segunda-feira, 15 de agosto de 2011

NO CONGRESSO

Projeto define cota para idoso em empresa Fonte: folha.uol.com.br 14/08

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Tramita na Câmara dos Deputados o projeto de lei nº 1.495/2011, que institui cotas para idosos nas empresas. Companhias com cem ou mais empregados devem preencher de 2% a 5% do quadro com profissionais a partir dos 60 anos de idade. A finalidade da proposta, justifica o deputado federal Carlos Souza (PP-AM), é "garantir aos idosos uma oportunidade de ocupação produtiva". A medida passará pelas comissões de Finanças e Tributação antes de ir a plenário.

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Redes virtuais saem à rua para provar "ativismo real"

Jovens criam projetos de inclusão e cobram transparência do poder público

Comunidade conseguiu R$ 60 mil para ônibus que vai percorrer o interior do Brasil só divulgando tecnologia Fonte: folha.uol.com.br 14/08

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Aos que previam que a era digital isolaria indivíduos fisicamente, eles respondem com encontros quase diários regados a cerveja e petiscos para discutir tecnologia.

Eles fazem parte de um número crescente de pessoas com perfis variados que se autointitulam hackers -não confundir com invasores de sites- e que alugam prédios, fundam clubes e até compram ônibus para levar até a periferia a tecnologia como ferramenta de ação política.

O que os move é a curiosidade e o desejo por governos mais transparentes. O dinheiro vem do financiamento colaborativo, uma nova versão do velho rateio.

No porão de um castelinho dos anos 1930 na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, 15 jovens fundaram o primeiro "hackerspace" do Brasil, o Garoa Hacker Clube.

"É um espaço onde os hackers mandam, para ter autonomia de criação", explica o engenheiro Rodrigo Rodrigues da Silva, 25, o Pitanga.

Um exemplo do que eles fazem ali é o trabalho de Felipe Sanches, 27, o Juca, que desenvolve softwares livres.

Eles explicam que nada têm a ver com a invasões de sites. No Brasil, a maior onda de ataques ocorreu em junho quando nem o e-mail da presidente Dilma foi poupado.

Os "hackers ativistas" questionam essas ações, negam participar delas e dizem que isso não é "hacking", por não trazer nada de novo -princípio fundamental que os une.

TRANSPARÊNCIA

Nos cômodos acima do Garoa está a Casa da Cultura Digital, que agrupa ONGs, empresas e indivíduos. Por dia, chegam a passar pela casa mais de 50 pessoas.

Muitas são da Transparência Hacker, comunidade que cria ferramentas para divulgar dados já tornados públicos pelo governo -e que tirariam o sono de um leigo que tentasse entendê-los por meio dos sites oficiais.

O grupo também colaborou com a implantação do sistema que abre para o público os contratos e os gastos da Câmara paulistana.

Em julho, essa turma arrecadou, por meio do Catarse, site de financiamento colaborativo, R$ 60 mil para o projeto do Ônibus Hacker.

Foram 500 doações para o projeto que vai rodar o país mostrando o que é possível fazer com a tecnologia.

Em São Miguel Paulista (zona leste), o engenheiro Leandro Teixeira, 35, o Latex, está criando outro "hackerspace". Em Campinas (a 93 km de SP), a fundação do Laboratório Hacker de Campinas também está adiantada.

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CARLOS HEITOR CONY

Uma fábula Fonte: folha.uol.com.br 14/08

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RIO DE JANEIRO - Parece que foi na antiga Rússia dos tzares. Todo documento público precisava de estampilhas para ter valor legal.

Ivan Petrocivich perdeu a mulher e precisou comunicar o fato ao Registro Civil. Entrou na papelaria e pediu os selos necessários. O empregado lamentou não poder atendê-lo, não havia selos nem estampilhas, a Casa da Moeda estava fechada, todos os funcionários, do diretor ao faxineiro, estavam afastados ou presos por corrupção.

Ivan Petrocivich foi ao primeiro cemitério que encontrou, explicou a impossibilidade de legalizar a certidão de óbito, mas o coveiro que o recebeu nada pôde fazer: a instituição que explorava os cemitérios estava toda demitida por corrupção, vendia túmulos, mármores, enterravam quem bem entendessem, o jeito foi fechar os cemitérios.

Meio desesperado, Ivan Petrocivich apelou para a polícia. Pediu audiência ao chefe do sistema da Polícia Central, mas não foi atendido. Na véspera, o aparelho policial estava fechado, o Estado havia demitido toda a cúpula da instituição a bem do serviço público, dada a corrupção em todos os níveis.

Um vizinho o aconselhou a procurar o ministro da Justiça. Ivan Petrocivich chegou ao ministério e ali encontrou grande agitação. O ministro acabava de ser preso, estava algemado, dentro de uma troica que pertencia ao palácio do tzar. Mas a troica não saía do lugar porque faltavam os três cavalos de praxe, que na véspera haviam sido vendidos na bacia das almas, enriquecendo o noivo de uma das princesas da corte.

Desesperado ficou também o tzar. Garantiu que continuaria a combater a corrupção doesse a quem doesse.

Só não aprovou o uso das algemas, que começavam a escassear no mercado, uma vez que a principal fábrica de algemas estava sob intervenção federal devido aos frequentes casos de corrupção.

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Menos ‘colonizador’, Brasil tem portas abertas na África

Tecnologia agrícola brasileira se adapta ao solo africano com facilidade Fonte: folha.uol.com.br 14/08

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A presença brasileira em países da África vai se intensificar cada vez mais. Grande parte dos países africanos está em um estágio agrícola dos anos 1960 e necessita recuperar rapidamente o tempo perdido nas últimas décadas.

Os governos descobriram que o Brasil é o caminho mais curto. Similaridade de clima, de lavouras, de cultura e o mesmo idoma em vários deles deixam as portas abertas para os brasileiros, que não são vistos como os tradicionais colonizadores europeus.

Se o Brasil quiser fincar pé no continente tem de agir rápido, porque os chineses já têm centros de pesquisas agrícolas em dez países e os indianos também marcam presença em vários deles.

Nesses dois casos, a participação governamental é grande porque eles querem segurança alimentar,diferentemente do Brasil, que se firma como um grande fornecedor mundial de alimentos.

A vantagem do Brasil é que A tecnologia agropecuária do país se adapta ao solo africano.

A condição "continental" brasileira faz com que as variedades de grãos, a cana e atéapecuária tenham condições similares às africanas.

Com isso, os governos africanos sabem que a entrada de seus países na lista de produtores de alimentos pode ser encurtada através da "via Brasil".

