20 anos do Mapati
Um dos grupos de teatro infantil da cidade faz aniversário com apresentação de peças e show, na Praça das Fontes do Parque da Cidade Fonte: correioweb.com.br 13/08
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A Companhia Teatral Mapati completa 20 anos este ano e vai aproveitar o Dia dos Pais para comemorar. Os integrantes do grupo estarão amanhã no Parque da Cidade com uma programação superdivertida para alegrar o fim de semana das crianças. Além das peças de teatro, também haverá apresentações de circo e de música, com o show da banda Pato Fu, feito apenas com instrumentos de brinquedo.
O enorme e colorido caminhão do teatro Mapati, onde os atores apresentarão as peças, estará estacionado na Praça das Fontes, pronto para receber as crianças e seus pais. A atriz e diretora Tereza Padilha, fundadora do teatro, convida a todos para sair de casa no domingo, levar a bicicleta ao parque, aproveitar o sol e, ainda, curtir as atrações culturais:
— Eu penso que todos nós vamos ganhar. É um presente para todos os pais, para que eles possam levar seus filhos. Nós estamos fazendo esse show com muito carinho, com uma expectativa boa, para reunir as pessoas, sair da toca.
Chame seus pais para participar das atrações ao ar livre e fique atento, pois o Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal (SLU) colocará latões de lixo e distribuirá sacos plásticos para que cada um recolha seu próprio lixo e deixe o ambiente limpo. O grupo de atores do Mapati lembrará a importância da reciclagem durante as apresentações.
A história da criação do Mapati é divertida. Tereza Padilha começou o teatro em sua casa, na 707 Norte. A companhia cresceu tanto, que ela precisou aumentar o espaço destinado às atividades do Mapati e acabou se mudando para outro lugar. Além disso, ela queria que o teatro reunisse o nome de seus três filhos, Mariana, Patrícia e Tiago. Da junção da primeira sílaba de cada um surgiu o nome do teatro. Tereza descobriu que Mapati é o nome de uma árvore bem grande que existe nas florestas brasileiras e dá um fruto saboroso, utilizado pelos índios na produção de vinhos.
As aulas de teatro são apenas algumas das atividades desenvolvidas pela Companhia. Lá, as crianças também aprendem cidadania e o respeito pelo próximo. Os alunos comem alimentos saudáveis enquanto ficam no espaço e se divertem fazendo pinturas e usando a criatividade para criar figurinos para as peças, com roupas e acessórios usados.
— Nós queríamos um mundo onde as pessoas pensassem de forma solidária. Sem divisões de raça, nem de religião, nem de interesse político. É esse o trabalho que a gente faz com as crianças — explica Tereza.
Uma novidade que está para chegar no Mapati são as aulas de circo, que trabalham equilíbrio, concentração e disciplina. Tudo isso completa o trabalho desenvolvido por Tereza desde o início do teatro:
— Aqui a gente alimenta a alma das pessoas com carinho, com abraço, com conversa, com gentileza. A gente mostra as coisas simples.
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Peça usa Stálin como metáfora para discutir poder e manipulação
Em "Cartas de Amor para Stálin", Bete Coelho vive ditador soviético e mulher de dramaturgo
Desesperado com a censura, autor soviético passa a interagir com a representação do líder político Fonte: folha.uol.com.br 13/08
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O ditador Stálin era fã de Mikhail Bulgákov (1891-1940), um dos principais escritores e dramaturgos soviéticos da década de 1930. Assistiu à sua peça "Dias dos Turbins" 15 vezes. Mesmo assim, o submeteu ao ostracismo com a censura que paralisou os artistas do país.
Bulgákov recebeu um telefonema do ditador, que poderia mudar o destino do autor, mas a ligação caiu antes que seu motivo se explicitasse.
Esse fato é o ponto de partida de "Cartas de Amor para Stálin". Escrito às vésperas do ano 2000 pelo espanhol Juan Mayorga, o espetáculo estreia hoje em São Paulo com montagem da Cia. BR116 e direção de Paulo Dourado.
