Testemunha da história
Biografia de Olímpio Jayme, que será lançada hoje, conta a vida de uma personalidade política que viveu momentos importantes de Goiás Fonte: opopular.com.br 28/04
Foi a partir de uma longa entrevista. O jornalista Luiz Alberto de Queiroz teve uma conversa com o ex-deputado Olímpio Jayme, personalidade de destaque em vários períodos políticos de Goiás entre os anos 1950 e 1970, e desse material decidiu fazer algo mais amplo. O resultado é o livro Olímpio Jayme - Política e Violência em Tempos de Chumbo, biografia que será lançada hoje, às 19h30, na livraria Saraiva MegaStore, do Shopping Flamboyant. Publicado pela editora Kelps, o trabalho traz à tona a versão de Olímpio Jayme sobre diversos fatos históricos, além de suas lembranças de episódios cruciais da política goiana e fotos de seu substancioso arquivo pessoal, formado em anos de convivência com esferas de poder e seus ocupantes.
Aos 83 anos, Olímpio Jayme decidiu falar. "Nunca tive a pretensão de fazer esse apanhado de minha vida, mas o Luiz Alberto, a partir da entrevista que concedi a ele, me convenceu a entrar nesse projeto", conta. Hoje ele está fora da vida pública e leva uma vida tranquila de aposentado, em sua casa no Setor Sul, algo muito distante das agitações que viveu no passado. Nascido em 7 de junho de 1927 em Pirenópolis, Olímpio começou sua vida política elegendo-se vereador em Goiânia em 1950. Em seguida venceu outra eleição, desta vez para deputado estadual. Estava mais ligado ao espectro conservador das forças políticas goianas e era uma figura proeminente da antiga União Democrática Nacional (UDN), legenda pela qual se elegeu deputado em 1962.
A história contada no livro começa a ter mais intensidade a partir da crise institucional que se instalou no governo João Goulart. Logo que assumiu o posto na Assembleia Legislativa, Olímpio Jayme começou a fazer ferrenha oposição a Jango e ao então governador Mauro Borges. Quando veio o golpe de 1964, Olímpio apoiou a manobra militar para destituir primeiro o presidente e, em seguida, o próprio Mauro. "A gente achava até que o Jango teria algum dispositivo para reagir à revolução de 64, mas não tinha", assinala. Quando Mauro Borges foi deposto, o coronel Carlos de Meira Matos passou a governar Goiás, tendo Olímpio como seu líder na Assembleia. Neste posto, ele trabalhou pela eleição do marechal Emílio Rodrigues Ribas Júnior.
Ribas e Olímpio, porém, não tiveram a melhor das relações. Mesmo eleito presidente da Assembleia, Olímpio teve uma queda-de-braço com o governador, em uma disputa política que culminaria com a cassação dos direitos políticos do deputado quando o regime endureceu, após a decretação do AI-5. Juntamente com ele, nomes como Pedro Ludovico Teixeira e Jaime Câmara foram afetados pela medida. Na época, Olímpio concorria a uma vaga no Senado na mesma chapa do fundador de Goiânia. Contra Olímpio também pesou a acusação de que estaria colaborando com o grupo do guerrilheiro Carlos Mariguella, gerando uma ordem de prisão. Isso só foi revertido com a intervenção do chefe da Polícia Federal no Estado à época, capitão Marcos Antônio Brito de Fleury.
Olímpio ainda teria participação destacada na gestão de Otávio Lage à frente do governo estadual, mas desentendimentos também levaram ao rompimento entre os dois. O motivo foi o mesmo de sua briga com os militares: a deslealdade com os princípios iniciais do golpe de 64, que previam eleições diretas em curto espaço de tempo após a queda de Jango. Amigo do primeiro presidente do regime militar brasileiro, marechal Castelo Branco, Olímpio é descrito por Luiz Alberto, na apresentação do livro, como "um dos últimos coronéis da política brasileira". "Para melhor traçar seu perfil, eu reuni 16 depoimentos de figuras públicas a seu respeito, fotografias antigas e fac-símilies de jornais que mostram sua atuação", diz o autor da obra.