TERRA MAIS BARATA

Essa aproximação Brasil África traz vários benefícios para os brasileiros, que passam a ser exportadores não apenas de commodities (soja, café, álcool etc.),mas também de tecnologia agrícola, incluindo sementes, genética e equipamentos.

Os produtores brasileiros Vão encontrar,pelo menos no início, terras com preços mais baixos do que os já atingidos no Brasil,o que reduz os custos de produção.

Além disso, as tradicionais barreiras não tarifárias, que aumentam conforme o Brasil ganha importância no cenário mundial agrícola, são menores para os países africanos, principalmente as impostas pelos europeus.

No campo político,a aproximação brasileira com os africanos pode render frutos para a pretensão do Brasil de ganhar importância em organismos internacionais.

MEDO

Mas essa aproximação traz medo em parte do setor agropecuário.

Na avaliação de muitos, o país estaria entregando "de bandeja" tecnologias obtidas durante anos e, com isso, alimentando um futuro concorrente.

O temor parece exagerado porque a disponibilidade de terras nesses países é bem menor do que a no Brasil,que a cada ano aumenta a produção de alimentos.

Entre as dificuldades que os brasileiros vão encontrar na África está a da estrutura fundiária. Grande parte das terras férteis ainda está em mãos tribais e de generais, devido a acordos políticos.

Eles necessitam de parcerias com produtores experientes, mas essa negociação pode ser feita com muita desconfiança.

Por isso,a participação do mercado financeiro na produção agrícola ainda é restrita no continente.

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GILBERTO DIMENSTEIN

Civilidade contagiosa

Um dos fatos sociais mais extraordinários no país foi a redução da taxa de assassinatos em São Paulo Fonte: folha.uol.com.br 14/08

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PEDRO ANÍSIO DE LUNA tinha 16 anos e morava em João Pessoa, na Paraíba, quando inventou uma plataforma para a distribuição gratuita de e-mails, ainda inédita no Brasil, depois adquirida por uma grande empresa de telecomunicação. Mudou-se para São Paulo, onde virou empresário. Neste momento, ele está usando seu talento para a informática no desenvolvimento de um aplicativo gratuito para celular destinado a ajudar as pessoas que bebem a evitar acidentes no trânsito.

O aplicativo contabiliza a quantidade de doses ingeridas pela pessoa e, depois de certo limite, aparece o número de telefone de um serviço de táxi. Chama a atenção que, na semana passada, essa invenção -já em funcionamento, mas ainda em testes- começou a ser "viralizada" não por adultos ou autoridades, mas por um movimento de jovens da classe média paulistana, muitos dos quais, até pouco tempo, despreocupados com a relação entre álcool e acidentes de trânsito.

Jovens de uma classe média "descolada" fazendo campanha contra o abuso do álcool são a prova de que a semana passada foi um marco de civilidade contagiosa no Brasil.

Na segunda-feira passada, começou na cidade de São Paulo uma ofensiva do poder público contra os motoristas que desrespeitam os pedestres. Estou convencido de que a lei vai pegar menos por causa da ação da prefeitura do que pelo sinal emitido pelos jovens, decididos a tomar alguma atitude depois da morte do amigo Vitor Gurman, vítima de atropelamento. Some-se a isso a indignação com o motorista de um Porsche que dirigia em alta velocidade e matou uma jovem no bairro do Itaim.

A ação do poder público nada tinha a ver com a dos jovens, apesar de ambas terem, em essência, o mesmo foco: o desrespeito no trânsito. Nessa combinação, porém, está o segredo do contágio que se transforma em políticas públicas duradouras.

As mudanças se sustentam quando os governantes decidem implementar ações percebidas de fato como relevantes pela opinião pública.

Há duas décadas, um pesquisador da Escola de Saúde Pública em Harvard descobriu, vendo radiografias de pulmão, que mulheres que nunca tinham tocado num cigarro, mas tinham maridos fumantes, eram vítimas dos males do fumo. Assim se revelou a existência do chamado fumante passivo. Produzia-se ali o início de um processo que, tempos depois, se transformaria numa cena inimaginável: o cigarro banido até mesmo de bares.

A chave desse processo que contagia grande número de pessoas está exatamente na possibilidade de cooperação. Um dos fatos sociais mais extraordinários do país foi a redução de quase 80% na taxa de assassinatos na cidade de São Paulo desde 1999. É claro que a polícia teve um papel fundamental, mas foram jovens universitários que lançaram a campanha de desarmamento na frente da Faculdade de Direito do largo São Francisco. A taxa de homicídio saiu da linha de epidemia.

Foi necessário o apoio de parte expressiva da opinião pública para que se implementassem políticas destinadas a reduzir a gravidez entre adolescentes. Isso implicou a distribuição de camisinhas, pílulas anticoncepcionais e as chamadas pílulas do dia seguinte. Diversas entidades resolveram entrar no debate, mostrando os efeitos da gravidez precoce até o aumento da violência. Apenas no Estado de São Paulo, em dez anos, foram menos 200 mil nascimentos indesejados.

Se dependesse apenas da vontade dos governantes, teria sido impossível implantar, em todo o país, um sistema de avaliação do desempenho das escolas públicas com divulgação dos resultados. Por trás disso, houve o esforço de muitas lideranças, entre as quais empresários preocupados com a educação.

A consciência da mortalidade infantil veio não por causa de iniciativas oficiais, mas por uma intensa campanha nos meios de comunicação, revelando os números e os mecanismos, fáceis, para evitar tantas mortes. Foi uma entidade que começou sem dinheiro público (a Pastoral da Criança, liderada por Zilda Arns) que ensinou, no interior do Nordeste, como era barato e rápido reduzir a mortalidade de crianças.

Alguns números passam a ser memorizados. A imprensa acompanha sua evolução e, por meio deles, mede a eficiência dos governantes. Apenas nas últimas semanas as pessoas descobriram que, por dia, há dois mortos vítimas de atropelamento em São Paulo. É uma contabilidade que veio para ficar.

Por isso aquele aplicativo, batizado de Pé de Cana, é não só uma brincadeira digital mas o sinal de um novo contágio de civilidade.

O resumo é o seguinte: quanto mais avançam os processos de educação para a cidadania, mais rapidamente ocorrem as mudanças.

PS - Detalhes sobre o movimento dos jovens e o aplicativo de Pedro Anísio estão no catracalivre.com.br.

