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Carta a Dilma acusa ministra de sabotar debate cultural Fonte: folha.uol.com.br 28/04
DE SÃO PAULO - O Coletivo Mobiliza Brasil, que reúne entidades ligadas à cultura, divulgou uma carta aberta à presidente Dilma Rousseff solicitando uma audiência para debater as políticas desenvolvidas pelo Ministério da Cultura desde o início de sua gestão.
A carta manifesta apoio às políticas desenvolvidas durante o governo Lula e acusa a ministra Ana de Hollanda de atuar contra os projetos da gestão anterior, como a reforma da Lei de Direito Autoral e a produção do Plano Nacional de Cultura.
Pablo Capilé, diretor do portal Fora do Eixo e um dos signatários da carta, diz que "a carta foi escrita de forma coletiva e surgiu da indignação de diversos grupos com as práticas atualmente em curso do Ministério da Cultura".
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Reforma da nova sede do MAC deve acabar no final de maio
Obra do antigo prédio do Detran está 85% pronta, diz engenheiro Fonte: folha.uol.com.br 28/04
Cerca de 300 homens trabalham intensamente para o término das reformas na nova sede do Museu de Arte Contemporânea da USP, no antigo prédio Detran.
Prometida para junho de 2009 e depois adiada várias vezes, a última para fevereiro passado, a entrega do prédio deve ser realizada no fim do próximo mês.
"Reformar um prédio dos anos 1950 e ainda tombado é muito difícil; para atender às novas regras de acessibilidade, por exemplo, precisamos realizar operações complexas, uma das razões do atraso", explica Osvaldo Padilha Júnior, engenheiro responsável pela obra na Secretaria de Estado da Cultura.
Ele estima que 85% do trabalho esteja pronto. "Dificilmente vamos ter novos atrasos", garante.
Anteontem, a Folha acompanhou uma visita do secretário de Cultura do Estado, Andrea Matarazzo, ao local. Ele e seus convidados precisaram subir a pé os oito andares do edifício, pois a eletricidade definitiva não havia sido conectada.
"Olha só essa paisagem. É um local privilegiado para ver o Ibirapuera. Será o melhor museu da cidade", disse o secretário.
A Secretaria de Cultura está gastando R$ 76 milhões na reforma do prédio, criado por Oscar Niemeyer nos anos 1950 e no qual funcionava o Detran. O próprio Niemeyer fez um projeto para o novo edifício, orçado em R$ 120 milhões, mas o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo vetou a proposta.
Foi preciso se manter fiel ao projeto original, o que levou, por exemplo, à instalação de brise-soleil (quebra-sol) em toda a fachada.
O diretor do MAC, Tadeu Chiarelli, disse à Folha que, após a entrega, serão necessários três meses para a ocupação do espaço. Com isso, a inauguração deve ocorrer em agosto ou setembro.
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PERFORMANCES
Protestos políticos e poéticos
Projeto Fora do Eixo invade a cidade com intervenções artísticas que surpreendem o brasiliense
Fonte: correioweb.com.br 28/04
A cena foi bizarra. Pendurado pelo pescoço em uma corda na plataforma da Rodoviária sentido Torre de TV-Esplanada dos ministérios, um corpo chamava atenção de quem passava pelo local por volta das 17h30 da última terça-feira. Alguns logo entenderam a encenação. “É o Luís Estevão. Representa os políticos. Já vi de tudo nessa Rodoviária e têm coisas que você nem imagina, mas isso nunca!”, divertia-se Antônio Maria, 58 anos, vendedor ambulante e morador de Planaltina. “Seria mais interessante se fosse real. Essa corda aí pegou foi ficha limpa, porque os ficha suja tão tudo voltando (sic).” Na plataforma inferior, uma atriz disfarçada de repórter de televisão encenava uma suposta personagem sobre o político enforcado.
A performance dos grupos Coletivo de Artistas e W3 faz parte da programação da semana Fora do Eixo, que pretende transformar a cidade em palco alternativo de manifestações culturais de artistas de Brasília e outros estados até o final da semana. “Nossa ação foi quase um set de cinema”, explica William Lopes, um dos idealizadores da performance. “A ação mesmo vai começar a rolar agora. Vamos veicular vídeos como se fosse um grupo guerrilheiro que está enforcando os políticos corruptos. Queremos passar outra imagem, mostrar que Brasília tem gente que se posiciona, que não é só uma cidade de playboy que queima índio.” Ocupar espaços do Plano Piloto com protestos políticos mobiliza Lopes, que também é ator, desde o ano passado, quando escalou a parede de um ministério durante o Cena Contemporânea.
As performances do Fora do Eixo ocuparam também a Praça do Museu, em frente ao Museu da República. A bailarina gaúcha Daggi Dornelles intrigou os adolescentes skatistas que se apropriam do lugar diariamente como pista de prática. Vestida de branco, Daggi forrou um banco com lençóis brancos e dançou sobre o cimento depois de varrer o chão da praça. “Que parada é essa?”, quis saber João de Castro, 17 anos, skatista e morador de Vicente Pires. Depois de uma explicação da coordenação do evento, informou aos amigos: “Manjei. É uma parada alternativa. Uma coisa fora do que a maioria ouve e vê”.
