
A incongruência no setor de gás natural ficou patente em 2009. Naquele ano, em meio à forte redução da demanda, a Petrobras optou por manter os preços, elevando a queima em suas plataformas, quando a redução das cotações poderia resultar no aumento do consumo, evitando as perdas.
Esse desperdício de um bem escasso e não renovável mostra o desajustamento da política de preços da Petrobras para o produto.
Os reflexos dessa precariedade das políticas energéticas compõem mais uma faceta do custo Brasil. O elevado custo da energia -quase sempre onerado pela pesada carga tributária brasileira- e a falta de diretrizes claras que tornem mais previsíveis os rumos da oferta de energia no futuro são fatores que retiram competitividade da indústria nacional e deveriam ganhar destaque na agenda política.

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Trinta anos ao lado de Jah

Bob Marley continua o mais famoso cantor e compositor de reggae do mundo e ainda influencia artistas brasilienses Fonte: correioweb.com.br 11/05

Os regueiros estão de luto. A morte do maior símbolo do gênero jamaicano completa 30 anos hoje. Robert Nesta Marley, imortalizado como Bob Marley, faleceu em 11 de maio de 1981, em Miami, vítima de um câncer, com apenas 36 anos. Mesmo após a morte, o cantor jamaicano continua sendo o rosto mais popular do ritmo, com seus dreadlocks, sua dança e, principalmente, suas letras personificou as batidas marcantes do reggae. Após três décadas, seu estilo continua influenciando os músicos mais jovens, até mesmo aqueles que nunca viram o ídolo vivo.

Bob se foi, está ao lado de Jah, mas seu trabalho continua em alta. Composições como One love, Three little birds e Buffalo soldier continuam tocando em praticamente todas as festas e shows de reggae da capital federal. A cantora Izabella Rocha, de 35 anos, ex-Natiruts, atualmente na banda In Natura, acredita que a data de hoje é uma celebração da eternidade de Marley. “Depois da morte, não tenho dúvida, de que a obra dele ficou imortal. A imagem dele se tornou atemporal.”

Bob Marley começou a carreira no grupo The Wailers, com músicos como Bunny Wailer e Peter Tosh, ganhando fama na Jamaica. A carreira do cantor e, também, a história do reggae começam a mudar em 1973, quando ele assina com a Island Records, de Chris Blackwell. Com ajuda do empresário — que colocou o grupo no mercado do rock —, No woman no cry estoura e alavanca a carreira internacional de Bob, trasformando o músico no grande divulgador do ritmo no mundo.

Dessa forma, o reggae se espalhou pelos quatro cantos do planeta até chegar ao Brasil e, mais especificamente, a Brasília, onde começou a fazer a cabeça dos jovens da capital. Rogério Fagundes, 35 anos, é um desses exemplos. Durante o fim da década de 1980, o grupo Tijolada Reggae era cover de Bob Marley e só depois se aventurou em composições próprias. “Ele é a influência de quase todas as bandas da cidade. As coisas dele continuam atuais e verdadeiras. Bob é um clássico”, comenta o músico.

Os primeiros vinis de reggae que Nardelli Gifoni, 47 anos, escutou eram de Bob Marley. Isso no ano de 1977. A paixão foi tão grande que, em 1980, juntos de outros amigos, fundou o Sindicato do Reggae de Brasília, na Colônia Agrícola Bernardo Sayão, Guara 2, do qual é o atual presidente. Ao longo desses 31 anos, o local acumulou um dos maiores acervos do Brasil sobre o cantor jamaicano, com mais de 600 vinis e 1.500 CDs, além de livros e suvenires. “Conheci outras pessoas, fomos comprando os materiais disponíveis na cidade. Eram revistas, fitas, pôsteres, bandeira, camisetas, tudo sobre o rei do reggae. Com o tempo juntamos tudo isso que temos aqui”.

Gifoni recorda que no começo dos anos 1980 era muito difícil escutar as músicas do cantor jamaicano nas festas de Brasília. O presidente do sindicato lembra que ele e os amigos faziam um grande esforço para popularizar o ritmo na capital. “A gente levava a fita para as festas e ficava pedindo para o pessoal tocar. De vez em quando, eles ficavam bravos e rolava umas discussões, mas conseguimos mostrar o trabalho do Bob.”