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Preconceito ronda trabalhador sênior

Profissionais queixam-se de falta de oportunidades e de remuneração abaixo da oferecida pelo mercado Fonte: folha.uol.com.br 14/08

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A abertura do mercado para trabalhadores mais velhos traz o benefício de reduzir o preconceito em relação à idade, concordam especialistas.

"As empresas enxergam que esses profissionais podem contribuir muito", avalia Jacqueline Resch, sócia-diretora da Resch Recursos Humanos, de recrutamento.

A restrição, contudo, existe. "A valorização é pontual", frisa Jeffrey Abrahams, sócio-fundador da Abrahams Executive Search. "Já perguntaram se eu ainda tinha pique para a atividade", diz Antônio Pinto, 54, que atua em logística.

"Eu preenchia todos os requisitos, mas, logo que falei a idade, o 'headhunter' que me entrevistava por telefone agradeceu e desligou", conta a jornalista Sueli Godoy, 53.

"Um amigo que trabalhava na empresa me confidenciou que não queriam [admitir] gente com mais de 35 anos de idade", assinala Rubem Milão, 51, que trabalha na área de gestão estratégica.

Há casos em que a restrição fica no ar. "Uma vez, disseram-me que a empresa só queria pessoas de até 30 anos. Tenho a impressão de que, em 90% das ocasiões, o que barra é a idade", diz Sérgio Varandas Fonseca, 57.

Com 30 anos de experiência na área de logística, ele é formado em direito e tem especialização em logística pela Fundação Getulio Vargas, em 2008, e em auditoria ambiental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, cursada entre 2006 e 2007.

Fonseca fala inglês e espanhol, mas não consegue contrato por prazo indeterminado como gostaria -tem trabalhado por projeto.

REMUNERAÇÃO

Quando há chances, o problema é o salário, constata Cassio Morato, 52, que tem pós-graduação em administração e 30 anos de mercado.

O gestor de projetos tem recebido ofertas de emprego entre R$ 6.000 e R$ 7.000 para trabalhar como autônomo. O salário médio da função, segundo a Bolsa de Salários do Datafolha, é de R$ 10.818.

FOCO DAS EMPRESAS

A mudança do cenário econômico e o aumento da expectativa de vida, no entanto, têm feito com que algumas empresas elaborem políticas voltadas a profissionais com mais de 50 anos de idade.

A Arcon, por exemplo, precisou contratar pessoas com experiência há um ano. A faixa etária foi adotada como critério de desempate. A empresa de serviços de segurança digital contratou um profissional de 65 anos de idade para cargo de analista. O outro a participar da entrevista final tinha 32 anos.

A experiência foi positiva e repetiu-se. "Foi um trabalho de convencimento de alguns departamentos, pois há quem restrinja idade", afirma Angelo Ribeiro, gerente de recursos humanos.

Na Ticket, os profissionais são convidados a aposentar-se aos 60 anos. A empresa, então, oferece programa de aconselhamento para o planejamento do pós-carreira.

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Ciclovias adaptadas para fugir do trânsito

Como incentivo para mais pessoas deixarem o carro em casa e andarem de bicicleta, pesquisador defende a adaptação de alguns corredores de tráfego já existentes. Segundo ele, custo é baixo Fonte: correioweb.com.br 15/08

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Francisco Pereira de Sousa, 38 anos, é morador de Samambaia e trabalha como mecânico em uma oficina no Guará. O excesso de engarrafamentos fez Sousa trocar o carro pela bicicleta e, com isso, diminuir em 20 minutos o tempo de deslocamento de casa até o trabalho. Há cinco anos, ele sai de sua residência às 7h, pedala 25 quilômetros e, em 40 minutos, está na porta da oficina. Diariamente, arrisca-se entre os automóveis. “Quando os congestionamentos tomam conta do acostamento, tenho que pedalar entre os carros. Fui fechado duas vezes, caí, mas não me machuquei. Também já fui assaltado duas vezes. Apesar disso, não troco a bicicleta por nada. A cidade precisa mesmo de ciclovias”, diz.

Francisco Prada, professor de educação física e doutor em biologia molecular, concorda com Sousa, que conserta bicicletas na oficina do Guará. Segundo ele, as ciclovias são necessárias para garantir não só a segurança como a qualidade de vida para quem escolhe andar de bicicleta. Prada avalia que as pistas exclusivas para os veículos sobre duas rodas são uma alternativa para o caótico sistema de transporte do Distrito Federal.

O pesquisador, que também trabalha com o treinamento de ciclistas, desenvolveu um estudo no qual chega à conclusão de que todos os canteiros centrais que dividem as vias das regiões administrativas são pontos adequados para a construção de ciclovias. “No Pistão Sul, por exemplo, já existe uma trilha no chão. A EPTG foi construída com grandes espaços entre as vias e nenhuma ciclovia foi inserida no projeto”, detalhou.

Segundo Prada, o investimento nas pistas para ciclistas é baixo e são necessárias apenas adaptações nas calçadas para construção de rampas, instalação de postes de iluminação, sonorizadores e pintura de faixas. “Pedestres, cadeirantes e deficientes também se beneficiariam com esses espaços e a mobilidade urbana, que atualmente não existe, seria uma realidade”, explicou. O pesquisador também sugere a construção de bicicletários públicos no metrô e em pontos de grande concentração de pessoas, como o centro da Ceilândia e a área central de Brasília.

De acordo com o professor, essa iniciativa estimularia o transporte sobre duas rodas e seria uma alternativa para a prática de exercícios físicos. “O uso da bicicleta como meio de transporte previne a obesidade, a diabetes e hipertensão”, comenta.

Boas condições

Na opinião do especialista em trânsito Artur Morais, doutorando em políticas públicas de transportes pela Universidade de Brasília (UnB), as vias e os canteiros centrais do DF têm boas condições para abrigar as ciclovias. Segundo Morais, pesquisas científicas apontam que andar de bicicleta em trajetos de até 8 km é mais vantajoso e rápido do que de carro. Para o pesquisador, as facilidades para comprar um veículo e a mentalidade do brasiliense em preferir o automóvel atrapalham as mudanças na capital federal.

“Também falta um pouco de motivação política para que os projetos de criação de ciclovias saiam do papel. Por outro lado, a classe média de Brasília precisa se conscientizar de que os ganhos com o transporte por meio de bicicletas são enormes”, pondera. O programa de ciclovias do Governo do Distrito Federal (GDF) teve início em 2006 e foi planejado para a construção de 600 km de vias. Desse total, apenas 89,1 km foram entregues e outros 53,7 km estão em obras (veja arte).

