quinta-feira, 11 de agosto de 2011

RUY CASTRO

Elites inconformadas Fonte: folha.uol.com.br 10/08

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RIO DE JANEIRO - Uma das qualidades que se exigem de um palestrante é a capacidade de seduzir a plateia. Parece óbvio, mas não é. Há alguns que, por falta de prática, de vocação ou mesmo de estado de espírito, induzem o espectador a algo próximo da sonolência, do coma ou do rigor mortis. Mais indispensável ainda é respeitar a língua da plateia. Há tempos, falando para escolares da 4ª série, sem querer citei o Kierkegaard. Eles só aplaudiram por educação.

O ex-presidente Lula nunca cometeu essa gafe. Em seus oito anos como presidente, ao falar para sem-terra, operários, sindicalistas, cabos eleitorais, estudantes ou mesmo intelectuais, ele jamais citou Kierkegaard. Em vez disso, foi incansável em sua peroração contra as elites -de como elas não se conformavam com o fato de que um metalúrgico nordestino e sem diploma tivesse chegado aonde chegou para fazer tudo o que elas sempre se negaram a fazer pelo Brasil e, por isso, torciam para o país dar errado e elas retomarem o poder.

Lula é hoje um dos mais bem-sucedidos palestrantes do planeta. Cobra US$ 300 mil líquidos por palestra no exterior; R$ 200 mil, no Brasil; e faz uma média de três por mês. Esses valores estão fora do alcance da bolsa dos sem-terra, operários, sindicalistas, mas o que ele tinha de falar para esse pessoal, já falou. E, se tiver de falar de novo -no caso de uma possível nova campanha presidencial-, fará isso de graça, nos palanques.

As novas plateias de Lula, aqui e lá fora, se compõem de banqueiros, economistas, investidores, empresários, conselheiros de empresas, grandes executivos, especuladores de alto bordo, lideranças políticas, autoridades governamentais, instituições internacionais, especialistas, fundações, ONGs.

Por acaso, justamente as pavorosas elites que nunca se conformaram com o fato de que um metalúrgico nordestino etc. etc.

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QUADRINHOS

"Aula" de filmes clássicos Fonte: correioweb.com.br 11/08

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A fórmula de quatro quadrinhos, texto “curto e grosso” — mas com humor — e ilustrações simples voltam às páginas de mais um livro do quadrinista sueco Henrik Lange. Novamente em parceria com o roteirista americano Thomas Wengelewski, o autor disseca várias fitas marcantes do cinema no livro 99 filmes clássicos para apressadinhos. Abrangendo ganhadores do Oscar, sucessos de bilheteria e até mesmo do cult movie e do lado B do cinema, a obra lançada pelo selo Galera Record, traz cerca de 200 páginas de sínteses feitas especialmente para apreciadores da sétima arte e também das HQs, adaptada e traduzida no Brasil pelo cartunista Otacílio d’Assunção, o Ota.

Mais do que sinopse, o livro faz a versão fast reading (leitura dinâmica) de títulos apreciados por cinéfilos como ...E o vento levou (1939), Cidadão Kane (1941) e Psicose (1960). Karatê Kid (1984) abre a seleção, contando em tom irreverente a história do jovem Daniel, que busca aprender o verdadeiro sentido das artes marciais. “Ele pede a um oriental maluco, o Miyagi, pra lhe ensinar karatê, pra ele poder enfrentar os valentões e poder pegar a garota. Mas acaba virando faxineiro do Miyagi. Daniel derrota o temível Cobra Kai com uma pirueta ridícula, que qualquer um poderia evitar. O Sr. Miyagi devia era ser preso por exploração do trabalho infantil”, destaca o texto dos quadrinhos sobre o filme.

A leitura sarcástica é um aperitivo para quem entende bem o assunto e um guia para os “apressadinhos” — como o próprio nome do livro sugere —, que podem assistir a uma cinemateca inteira em poucas horas de leitura. Entende-se até mesmo o que não daria para compreender assistindo ao filme todo, como o surrealista francês Um cão andaluz (1929). O cine mudo e em preto e branco ganha sentido e até crítica. “O que acontece quando dois surrealistas bêbados (Luis Buñuel e Salvador Dalí) resolvem fazer um filme? Pra começar, um olho é cortado. Depois vem um monte de cenas sem pé nem cabeça, como um homem arrastando pianos com dois burros mortos amarrados, padres e até a tábua dos Dez Mandamentos. Nada faz sentido. No fim surge um casal, enterrado na areia. Não, esses surrealistas não usavam drogas. De jeito nenhum”.

Zombaria

Tão divertidas quanto o texto são as ilustrações, que tornam o livro ainda mais cômico. Outro aspecto é que o livro não obriga a uma leitura linear: pode abrir em qualquer página, que a risada é garantida. Não serve como uma leitura definitiva, mas amplia o conhecimento sobre cinema com boa dose de praticidade.