Lançamento do livro:Olímpio Jayme - Política e Violência em Tempos de Chumbo /Autor:Luiz Alberto de Queiroz /Data:Hoje, às 19h30 / Local: Saraiva MegaStore (3º Piso do Shopping Flamboyant)
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Culinária modernista ganha enciclopédia
Com seis volumes, obra desenvolvida por especialistas durante cinco anos pesa 18 quilos e tem 2.438 páginas
"Modernist Cuisine" tem 1.500 receitas de inspiração laboratorial, método considerado um movimento cultural
Fonte: folha.uol.com.br 27/04
"Modernist Cuisine: The Art and Science of Cooking" (culinária modernista: a arte e a ciência de cozinhar) é a obra-prima autopublicada, em seis volumes, de uma equipe liderada por Nathan Myhrvold, um multimilionário visionário da tecnologia.
Tão científica quanto gastronômica, a obra é uma virtual enciclopédia de culinária, uma montanha-russa visual que percorre o mundo da comida e das ferramentas da cozinha, além de um compêndio de 1.500 receitas.
É um manifesto que declara a nova forma de culinária de inspiração laboratorial liderada por Grant Achatz nos EUA, Heston Blumenthal na Inglaterra e Ferran Adrià, o pai desse tipo de culinária, na Espanha -um movimento cultural e artístico tão definitivo quanto foi o impressionismo na França do século 19 ou a Bauhaus na Alemanha do início do século 20.
Ela proclama uma revolução "nas técnicas, na estética e nos fundamentos intelectuais da gastronomia".
Foi a visão de Myhrvold que moveu o projeto. Nenhum chef poderia ter criado esta obra, e nenhuma editora teria sido louca o bastante para produzir e distribuir esse monstro de 18 quilos.
A obra foi composta ao longo de vários anos por uma equipe de chefs e assistentes em um laboratório da empresa de Myhrvold, a Intellectual Ventures.
Para criticar a obra, seriam necessários resenhistas versados em física, química, microbiologia, nutrição e engenharia mecânica; um chef que pratica essa arte culinária, um chef tradicional, um jornalista especializado em gastronomia.
Boa parte da culinária proposta exige ingredientes dos quais a maioria das pessoas nunca ouviu falar e equipamentos que poucas pessoas têm condições financeiras de adquirir. Também não é um livro para a maioria dos cozinheiros domésticos.
Para o chef profissional, será um livro de referência. Para os aficionados da gastronomia que tiverem US$ 625 para gastar -o equivalente a R$ 1025- (ou US$ 467,62 se comprarem a obra online, o mesmo que R$ 767), será diversão garantida.
TÉCNICAS INOVADORAS
Myhrvold, que até 1999 foi o executivo tecnológico-chefe da Microsoft, gastou milhões de dólares (mais de um milhão e menos de dez, afirma) para criar isso. Nada parece ter sido poupado para garantir a qualidade das reproduções fotográficas, com o papel pesado e a encadernação sólida.
A fotografia de alimentos é excelente. No total, são 3.216 imagens, mas as mais fascinantes são as 36 fotos ilustradas usando ferramentas culinárias e eletrodomésticos que foram cortados ao meio para ajudar os leitores a visualizar o que acontece no interior de um recipiente de cozimento.
As receitas são apresentadas em pesos métricos, a maneira mais fácil e precisa de medir. Todos os ingredientes são listados como porcentagens, para que você os possa aumentar ou diminuir conforme sua necessidade, algo inusitado, exceto em livros técnicos sobre o preparo de pães e semelhantes.
Os formatos das receitas também são inovadores e, uma vez que você os tenha entendido, são eficientes e eficazes. À medida que são descritas técnicas, são dadas receitas que exemplificam esses métodos.