O servidor público José Roberto Torres dos Santos, 43 anos, mora no DF há cinco anos e sempre teve o hábito de usar a bicicleta como meio de transporte. Santos reside no Cruzeiro e todos os dias pedala 11 km, por 25 minutos, para chegar até a Esplanada dos Ministérios. Na volta para casa, passa na 906 Sul para buscar a filha Alanis, 4.

“Gasto o mesmo tempo de carro e bicicleta para ir ao trabalho. Sobre duas rodas não enfrento engarrafamentos. O deslocamento no DF é fácil, posso ir a qualquer lugar porque tudo é plano. Não há cidade mais adequada para a instalação de ciclovias. As pistas e os canteiros são ótimos pontos. As pessoas ganham em qualidade de vida e saúde.”

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Improviso ao ar livre

Festival I Love Jazz atraiu um público de mais de 3 mil espectadores, que vibraram com shows de alta qualidade Fonte: correioweb.com.br 15/08

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A pianista e cantora norte-americana Judy Carmichael, que se apresentou na tarde de sábado, no Parque da Cidade, pelo festival I Love Jazz, sente-se à vontade em Brasília. Há uma justificativa para isso: ela participou das três edições do evento, tocando em diferentes palcos; e, anteriormente, havia feito um recital no auditório da Casa Thomas Jefferson.

Um outro motivo que a faz sentir-se bem na capital e gostar dela é o fato de ter grande admiração por Oscar Niemeyer, a quem conheceu na década de 1980. “Me aproximei do arquiteto de Brasília levada pelo amigo Fernando Sabino”, contou Judy ao Correio, referindo-se ao escritor mineiro e jazzófilo. À época, com o autor da obra clássica O encontro marcado, foi, também, a casa de Tom Jobim — autor, em parceria com Vinicius de Moraes, da Sinfonia da Alvorada.

Embora seja mais conhecida por suas virtudes de pianista, no show do Parque da Cidade prevaleceu a cantora Judy. Com belo timbre e suavidade, usou a voz para interpretar Earl Hines (Rosetta), Georges Gershwin (Somebody loves me), Jimmy McHugh e Dorothy Fields (I can’t give you anything but love), Fats Waller (Honeysucle Rose) e Clarence Willians (I’ve found a new baby).

O lado blueseiro da cantora ficou evidenciado na canção a que nominou de Brazilian blues, retribuindo os aplausos calorosos recebidos desde que surgiu em cena, tocando You’re driving me crazy, de Walter Donaldson. Antes, mesmo dizendo que ainda não domina o português, ela saudou a plateia dizendo “Oi, galera, tudo bem?”. E, em tom de brincadeira, explicou por que usava um vestido vermelho decotado, colado ao corpo. “É um modelo sex.”

Quando Judy começou a cantar o público era de aproximadamente 500 pessoas — 250 delas, ocuparam as cadeiras colocadas sob a tenda, onde o palco estava instalado. Houve, porém, quem tenha levado para o parque sua própria cadeira e cangas. Havia desde casais até famílias inteiras, todos demonstrando interesse e entusiasmo pelo que ouviam. “O brasiliense aprecia shows e concertos ao ar livre, e prestigia sempre. É algo que poderia ocorrer com mais frequência. Estou curtindo muito esses shows do I love jazz”, afirmou o estudante de música Mateus Guimarães, que toca bateria.

Joviais setentões

A plateia já era bem mais numerosa para assistir à apresentação da Paulistanea Jazz Band, grupo formado por joviais setentões, liderado pelo clarinetista e saxofonista Hector Costita, aplaudidíssimo ao solar Rose room (Art Hickman), celebrizada por Benny Goodman; e Body and soul (Edward Heyman e Robert Sour), que ganhou versão em português de Caetano Veloso.

Com pouco mais de um ano de vida, essa autêntica big band paulistana conta com músicos originários de diferentes formações e todos com expressiva bagagem. O argentino Costita, o mais conhecido deles, já tocou em estúdio e em shows com grandes estrelas da MPB como João Gilberto, Chico Buarque, Edu Lobo e Elis Regina.

Em meio ao concerto, a Paulistanea recebeu uma convidada especial, Chon Tai Yeung, cantora brasiliense — descendente de chineses —, radicada em Belo Horizonte desde a infância. Os espectadores se encantaram com as versões dela para I got rhythm (George Gershwin) e Stardust (Hoagy Carmichael). Na sequência, a banda atacou de S’wonderful (George e Ira Gershwin).

Iniciados em jazz afiaram ainda mais a audição para a última atração da noite, o sexteto liderado por John Allred e criado para participar do I Love Jazz. O virtuoso trombonista é o principal solista, mas, durante a apresentação, todos os componentes tiveram espaço para mostrar o talento individual, ao passear por temas como Move (Miles Davis), Things ain’t what they uses to be (Duke Elingtonj), Straight no chaser (Dizzy Gillespe), Caravan (Duke Ekington) e Sweet Georgia Brown (Ben Bernie).

Allred e seus companheiros foram ovacionados ao término da apresentação pelas 3 mil pessoas que assistiam a eles. Na plateia, aplaudindo como espectadores comuns, estavam os músicos do Paulistanea Jazz Band. Entusiasmado, o trompetista Austin Roberts deixou clara a condição de fã: “É impressionante a qualidade desse grupo. O Alrred, com seu virtuosismo, é o destaque; mas os outros músicos são de altíssimo nível, com técnica impressionante e muito suingue. E todos solam!”.

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A síndrome da solidão

Psicólogo norte-americano conclui que o isolamento social traz prejuízos similares aos de fumar 15 cigarros por dia Fonte: correioweb.com.br 15/08

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O que é mais prejudicial ao organismo: fumar 15 cigarros por dia ou sentir-se sozinho? De acordo com o psicólogo John Cacioppo, da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, as duas ações fazem igualmente mal, a longo prazo. O norte-americano baseou-se em pesquisas de outros cientistas com idosos e notou que o sentimento de solidão, mais do que o isolamento físico em si, aumenta os níveis de cortisol — hormônio ligado à resposta ao estresse — no corpo. A presença do cortisol eleva a pressão arterial, reduz o sistema imunológico e pode, entre outros fatores, contribuir para o declínio da performance do sistema cognitivo. A falta de interação com amigos e familiares também colabora com o aparecimento da depressão, da demência precoce e de problemas cardíacos.