Nascido em 1972, em Gotemburgo, o sueco Henrik Lange começou a publicar seus quadrinhos no início da década de 1990, principalmente com histórias inspiradas em sua vida pessoal. A primeira obra a ser traduzida no Brasil foi 90 livros clássicos para apressadinhos, também lançado pela Galera Record, que segue a mesma linha desta HQ. Em parceria com Wengelewski escreveu ainda 99 séries clássicas de TV para apressadinhos, que, como outras publicações da dupla, não tem tradução no Brasil.-

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DE GRAÇA - São-joão de Gil e de Elba

Ceilambódromo será palco da maior festa forrozeira do cerrado. Os shows começam a partir das 20h Fonte: correioweb.com.br 11/08

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De João Pessoa, na Paraíba, a Saint Nazare, na França, foi esta — até agora — a trajetória de Fé na festa, a turnê de Gilberto Gil, iniciada em junho. O show do cantor e compositor baiano que tem por base CD homônimo, chega finalmente ao Distrito Federal, para apresentação hoje, às 22h30, no Maior São-João do Cerrado, no Ceilambódromo, em Ceilândia.

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Gil está distante dos palcos da cidade desde abril do ano passado quando fez o show Bandadois, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Na turnê Fé na festa, vista em seis cidades nordestinas e em 13 europeias — de países como Áustria, Itália, Hungia, Eslovênia, Portugal e Israel — o artista é acompanhado pela banda formada por Arthur Maia (baixo), Sérgio Chiavazzollo (guitarra), Jorge Gomes (zabumba), Gustavo de Dalva (percussão) e Nicolas Krassik (violino).

Fé na festa é também a música que abre o roteiro do show — assim como no repertório do álbum, que traz 13 faixas. Destas, nove canções têm a assinatura de Gilberto Gil — entre elas, O livre atirador e a pecadora, Assim, sim, Vinte e seis, São-João carioca e Lá vem ela. As duas últimas, ele compôs com Nando Reis e Vanessa da Mata, respectivamente. Já Norte da saudade foi feita por Gil, Perinho Santana e Moacyr Albuquerque. As outras são recriações para Dança da moda (Luiz Gonzaga), Aprendi com o rei (João Silva) e Maria minha (Targiono Gondim e Eliezer Setton).

Gil disse ao Correio que este tipo de espetáculo — com gêneros como baião, xote e forró —, não é novo em sua carreira. “Essa música faz parte da minha vida desde sempre”. Ele considera Ceilândia um ambiente propício para a festa nordestina. “Tenho certeza que as pessoas vão se identificar com ela, pois até os húngaros saíram dançando no meio do show…”.

O cantor conta que Fé na festa foi bem assimilado na Europa. “A música nordestina tem origem na península ibérica que, por sua vez, se origina dos mouros e da Galia. As quadrilhas eram cantadas em francês (cita as expressões en arrière, e à l’avant tous), e da cultura celta, entre outras. Ele adianta ainda que seu sucesso mais recente, Minha princesa cordel, tema de abertura da novela Cordel encantado, foi incorporado ao roteiro do show. “A composição me faz voltar à música que está dentro de mim, de maneira irreversível, desde a minha infância. quando ouvi Luiz Gonzaga pela primeira vez, na Praça da Sé, em Salvador”.

Baião

Outros destaques da programação de hoje são Elba Ramalho, Luizinho da Paraíba, Araújo do Norte, Trio Siridó, Peninha e os repentistas Chico de Assis e João Santana. Em junho, Elba esteve ao lado de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Geraldo Azevedo, Dominguinhos e Alcione no São- João Carioca, realizado na Quinta da Boa Vista, que homenageou o baião — ritmo popularizado por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, a partir dos anos 1940.

A cantora, acompanhada por sua banda, liderada por Cezinha do Acordeon, trará para os brasilienses o mesmo show com o qual percorreu o país, no circuito das festa juninas. Com um universo musical imenso para explorar, nesse tipo de apresentação, Elba relacionou e vai cantar no Ceilambódromo as dançantes Asa branca, Ai que saudade de ocê, Banho de cheiro, Bate coração, Forró do Xenhenhem e Frevo mulher, entre outras.

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Senhora liberdade

Primeira atriz negra formada na UnB, Cristiane Sobral descobre na arte a alforria para os reveses da vida Fonte: correioweb.com.br 11/08

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A atriz Cristiane Sobral e o grupo teatral Cabeça Feita aterrissavam em Luanda em 2004 e havia gente ansiosa para ver os artistas no aeroporto. Curiosas, as pessoas comentavam sobre o texto da peça Petardo, que abriria as portas do Teatro da Liga Nacional Africana, depois do tempo fechado de guerra em Angola. O marketing em outdoors, em torno da companhia brasiliense, era tanto que carrões, daqueles que nem se veem em filmes, buscavam os intérpretes hospedados numa mansão de um embaixador sueco. Para coroar a situação, cada ator ganhava um cachê de US$ 4 mil por duas semanas de trabalho. Era o paraíso na vida dessa mulher guerreira, sempre chamada à batalha, às vezes de vida e de morte, para assegurar a liberdade.

— Ao longo da minha história, tive que conquistar muitas alforrias. Ali, em Angola, era uma maravilha.

Nascer foi a primeira luta de Cristiane Sobral. O passado nebuloso é formado por pedaços de histórias remendados um a um. Até hoje, mulher feita, ela não conhece os pais biológicos nem sabe como parou nas mãos do casal que a adotou. O que sabe vem de uma narrativa incerta. Um dia, uma enfermeira ouviu um choro de bebê e correu para a lata de lixo da casa de saúde paulistana. Lá, encontrou o bebê abandonado. De imediato, pensou numa família negra que não podia ter filho. Pegou a garotinha, voltou para o Rio e seguiu para a periferia carioca.