Para Bulgákov, Stálin simboliza a esperança de seu renascimento artístico. Obcecado pela figura do governante, o autor de "O Mestre e a Margarida" lhe escreve cartas diariamente. "Para um escritor, a censura equivale à pena de morte", confessa.
Sua mulher percebe o desespero. Na ânsia por ajudar o marido, passa a representar Stálin. Cria frases e discursos que possam auxiliá-lo a encontrar as palavras certas, capazes de reconduzi-lo à liberdade e, portanto, à vida.
Stálin se instaura no imaginário de Bulgákov. Os encontros passam a acontecer sem intermediação da mulher.
"Mayorga faz com que o ato teatral ganhe força e se materialize", explica a atriz Bete Coelho, que divide a cena com Ricardo Bittencourt e interpreta Stálin e também a mulher do protagonista.
Na fantasia de Bulgákov, Stálin chega a ditar trechos de suas cartas. Mayorga usa o líder soviético como metáfora para a manipulação das forças de poder. Busca discutir sobre a condição do artista e a maneira como a obra de arte é moldada por exigências externas, inclusive no mundo democrático e atual.
"Como escritor, me pergunto a cada dia se não estarei escrevendo o ditado dos outros. Como cidadão, me pergunto se meus atos não terão sido escolhidos pelos outros", afirma Mayorga.
Bete Coelho reflete sobre as censuras veladas da sociedade: "O cidadão é a todo momento comprado, corrompido e manipulado".
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DRAUZIO VARELLA
Uma das faces mais duras de envelhecer é conviver com a perda de quem construiu nossa história Fonte: folha.uol.com.br 13/08
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Semana passada, perdi um amigo querido. Luiz Nasr era um daqueles companheiros de adolescência que ao encontrarmos depois de meses ou anos de separação involuntária, a intimidade se restabelece instantaneamente sem solução de continuidade, como se tivéssemos nos visto na véspera.
Desde que recebi a notícia de seu desaparecimento súbito, tenho estado mais introspectivo, suscetível a surtos recorrentes de tristeza que trazem lembranças da imagem dele e das situações que vivemos juntos.
Era uma figura singular. Você dirá: "todos somos". Mas se o tivesse conhecido entenderia o que quero dizer. Havia jogado basquete, media quase dois metros e por onde andava criava um movimento proporcional à estatura; impossível passar despercebido.
Jamais vi alguém com tanta facilidade de relacionamento. A timidez natural que aflige os mortais ao entrar em contato com estranhos lhe era desconhecida. Puxava conversa com passageiro de metrô, motorista de táxi, vizinho de apartamento, mendigo de rua, pessoas influentes ou simples, extrovertidas ou retraídas; ficava e deixava à vontade todos em sua volta.
Dava a impressão de que carregava com ele um ambiente portátil, pronto para ser instalado assim que lhe desse na teia: numa festa, num bar, na fila do banco, no caixa do supermercado.
Uma vez, numa padaria em Nova York, atrás de nós parou uma senhora com uma cesta de pães. Ele perguntou se ela tinha netos, liberdade inaceitável para os padrões americanos. A senhora olhou arredia. Ele explicou que uma mulher magra e elegante como ela certamente ingeria pouco carboidrato; aqueles pães só poderiam ser para o lanche da família. Em menos de cinco minutos a senhora mostrou as fotos e contou histórias dos três netos que acabavam de chegar da Califórnia. Despediram-se como velhos amigos.
Personalidade inquieta, lia tudo que lhe caía nas mãos. Aprendi muito com ele, conhecia cinema, literatura, artes plásticas e pintava muito bem. Ganhei dele um quadro que não canso de olhar, é uma pintura abstrata em que o Rio Negro aparece no meio da floresta colorida, luxuriante, representada com pinceladas longas e gotas de tinta escorridas na vertical.