É essa reação que Daggi adora. A performance O passar em branco consiste em interagir com espaços urbanos escolhidos aleatoriamente. A bailarina diz buscar a cidade como corpo parceiro. Em Brasília, sentiu-se oprimida pelo cimento e deu à performance o subtítulo de Pele sobre cimento em Cerrado. “Sinto falta de pele no cimento”, explica. A servidora Denise Silva não entendeu muito bem a ação, mas parou para observar enquanto atravessava a praça em direção à Rodoviária. “Parece uma sessão de fotos de uma apresentação artística”, arriscou. “Na Esplanada acontecem muitas coisas que não sabemos explicar.”
Acorrentado
Quem viu o argentino Santiago Cao acorrentado em diferentes locais da Esplanada realmente não conseguiu explicar muita coisa. Durante a performance O sonho da casa própria, Cao não falava com ninguém. Acorrentado a uma fechadura pregada sucessivamente em paredões em frente ao Museu da República, Teatro Nacional e Ministério do Planejamento, a intenção de Cao era se apropriar dos lugares e fingir que eram seus até que alguém resolvesse libertá-lo ao passar a chave na fechadura. No fim da tarde de terça, o artista assustou bombeiros e polícia.
O brigadista Claudiomiro Rodrigues tentou conversar com o rapaz. “Perguntei se ele falaria caso eu abrisse a fechadura. Ele riu. Abri e ele não falou. Tranquei de novo”, conta o brigadista. Outro colega, que preferiu não se identificar, não entrou no jogo e se irritou. “Mais um igual ao cara da bandeira”, bradou, ao lembrar do episódio do rapaz que subiu no mastro da Praça dos Três Poderes e ateou fogo à bandeira há duas semanas. Mas Cao interrompeu a performance abruptamente. Ficou zangado com a organização do evento, que só chegou para registrar a ação no fim da tarde. O rapaz também não gostou da presença da reportagem, apesar da performance ser uma exposição em local público de muito movimento. Performance é arte do imprevisto, da interação e da surpresa. É raro o artista ter domínio de toda a apresentação e poucos querem roteiros rígidos e definidos, que poderiam limitar a interação do público.
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O IMPÉRIO AVISA: NÃO TEM REFRESCO
Presidente do Banco Central norte-americano, Ben Bernanke, reiterou aos bons entendedores que a prioridade do império é o império. Fonte: cartamaior.com.br 28/04
Os EUA manterão a taxa de juro negativa pelo tempo que for necessário; proverão elevada transfusão de liquidez aos mercados para lubrificar a digestão de dívidas incomensuráveis acumuladas por bancos, rentistas e famílias de classe média, surpreendidos pela crise de 2008. Obama não vai abandonar a nação quebrada no purgatório falimentar em plena campanha pela reeleição. A dívida decidirá o pleito: republicanos querem empurrá-la goela abaixo do Estado e dos pobres com cortes orçamentários que ressuscitam o espírito da secessão escravocrata. A opção de Obama é a diluição em banho-maria, menos incisiva, mas de purgação longa e perigosa, cujo ônus terá que ser pago por alguém: o mundo. Dissolver esse imenso Big Mac financeiro sem corroer mortalmente o estômago da economia requer refinanciamento a juros baixos, plausível com oferta superlativa de dinheiro barato. A taxa de juro reafirmada pelo FED é de 0,25% para uma inflação em torno de 2%. Juro negativo. O oposto do que ocorre no Brasil, onde a Selic orbita em torno de 12% e a inflação testa o degrau de 6% ao ano: juro real de 6%. A distancia abissal atrai avalanches de capitais especulativos. É isso que nos devora. O resto deriva por gravidade. Não há mecanismo de mercado capaz de equilibrar um organismo econômico que oferece ao rentismo mundial um ponto de fuga desse calibre. Ademais, o que se denomina generosamernte de ' livre mercado' tem em Ben Bernanke um guarda-de-esquina vigilante e aplicado. Se alternativa há ela é política. E passa por uma nova agenda que inclui controle de capitais e redução de juros. Ou seja, o oposto do que apregoa a pátria rentista tropical.
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Nossa Olímpia
Formada na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, Anastácia Custódio, protagonista do fenômeno Trair e coçar é só começar, comemora as mil apresentações que já fez da peça Fonte: correioweb.com.br 28/04
A empregada doméstica mais famosa do teatro brasileiro já varou a noite no Conic, ensaiando o sonho de se tornar atriz. Deliciava-se no Mutirão de Arte que tomava conta do metro quadrado mais pulsante do Plano Piloto, transformando-o num efervescente território cultural. Arrebitava o nariz quando lembrava que teve a honra de inaugurar a Sala Conchita de Moraes com Inspetor geral, e tinha suspiros ao encontrar, nos corredores e elevadores da faculdade, o mito Dulcina de Moraes — ali em carne, osso e perfume francês.