— Mas o casal tinha acabado de adotar uma menina. Aí, ela passou de casa em casa, com aquela criança em mãos, até chegar à residência de uma de suas melhores amigas, que olhou a garota, mostrou ao marido e quis adotá-la. Minha mãe, uma professora e líder comunitária, me enrolou num paninho e inventou, no cartório, que teve o bebê em casa.

Cristiane cresceu estranhando a família. A mãe era branca, o pai negro e os irmãos, miscigenados. Era tratada como uma boneca pela mulher de forte preocupação social. Evangélica, a senhora a colocou numa escola da igreja e a menina crescia em ritmo de aprendizado surpreendente. Não gostava de televisão, mas já brincava de teatro. Entre o relicário da infância, guarda uma foto de uma peça da igreja, na qual fazia o papel de flor.

— De repente, minha mãe morreu e a minha infância foi interrompida. Meu pai se entregou ao alcoolismo. Perdi a bolsa na escola evangélica e estava esquecida, sem referência dos familiares dos meus pais, porque todos rejeitaram a união entre um branco e uma negra.

O perigo rondou a menina, que foi morar com um irmão numa periferia violenta do Rio, despertando o interesse sexual de um traficante. Ela, com 10 anos, ficou com medo, pediu socorro a outro irmão, que a resgatou e, posteriormente, a trouxe a Brasília. Aqui, estudou em colégio público e convivia com uma pesada vida doméstica.

— Era vista como uma empregada. Aos 16 anos, terminei o segundo grau e meu irmão me deu um cheque para fazer a inscrição no vestibular de jornalismo. Queria artes cênicas, mas não tinha dinheiro para pagar a taxa da prova de habilidade específica. Na fila, comentei isso com um desconhecido e ele tirou o dinheiro do bolso e pagou para mim. Nunca mais o vi.

Dali a pouco, Cristiane Sobral estava vivendo o sonho de ser atriz. Sem saber, construía a história daquela instituição ao ser a primeira intérprete negra formada pela UnB. Lá, começou a ganhar o primeiro dinheiro e conseguiu uma vaga para morar na residência universitária. Pegou as coisas da casa do irmão e foi abrir os caminhos. No começo, tudo era difícil. Sentia-se só, rejeitada, sem amigos e amores. Até que conheceu os estudantes africanos da UnB e se sentiu em outro mundo.

— Passei a ter namorados, amigos, a ser ouvida e me sentir interessante. Já tinha aí uma consciência que, como negra, os espaços sempre precisavam ser conquistados.

Já funcionária da Embaixada de Angola, onde fez carreira por 12 anos, Cristiane Sobral finalizou o curso de artes cênicas encenado um texto de sua autoria. Boneca no lixo, com direção de Hugo Rodas, espelhava os enfrentamentos na vida. Recentemente, teve um grave problema de saúde e chegou a ser desengana no hospital. Viveu uma experiência de quase morte, mas quis profundamente reinventar-se. Publicou o livro de poemas Não vou mais lavar pratos. É professora de ensino a distância da UnB. Poeta, atriz, articulista… São muitas alforrias!

Não quero mais lavar pratos

De Cristiane Sobral. Coleção Ipoema, 128 páginas.

Informações: http://cristianesobral.blogspot.com

Esquetes

Tópicos do teatro negro

» Em 1999, Cristiane Sobral criou o Cabeça Feita, primeiro grupo de teatro negro de Brasília. Buscou fundamentá-lo com experiências no Bando de Teatro Olodum (BA) e Cia. dos Comuns (RJ). A companhia, no momento, sem atividade regular, criou uma dramaturgia própria e negra.

» Atualmente, Cristiane Sobral faz mestrado na UnB onde pesquisa o teatro negro no Brasil.

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DEBATE

Capital em fotos

Encontro de fotojornalistas oferece diferentes formas de ver a história de Brasília. Os profissionais da imprensa apresentam e comentam as imagens que registram diversos aspectos dos acontecimentos da cidade Fonte: correioweb.com.br 11/08

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Grande parte da história de Brasília está documentada em fotografias. Mais especificamente, estão registradas nas lentes de repórteres fotográficos, que se dedicaram a clicar os acontecimentos importantes da cidade. O dia a dia dos brasilienses, a violência urbana, as linhas da arquitetura moderna e, é claro, a vida política do país são temas das imagens captadas pelos jornalistas que construíram carreira por aqui. Esses assuntos serão abordados no encontro de fotojornalistas que será realizado no Sesc da 504 Sul.

O evento, que faz parte do Mês da Fotografia 2011, conta com a participação de fotojornalistas do Correio e de outros jornais e revistas da cidade e é coordenado por André Dusek, que trabalha na cidade desde 1975. Durante o encontro, os repórteres fotográficos exibirão imagens da capital que foram publicadas na imprensa e contarão para o público histórias, bastidores e desafios da profissão.

O editor de fotografia do Correio, Luis Tajes, separou um acervo com cerca de 30 fotografias publicadas no jornal no últimos anos. A ideia é mostrar os diversos lados de Brasília por meio de imagens que contam as histórias do cotidiano da capital. “A gente vai mostrar tudo. Desde coisas mais sérias, como imagens de políticos, até algumas fotos mais engraçadas”, explica.