A dona de casa Larissa Mota, 23 anos, entende bem os males que sentir-se solitária proporciona. Em dezembro de 2009, a mãe da jovem passou em um concurso público e saiu de Brasília com as filhas e a neta para morar em São Luís, no Maranhão. Embora tivesse parentes na cidade, a relação com primos e tios não foi das melhores. “Eles eram muito controladores, queriam nossa presença o tempo todo e não nos deixavam ter liberdade. Comecei a me sentir sufocada e a me afastar”, comenta.

Morar em um lugar diferente, ter que conviver com pessoas com as quais não se dava bem e sentir muita saudade do então namorado — atual marido —, que ficou em Brasília, fizeram com que Larissa se sentisse cada vez mais isolada. E, embora tentasse fazer amizades no curso preparatório para concursos no qual se matriculou, não obteve sucesso. “Então, não queria mais sair de casa. Não conseguia me interessar por nada em São Luís, achava tudo horrível. Eu vivia na internet conversando com meu namorado, me lamentando”, recorda. “Não era só eu que sentia esse desespero. Eu, minha mãe, minha irmã e minha filha não gostávamos de ficar lá. Todos ficaram abalados.”

Ela reconhece que a falta de adaptação, o esforço necessário para fazer a filha se sentir bem com uma nova rotina e a sensação de desamparo afetaram sua saúde. “Apenas nos sete meses que passei lá, fiquei doente várias vezes. Tive crises de coluna e febre”, lembra a jovem. Larissa disse ter notado na pele como sentir-se sozinha baixou sua imunidade, pois ficava doente facilmente. A solução foi voltar para Brasília com a filha. A psicóloga Janaína Gomes compreende a situação da dona de casa. “O isolamento social é caracterizado não apenas pela ausência de contatos sociais. Em algumas situações, o contato até existe, mas o que não há é interação”, explica.

Em entrevista ao Correio, Cacioppo esclarece a diferença entre estar só e sentir-se assim. “As pessoas podem se sentir solitárias em meio a uma multidão, como quando alguém está sentado na arquibancada lotada de um time rival durante uma partida de futebol.” Ele acrescenta que, no último censo feito nos Estados Unidos, constatou-se que as pessoas vivem cada vez mais isoladas, seja devido ao envelhecimento da população, aos casamentos cada vez mais tardios ou à diminuição do número de filhos. “Com isso, o número de confidentes, com quem se pode desabafar, diminui”, registra.

Subjetividade

O pesquisador ressalta que o isolamento físico, embora possa afetar a saúde, é menos prejudicial que o isolamento social, que está mais ligado à qualidade do que à quantidade das interações sociais. “O sentimento de estar sozinho é influenciado por fatores objetivos e subjetivos, como a genética, o ambiente familiar em que a pessoa viveu quando criança, normas culturais, deficiências físicas e discrepâncias entre expectativas das relações e como elas realmente ocorrem”, completa. A questão das expectativas nos relacionamentos é, para a psicóloga Kelly Gennari, de grande importância. “Somos seres sociáveis, treinados a viver pelo outro. Estar perto de alguém é necessário para que nos sintamos valorizados, mas o que esperamos das demais pessoas e como nos relacionamos com elas é ainda mais relevante.”

Cacioppo afirma que “o momento entre o fim da vida adulta e o início da terceira idade é quando o isolamento se manifesta mais intensamente, porque essas pessoas perderam seus pais, cônjuges, irmãos, amigos próximos e, em alguns casos, um ou todos os filhos”. Foi a morte de um ente querido que abalou a professora Ilma Gentil, 56 anos, e causou problemas em sua saúde. Em 19 de dezembro de 2010, o marido de Ilma morreu de câncer, após passar quase dois meses internado. Perder Paulo, com quem faria 35 anos de casados em 27 de dezembro do ano passado, foi um grande baque na vida dela e dos dois filhos, Cristiane, 34 anos, e Paulo Roberto, 33. “Ele tinha sido meu primeiro namorado e, mesmo depois de tantos anos, nos amávamos muito e continuávamos fazendo planos para o futuro, como viajar”, conta.

A ausência do marido lhe fez descobrir, meses depois, doenças que não tinha quando estavam juntos, como diverticulose e bico de papagaio — calcificação de ligamentos e cartilagens — no joelho. Além disso, o choque de não estar mais com Paulo fez com que seu lado emocional fosse tão abalado que ela admite que, desde então, sua memória tem falhado vez ou outra. Foram parentes e amigos que a fizeram se reerguer da dor e a impediram de se isolar. Para não passar tanto tempo sozinha em casa, Ilma desistiu de se aposentar e fica muito com Cristiane e Paulo Roberto, que não moram com ela. “Seria errado dizer que fiquei solitária, porque minha família é muito unida e me deu muito apoio. Nos dois primeiros meses após a morte do meu marido, fiquei na casa da minha filha. Se não fosse por ela, pelo meu filho, meu genro e meus netos, eu não teria resistido”, admite.

A professora, que mora sozinha, afirma que os programas em família melhoram seu estado emocional. “Mantemos nosso hábito de, aos domingos, passarmos o dia juntos. Valorizamos estar uns com os outros. Vou com meus netos, (os gêmeos Caio e Bia, 3 anos), ao shopping, levo os dois ao cinema”, detalha. Segundo Ilma, ela às vezes sente que os papéis de pais e filhos se inverteram, por receber tanto cuidado, carinho e atenção. Essa presença da família é essencial para mudar o comportamento de isolamento de um indivíduo, garante a psicóloga Janaína Gomes. “Quando se vê que uma pessoa não quer sair e interagir com os outros, os parentes devem ser os primeiros a intervir e saber o que está acontecendo”, descreve. “Só em seguida vêm os amigos e toda a rede social para completar a ajuda.”

Interação

Segundo Janaína, muitas vezes o isolamento social existe porque o desenvolvimento infantil não ocorreu adequadamente. “Tem crianças que passam muito tempo brincando sozinhas, usando redes sociais em contato com pessoas com as quais não interagem realmente e não buscam se entrosar com outras crianças na vida real, porque têm medo”, descreve. Ela ressalta, contudo, que é mais fácil para os pequenos resolverem esse problema, já que são mais abertos à adoção de novos hábitos de comportamento.

Que hábitos seriam esses? John Cacioppo destaca o primeiro passo, que, embora pareça simples, é considerado um dos mais difíceis de ser cumprido, principalmente por adultos e idosos: se abrir à possibilidade de fazer novos amigos. A psicóloga Kelly Gennari sugere outras atitudes que podem melhorar a qualidade dos relacionamentos interpessoais e, consequentemente, a saúde individual. “Primeiramente, reveja suas expectativas frente às outras pessoas. Pense: ‘O que espero de uma boa companhia?’”, indica. Ela ressalta que é essencial equilibrar as facetas familiar, pessoal, social e profissional, para que uma crise em uma dessas áreas não desestabilize completamente o indivíduo. E completa: “Se você quer ser abraçado, abrace. Procure ser uma pessoa agradável de estar perto e de conviver. Faça atividades saudáveis, seja gentil, solidário e, principalmente, lembre que ninguém é perfeito”.