Aos 17 anos, Izabella Rocha viu a capa de uma das várias coletâneas de músicas do Bob Marley. De imediato, ficou curiosa pela foto com aquele homem carregado de dreads. Após ouvir, apaixonou-se pelo ritmo e começou a trilhar o caminho do reggae. “É um bichinho que te pega. Virei regueira de carteirinha, comecei a viver isso.” Como toda apaixonada, a vocalista da In Natura cometeu algumas loucuras de amor. No meio de um cruzeiro, ela e dois amigos decidiram conhecer o túmulo do cantor durante uma parada na Jamaica. “O navio ancorou em uma cidade a duas horas do local. Fomos correndo e quase perdemos a embarcação. Poucas pessoas arriscariam tanto. Mas valeu a pena, a energia que eu senti estando perto dele foi maravilhosa”.

Bob Marley continua presente na vida de Izabella. O atual projeto da cantora, chamado In Natura, está carregado de influências e ensinamento do mestre. “A música do Bob tem uma essência revolucionária, é um ritmo que dialoga com vários outros gêneros, que se reinventa constantemente.”

Em 1994, o baixista e vocalista da Jah Live Original, Bruno Xavier, 29 anos, ouviu Bob pela primeira vez e resolveu aprender um instrumento para tocar reggae.

“Nós ainda vivemos em um mundo com desigualdades e problemas. As letras estão ligadas à realidade atual. Ele fala para todas as faixas etárias, jovens e velhos.”

Além do mito
Bob Marley foi mais do que um simples cantor. Foi, de certa forma, o ícone de um movimento político e filosófico que buscava divulgar uma mensagem de paz pelo mundo e de reação às mazelas sociais.

Por conta disso, teve de sair da Jamaica após sofrer um atentado — em dezembro de 1976, ele decidiu abandonar o país natal e morar na Inglaterra após um ataque orquestrado por algumas elites políticas locais.

O compositor era considerado um subversivo devido às suas canções que denunciavam a pobreza, a exploração e a miséria. Essa característica fica clara em trabalhos como Get up, Stand up e I shot the sheriff.

Nardelli Gifoni luta para propagar essas mensagens de Bob Marley. Ele acredita que isso é ainda maior que as músicas do cantor. “As pessoas precisam conhecer menos superficialmente o Bob. Atrás do reggae tem uma carga pesada, uma mensagem de paz e esperança muito forte. Injustiças que ele falava há 30 anos continuam atuais, temos que lutar contra isso”, afirma.


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CONGRESSO

Risco calculado no Código Florestal

Votação do projeto é adiada para hoje no Plenário da Câmara após uma mudança nas regras de cultivo em áreas de preservação permanente. Único entrave é a reserva legal Fonte: correioweb.com.br 11/05

A proposta do novo Código Florestal chega ao plenário da Câmara hoje com uma mudança no relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) que vai abrir brecha para que o governo interfira nas regras sobre cultivo em áreas de preservação permanente (APPs) por meio de decreto presidencial. O acordo costurado em reuniões durante todo o dia de ontem prevê uma lista de exceções às regras impostas na lei que, na prática, vão permitir que o Executivo autorize o plantio de produtos estranhos ao texto original e crie novos padrões para definir os tamanhos dessas áreas. “Esse detalhe da possibilidade de permitir a edição do decreto permite chegarmos mais perto de um consenso”, resume o relator.

Apesar do acerto sobre áreas consolidadas em APPs, a proposta da nova legislação ambiental vai à votação sem acordo em relação à exigência de reserva legal em propriedades com menos de quatro módulos fiscais. A questão deve ser decidida no voto. O tema é tão controverso que até lideranças envolvidas nas negociações desafinaram o discurso. Para o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), a posição da Casa Civil continuava sendo a de dispensar a reserva apenas para a agricultura familiar e cooperativas agrícolas. Já o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), afirmou que o governo concordou com a proposta do relator de isentar de recomposição da reserva legal todas as propriedades de até quatro módulos. O que muda, segundo o presidente, é a definição de reserva nas grandes propriedades. A exclusão de quatro módulos desse cálculo, como quer Aldo, não seria mais permitida.

Quanto à brecha negociada ontem para permitir que o governo edite novas regras para as APPs, o novo texto vai deixar que casos de interesse público e social definam novas autorizações para o cultivo de produtos. O ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, chamou até a oposição para conversar sobre o novo texto. Apesar de oficialmente o líder do DEM, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), ter dito que não era simpático à ideia, ninguém deve apresentar resistências para não atrapalhar mais uma vez a votação. “A gente quer ler o texto do relator para saber como vai tratar essa brecha. Em princípio, dar esse poder ao governo não nos agrada. Mas tudo vai depender da forma como será redigido”, diz o líder.