O editor selecionou algumas fotografias premiadas e pediu outras para os repórteres. “O pessoal entregou o material que eles consideravam bom. A única exigência que fiz é que todas já tivessem sido publicadas.” Dessa forma, a diversidade de temas se fez presente na seleção: política, violência, paisagem, festa. É possível ver de tudo um pouco na apresentação.

A pluralidade de assuntos serve para retratar da melhor maneira o ofício dos repórteres fotográficos. Tajes entende que o trabalho do fotojornalista é contar uma história por meio das fotos, é mostrar a realidade. “O fotojornalismo tem um diferencial importante, ele lida com o real, com a notícia. Não se cria nada, busca-se uma forma diferente para expor um fato”, comenta.

A definição do trabalho do fotojornalista é a preocupação com a verdade. Como profissional da imprensa, o repórter fotográfico tem que por meio das técnicas da profissão retratar o fato da maneira mais precisa possível. “É uma visão diferente de um fotógrafo de estúdio, tem que mostrar a realidade”, enfatiza.

Evolução

No encontro, os fotógrafos também falam do futuro da profissão. Com o surgimento de telefones e câmeras amadoras cada vez mais poderosas, qualquer um pode virar um repórter fotográfico. Mesmo ressaltando que sempre haverá espaço para os profissionais, Tajes reconhece que hoje as imagens podem ser colhidas por qualquer um. “Acredito que, em breve, nós vamos ver uma foto tirada de celular ganhar um prêmio importante. Eu, como editor, fico contente, porque aumenta o leque de possibilidades”, acredita Tajes.

O desenvolvimento tecnológico não é exatamente uma preocupação. Na verdade, a própria história mostra que fotografia e tecnologia sempre caminharam lado a lado. “Essas novas possibilidades só melhoram nosso trabalho. Porém é preciso que os novos profissionais tenham domínio completo dessas ferramentas”.

Apesar das alterações promovidas pela enxurrada de aparelhos cada vez mais modernos, Luis Tajes acredita que algumas coisas não mudam. Além do olhar diferenciado, o repórter fotográfico precisa de outros atributos. “Tem a competência, às vezes o fotógrafo sai do jornal com uma pauta simples e volta com uma imagem de capa.”

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Encontro com Fotojornalistas de Brasília

Coordenação de André Dusek, a partir das 20h, no Sesc 504 Sul. Entrada franca.

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Qatar é cápsula de cultura árabe em versão baixo teor

Na capital Doha, museu de Arte Islâmica reúne peças desde o século 7 d.C.

Coleção contempla de tudo um pouco, de antigos manuscritos com caligrafia a joias e tapetes suntuosos Fonte: folha.uol.com.br 11/08

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Com voos diários a partir de São Paulo, muitos brasileiros com destino a Tóquio, Xangai, Cingapura, Pequim, Melbourne ou Beirute conhecem Doha apenas como um aeroporto de conexão. A capital do Qatar, contudo, merece mais que uma corrida às lojas isentas de impostos.

Passar dois a quatro dias no diminuto emirado (reino) é algo a considerar. O turista terá ali uma cápsula de cultura árabe, mas em versão baixos teores.

Trata-se de opção segura e confortável -se o viajante resistir ao calor de até 50°C, no verão, sem recurso à cerveja.

ARTE ISLÂMICA

Doha é uma cidade de carros e para carros, em geral jipões com que os qatarianos atacam as dunas do deserto.

Na capital rolam por avenidas de pavimento impecável, que se expandem a partir da Corniche, via semicircular que contorna a baía, pontilhada de tamareiras. A paisagem, apesar de convidativa, não inclui pedestres.

Na ponta leste da Corniche, pouco além do porto de "dhows" (veleiro típico das Arábias), está a maior joia de Doha: o museu de Arte Islâmica. Inaugurado em 2008, o maciço prédio de linhas retas, cercado de águas verdes e vagamente reminiscente de mesquitas, foi projetado pelo arquiteto sino-americano I.M. Pei (o mesmo das pirâmides do Louvre).

Se o visitante já se impressiona com o exterior, sofre um choque ao entrar no museu. O átrio monumental abriga passarelas metálicas entre os dois andares superiores e uma escadaria dupla, em curva, de tirar o fôlego.

Apesar de imponente, o museu não chega a ser imenso. Pode ser visitado como merece em umas três ou quatro horas. A coleção, das mais importantes do gênero no mundo, reúne peças desde o século 7 d.C., quando surgiu a religião do Islã.

No segundo andar, as galerias se organizam por temas: caligrafia, arte figurativa, motivos e ciência na arte muçulmana. No terceiro, a organização é cronológica, das primeiras dinastias árabes à expansão do islamismo para a península Ibérica e os confins dos impérios da Índia e da Turquia.

Há um pouco de tudo, de antigos manuscritos com caligrafia e iluminuras rebuscadas a joias e tapetes suntuosos. Não será má pedida quebrar a visita em duas partes, com intervalo para um lanche junto à gigantesca rosácea geométrica de pedra negra que cobre o piso do térreo. A inevitável lojinha tem muita coisa bonita e preços salgados.

