PROCESSOS
Metas do Judiciário não foram cumpridas, diz estudo do CNJ Fonte: folha.uol.com.br 01/04
DE BRASÍLIA - O Judiciário não cumpriu as metas fixadas pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para 2010. Segundo levantamento divulgado ontem pelo conselho, dos 17,1 milhões de novas ações que ingressaram ano passado, 1 milhão não foi analisado.
O objetivo era zerar o estoque. O presidente do STF, Cezar Peluso, responsabilizou a falta de estrutura.
Segundo ele, o desempenho depende de "condições materiais nem sempre presentes e cuja responsabilidade não é do Judiciário".
O acúmulo de 2010 soma-se aos mais de 86,5 milhões de processos já na fila
Em 2010, houve aumento de 17% nas despesas de energia, telefone, papel, água e combustível. A expectativa era reduzir os gastos em 2%.
A explicação é que a Justiça Eleitoral ampliou os gastos, em função das eleições.
A corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, disse que o Judiciário precisa "calar a imprensa" com números.
"Ministro Peluso disse muito bem que nós precisamos calar a imprensa, que tanto vem falando sobre a atuação do Judiciário. Mas calar a imprensa não é com discurso. Nós só podemos mudar esse jogo apresentando números e trabalho", afirmou a corregedora.
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JUDICIÁRIO
Julgamentos engavetados
Tribunais não cumpriram a meta de trabalho do ano passado e começaram 2011 com 1 milhão de processos à espera de solução, segundo levantamento do CNJ. Bahia teve o pior desempenho, com 60% das ações ajuizadas
Fonte: correioweb.com.br 01/04
Os tribunais do país começaram 2011 com um acúmulo de quase 1 milhão de processos que não foram julgados ao longo de 2010. A morosidade da Justiça brasileira é destacada no levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), divulgado ontem. Segundo o documento, foram 17.140.203 milhões de novos processos e 16.150.882 milhões deles julgados. Na esfera estadual, o pior resultado é o do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), que julgou menos de 60% das ações ajuizadas.
Além da meta principal de julgar, ao longo de 2010, quantidade igual à de processos que chegaram aos tribunais, a Justiça também não conseguiu esgotar o estoque existente. O segundo objetivo do Judiciário era dar uma resposta a todas as ações que chegaram aos tribunais até 2006, incluindo as cortes estaduais, federais, superiores, trabalhistas, eleitorais, militares e de competência do tribunal do Júri até 2007. Os resultados mostram menos de 50% de efetividade nessa questão — foram julgados apenas 546 mil de1,2 milhão de processos. Os tribunais de Justiça do Rio Grande do Norte, Piauí e Ceará foram os mais lentos. O do Rio Grande do Norte julgou apenas 9,4% do acervo de processos de 2006.
Embora os resultados apontados pelo CNJ não sejam os ideais, a cúpula do Judiciário avalia os dados de 2010 como positivos. Para o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, os números não podem ser considerados de maneira isolada, fato que ele avalia como costumeiro. “Não se pode ouvir passivamente aquilo que a opinião pública, mediante a mídia, pensa do Judiciário. É importante explicar o que esses números significam no sentido de trabalho e dedicação.”
O ministro salientou a necessidade de reconhecer o esforço e as limitações dos tribunais. “Não é possível considerar os números de modo absoluto, é preciso perceber como eles espelham um trabalho extraordinário da magistratura e a tentativa de resolver problemas praticamente insolúveis”, afirmou.
A corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, também criticou a forma como o trabalho do Judiciário é noticiado. “Ministro Peluso disse muito bem que nós precisamos calar a imprensa que tanto vem falando sobre a atuação do Judiciário. Mas calar a imprensa não é com discurso. Nós só podemos mudar esse jogo apresentando números e trabalho”, ressaltou a ministra.
Pacto Republicano
Ontem, o presidente do STF recebeu os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Casa Civil, Antonio Palocci, para tratar do 3º Pacto Republicano, um acordo de cooperação política entre os Três Poderes, voltado para a apresentação de projetos de lei em prol da sociedade. A ideia de Peluso é de que as propostas do pacto sejam apresentadas ao Congresso até o fim de maio. Os projetos terão como foco o aumento do acesso da população à Justiça e o combate à impunidade.