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DEVASSA NO TURISMO »

As ONGs da fraude

Desvios verificados na Operação Voucher são apenas uma ponta da corrupção envolvendo organizações não governamentais. Palácio do Planalto estuda vincular repasses a assinaturas dos próprios ministros Fonte: correioweb.com.br 15/08

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Em um ano e meio, o total de fraudes descobertas em convênios firmados entre o governo e organizações não governamentais (ONGs) gerou um prejuízo de mais de R$ 360 milhões aos cofres públicos. Um deles começou a ser investigado pela Polícia Federal em abril deste ano e resultou na Operação Voucher, desencadeada no Amapá na última terça-feira. Os métodos utilizados para fraudar são semelhantes e, em quase todos os casos, há a participação de servidores. A preocupação com irregularidades levou o Palácio do Planalto a estudar a possibilidade de vincular os repasses diretamente a ministros, que teriam de assinar a liberação de recursos às ONGs.

As fraudes de R$ 360 milhões foram constatadas por auditorias da Controladoria-Geral da União (CGU), que analisou vários contratos envolvendo as ONGs e o governo federal. Na análise, verificou-se que o trabalho contratado nem sempre era realizado, mas os pagamentos eram feitos regularmente. Os esquemas são bem parecidos com o do Amapá, onde as empresas que disputavam as licitações eram de pessoas ligadas a um mesmo grupo, direcionando o processo. Além disso, o serviço nem sempre era realizado e a prestação de contas muitas vezes era fraudada.

O valor desviado pelo esquema montado no Amapá, que pode chegar a R$ 3 milhões, é pequeno em relação ao que a CGU, Polícia Federal e Receita Federal descobriram em maio do ano passado. Uma ONG do Paraná chegou a movimentar mais de R$ 130 milhões, em recursos públicos. A entidade recebia dinheiro público, mas não cumpria os convênios firmados com os órgãos, principalmente as prefeituras.

As principais fraudes, conforme levantamento da Controladoria-Geral da União, estão nas áreas de prestação de serviços de saúde, educação e capacitação. Em Rondônia, por exemplo, uma associação de deficientes físicos foi escolhida para atuar na saúde indígena, em uma licitação considerada fraudulenta pela CGU. Ficou constatado, entre outras irregularidades, que a instituição não tinha capacidade técnica para desenvolver o trabalho contratado. O resultado foi um prejuízo de R$ 2,1 milhões para a União.

Empresas

O maior volume de recursos desviados este ano ocorreu no Paraná e envolveu duas organizações não governamentais que, apesar de prestarem serviços distintos, eram de pessoas que tinham parentesco, o que é irregular. Os recursos movimentados eram do Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci), do Ministério da Justiça. A CGU não informou a quantia desviada, mas as empresas que prestaram assessoria às organizações receberam em torno de R$ 11 milhões. As empresas beneficiadas também pertenciam a pessoas ligadas às ONGs.

As licitações são sempre os principais focos das fraudes praticadas por organizações não governamentais com dinheiro público. E, em muitos casos, são praticadas por um mesmo grupo, mas em negócios variados. Assim ocorreu em Mato Grosso, onde empresas criaram entidades sem fins lucrativos para desviar recursos da União. Além de realizar as obras pagas pelo governo federal, as firmas tinham negócios na área de saúde, atendendo vários municípios por meio de convênios com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). A primeira estimativa feita pela CGU no ano passado era a de que o prejuízo aos cofres públicos chegaria a R$ 200 milhões.

Casa Civil

Um assunto que estava sendo estudado cautelosamente pela Secretaria-Geral da Presidência da República tornou-se quase uma prioridade. O estrago no governo feito pela Operação Voucher fez com que o Palácio do Planalto acelerasse o debate em torno da liberação de recursos para as organizações não governamentais. Os convênios, hoje assinados por secretários ou dirigentes regionais, deverão ser firmados apenas pelos ministros, que ficarão responsáveis diretamente pela liberação das verbas com essa finalidade. “O tema já estava sendo discutido, mas agora se intensificou”, disse uma fonte do governo.

Empresário volta ao Brasil

O empresário Humberto Silva Gomes, sócio da Barbalho Reis Consultoria — empresa que teria sido usada para desviar R$ 3 milhões de um convênio com o Ministério do Turismo como subcontratada da ONG Ibrasi —, está em Miami como foragido da Polícia Federal. Humberto afirmou que voltará ao Brasil na próxima quarta-feira, às 20h30, para prestar depoimento sobre seu suposto envolvimento no esquema de desvios. Humberto teve a prisão preventiva decretada e teria sido incluído na chamada “lista vermelha” da Interpol como foragido, o que ele nega. Ele diz ter viajado para o exterior na véspera do estouro da Operação Voucher da PF e critica a divulgação de trechos de conversas gravadas na operação: “Os responsáveis pela divulgação deveriam liberar todo o conteúdo sem que assim sejamos julgados antecipadamente”, escreveu

em seu blog.

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15 a 21/08 EVENTO

Renovado, Salão de Arte chega a 18ª edição

De hoje ao dia 21, a tradicional feira, que reúne antiquários, galerias, joalherias e decoradores, recebe visitantes no clube A Hebraica (R. Dr. Alberto Cardoso de Mello Neto, 115, São Paulo, tel.: 0/xx/11/3088-2625). A novidade é a inauguração de espaço dedicado à arte contemporânea. Fonte: folha.uol.com.br 15/08

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Documentário de Murat vence Gramado

"Uma Longa Viagem", que levou cinco Kikitos, incluindo melhor filme, foi seguido por "Riscado", de Gustavo Pizzi

Festival teve sessões com salas vazias; para Rubens Ewald Filho, má qualidade de cópias prejudicou competição Fonte: folha.uol.com.br 15/08

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Depois de nove dias de festival, Gramado entregou o prêmio de melhor longa nacional a um documentário. "Uma Longa Viagem", de Lúcia Murat, deixou a cerimônia de premiação, anteontem à noite, com cinco Kikitos: melhor filme, melhor ator, melhor direção de arte, Prêmio Estudantil e Júri Popular.