Museu de Arte Islâmica

ONDE Doha

ENTRADA gratuita

VISITAÇÃO fechado às terças e sextas; nos demais dias, das 10h às 14h. Nas terças e sábados, também funciona das 20h às 23h

site www.mia.org.qa/english

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Bienal corta pela metade mostra que comemora seus 60 anos

Fundação diz que redução aconteceu "para não cansar público" Fonte: folha.uol.com.br 11/08

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Foi reduzida pela metade a mostra "Em Nome dos Artistas", que celebra 60 anos de criação da Bienal de São Paulo com o acervo do museu norueguês Astrup Fearnley.

Em março passado, o curador do museu e da mostra, Gunnar Kvaran, disse à Folha que iria apresentar 111 artistas no pavilhão da Bienal, com quase 30 mil m2. Agora, devem ser 51 artistas, prevendo o uso de 15 mil m2.

O evento iria englobar outras mostras organizadas pelo museu em colaboração com a galeria Serpentine, de Londres, como "Uncertain States of America", sobre jovens artistas norte-americanos, e "China Power Station", sobre chineses emergentes.

A última foi descartada, e a primeira, reduzida. Contudo permanecem os grandes nomes previstos, como Jeff Koons e Damien Hirst. No site do Ministério da Cultura, a exposição prevê a captação de R$ 14 milhões (R$ 8 milhões para a mostra e R$ 6 milhões para o educativo). Até ontem, só R$ 4 milhões estavam garantidos.

"Sempre enfrentamos problemas com captação, mas a redução não ocorre por questões financeiras, pois temos mais apoios já garantidos. A redução ocorreu porque a mostra seria muito grande no formato original e as pessoas se cansam de exposições assim", diz Heitor Martins, presidente da Fundação Bienal.

A maior dificuldade é a captação para o educativo da mostra: apenas R$ 100 mil foram conseguidos. "Essa é uma área difícil para obter recursos, precisamos conquistar um apoio com caráter permanente", defende Martins.

Para ajudar na mostra, no entanto, está programado um jantar beneficente, no dia 20 de setembro, nos moldes do evento organizado logo que Martins assumiu o cargo, em 2009, com a instituição afundada em dívidas de cerca de R$ 3 milhões.

Agora, cada convite custa R$ 5.000, mas esse valor pode ser abatido por quem comprá-lo através de lei de incentivo à cultura desde que o contribuinte deva ao menos cerca R$ 100 mil ao Imposto de Renda -a alíquota para pessoa física é de 6%.

"É parte de um programa que vamos lançar no jantar, chamado Mais Bienal, para estimular que pessoas físicas também façam doações à Bienal, porque nem todo mundo sabe que isso é possível", afirma o presidente.

Martins também não considera que a dificuldade em obter recursos seja porque o MinC tenha fechado a torneira: "Eles estão proibidos por lei de repassar recursos. O que precisamos é envolver a sociedade, sejam empresas, pessoas ou o poder municipal, estadual e federal".

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teatro

Francês cria linguagem sensorial para quebrar a lógica do mundo Fonte: folha.uol.com.br 11/08

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Peça "Teatro dos Ouvidos", do dramaturgo Valère Novarina, ganha montagem no Rio e livro

-Ao traduzir sua obra para o português, Angela Leite Lopes introduziu Valère Novarina no Brasil. Um dos dramaturgos mais importantes em atividade na França, o autor desconstruiu os paradigmas do teatro contemporâneo, exigindo do espectador um entendimento sensorial.

Angela agora cria mais uma ponte entre autor e público ao interpretar "Teatro dos Ouvidos". O solo, dirigido por Antonio Guedes (Cia. Teatro do Pequeno Gesto), estreia no Rio amanhã, marcando a volta dela aos palcos após 20 anos.

Escrito para o rádio em 1980, "Teatro dos Ouvidos" inventa uma linguagem que quebra a lógica do mundo. "Fala da criação artística de forma poética. Desmistifica a noção de obra-prima, buscando outra coisa que não a identificação entre ator e espectador", explica Angela.

Para ela, o desafio de traduzir Novarina é conseguir se despojar do hábito de interpretar, deixando-se levar pelo ritmo e pelas sonoridades.

A peça rompe os limites entre teatro, poesia e artes plásticas ao convidar o espectador a fazer um percurso por um labirinto com 22 lâminas transparentes que pendem do teto. Instaura um "novo mundo", em que atriz e plateia são guiados por palavras.

"Queremos propor um teatro que brota numa dimensão interna, a partir da imersão do ouvinte na narrativa de Novarina", diz Guedes. Para Angela, interpretar a obra por ela traduzida é uma experiência completamente diferente. "Agora, coloco outros órgãos para trabalhar, como diz Novarina em vários de seus textos. Algo físico acontece quando suas palavras passam pela respiração, transpiração e emoção."

Ela afirma que a intenção de Novarina é acabar com a indústria da explicação e fazer a arte usar a linguagem como criação, não como mensagem ou produto.

Angela diz que, desde "O Ateliê Voador" (1973), seu primeiro texto, Novarina coloca a língua como instrumento de poder, potencial instância de criação e rebelião.

A partir daí, o autor irá cada vez mais fundo na dimensão de criação da linguagem. "Ele faz um manifesto pela permanência do artístico na sociedade de consumo. No caminho, criou uma língua que lhe é própria."