Ficha Limpa vai para o TSE
Os ministros Celso de Mello e Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviaram ontem quatro recursos de candidatos barrados com base na Lei da Ficha Limpa para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na semana passada, o Supremo definiu que a lei não pode ser aplicada às eleições de 2010. Assim, caberá ao TSE determinar a posse dos candidatos que conquistaram votos para serem eleitos, mas estavam barrados com base na lei. Entre os beneficiados pela decisão de ontem está o ex-governador de Roraima Flamarion Portela (PTC), que se candidatou a deputado estadual.
Ação da OS interrompida
Um pedido de vista do ministro Luiz Fux interrompeu ontem o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a constitucionalidade da lei que trata das chamadas organizações sociais (OS). A ação foi proposta pelo PT e PDT, em 1998, que contestaram a legislação, assim como questionaram a norma que dispensa licitação para contratos entre governos e organizações. Relator do processo, o ministro Carlos Ayres Britto ponderou que sempre deve haver “licitação pública e objetiva” para a celebração dos contratos de gestão pelo Poder Público. Na retomada do julgamento, em data ainda não definida, nove ministros terão direito a voto.
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MILITARES
Tom mais sóbrio sobre 1964
Diferentemente de outros anos, em que os militares celebravam o 31 de março como conquista, desta vez a nota emitida às Forças Armadas teve tintas menos carregadas em relação ao golpe que propiciou a ditadura Fonte: correioweb.com.br 01/04
O 31 de março, data em que os militares comemoravam o golpe que derrubou o ex-presidente João Goulart, deixou de ter tanta relevância e está para perder defensores. O Clube Militar, que servia como porta-voz dos militares insatisfeitos, divulgou nota mais amena na comparação com anos anteriores, talvez retrato de o país ter hoje, no comando do Planalto, uma ex-militante torturada nos porões da ditadura. No comunicado, a entidade não fala de revanchismos nem do atual governo, apenas cita a “baderna” que teria conduzido ao golpe de 1964. Além do texto mais brando, o Comando do Exército passa para a reserva nos próximos dias três generais que causaram polêmicas com declarações, algumas delas referentes à data.
“À baderna, espraiada por todo o território nacional, associavam-se autoridades governamentais, entre as quais comandantes militares que procuravam conduzir subordinados à indisciplina e ao desrespeito aos mínimos padrões da hierarquia”, diz a nota de ontem. No comunicado, os clubes afirmam que existem esforços para “criar” versões diferentes para o ocorrido em 1964. Porém, em nenhum momento, como em anos anteriores, houve críticas à Comissão da Verdade, tentativa do governo de investigar ações contra os direitos humanos ocorridas durante o regime militar, nem citações ao revanchismo que estaria no ar, hipótese negada pela presidente Dilma Rousseff no discurso de posse.
Há pelo menos três anos o Exército não faz a Ordem do Dia. Em outros governos, muitas vezes a comemoração era criticada, mas nunca impedida. Hoje, a tendência é minimizar a data. O Clube Militar limitou-se a lembrar de ações das Forças Armadas na derrubada de Jango.
Generais
Os três generais que deixarão o Exército são considerados da ala mais moderada da força, mas pelo menos dois colocaram os militares em saia justa com o Planalto. O primeiro deles foi Antônio Gabriel Ésper, hoje comandante de Operações Terrestres. Em 2004, quando era chefe do Centro de Comunicação Social do Exército (Cecomsex), ele emitiu nota que tentava justificar a queda de Jango pelos militares. Para complicar, o então comandante do Exército, Francisco Albuquerque, não estava no Brasil e não teria autorizado o comunicado, da mesma forma que o ex-ministro da Defesa José Viegas.
Considerado um dos generais mais cultos do Exército, Augusto Heleno Ribeiro Pereira é um dos defensores da soberania da Amazônia e atuou durante anos como comandante militar na região. Numa palestra sobre o tema, ficou célebre por fazer críticas ao governo, principalmente à política indigenista, durante a demarcação da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima. Chamado a dar explicações, escapou de sanções em função de sua ficha funcional. Da ala intermediária entre moderados e linha-duras, foi o primeiro comandante das tropas brasileiras no Haiti. À época, discordou da forma como a comunidade internacional tratava a situação no país caribenho.
O atual chefe do Estado-Maior do Exército, Marius Teixeira Neto, também vai deixar a força. Ele comandou várias unidades, principalmente em sua área, a de engenharia. O quarto general que iria deixar a farda nos próximos dias seria o general José Elito, hoje ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Ao assumir o cargo, ele adiou o descanso. Elito foi repreendido pela presidente Dilma Rousseff no segundo dia de governo por ter se pronunciado sobre o regime militar em 1º de janeiro. Ele sustentou que o país não precisava se envergonhar dos desaparecidos políticos, que eram um “fato histórico”.