Luiz morou em Nova York durante muitos anos, onde dirigiu uma agência de publicidade, e ganhou o prêmio Clio. Nesse período, aproveitei para frequentar um dos hospitais da cidade. A cada viagem tomava o cuidado de perguntar se dormir na sala de seu apartamento não o incomodava. Ele respondia que não, considerava aquela uma contribuição para combater o analfabetismo dos médicos brasileiros.
Numa época sem internet, era leitor assíduo do caderno de ciência do "New York Times" e de livros de medicina escritos para leigos, desconfio que não apenas por hipocondria, mas para me humilhar com sua cultura em minha área de atuação. Muitas vezes conseguia: foi por um telefonema dele que eu soube dos planos para o lançamento do projeto Genoma, que sequenciou os genes humanos.
Depois de dirigir uma empresa no Panamá, mudou-se para Guaiaquil com a esposa. Minha mulher e eu fomos ao casamento e não os visitamos mais. Ele nos acusava de ingratos: "Em Nova York viviam na minha casa; no Equador, nunca". Eu insistia que se ele voltasse para Nova York seria diferente.
Finalmente, neste ano foi possível fazer a tal viagem. Passamos uma semana juntos com nossas mulheres pelo interior do Equador e atravessamos a Cordilheira dos Andes. Conversamos horas consecutivas, bebemos, comemos e demos risada como adolescentes, lembranças que agora me ajudam a lidar com a perspectiva de sua ausência definitiva.
Depois da perda da saúde, a face mais dura do envelhecimento é conviver com o desaparecimento dos personagens que construíram nossa história. Não importa quantos amigos íntimos tenhamos, cada um deles é insubstituível, os que ficam não preenchem o vazio deixado pelo que se ausentou.
Alguém já comparou essa situação à de uma floresta em que cada árvore que desaba abre uma clareira. Você poderá dizer que nela nascerão outras. É verdade, mas levarão tempo para crescer; até se tornarem frondosas e acolhedoras, talvez não estejamos mais aqui.
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A criação do Dia do Orgulho Hétero
Tolerar, verbo transitivo
MARCOS ZILLI é professor de direito processual penal da Faculdade de Direito da USP e coordenador da Coleção Fórum de Direitos Humanos. Fonte: folha.uol.com.br 13/08
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Vinte e oito de junho de 1969. A data marcou o início de uma onda de protestos que varreram as ruas do bairro de Greenwich Village, em Nova York. Protagonizadas pela comunidade gay local, as violentas manifestações expressaram um grito de reação contra as constantes perseguições promovidas pela força policial e pelo poder municipal.
Na verdade, os protestos de Stonewall, como ficaram conhecidos, inseriram-se em um contexto histórico mais amplo, pautado pela efervescência dos mais variados movimentos de afirmação das liberdades civis que percorreram os Estados Unidos naquela época.
A expressão "orgulho" ("pride"), estreitamente associada à luta pela conquista da cidadania plena da chamada comunidade LGBT, representa o contraponto do sentimento de "vergonha", que sempre pautou o tratamento opressivo dado à orientação e à identidade sexual diversa do padrão socialmente aceito. Afinal, tais comportamentos evocavam a noção de defeito, de modo que deveriam permanecer ocultos diante do vexame familiar e social que provocavam.
A dignidade humana, como se sabe, é patrimônio que não está restrito a grupos específicos. No entanto, são justamente as minorias que mais se ressentem do exercício pleno de seus direitos, já que as sociedades tendem a ditar o seu ritmo à luz de uma maioria. Fixa-se, então, um padrão comum, e a ele se agrega o qualificativo da normalidade.
A situação se agrava quando a minoria não é percebida como uma projeção natural da diversidade e da pluralidade humana, mas como um desvio a ser menosprezado, esquecido ou corrigido.
É nesse momento que se abrem as portas para o exercício diário da intolerância e da violência. A destinação de datas relacionadas com as minorias é apenas uma das ferramentas disponíveis no vasto terreno da luta pela efetividade dos direitos humanos.