TEATRO DOS OUVIDOS

QUANDO sex. e sáb., às 19h, e dom., às 18h; de amanhã a 4/9

ONDE Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto (r. Humaitá, 163, Rio, tel. 0/xx/21/2535-3846)

QUANTO grátis

CLASSIFICAÇÃO 14 anos

O TEATRO DOS OUVIDOS (LIVRO)

AUTOR Valère Novarina

EDITORA 7Letras

QUANTO R$ 19 (48 págs.)

LANÇAMENTO hoje, às 19h30, no Espaço Cultural Sergio Porto

Angela Leite Lopes, tradutora do autor, retoma seu trabalho como atriz após 20 anos distante dos palcos

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PASQUALE CIPRO NETO

"Deu uma risada daquelas que arrasa"

Em textos literários e na linguagem espontânea, o emprego do verbo no singular é recorrente Fonte: folha.uol.com.br 11/08

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RECEBO UM TELEFONEMA de ninguém menos do que o grande Ziraldo. Como faz sempre que conversamos, o Mestre brinca comigo culpando-me de algo (linguístico) de que não tenho culpa. Aliás, muita gente gosta disso (e sem o tom de brincadeira e respeito de Ziraldo).

Uma das últimas culpas que me atribuíram é relativa a uma tola lista de provérbios, "corrigidos" por mim. A bobagem (que nunca escrevi) circula pela internet, normalmente com este título: "Direto do professor Pascoale" (meu nome é Pasquale). E ali se diz, por exemplo, que o certo é "Quem tem boca vaia Roma" (em vez de "vai a Roma"). Jogue isso no lixo, caro leitor, pelo amor de Deus.

Pois bem. Ziraldo me ligou para pedir explicações, apoio, solidariedade etc. Explico: na próxima obra de Ziraldo ("O Capetinha do Espaço", escrita em versos alexandrinos), Mercúrio faz uma "sacanagem" com Plutão ("Mercúrio era um grande...", diz Ziraldo, rindo). Aí entra esta passagem: "E deu uma risada daquelas que arrasa".

Entre as formas "arrasa" e "arrasam" ("uma risada daquelas que arrasa/arrasam"), Ziraldo optou por "arrasa", que rima com "casa", palavra que encerra o verso alexandrino seguinte, dito por Plutão ("Eu não posso levar desaforo pra casa"). Convém lembrar que verso "alexandrino" é o que tem 12 sílabas poéticas. O busílis (o xis do problema) está justamente na escolha de Ziraldo, que diz que querem que ele troque "arrasa" por "arrasam", o que mataria a rima com "casa".

Vou resumir o que eu disse a Ziraldo sobre o caso. Em textos jornalísticos, informativos, técnicos, jurídicos etc., o plural dá de goleada, por motivos compreensíveis. Quando se diz que Chico Buarque é um dos compositores que melhor traduzem a alma feminina, fica claro que não se diz que Chico é o que melhor traduz a alma feminina; o que se diz é que Chico integra o grupo dos que melhor traduzem a alma da mulher.

Quando se diz que a polícia brasileira é uma das que mais precisam de reciclagem, não se diz que ela é a que mais precisa de reciclagem; diz-se que algumas (diversas) polícias precisam mais do que outras e que a polícia brasileira é uma dessas.

Mais um exemplo: "A Bovespa foi das que mais caíram na última segunda-feira". O que se diz? Que a Bovespa foi a Bolsa que mais caiu? Não; o que se diz é que muitas Bolsas tiveram quedas expressivas e que a Bovespa foi uma dessas.

Em textos "frios", de fato o plural predomina, mas, em se tratando de textos literários e da linguagem espontânea, familiar, o predomínio do plural não é tão evidente... Nesses territórios da linguagem, a flexão do verbo no singular é recorrente, como se vê neste exemplo (citado por Evanildo Bechara em sua "Moderna Gramática Portuguesa"): "Um dos nossos escritores modernos que mais abusou do talento...".

Celso Cunha e Lindley Cintra citam estes dois exemplos: "O homem fora um dos que não resistira a tal sortilégio" (Fernando Namora); "...um dos primeiros homens doutos que escrevia em português sem mácula" (Camilo Castelo Branco).

O fato é que os exemplos vistos mostram que em certos casos o falante/escritor opta pela forma verbal que melhor traduz sua intenção, que, nos casos vistos, é a de enfatizar o verdadeiro agente do processo expresso. Quem diz algo como "Seu olhar é das coisas que mais me encanta" é levado pela força do encanto provocado por esse olhar a enfatizá-lo, o que se traduz pela opção por "encanta". Mutatis mutandis, pode-se dizer o mesmo da opção de Ziraldo em "uma risada daquelas que arrasa". A forma "arrasa" põe toda a carga de ênfase sobre a risada de Mercúrio. É isso.

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CARLOS HEITOR CONY

O cupim da corrupção Fonte: folha.uol.com.br 11/08

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RIO DE JANEIRO - Brilhante e oportuna a palestra que Celso Lafer fez, nesta semana, na Academia Brasileira de Letras sobre ética e cidadania em tempos de transição, um ciclo de conferências no qual coube ao nosso acadêmico e ex-ministro das Relações Exteriores abordar os desafios da ética na hora atual: da ética na pesquisa à ética na política.