Entre os elementos que justificam por si sós o preço da obra, para profissionais da cozinha, estão as dezenas de receitas paramétricas, tabelas de tempos e temperaturas recomendadas para técnicas diversas. Na tabela para pudins de leite e ovos, por exemplo, é possível escolher a consistência desejada, com base na porcentagem de ovo empregada e na temperatura do cozimento do pudim.
Essa será a comida do futuro ou não passará de um estilo interessante praticado apenas por chefs apaixonados por sua arte? Boa parte dessa culinária revolucionária é baseada em ingredientes e técnicas que há muito tempo são fundamentais na indústria dos alimentos processados.
Devemos aderir aos ingredientes e técnicas da culinária modernista no momento em que a comida processada industrialmente é vista como responsável por muitos dos atuais problemas de saúde?
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Neta inspira o lado doce de João Cabral
Livro inédito reúne poemas feitos pelo pernambucano para fotos da menina quando era embaixador no Senegal
Versos, que incluem reflexões filosóficas e sociais, estavam em álbum guardado há 35 anos pela família
Fonte: folha.uol.com.br 27/04
"Fofo" é um adjetivo que dificilmente algum leitor atribuiria ao poeta João Cabral de Melo Neto (1920-1999).
O pernambucano marcou a literatura brasileira do século 20 com seus versos "secos", concisos, que recusam os adjetivos e abrem mão do sentimentalismo.
Mas é um autor (e avô) "fofo" que o leitor encontrará nas páginas do livro "Ilustrações para Fotografias de Dandara". Quem garante é a própria Dandara, neta do poeta e musa do livro de poemas inéditos lançados pela editora Objetiva.
O trabalho surgiu de um álbum que João Cabral criou em 1975 enquanto trabalhava como embaixador no Senegal. Para matar a saudade de neta, então com dois anos, ele fazia versos para cada foto da menina que recebia pelo correio.
O pequeno álbum foi guardado como relíquia pela família nos últimos 35 anos. Transformado em livro, traz não apenas os versos e fotografias mas também imagens das páginas reais escritas à mão pelo poeta.
Principalmente, revela um João Cabral amoroso como os leitores nunca viram antes. "A imagem dele sempre foi a de um homem sisudo, muito sério. Mas ele foi um avô muito carinhoso e divertido.
Só a iniciativa de montar o álbum revela um lado muito fofo dele", diz Dandara, hoje com 37 anos. Os poemas para Dandara poderiam ser apenas um ato carinhoso de um avô "babão" não fosse João Cabral, é claro, um dos maiores poetas da língua portuguesa.
Não é de estranhar, então, que muitos versos tragam pitadas de reflexões filosóficas e sociais, como no melhor de sua obra adulta.
"Dandara, alegria da rua,/ é a alegria de si mesma:/ ei-la alegre em sua pele,/ no trapézio, satisfeita", diz um dos poemas.
Em outro, de tom mais irônico, Dandara comendo pipoca "tens a cara/ não digo de terrorista,/ mas de quem sabe o que quer/ e por esse "quer" dá a vida".
O "ar insolente" da neta também "revela a gente/ pernambucana, insubserviente,/ que já foi muito e hoje é niente,/ e sobrevive, merdamente". Quase todas as fotos do álbum foram feitas por Inez Cabral, filha do poeta e mãe de Dandara. Também foi dela a ideia de publicar o livro.
Inez recorda o pai como um tipo "pernambucano, linha-dura", mas quis com o trabalho corrigir o que considera uma injustiça. "Me irrita um pouco falarem que ele é frio. Ele é conciso, não é derretido. Sabia encontrar a emoção dentro do estilo dele."
ILUSTRAÇÕES PARA FOTOGRAFIAS DE DANDARA
AUTOR João Cabral de Melo Neto
EDITORA Objetiva
QUANTO R$ 36,90 (36 págs.)
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