sábado, 2 de abril de 2011

Livro didático utilizado em SP tem respostas na internet

Exercícios estão em 135 milhões de livros distribuídos na rede estadual

Endereços oferecem de graça as resoluções sugeridas presentes no material passado para os professores
Fonte: folha.uol.com.br 02/04



As respostas de exercícios presentes em 135 milhões de livros de apoio distribuídos a alunos da rede estadual de SP estão, indevidamente, disponíveis na internet. As respostas são as apontadas no material dos docentes.
Desde 2009, o governo de São Paulo distribui, a cerca de 3 milhões de estudantes, cadernos que podem ser usadas como lição de casa, atividades em classe ou até como avaliação. O material, que no ano passado custou aos cofres públicos R$ 75 milhões, visa ajudar a organização do conteúdo a ser dado. Cabe ao docente definir como usá-lo.
A Folha verificou haver endereços na internet que oferecem de graça as resoluções sugeridas presentes no material dos professores.
No Orkut, são mais de cem comunidades, uma delas com 300 mil membros. Também há blogs como o "Sem Repetentes", que tem respostas para todas as séries.
A Folha tentou, sem sucesso, contato com responsáveis pelos sites. Não foi possível verificar como obtiveram o material do professor.

PROBLEMAS
"Pedia lição de casa, trabalho para nota ou mesmo atividade em sala de aula e, ultimamente, vinha tudo certo", conta um docente de português do ensino médio. Ao conversar com alunos, soube dos links. "Eles nem precisam pensar mais."
Para o secretário-adjunto da Educação da gestão Geraldo Alckmin (PSDB), João Cardoso Palma Filho, como o material é basicamente de apoio, não há prejuízos.
"Não tem como impedir [a publicação]. Acontece com quem usa material pronto." Ele sugere que os docentes, a partir das resoluções, refinem explicações.
"O material já é simplificado. Com respostas, vira perda de tempo", diz Angela Soligo, professora da Faculdade de Educação da Unicamp. "O ideal é o docente ter liberdade para definir atividades. A padronização causa problemas como esse."
Segundo Regina Brito, professora da pós-graduação em educação da PUC-SP, "claro que há perda, mas o material não está todo perdido. A troca de informações entre alunos já é positiva".
Ela ressalta que, antes, estudantes conseguiam o livro do professor e passavam as respostas a colegas. "A questão é que a internet potencializou isso. O docente precisa ser criativo para, a partir das respostas, estimular os alunos em outras atividades."

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Declarações de Bolsonaro são "caso explícito de racismo", diz ministra

Fonte: correioweb.com.br 01/04



Agência Brasil

Publicação: 01/04/2011 13:21 Atualização: 01/04/2011 13:26

A ministra-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, considera que as declarações do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) sobre cotas raciais e a possibilidade de um filho se apaixonar por uma mulher negra são “caso explícitos de racismo”. “Não podemos confundir liberdade de expressão com a possibilidade de cometer um crime. O racismo é crime previsto na Constituição”, disse Luiza.

Para a ministra, “qualquer caso de discriminação deve ser repudiado”. Ela disse ainda que espera “firmeza” no posicionamento da Câmara dos Deputados. “O protagonismo é do Legislativo”, afirmou em entrevista ao programa Bom dia, Ministro, produzido pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) em parceria com a EBC Serviços.

“Cada setor do Estado e da sociedade deve assumir o seu papel no combate ao racismo. Nós devemos deixar para que a Câmara Federal encaminhe esse caso e tome decisões contra o deputado dentro das instâncias do Legislativo”, falou após participar do programa. “O crime tem que ser punido e tem que ser combatido em qualquer lugar, principalmente, se ele é cometido em um espaço como o Parlamento brasileiro.”

No início da semana, em entrevista ao programa CQC, da TV Bandeirantes, Jair Bolsonaro disse que “não viajaria em avião pilotado por cotistas nem aceitaria ser operado por médico [ex-cotista]”. Em resposta à cantora Preta Gil sobre a eventualidade de um filho ter envolvimento amoroso com uma mulher negra, o deputado respondeu: “não vou discutir promiscuidade. Eu não corro esse risco e meus filhos foram muito bem-educados e não viveram em ambiente como lamentavelmente é o teu”.

Luiza Bairros espera que “o Legislativo tenha capacidade de tomar a decisão mais coerente com o que tem sido discutido pelos movimentos negro e LGBT [lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros]”, destacou referindo-se a declarações homofóbicas também feitas pelo parlamentar ao programa de TV.

Para a ministra, as declarações do deputado não são surpreendentes no seu conteúdo. “Nós não devemos ficar assustados com esse tipo de declaração, é isso que o movimento negro tem denunciado nas últimas décadas. O que deixa a sociedade indignada é ela [declaração] ter partido de um deputado federal”, afirmou. Jair Bolsonaro é oficial da reserva do Exército e conhecido por sua defesa à ditadura militar (1964-1985).

Socióloga e ligada ao movimento negro, Luiza Bairros acredita que as manifestações racistas ocorrem na medida em que as pessoas negras vão se deslocando na sociedade e passam a ser vistas em lugares que eram historicamente ocupados por pessoas brancas. “Isso provoca reação. Para muitas pessoas, parece perda de espaço. Isso demonstra como ser branco na sociedade brasileira implica em determinados privilégios em detrimento dos direitos dos negros em geral”, avaliou.

Durante o programa Bom Dia, Ministro, Luiza Bairros disse que a Ouvidoria da Seppir monitora episódios e denúncias de discriminação e encaminha casos de manifestações racistas veiculadas na internet à Polícia Federal. O telefone da Ouvidoria da Seppir é (61) 3411-3685

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