O filme segue a trajetória da própria diretora e de seus dois irmãos no regime militar. Miguel virou médico; Lúcia foi presa política; Heitor, o caçula, vai para Londres. A narrativa é construída a partir das cartas enviadas por Heitor (Caio Blat) nos nove anos de exílio. O ator levou o Kikito pela atuação. "É absurdo e inesperado ganhar esse prêmio", declarou.

"Riscado", ficção de Gustavo Pizzi, também foi premiado em cinco categorias: melhor diretor, melhor atriz, melhor roteiro, melhor trilha e o Prêmio da Crítica.

Na competição latino-americana, o eleito foi o argentino "Medianeras", de Gustavo Taretto. Acompanhando os encontros e desencontros de dois jovens numa grande cidade, o longa entra em cartaz em setembro no Brasil.

O prêmio de melhor direção foi dividido entre Taretto e o mexicano Sebastián Hiriart, de "A Tiro de Piedra". Ao anunciar os escolhidos do Prêmio da Crítica, o crítico Rubens Ewald Filho mencionou que a má qualidade das cópias exibidas -boa parte dos filmes latinos foram exibidos em DVD- prejudicou a competição.

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Cresce o número de evangélicos sem ligação com igrejas

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Especialistas dizem que processo pode ser análogo ao de quem se identifica como 'católico não praticante'

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Pesquisa mostra que, entre 2003 e 2009, fatia de fiéis que dizem não ter vínculo institucional saltou de 4% para 14%

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Verônica de Oliveira, 31, foi batizada católica e vai à missa aos domingos. No entanto, moradora do morro Santa Marta, no Rio, é vista com frequência também nos cultos das igrejas evangélicas Deus é Amor e Nova Vida.

Quando questionada sobre sua filiação, dispara: "Nem eu sei explicar direito. Acho que Deus é um só".

Em cada igreja, ela gosta de uma característica. Na Católica, são os folhetos distribuídos na missa. Na Deus é Amor, "um pastor que fala uma língua meio doida".

Na Nova Vida, aprecia o fato de lerem bastante a Bíblia

Mais do que trair hesitações teológicas, casos como o de Verônica, de "religiosos genéricos", que não se prendem a uma denominação, crescem nas estatísticas.

Um bom indício do fenômeno surge nos dados sobre religião da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), do IBGE, que pesquisou o tema em 2003 e 2009. No período, só entre evangélicos, a fatia dos que se disseram sem vínculo institucional foi de 4% para 14% -um salto de mais de 4 milhões de pessoas.

Entram nesse balaio, além de multievangélicos como Verônica, pessoas que não se sentem ligadas a nenhuma igreja específica, mas não deixaram de considerar-se evangélicos, em processo análogo ao dos chamados "católicos não praticantes".

A intensidade exata do fenômeno só será conhecida quando saírem dados de religião do Censo de 2010.

No entanto, para especialistas consultados pela Folha, a pesquisa, feita a partir de amostra de 56 mil entrevistas, é suficiente para dar boas pistas do movimento.

O pesquisador Ricardo Mariano, da PUC-RS, reconhece que vem ocorrendo aumento de protestantes e pentecostais sem vínculos institucionais, ainda que ele tenha dúvidas se o crescimento foi mesmo tão intenso quanto o revelado pelo IBGE.

INDIVIDUALISMO

Para ele, a desinstitucionalização é resultado do individualismo e da busca de autonomia diante de instituições que defendem valores extemporâneos e exigem elevados custos de seus filiados.

De acordo com o professor, parte dos evangélicos adota o "Believing without belonging" (crer sem pertencer), expressão cunhada pela socióloga britânica Grace Davie sobre o esvaziamento das igrejas ao mesmo tempo em que se mantêm as crenças religiosas na Europa Ocidental.

Para a antropóloga Regina Novaes, uma pergunta que a pesquisa levanta é se este "evangélico genérico" tem semelhanças com o católico não praticante. Para ela, "ambos usufruem de rituais e serviços religiosos mas se sentem livres para ir e vir".

Diana Lima, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos, levanta outra hipótese: "Minha suspeita é que as distinções denominacionais talvez não façam para a população o mesmo sentido que fazem para religiosos e cientistas sociais. Tendo um Jesus Cristo ali para iluminar o ambiente, está tudo certo".

Os dados do IBGE também confirmam tendências registradas na década passada, como a queda da proporção de católicos e protestantes históricos e alta dos sem religião e neopentecostais.

No caso dos sem religião, eles foram de 5,1% da população para 6,7%. Embora a categoria seja em geral identificada com ateus e agnósticos, pode incluir quem migra de uma fé para outra ou criou seu próprio "blend" de crenças -o que reforça a tese da desinstitucionalização.

Para o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, do IBGE, o que está ocorrendo é um processo de democratização religiosa, "com todos os problemas da democracia".

O maior perdedor é a Igreja Católica, que ficou sem seu monopólio. Segundo Alves, ela vai ceder mais terreno, porque os católicos se concentram nas parcelas de menor dinamismo demográfico.

Já os evangélicos ainda vão crescer muito, garante o demógrafo, pois ganham entre as parcelas da população que têm maior fecundidade.

Outro dado interessante da POF é que aumentou o número dos que declararam uma religião não identificada pelos pesquisadores, o que indica que na década passada mais igrejas surgiram e passaram a disputar o "supermercado da fé", na expressão depreciativa utilizada pelo papa Bento 16.

Por ser amplo, o levantamento permite também identificar, denominação por denominação, o tamanho de cada igreja.

A Igreja Universal do Reino de Deus, por exemplo, registrou queda de 24% no número de fiéis. O recuo pode estar relacionado com a criação de igrejas dissidentes.

Ao analisar os números, porém, os pesquisadores consultados dizem que é preciso esperar o Censo para confirmar esse movimento.

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Escola pública terá educação financeira

Discussão do dinheiro será integrada ao currículo em vez de ser uma disciplina

Os alunos do ensino médio de escolas públicas começarão a ter orientação de educação financeira.

Segundo Jaqueline Moll, da diretoria de currículos e educação integral do MEC (Ministério da Educação), a ideia não é criar uma disciplina específica e sim integrar o assunto ao currículo normal das escolas. Ela calcula, porém, que serão ao menos dez anos para consolidar o tema nas escolas.

Ainda não está definido quando e em quais locais a educação financeira começará a ser implementada.

"Queremos abordar questões como a história do dinheiro e a geografia financeira e orientar o comportamento dos alunos nesse sentido", afirmou a especialista.