Com sua vivência de "scholar", ao monumental volume de considerações as mais modernas, desde Maquiavel a Bobbio, ele não localizou os desafios da ética na hora atual em grandes e apocalípticos exemplos que atravessam a história. Pelo contrário, usou uma palavra que me pareceu um neologismo, mas o mestre Evanildo Bechara garantiu que não era: descupinizar.

Além dos conflitos religiosos, políticos e territoriais que marcaram a humanidade e as nações com tragédias, a realidade de hoje parece se concentrar em fatos miúdos, universais -que, em linhas gerais, podem ser resumidos na corrupção generalizada que atinge a todos os escalões da vida pública quase de modo silencioso, roendo a estrutura ética do Estado e dos indivíduos.

Celso Lafer não precisou citar exemplos específicos, aludiu ao que se vê e lê em toda parte. Um bichinho insignificante, que mal percebemos no início de seu trabalho destruidor, vai corroendo os alicerces éticos da sociedade como um todo. E as construções mais sólidas se diluem no pó.

Abandonando a metáfora e examinando a extensão e a propagação do cupim, descobre-se que ele não nasce de geração espontânea. Tampouco o seu resultado final: a corrupção.

Para dar um exemplo do dia, em termos nacionais: só de uma levada, vários funcionários do Ministério do Turismo, inclusive de alto escalão, acabam de ser afastados.

E, assim, a confiança do cidadão na estrutura do Estado é cada vez menor e mais problemática.

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CNJ intima juízes a explicar torneio de golfe

Ministra Eliana Calmon diz que fato não pode ficar na "penumbra'; Apamagis afirma que recursos vão beneficiar creche

Desembargador diz que "as empresas não vêm aqui para comprar juiz", mas "fazer divulgação" e vender seus produtos Fonte: folha.uol.com.br 11/08

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A corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, abriu procedimento no Conselho Nacional de Justiça e intimou a Apamagis (Associação Paulista de Magistrados) a fornecer informações sobre o torneio de golfe com patrocínio de escritórios de advocacia e de empresas.

Eliana Calmon entende que o CNJ já deveria ter regulamentado a participação de magistrados em eventos.

Ela disse que vai aproveitar o caso do torneio de golfe para insistir na necessidade de uma regulamentação.

"Eu não estou achando que seja um caso de absoluta gravidade", disse a ministra. "O problema mais deletério é quando as coisas ficam na penumbra, é o subterrâneo."

Para o ex-ministro da Justiça Paulo Brossard, é "de duvidosa conveniência, pelo menos", o patrocínio de empresa que fornece sistemas de digitalização a tribunais. "Há uma ligação que, amanhã, pode se tornar inconveniente", diz Brossard.

Joaquim Falcão, diretor da FGV-RJ e ex-membro do CNJ, diz que "é salutar o encontro para troca de ideias". Mas eventos "com excesso de luxo comprometem a imagem de independência que a população deve ter dos juízes".

Cláudio Weber Abramo, diretor da Transparência Brasil, acha "um disparate esse tipo de relação entre magistrados e advogados". "É óbvio o conflito de interesses quando há uma presunção de influenciamento."

O presidente da Apamagis, Paulo Dimas Mascaretti, afirmou que o evento é beneficente e que no mínimo R$ 30 mil serão destinados à Creche Benedito Lellis, do Guarujá.

"As empresas não vêm aqui para comprar juiz. Elas querem aproveitar uma associação forte e pessoas com poder aquisitivo razoável para fazer divulgação e vender produtos", diz. "As associações do Ministério Público também fazem parcerias."

"Os escritórios de advocacia estão pagando a taxa de inscrição e o valor que ajustaram com o clube. Não temos nada com isso", afirma.

Antes da reportagem, não havia menção aos patrocínios no site da Apamagis. Em maio, nota da Associação dos Magistrados Brasileiros não informava que advogados participariam do torneio.

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CONGRESSO

Comissão do Senado aprova novo rito para analisar medida provisória Fonte: folha.uol.com.br 11/08

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DE BRASÍLIA - A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprovou ontem a PEC (proposta de emenda constitucional) que muda o rito de tramitação das medidas provisórias no Congresso, já com as emendas apresentadas pelo governo para mudar o texto.

Depois de um impasse que se arrastava desde o primeiro semestre, aliados da presidente Dilma e oposição fecharam acordo para votar a matéria -que segue agora para análise do plenário da Casa, o que pode ocorrer ainda hoje.

O relator da PEC, senador Aécio Neves (PSDB-MG), fez mudanças no texto a pedido do governo para aprovar a proposta. "Se não é o ideal, é um avanço expressivo na tramitação das MPs. Em nenhum momento tratei essa matéria como membro da oposição que sou", disse o tucano.

Na principal concessão, Aécio retirou o artigo que impedia a vigência imediata da MP depois de editada pelo Poder Executivo sem antes passar pela análise do Congresso.

Pela nova proposta de Aécio, a MP entra em vigor, mas Comissões de Constituição e Justiça da Câmara e do Senado terão dez dias para analisar a constitucionalidade das MPs -e não uma comissão específica para este fim, como defendia o tucano inicialmente.

Os membros da CCJ terão autonomia para rejeitá-las.

O tucano conseguiu manter a limitação de um único assunto por MP, acabando com os chamados "contrabandos".