— Ah, era um presente dos deuses do teatro, conta Olímpia, ou melhor, Anastácia Custódio, que desde 2005 encarna a espevitada serviçal, que faz de Trair e coçar é só começar, de Marcos Caruso, um dos fenômenos do teatro brasileiro no século 20.
Dona de um recorde registrado no Guinness book (edições de 1994 a 1997), como o espetáculo de maior temporada ininterrupta do teatro nacional, a peça está para a história artística de Anastácia Custódio assim como a atriz para a lista de célebres atrizes que viveram Olímpia. Suely Franco, Marilu Bueno, Ana Rosa, Denise Fraga, Vic Mitello e Iara Jamra foram algumas das 13 Olímpias que Trair e coçar teve em 25 anos de palcos, com seis milhões de espectadores em cerca de nove mil apresentações.
— Não sei precisar quantas sessões já fiz ,mas, com certeza, já foram mais de 1.000. Antes de assumir o papel, em junho de 2005, eu já substituía esporadicamente a Carlinha (Fioroni), que fazia a Olímpia nessa época. Só de 2005 pra cá, foram mais de 900, contabiliza.
Anastácia Custódio se encontrou com Olímpia pela primeira vez em São Paulo. Ela na poltrona; a personagem, no palco, dando o show de confusões que movimenta a comédia de costumes de Marcos Caruso. Ela riu de se esbaldar e, ao fechar as cortinas, foi enfrentar os desafios da vida. O maior deles: estabelecer-se como atriz, numa das mais concorridas praças do mercado brasileiro. Certa vez, estava matriculada no curso de interpretação de Attílio Riccó, o diretor de Trair e coçar, quando a produção apontou a necessidade de uma intérprete para ser stand in (eventual substituta) da empregada.
— Fui fazer o teste e passei. Jamais imaginei que um dia fosse fazer Trair e coçar, ainda mais a Olímpia, que é um grande presente pra carreira de qualquer intérprete. É uma personagem riquíssima e um grande desafio diário. Não há como não se tornar uma atriz melhor depois dessa experiência. Aliás, graças ao talento do Marcos Caruso, o Brasil tem esse marco que é o Trair e coçar na história do teatro.
Como Dulcina
Com o papel de Olímpia, Anastácia Custódio passou a experimentar o sonho de viver de teatro. As turnês se emendavam Brasil afora, algumas com apresentações de terça a domingo, como era nos tempos da companhia de Dulcina de Moraes e Odilon Azevedo. Em algumas cidades, havia sessões duplas, e, às vezes, a temporada ocupava dois teatros diferentes no mesmo município. Em São Paulo, por exemplo, ela fazia Olímpia quarta e quinta na Zona Norte e, de sexta a domingo, na Zona Sul. O trabalho corrido, no entanto, nunca maculou o que há de mais sagrado no teatro: o encontro do artista com o público.
— Todos os dias, sem exceção, sinto um frio na barriga. O nervosismo e a insegurança estão sempre presentes. Aliás, é essa insegurança que nos motiva a buscar o acerto a cada espetáculo. Todas as noites, assim que saímos do palco, comentamos a peça sugerindo alterações, ajustando cenas, corrigindo falhas etc. Acho fundamental para manter o frescor da montagem e, tudo isso, aliado aos ensaios que acontecem periodicamente.
Diariamente, Olímpia ensina à Anastácia o traquejo de enfrentar teatros lotados e fazer uma multidão rir em uníssono como se ela fosse uma maestrina que rege um concerto afinado. A atriz conta que aprendeu raras lições com a personagem.
— Como pessoa, valorizei ainda mais a essência de cada ser humano. E percebi a riqueza da simplicidade. Como atriz, tive a certeza de que, quanto mais exercitamos, mais temos a aprender.
Não à toa, Anastácia adora a frase que Olímpia responde ao patrão, Dr. Eduardo, quando este lhe pede um certo favor:
— Ela diz que pode fazer, mas tem um pequenino porém: “Levanta o polegar, estica o indicador e agora esfrega.”
Evoé, Olímpia!
BODAS DE PRATA
» O texto de Trair e coçar é só começar, de Marcos Caruso, acaba de sair numa edição comemorativa de 25 anos. Anastácia Custódio comemora a publicação. Lembra que antes só os atores e técnicos tinham acesso à peça, que estreou em 26 de março de 1986, com direção de Atillo Riccó. O autor escreveu o texto num período de grandes dificuldades financeiras. Assim que chegou aos palcos, a montagem o tirou do sufoco. A peça é um vaudeville, gênero de comédia de costumes em que ele, Jandira Martini e Juca de Oliveira são ases no Brasil. Os produtores Radamés Bruno e Viviane Procópio planejam, nessa bodas de prata, realizar uma apresentação com renda integral para a o Retiro dos Artistas, ir à praça pública em São Paulo, fazer uma exposição comemorativa, lançar produtos da linha Trair e coçar e montar temporada festiva no Rio.
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