Em realidade, elas possuem valor meramente simbólico, já que o objetivo é o de chamar a atenção do grupo social em favor de quem é, diariamente, esquecido no exercício de seus direitos. Busca-se promover a conscientização de que a dignidade humana não é monopólio restrito à maioria. Vem daí a consagração dos dias "da Mulher", "da "Consciência Negra" e "do Índio".
Nessa perspectiva, a reserva de uma data especial para a celebração do orgulho dos heterossexuais se mostra desnecessária, uma vez que não há discriminação por tal condição. Não são associados à doença ou ao pecado, tampouco são alvo de perseguições no trabalho, nas escolas ou em outros ambientes sociais. A união heterossexual, por sua vez, é totalmente amparada pelo Estado e pelo Direito.
Além disso, a iniciativa legislativa propicia uma leitura perigosa, capaz de desvirtuar a própria dinâmica dos direitos humanos.
Com efeito, ao acentuar o vínculo já consolidado entre "orgulho" e o "padrão socialmente aceito", a lei cria dificuldades para que se elimine o estigma da "vergonha" que persegue o movimento oposto. Afinal, vergonha não emerge do que se mostra normal, mas, sim, do que se qualifica como anormal.
Em verdade, a energia criativa do legislador deveria ser canalizada em prol de políticas públicas eficientes para o processo de consolidação da respeitabilidade integral dos direitos humanos.
A questão é especialmente urgente em uma cidade onde são recorrentes os atos de violência racial, étnica, religiosa, de gênero e de orientação sexual. Experiências frutíferas poderiam ser alcançadas nos bancos escolares públicos.
Leis que se mostrassem preocupadas com a formação de crianças desprovidas de quaisquer preconceitos já seriam muito bem-vindas.
Afinal, na base da educação dos direitos humanos repousa o valor-fonte da tolerância. É chegada a hora de aceitarmos tudo o que não se apresente como espelho.
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Livro defende que imigrante será mão de obra disputada
Ex-VP do Banco Mundial analisa efeitos da migração e propõe planejamento
NOSSAS POLÍTICAS MIGRATÓRIAS VÃO DEFINIR SE SEREMOS COSMOPOLITAS OU MENOS PRÓSPEROS Fonte: folha.uol.com.br 13/08
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A conta parece simples.
De um lado, o mundo rico cada vez mais velho (alta longevidade e baixa fertilidade) demandará cada vez mais mão de obra jovem. Do outro, emergentes -principalmente africanos- terão cada vez mais meios para migrar e ocupar postos de enfermeiros, cuidadores de idosos etc.
Em "Exceptional People", Ian Goldin, diretor da Martin School em Oxford e ex-vice-presidente do Banco Mundial, defende que a imigração é impopular porque há uma tendência a superestimar custos e a subestimar ganhos.
Os ganhos, defende ele, são dinamismo econômico e inovação via diversidade -sem os imigrantes, afirma, não haveria Vale do Silício (eles fundaram Google, Intel, PayPal e eBay, entre outras).
Coescrito por Geoffrey Cameron e Meera Balarajan, o livro condensa uma pilha de dados estatísticos e históricos. Numa narrativa leve, tenta deletar chauvinismos (se baseia em fatos históricos para desmontá-los) e aponta para um futuro em que haverá competição feroz por "trabalhadores móveis" -para essa conclusão, baseia-se em vários dados demográficos.
O fluxo livre de gente entre países geraria US$ 39 trilhões em 25 anos, segundo estudo do Banco Mundial citado no livro. Pessoas seriam tiradas de bolsões de pobreza e realocadas onde poderiam ser produtivas e consumir. Se migrassem para lugares com deficit de mão de obra, novas indústrias poderiam surgir.
Mas, para isso, os governos precisariam ter políticas migratórias. Como dividir o peso social dos imigrantes por todo um país ou região, reduzindo o impacto inicial sobre determinada comunidade.
Exemplo: imigrantes do norte da África deveriam ser distribuídos, de forma planejada, por toda a União Europeia, em vez de se concentrarem em Malta ou Lampedusa somente por causa da proximidade geográfica.