Comissão da discórdia
A Comissão da Verdade não é unanimidade dentro e fora do governo desde o início das discussões, no início do ano passado. A possibilidade de, com ela, investigar as possíveis atrocidades da ditadura e reabrir processos esquecidos não agrada os militares, que classificam o ato como revanchismo. Setores das Forças Armadas alegam que a anistia, que beneficiou presos e perseguidos políticos, também serviu para os militares. Investigar o passado, contudo, é defendido pelo setor mais à esquerda do governo e conta com apoio de grande maioria do Ministério Público.
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CARLOS HEITOR CONY
A arte de fazer o mesmo filme
Federico Fellini, Charles Chaplin e Luis Buñuel são autores que transmitiram sempre o mesmo recado
Fonte: folha.uol.com.br 01/04
AO PUBLICAR "Fare un Film" (Einaudi Editore), Federico Fellini (1920-1993) não chegou a fazer um livro. Os outros é que fizeram por e para ele. Na verdade, é uma coletânea fragmentada de algumas reportagens já publicadas na Europa, trechos de gravações feitas com amigos, enfim, desabafos, gritos e confissões que seriam mais interessantes se, por trás das palavras, não estivesse um homem que, preferindo imagens, não gosta de palavras. O livro está longe de ser uma autobiografia, uma gramática do cinema, um ensaio estético.
É tudo isso junto, mas de forma felliniana, um caos administrado pelo delírio de um artista que até hoje (conforme ele próprio confessa) está fazendo um único filme ao longo de várias tentativas.
O mesmo podia ser dito em relação a Charles Chaplin (1889-1977) e Luis Buñuel (1900-1983): são autores obsessivos que contam sempre a mesma história, transmitem o mesmo recado. Chaplin, Buñuel e Fellini são inventores máximos, chegaram a inventar a própria memória:
"Agora o filme está pronto. Eu o abandono com tédio. São imagens, apenas imagens. Imagens que eu filmei usando os mesmos materiais, talvez solicitado, vez ou outra, por um ponto de vista diverso. Não é a memória que predomina em meus filmes. Dizer que minha obra é autobiográfica é uma facilidade, um conceito arbitrário. Eu inventei quase tudo: uma infância, uma personalidade, nostalgias, sonhos, recordações".
As primeiras páginas de "Fare un Film" parecem anunciar essa mesma memória que os admiradores de Fellini tanto curtem. Ele começa falando de Rimini, sua cidade provinciana e mítica, dos personagens que passeiam em seus filmes: os boas-vidas de "I Vitelloni"; o idiota Juízo; a emancipada Gradisca; a prostituta da praia que se vende aos pescadores por um punhado de sardinhas ("Saraghina"), que está presente em "Oito e Meio" e "Amacord"; os professores do ginásio, os pais, o cinema Fulgor, o trem que parte em direção a Roma.
Num livro de cineasta, o que mais importa são as revelações a respeito do background de cada filme, suas motivações, embaraços, alegrias e frustrações. Exemplo: a história da filmagem de "E o Vento Levou..." está ficando mais importante (e interessante) do que o próprio filme. Felizmente, Fellini é boquirroto, fala tudo a que tem direito, passa recibo sem nenhum pudor a proteger o mistério de sua criação.
Fica difícil adivinhar que diretores Fellini invejava. Tirante Roberto Rossellini (1906-1977), ele parece desprezar os demais, respeitando-os apenas como profissionais. Nas páginas iniciais do livro, ele admite que não teve a formação habitual de um cineasta. Entrou para o cinema sem ter visto os clássicos, não conhecia F.W. Murnau (1888-1931), Carl Theodor Dreyer (1889-1968), Sergei Eisenstein (1898-1948).
Cinema, para ele, era a tela do Cinema Fulgor, em Rimini, onde via e revia "Maciste all Inferno", dramalhões que se passavam na Grécia ou na Roma Antiga, com os canastrões nacionais ou provincianos.
Grande parte -e talvez a melhor parte- do livro de Fellini é dedicada ao "clown", em parte porque o diretor curte mesmo esse gênero de arte. Fellini diferencia o "clown branco" do "augusto" que é o palhaço propriamente dito. O "clown branco" simboliza o poder, a mãe, a escola, a igreja, a moral, a sociedade, diz o que pode e o que não pode, ensina que deve ser feito. O "augusto" é o homem em estado bruto, a criança, que faz ou não faz o que não pode nem deve.