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Ministro atribui acesso de lobista a "descuido" da equipe

Wagner Rossi nega conhecer Júlio Fróes e diz que sua equipe é "acolhedora"

Senadores do PSDB e do DEM não questionaram loteamento de cargos; ministro ameniza as críticas a irmão de Jucá Fonte: folha.uol.com.br 11/08

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O ministro Wagner Rossi (Agricultura) admitiu ontem que o lobista Júlio César Fróes tinha acesso ao ministério pela entrada privativa de autoridades, mas creditou o problema a um "descuido" de sua "equipe acolhedora".

"Nunca me preocupei com isso [triagem]. Tenho uma equipe maravilhosa de pessoas que trabalham lá [portaria]. Não são pessoas voltadas para a atitude de evitar a entrada de pessoas. São muito acolhedores, talvez tenha tido esse descuido", disse.

Rossi nega conhecer o lobista, que tem uma filha empregada no ministério ou que ele tivesse uma sala na pasta.

Fróes foi o pivô da queda do número 2 e braço direito de Rossi, Milton Ortolan. Reportagem da revista "Veja" afirma que Fróes atuava no ministério com aval de Ortolan, que nega as acusações.

Apesar do aumento do número de acusações sobre sua pasta em comparação com a situação que precedeu o depoimento na Câmara semana passada, Rossi foi pouco incomodado pela oposição.

O depoimento durou menos de três horas. Na semana passada, na Câmara, foram quase cinco horas.

Ontem, 15 senadores fizeram perguntas ou comentários ao ministro. Apenas dois eram da oposição -Alvaro Dias (PSDB-PR) e Demóstenes Torres (DEM-GO).

O grau de apoio de governistas chegou ao ponto de Renan Calheiros (PMDB-AL) afirmar que Rossi é "um dos melhores ministros dos últimos tempos no Brasil".

A oposição não questionou nem mesmo o loteamento de cargos na pasta entre parentes de líderes do PMDB.

Rossi diminuiu o tom contra Oscar Jucá Neto, ex-diretor da Conab demitido após a revelação de que autorizara pagamento irregular de R$ 8 milhões, e irmão do senador Romero Jucá (PMDB-RR): "Tenho respeito muito grande pelos vínculos familiares, e não quero criar novos e maiores constrangimentos".

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Licitação testa lei de publicidade estatal

Mudanças buscam restringir o risco de direcionamento na seleção, mas podem prejudicar as agências menores

Entrega de propostas ocorre hoje para licitação de R$ 150 mi da Comunicação da Presidência Fonte: folha.uol.com.br 11/08

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A nova lei para contratação de agências de publicidade pelos governos federal, estaduais e municipais tem seu maior teste hoje, com a entrega das propostas para uma licitação de R$ 150 milhões anuais da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência).

Elaborada após a revelação do escândalo do mensalão, há seis anos, e aprovada no ano passado, a lei 12.232 foi escrita a partir de consultas ao próprio mercado publicitário e ao Tribunal de Contas da União.

Diretores de quatro agências ouvidos pela Folha, que pediram para não ter seus nomes revelados por participarem de concorrências federais, elogiam as mudanças, por restringirem o risco de direcionamento na seleção, com propostas apócrifas e análise por comissão com integrantes sorteados.

Mas também dizem que, com mais exigências sobretudo quanto à capacidade de atendimento, que responde por 30% da nota que define as vencedoras, ela pode prejudicar as agências menores.

A Secom discorda, dizendo que "a lei não trouxe nenhuma barreira à criação de novas agências ou à expansão das atuais".

As três que servem hoje à Secom, Propeg, 141 e Matisse, poderiam ter seus contratos prorrogados por mais um ano, mas a licitação teria sido convocada para acelerar a adoção das novas regras, de acordo com um dos publicitários.

Já a própria Secom afirma que antecipou o processo para que "as agências contratadas atuem durante o período máximo possível dentro do atual governo".

SEGURANÇA

A secretaria minimiza a novidade das mudanças "em termos práticos", por seguirem "sistemática de contratação" já adotada há cerca de três anos pelo governo federal. Mas considera que a nova lei "trouxe a necessária segurança jurídica".

Ao todo, 11 concorrências federais estão sendo ou já foram realizadas seguindo a nova lei, envolvendo Banco do Brasil e ministérios como Saúde, Esporte e Previdência Social.

Publicitários ouvidos acreditam que, embora a adoção das novas diretrizes ainda seja restrita, sobretudo nas prefeituras, já se pode verificar aumento nas licitações em todo o país, creditado, em parte, à definição das regras.

Um levantamento da Fenapro (Federação Nacional das Agências de Propaganda), sobre o volume licitado em todos os níveis e poderes, somou R$ 673 milhões nos primeiros quatro meses de 2011, ante R$ 352 milhões nos oito meses anteriores.

As pequenas e médias agências têm surpreendido, com vitórias como a da SLA Propaganda, no Ministério do Desenvolvimento Social.

FATURAMENTO

Além das exigências nas licitações, agências de mercados regionais como o interior paulista temem o efeito das mudanças no faturamento -que agora é separado para veículos e agências- da comissão por veiculação.

Como nos mercados regionais o pagamento é feito pelos veículos, elas podem ter dificuldade junto a clientes para manter as comissões.

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