No que diz respeito ao Brasil, os autores citam como exemplo de política bem-sucedida a atração de decasséguis (trabalhadores brasileiros) para fábricas japonesas enquanto o Brasil vivia crise: pulou de cerca de 15 mil para 150 mil, entre 1989 e 1992.
A primeira terça parte do livro é dedicada a um amplo panorama da história das migrações: do "espalhamento" (entre 50 mil e 60 mil anos atrás) à "conexão" (após o desenvolvimento da agricultura e o sedentarismo), via trocas, comércio e conquistas.
O panorama segue pelas navegações de Zhang He, pelas viagens de Colombo, pelos fluxos para o novo mundo e pelo recrudescimento do chauvinismo no pós-guerra, via passaportes e fronteiras.
Mas a conta que parece simples não fecha -"ainda", segundo os autores.
Apesar de casos isolados de flexibilização de entrada de estrangeiros com alta qualificação no mundo rico, a crise também tem estimulado o oposto e a xenofobia -sensível na atual revisão do Tratado de Schengen (de livre circulação na União Europeia).
Para isso, Goldin e seus parceiros têm resposta: europeus (e americanos) reconhecerão o valor dos imigrantes quando precisarem que alguém empurre sua cadeira de rodas e não dispuserem de milhares de euros (ou dólares) para pagar a graduados.
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Terceiro setor pode administrar aeroportos, afirma especialista
Técnico da Anac defende participação de entidades sem fins lucrativos no setor aeroportuário
Dos 745 aeroportos de uso público no país, 706 são deficitários; associação da aviação regional apoia proposta Fonte: folha.uol.com.br 13/08
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Enquanto se debate o modelo de privatização dos principais aeroportos do país, especialistas sugerem incluir o terceiro setor na administração de unidades deficitárias.
"O aeroporto é uma infraestrutura vital para o desenvolvimento. Usamos o modelo de organizações sem fins lucrativos para administrar hospitais, por que não aeroportos?", diz o especialista em regulação da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Dorieldo dos Prazeres.
A proposta foi apresentada ontem, durante um seminário na feira de jatos executivos Labace.
O Brasil tem 745 aeroportos de uso público, segundo a Anac. Desses, apenas 24 são lucrativos. Outros 15 são sustentáveis. Se bem administrados, podem vir a dar lucro.
A maioria dos 706 restantes, que recebem menos de 400 mil passageiros por ano e não têm potencial para gerar resultado, acaba nas mãos de prefeituras e Estados que não têm interesse ou recursos para administrá-los.
Em alguns municípios, empresas privadas com grandes operações no interior do país, como é o caso da Usiminas e da Jari Celulose, assumem os aeroportos, mesmo que deficitários, por interesse próprio. "Hoje a lei permite que empresas administrem aeroportos, mas falta um regulamento estabelecendo obrigações e critérios a serem cumpridos", diz Prazeres.
"Nem sempre você tem empresas interessadas em bancar o aeroporto. Por que não permitir que entidades sem fins lucrativos administrem esses aeroportos?"
MUDANÇA NA LEI
Para que uma OS (Organização Social) ou uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) administre um aeroporto, contudo, será preciso um entendimento jurídico ou uma mudança na legislação dessas instituições.
A OS foi criada para atuar exclusivamente nas áreas de educação, saúde e desenvolvimento tecnológico.
A regra das Oscips é mais abrangente, mas depende de interpretação jurídica. A lei das Oscips permite que esse tipo de entidade explore "novos processos produtivos".
A proposta conta com o apoio da Abetar, associação que reúne empresas de aviação regional.
Victor Celestino, diretor da Abetar, diz que a entidade poderia atuar como "facilitador desse processo".
"Há aeroportos que não são viáveis economicamente, mas que precisam ser mantidos, pois os voos que chegam a essas cidades geram benefícios para a população e para a economia."