O projeto é uma das primeiras iniciativas da Enef (Estratégia Nacional de Educação Financeira), criada pelo Conef (Comitê Nacional de Educação Financeira). O comitê reúne instituições como o BC (Banco Central), a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e o MEC.

A educação financeira nas escolas vai seguir projeto-piloto de 2010, quando foi dada orientação a 26 mil estudantes da rede pública de São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins, Ceará e Distrito Federal.

Apesar de o projeto ser focado em jovens, a orientação sobre como usar e aplicar de maneira mais inteligente o dinheiro não ficará restrita a essa faixa etária.

O BC prepara um plano de educação financeira para aposentados. Existem, ainda, projetos para adultos.

"A educação financeira para adultos é algo emergencial diante do fato de que 46 milhões de pessoas subiram de classe social desde 2003", comentou Altamir Lopes, diretor do BC.

Pesquisa do instituto Data popular feita em 2008 a pedido do Conef constatou que o nível de instrução financeira do brasileiro é baixo.

A avaliação mostra que, na época, 26% dos entrevistados estavam em cadastros de devedores. Desses, 58% não tinham intenção de quitar a dívida rapidamente.

Ao mesmo tempo, o acesso dos brasileiros a produtos do sistema financeiro não para de crescer.

De 2002 a 2009, o número de contas bancárias no país saltou de 55,7 milhões para para 90,7 milhões.

O uso de cartão de crédito também teve crescimento relevante. Em 2009, eram 78,2 milhões de cartões, ante 22,5 milhões em 2002.

Uma das ações do BC inclui a oferta de palestras em várias cidades, que serão transmitidas pela internet com acesso aberto mediante cadastramento.

O projeto, ainda em fase de testes, será voltado para os jovens que estão entrando no mercado de trabalho.

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ETELVINO DE OLIVEIRA FREITAS (1953-2011)

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O engenheiro e a paixão pela fotografia

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Engenheiro civil formado pela primeira turma da UFS (Federal de Sergipe), Etelvino de Oliveira Freitas era um profissional respeitado e reconhecido em Aracaju.

Funcionário do DER (Departamento de Estradas de Rodagem), também assumiu cargos importantes, como a presidência do Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) no Estado. Atualmente, era conselheiro do Confea (conselho federal da categoria).

Mas agora, após sua morte, a família quer que ele seja lembrado também por outra paixão que marcou parte dos seus 58 anos: a fotografia.

Das milhares de imagens captadas por Etelvino, a mulher, Viveca, e as filhas, Cybelle e Cynthia, pretendem separar algumas dezenas para serem vistas por outras pessoas em exposições.

Quando não estava fazendo cálculos, o engenheiro botava o pé na rua e saía a procura de boas imagens. Valia de tudo, de flores e bichos a cenas do cotidiano.

Quando viajava, era a mesma coisa: máquina a tiracolo e olhar atento. "Na nossa última viagem, para Paris e Barcelona, a gente ia passear e ele, fotografar", conta Viveca.

O hobby começou quando ainda era adolescente. Já mais velho, aprendeu técnicas com um amigo que é fotógrafo profissional. Comprou lentes de todos os tipos e câmeras profissionais. Sabia até como usar programas para tratamento de imagens.

Após sete anos lutando contra um câncer que atingiu vários órgãos, morreu no domingo (7), de falência múltipla. Deixa uma filha estudante de engenharia civil e outra apaixonada por fotografia.

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Congresso resgata maior projeto de Landowski

Realizador do Cristo Redentor queria erguer "Templo do Homem"

Sem conseguir realizar seu sonho, escultor tem sua trajetória revisitada por especialista francesa em art déco

RAIO-X LANDOWSKI

NASCIMENTO

Em 4 de junho de 1875, na França, filho de refugiados poloneses

FORMAÇÃO

Estudou na Academia Nacional Francesa, ganhando o prêmio Roma, em 1900, pela escultura "David"

CARREIRA

Foi diretor da Academia Francesa em Roma, entre 1933 e 1937. Em 55 anos, produziu 50 monumentos em Paris e arredores.

Entre seus projetos mais importantes estão o Cristo Redentor, no Rio (1931), o Monumento Internacional da Reforma, em Genebra (1909), e a fonte "As origens do Sena", em Paris.

Um museu em Boulogne-Billancourt, na Grande Paris, onde viveu, reúne mais de cem obras dele

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O maior projeto do escultor francês Paul Landowski (1875-1961) -um dos realizadores do Cristo Redentor, no Rio-, o "Templo do Homem", nunca foi construído, e representa "uma das grandes utopias do século 20".

Esse é um dos pontos centrais da fala da francesa Michèle Lefrançois, especialistas em art déco em sua palestra nesta quinta no Rio. "Vou evocar seu humanismo através do projeto que ele conduziu durante toda a sua vida: esculpir um templo dedicado à glória da humanidade. Para ele, a forma não poderia se dissociar do pensamento, da ideia", disse Lefrançois à Folha.

Segundo ela, desde 1903, durante uma residência na Villa Médicis, em Roma, Landowski teve a ideia de construir e esculpir um templo que contaria a história da humanidade. Ele seria aberto a todos, sem distinção de raça ou religião e seria criado para funcionar como centro de manifestações intelectuais.

"Além de ser a especialista número um em Landowski, Lefrançois conseguiu criar a maior coleção de esculturas art déco da Europa, nos anos em que atuou como diretora-conservadora do Museu dos Anos Trinta, em Paris", afirma Marcio Alves Roiter, autor de do livro "Rio de Janeiro Art Déco", que a Editora Casa da Palavra lança nesta semana.

Foi o escritor Paul Valéry quem batizou o projeto de "Templo do Homem". Ele seria coroado por uma cúpula e, sobre ela, estaria a escultura "Les fils de Caïn" (hoje nos jardins do Louvre, em Paris), acolhendo os visitantes. Quatro paredes esculpidas apresentariam ainda as lendas da humanidade.

Sem conseguir viabilizar seu sonho, Landowski hoje é reconhecido por ter projetado parte do Cristo Redentor, no Rio, o maior monumento de art decó do mundo.

Até recentemente, ele era atribuído apenas ao francês, mas graças ao documentário "Christo Redemptor" (2005), de Bel Noronha, admitiu-se que o monumento foi fruto de um concurso público, vencido por Heitor da Silva Costa, de quem a cineasta é neta. Ele teria optado pelo formato do Cristo de braços abertos e encomendado mãos e rosto a Landowski, que nunca veio ao Brasil. Noronha participa da mesma mesa de Lefrançois no 11º Congresso Mundial de Art Déco.

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