Fellini arrola personalidades distribuídas em extensa página, é o melhor trecho de seu livro. Admira Carlitos, Buster Keaton, o Gordo e o Magro, que conseguem ser, eles sozinhos, "augustos" entre si mesmos, sendo o resto do mundo um imenso "clown branco". Fellini chama a atenção para um detalhe que nunca foi estudado na dupla Gordo e Magro: a assexualidade. Numa época em que a lei da decência obrigava o cinema a colocar os casais em camas separadas, o Gordo e o Magro dormiam na mesma cama.
Admirações à parte, quem Fellini mais admira é ele próprio. Submetido a uma experiência com LSD, passou oito horas falando de si mesmo, numa verborragia delirante que, gravada por amigos, não conseguiu ser ouvida nem por ele mesmo. Falou muito, mas disse pouquíssima coisa. No fundo, é também uma imagem na retina de duas gerações.
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Partidos querem limitar ação da Justiça Eleitoral
Objetivo de PT e aliados é reduzir interferência do TSE no processo eleitoral
Decisões da corte que mudaram as regras fixadas pelo Congresso no passado causam incômodo em políticos
Fonte: folha.uol.com.br 01/04
Os partidos da base de apoio ao governo no Congresso estão estudando maneiras de limitar o poder da Justiça Eleitoral, incomodados com sua atuação nas últimas eleições.
A ideia é restringir, por meio de lei, as atribuições do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), impedindo que o tribunal fixe regras eleitorais diferentes das estabelecidas pelo Congresso.
Alvo de debate na base governista, a proposta partiu do PT. "É mais um ponto na agenda da reforma política", disse o líder do partido na Câmara, Paulo Teixeira (SP).
"Hoje, há enorme preocupação com o exagerado poder normativo da Justiça Eleitoral e uma enorme insegurança política", afirmou.
O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), disse que há uma insatisfação no Congresso com o poder concentrado pelo TSE.
A possibilidade de inibir a atuação do tribunal foi objeto de uma reunião das bancadas do PT na terça-feira, com a presença de Teixeira, do líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), e do secretário-geral do PT, Elói Pietá.
Na tarde de quarta-feira, parlamentares petistas se reuniram com o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, para consultá-lo.
Segundo participantes, Palocci manifestou simpatia pelas propostas do PT, mas ressalvou que ouvirá a presidente Dilma Rousseff antes de se posicionar.
O Código Eleitoral delega ao TSE a tarefa de definir "instruções" para "fiel execução" das "normas destinadas a assegurar a organização e o exercício de direitos políticos" no país.
A Lei Eleitoral (9504/97) determina que, até o dia 5 de março de cada ano eleitoral, o TSE baixe instruções para a disputa,"sem restringir direitos ou estabelecer sanções distintas das previstas".
INFIDELIDADE
Na opinião dos parlamentares, a Justiça Eleitoral, no entanto, extrapola sua competência ao fixar regras eleitorais em suas resoluções.
Um exemplo apontado por deputados como emblemático foi a decisão de exigir, em 2002, que os partidos reproduzissem nos Estados as alianças nacionais, a chamada verticalização. Na época, a medida foi encarada como uma tentativa de prejudicar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência.
Foi também o TSE que fixou os critérios para cassação de mandato em caso de troca de partido -a infidelidade partidária- e suas exceções. Graças à regra, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, deixou o DEM sem risco de perda de mandato.
As resoluções do TSE preveem todas as regras para propaganda eleitoral, como a que, em 2010, fixou limite de quatro metros quadrados para faixas e cartazes.
Embora tenham um diagnóstico do problema, líderes da base admitem que ainda não está pronta a fórmula para sua solução.
"Precisamos fechar as brechas que permitem que a Justiça exceda sua competência", afirmou o líder do PR, Linconl Portela (MG), para quem a omissão do Congresso permitiu a atuação do TSE.
Líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) defende uma saída simples: que o Congresso fixe as regras, impedindo que a Justiça ocupe suas funções.
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Brasil tem um dos piores índices de proficiência em inglês do mundo
Entre os países dos BRIC, brasileiros só foram melhores que os russos
Fonte: The New York Times 31/03/11
São Paulo – O Brasil ostenta um dos piores índices de proficiência na língua inglesa do mundo. É o que indica pesquisa da escola e agência de intercâmbios Education First (EF).