Longa negociação
O texto que será votado hoje envolveu longas negociações e grandes divergências ontem, quando comandantes do governo não pouparam tempo e esforço em dezenas de conversas e reuniões sobre o assunto. Entre lanches, cafezinhos e almoços de ministros com políticos, houve pouca disposição de ambos os lados cederem, mesmo com a retórica sobre a necessidade de consenso. Apesar dos impasses, a matéria entrou na pauta de hoje porque governistas e oposicionistas concordaram em votar o Código Florestal antes da Medida Provisória nº 521/2010, que facilita as licitações para as obras da Copa. Como a MP interessa — e muito — ao governo, impor sua votação somente depois da nova legislação ambiental ter sido apreciada é uma forma de forçar o Executivo a não criar entraves.

A preocupação com as resistências governistas tem razão de ser. Apesar de ter conseguido apoio para abertura das brechas nas APPs, o bom humor de Aldo Rebelo ao longo de todo o dia na Câmara demonstrava a desvantagem do governo na queda de braço com o relator. Amparado pela expressiva bancada ruralista, Aldo se recusou a alterar significativamente o relatório que vai à votação.

Às 18h, o deputado chegou ao seu gabinete para esperar um retorno da Casa Civil sobre os possíveis recuos do governo. Ele disse que havia “100%” de condições de votação e que pretendia concluir o relatório ainda na noite de ontem, o que permitiria a apreciação em plenário. Quinze minutos depois, quatro deputados que lideram a bancada ruralista apareceram: Luiz Carlos Heinze (PP-RS), Paulo Piau (PMDB-MG), Homero Pereira (PR-MT) e Valdir Colatto (PMDB-SC). Permaneceram por quase meia hora. Logo depois, o relator desistiu de redigir as mudanças imediatamente e foi para a reunião de líderes de mãos vazias. “Estamos negociando. Mas há coisas em que é impossível fazer acordos. Se alguém quiser mudar o que proponho, que apresente emendas. Qualquer um pode fazer isso”, disse o relator.

Manifestação
Um protesto de ambientalistas, na entrada do Salão Verde, movimentou ainda mais o dia em que seria votado o novo Código Florestal. Cerca de 30 pessoas — a maioria jovens ligados ao Greenpeace — portavam adesivos e protestavam com a frase: “Desliguem a motosserra”. Uma encenação foi feita no local: uma jovem com uma motosserra desenhada num papelão fingia serrar outra menina, que portava uma faixa com a inscrição “Código Florestal”. Não houve tumulto, apenas vaias por parte dos ruralistas — de terno e gravata — que estavam dentro do Salão Verde, na entrada do plenário.

MP critica as mudanças
O Ministério Público Federal (MPF) divulgou ontem um parecer técnico em que critica o substitutivo do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) que altera o Código Florestal. De acordo com o MPF, a proposta reduz a proteção ambiental, em benefício do setor agrícola, e anistia aqueles que degradaram o meio ambiente. A medida, segundo o MP, representa um “retrocesso na proteção ambiental”. “Não é porque uma lei não é cumprida, que se deva alterá-la. Essa lógica é perversa e, no presente caso, só traz prejuízos à proteção ambiental”, destaca o MPF. O órgão critica, ainda, a possibilidade de os produtores continuarem plantando em áreas protegidas até que a União e os estados elaborem o que o MPF chama de “improvável” Plano de Recuperação Ambiental.

Mais perto de um acordo
Governo e relator do novo Código Florestal fizeram as últimas costuras do texto que vai hoje à votação em plenário. Confira:

APPs
O que Aldo propôs

O último relatório do deputado permite que terrenos consolidados pela agricultura em áreas de preservação permanente (APPs) continuem cultivados, sem necessidade de recuperação do terreno perdido. Há interpretações dúbias sobre a extensão dessa permissão, inclusive às margens de grandes rios.

O que vai à votação
O relatório de Aldo vai especificar quais culturas serão permitidas em APPs às margens de rios, encostas e topos de morro, como café, maçã e uva, por exemplo. E permitir que o governo, por meio de decreto, permita novas culturas e defina os tamanhos das áreas plantadas em APPs.

Reserva legal
O que Aldo propôs

Propriedades com menos de quatro módulos fiscais ficam dispensadas de recompor a reserva legal. As propriedades maiores podem descontar os quatro módulos do cálculo.

O que vai à votação
O governo está dividido e não há consenso neste ponto. Deve prevalecer a proposta de Aldo na votação em plenário. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) sugeriu a dispensa apenas para cooperativas agrícolas e agricultura familiar. A Casa Civil também não teria concordado com Aldo. O presidente da Câmara, Marco Maia, diz que a dispensa será para todas as propriedades de até quatro módulos.

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CIDADANIA

Pela igualdade de direitos

Casais homoafetivos do DF se movimentam para regularizar a união, encorajados pela decisão do Supremo Tribunal Federal que reconhece legitimidade dos relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo Fonte: correioweb.com.br 11/05

O professor Evaldo Amorim, 37 anos, conheceu o auxiliar administrativo Sérgio Nascimento, 26, há cinco anos e meio em um bar no Parque da Cidade. Após seis meses de namoro, os dois resolveram morar juntos em um apartamento em Sobradinho. O casal nunca se interessou em formalizar o relacionamento porque não acreditava na existência de um instrumento legal que poderia garantir aos dois os mesmos direitos existentes para casais heterossexuais.

Com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de reconhecer a união estável entre pessoas do mesmo sexo, os dois pretendem registrar em cartório o compromisso que firmaram anos atrás. “Agora me sinto amparado por uma Justiça que concedeu direitos aos homossexuais historicamente negados pelo governo. É uma grande vitória, porque trouxe uma reflexão e a garantia de igualdade e cidadania”, comemorou Amorim.

Nascimento disse que ele e o companheiro devem ir ao cartório até junho porque pretendem organizar uma festa para comemorar a união. “No Brasil, esse reconhecimento foi o maior avanço que já ocorreu para garantia de direitos dos homossexuais. Por isso, precisamos comemorar”, destacou.

Procura grande
No Distrito Federal, parte dos tabeliões já registrava contratos de união homoafetiva, mas os documentos não eram tão amplos quanto no caso das uniões entre homem e mulher. Com a decisão do STF, casais homossexuais em situação de união estável poderão ter assegurados direitos como a comunhão parcial de bens e a pensão alimentícia (em caso de separação judicial).

Os casais também podem exigir judicialmente a inclusão do parceiro como dependente no plano de saúde e no Imposto de Renda. O parecer da Corte Suprema também facilita a aprovação jurídica em questões como adoção, licença-gala e direitos de herança.

Segundo o tabelião do Cartório do 1º Ofício de Notas e Registro do Núcleo Bandeirante, Emival Araújo, desde a última segunda-feira, a procura por informações sobre o assunto tem sido grande. “Pelo menos cinco pessoas têm ligado diariamente para saber o que precisa ser feito para conseguir a união estável”, informou.

As cabeleireiras Renata Barcelos, 30 anos, e Franciely Andrade, 23, possuem um contrato de união homoafetiva, mas também vão requerer a união estável. Juntas há quatro anos, elas se conheceram em um salão e após um mês já moravam juntas.

“Nos vimos e nos apaixonamos”, relembraram. Na avaliação de Renata, a decisão do STF é positiva por estender aos homossexuais os mesmos direitos dos heterossexuais.

“Somos cidadãos comuns e devemos ser reconhecidos. Essa decisão vai beneficiar as gerações futuras e melhorar a convivência da sociedade”, disse. Franciely estima que até agosto elas façam o registro em cartório. “Se a gente se casar e não fizer uma festa, os nossos amigos vão nos matar. A gente precisa de algum tempo para organizar a comemoração.”

AGORA É LEI

Veja os direitos assegurados pelos casais homossexuais após a decisão do STF:

» Fazer contrato civil de união estável

» Incluir o companheiro como dependente do plano de saúde

» Requerer pensão alimentícia

» Usufruir de benefícios previdenciários em virtude da condição de família

» Dividir bens constituídos ao longo da união

» Ter direito a herança, dentro das regras existentes

»
Usufruir dos bens no caso de um dos companheiros falecer

» Candidatar-se à adoção

» Fazer declaração conjunta do Imposto de Renda

» Desfrutar de visitas íntimas em presídios


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