De acordo com o estudo, os brasileiros receberam nota média de 47,27 no índice English Proficiency Index (EPI) – desempenho inferior ao apresentado por participantes de países como Argentina, Costa Rica e República Tcheca.
Com isso, o Brasil conquistou a 31ª posição em ranking de 44 países que não têm o inglês como língua oficial.
Entre os BRICs, o país ficou apenas na frente da Rússia. China e Índia levaram, respectivamente, nota média de 47,62 e 47,35 – índices também considerados baixos pela pesquisa.
Para chegar a esses resultados, a instituição avaliou o desempenho de 2 milhões de pessoas de 44 países diferentes em quatro testes online de proficiência em inglês elaborados pela agência.
“Os exames abordavam questões de gramática, compreensão auditiva, leitura e vocabulário”, afirma Julio de Angeli, vice-presidente da EF Englishtown para a Europa e Américas.
Latinos
Mas o Brasil não foi o único a decepcionar nos índices de proficiência em inglês. A América Latina foi a região que teve o pior desempenho entre os países analisados.
A Argentina foi a melhor colocada entre os países da região com nota de 53,49. No ranking latino, o Brasil ficou com a 6ª posição – à frente do Chile, que possui uma política de Estado voltado para o ensino de inglês.
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Estudo mostra que estigma em relação à obesidade está se disseminando pelo mundo Fonte: The New York Times 31/03/11
No México, a mais recente campanha de saúde pública contra a obesidade mostra pessoas com barrigas avantajadas comendo alimentos gordurosos.
“Eu sempre achei que a culpa é mesmo das pessoas obesas”, diz Sergio Miranda, 35, um engraxate na Cidade do México. “Essas pessoas simplesmente comem coisas que as deixam gordas, como pão e pizza”.
Miranda diz que não percebe realmente se os seus clientes são obesos. Mas ele não deixa de observar a quantidade de pessoas gordas quando está dentro de um ônibus municipal lotado.
“Os gordos ocupam bastante espaço”, explica Miranda. “As pessoas ficam irritadas com o desconforto”.
Em um momento no qual autoridades mundiais da área de saúde estão intensificando os esforços no sentido de fazer frente ao problema da obesidade como uma preocupante ameaça à saúde pública, alguns pesquisadores estão advertindo para um perturbador efeito colateral: o estigma crescente em relação às pessoas obesas.
“Podemos divulgar muitas coisas para ajudar as pessoas com esse problema em todo o mundo. Mas não queremos enviar uma mensagem vinda da área de saúde pública que transmita uma imagem realmente negativa em relação ao corpo do indivíduo e promova a falta de autoestima”, diz a médica Alexandra Brewis, diretora executiva da Escola de Evolução Humana e Mudanças Sociais da Universidade do Estado do Arizona.
Brewis e os seus colegas concluíram recentemente um estudo conduzido em vários países com o objetivo de obter um panorama do ponto de vista internacional em relação ao peso e à imagem que se faz do corpo. As conclusões foram perturbadoras, indicando que os pontos de vista negativos em relação às pessoas que estão acima do peso poderão em breve tornar-se a norma cultural em certos países, incluindo locais onde os corpos rechonchudos e grandes eram tradicionalmente tidos como atraentes, segundo um novo artigo publicado no periódico “Current Anthropology”.
Os pesquisadores apresentaram aos entrevistados afirmações contendo vários graus de estigmatização da obesidade, e pediram a estes que respondessem “falso” ou “verdadeiro”. O teste incluiu declarações como, “As pessoas são gordas porque são preguiçosas”, ou “Algumas pessoas estão fadadas a serem obesas”.
Utilizando em sua maioria entrevistas pessoais, suplementadas com perguntas feitas pela Internet, os pesquisadores avaliaram os pontos de vistas de 700 pessoas distribuídas por dez países, territórios e cidades, incluindo Samoa Americana, Tanzânia, México, Porto Rico, Paraguai, Argentina, Nova Zelândia, Islândia e dois locais no Arizona e em Londres.
Brewis diz que já esperava que altos níveis de estigma em relação à gordura surgissem na chamada “Anglosfera”, ou seja, países de língua inglesa, incluindo Estados Unidos, Reino Unido e Nova Zelândia, bem como na Argentina, onde existe grande conscientização em relação ao corpo. Mas o que ela não esperava era a intensidade com que as pessoas nos outros locais em que o teste foi aplicado manifestaram uma atitude negativa em relação ao peso. Segundo Brewis, os resultados indicam que existe uma “globalização do estigma da gordura” surpreendentemente rápida.
“A mudança ocorreu com uma rapidez muito grande nesses locais”, diz ela.
É verdade que as piadas e as opiniões negativas em relação ao peso existem há muito tempo. No México, por exemplo, um apelido como “gordo” não provoca nenhuma estranheza.
Mas o que parece ter mudado é o nível das críticas e acusações contra as pessoas gordas. Um motivo para isso pode ser o fato de as campanhas de saúde pública que apresentam a obesidade como uma doença serem algumas vezes percebidas como críticas a indivíduos e não aos fatores ambientais e sociais que provocam o aumento de peso.
“Muitas mensagens negativas na área de saúde trazem consigo uma grande carga de mensagens morais negativas”, explica Brewis.
Surpreendentemente, os níveis de estigma foram mais elevados nos locais em que antigamente eram registradas as opiniões mais positivas em relação aos gordos, incluindo Porto Rico e a Samoa Americana.
O médico Stephen McGarvey, professor de saúde comunitária da Universidade Brown que estuda questões de saúde da Samoa, observou que, 25 anos atrás, os indivíduos daquela regiões aos quais se mostravam silhuetas de pessoas magras e gordas, tinham uma opinião mais positiva em relação aos corpos avantajados (a exceção eram as mulheres jovens e de alto nível educacional, que demonstravam uma preferência pelas silhuetas mais esguias).
McGarvey diz que são necessários estudos mais amplos para que se determine até que ponto isso mudou, e que é importante que as campanhas de saúde pública que têm como objetivo reduzir a incidência de diabetes e hipertensão arterial não acabem criando imagens negativas dos indivíduos obesos.
“Um campanha pública do tipo 'Você pode mudar' ou 'Isso é culpa sua' pode ser extremamente contraproducente”, alerta McGarvey. “O estigma é uma coisa séria”.
O que a nova pesquisa não deixou claro foi até que ponto o estigma em relação à gordura encontra-se disseminado. Tendo incluído apenas 700 pessoas, o estudo não se constitui em uma amostra representativa de cada país e reflete apenas um quadro geral dos pontos de vista culturais nas áreas estudadas. Além disso, a pesquisa só envolveu locais selecionados, não tendo incluído nenhum país asiático ou árabe.
Na Índia, por exemplo, o fato de uma pessoa apresentar sobrepeso ou ser obesa está associado à classe média ou à riqueza, diz o médico Scott Lear, professor de ciências da saúde da Universidade Simon Fraser, em Vancouver, na província canadense de Colúmbia Britânica. Mesmo assim, Lear, que está estudando o crescimento da obesidade infantil naquela província e em todo o Canadá, concorda que há um potencial para a estigmatização.
“Nos países desenvolvidos nós sabemos que as pessoas obesas têm menos sucesso, bem como menos chances de se casarem e de serem promovidas”, diz ele.
Nisha Somaia, 38, que mora em Nova Déli e que criou a primeira rede de lojas de roupas para mulheres obesas na Índia, diz que as críticas dirigidas às pessoas obesas são muitas vezes diretas e ostensivas. “Na Índia, obesidade é sinônimo de preguiça e de comédia”, diz Somaia.
Marianne Kirby, de Orlando, no Estado da Flórida, que administra o blog de aceitação da obesidade TheRotund.com, diz que a aparente disseminação do estigma em relação à gordura não é uma surpresa, ao se levar em conta a tendência mundial de classificar a obesidade como um grande ameaça à saúde.
“A mensagem fundamental que estamos disseminando pelo mundo é que as pessoas gordas merecem a vergonha que sentem pelo fato de colocarem em risco a própria saúde”, diz Kirby, coautora do livro “Lessons From the Fat-o-Sphere”. “Nós temos difundido esta mensagem durante muito tempo. Eu não creio que ninguém esteja imune a ela”.
Brewis observa que são necessários muito mais estudos para que se determine a extensão do estigma em relação à gordura e como isso está afetando as vidas dos indivíduos. Ela chama atenção para o fato de que o seu estudo foi elaborado apenas com o objetivo de detectar pontos de vista culturais em relação à obesidade e eles não mostram se as pessoas estão experimentando mais discriminação social ou no local de trabalho como resultado do estigma em relação à gordura.
“Eu creio que a próxima grande questão é determinar se isso vai criar uma grande quantidade de sofrimentos que não existiam antes”, diz Brewis. “Eu acho que é importante pensarmos em criar imagens de saúde em torno da obesidade que não exacerbem o problema”.
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