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Cérebro de magros e obesos funciona de forma diferente
Pesquisa da Unicamp mostra que atividade cerebral após a ingestão de alimento varia conforme o peso
Resultado sugere disparidades no funcionamento do hipotálamo, região que controla a saciedade Fonte: folha.uol.com.br 13/08
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O cérebro dos magros e dos obesos reage de maneira diferente aos estímulos gerados por alimentos, indica pesquisa feita na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.
O trabalho aponta indícios de que o cérebro dos obesos tem uma disfunção -causada por inflamações- que prejudica o mecanismo de controle da saciedade. E sugere ainda a possibilidade de que, após emagrecer, o obeso recupera a capacidade de se sentir satisfeito.
Segundo Simone van de Sande Lee, autora do estudo, trabalhos anteriores, com animais, identificaram uma inflamação no hipotálamo, região do cérebro responsável pelo gasto de energia e controle da fome.
Com isso, a leptina, hormônio que indica saciedade, não era identificada pelo organismo dos obesos, gerando mais vontade de comer.
"Em situações normais, o cérebro capta essa informação do hormônio e a transforma em estímulo para parar de comer. Os indícios mostram que a obesidade decorre, entre outros fatores, de um erro no processamento dessa informação", afirma.
RESSONÂNCIA
No estudo, oito pacientes magros e 13 obesos foram submetidos a uma ressonância magnética funcional (que registra uma sequência de imagens do cérebro). Os obesos fizeram o teste antes e depois de uma cirurgia de redução de estômago.
Todos receberam 50 g de glicose diluída em 200 ml de água durante o exame.
Em todos os voluntários, a ativação dos neurônios no hipotálamo atingiu um pico após a ingestão da glicose. Ela se manteve alta por 30 minutos nos pacientes magros, mas caiu em apenas dez minutos nos obesos.
Depois da cirurgia, os pacientes obesos emagreceram e recuperaram parcialmente essa atividade, chegando mais perto dos índices dos pacientes magros.
"Acreditamos que a atividade neuronal indique, nos pacientes magros, o processamento da leptina. Eles mantêm o estímulo de saciedade por mais tempo", diz a pesquisadora.
Quando os obesos perderam peso, foi encontrada uma quantidade maior de substâncias anti-inflamatórias no líquor (líquido que envolve o cérebro). Essas substâncias combatem a inflamação que prejudica a identificação da leptina e a sensação de saciedade que ela sinaliza.
RESSALVAS
Para o médico Ricardo Meirelles, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, o trabalho "chama a atenção pela possibilidade de reverter as alterações [cerebrais]". Mas, diz ele, há fatores culturais e psicológicos a serem considerados na obesidade.
A endocrinologista Cíntia Cercato, da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), afirma que a possibilidade de reverter a resistência à leptina traz muitos benefícios, "até mesmo em funções cognitivas".
Já o neurologista da USP Paulo Jannuzzi ressalta que há outros mecanismos a serem considerados.
"É possível o paciente já se sentir saciado, mas querer comer pelo prazer. Mas, se estudos indicarem um caminho novo para lidar com parte desse comportamento, já é um avanço".
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Música
Ednardo em dose dupla
Autor de Pavão Misterioso e Terral lança CD e DVD Fonte: opopular.com.br 13/08
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Há nove anos Ednardo está ausente dos palcos de São Paulo. Autor de clássicos como Terral , Pavão Mysteriozo , Enquanto Engoma a Calça , Carneiro e A Manga Rosa , ele faz show único hoje no Sesc Belenzinho, com essas e outras canções do mesmo período, dentro do Projeto Arquivo. É a oportunidade para trazer ao público paulistano parte da história de um movimento importante para a música cearense, do qual ele fez parte na virada da década de 1970 para a de 80: a Massafeira.
Ednardo organizou em livro um significativo acervo de reportagens, entrevistas, ensaios, análises, fotos, desenhos e outros registros que formam um amplo painel sobre o movimento. Acompanha o livro um CD duplo, réplica quase integral do LP (também duplo) lançado em 1980. Só falta a canção Frio da Serra (Petrúcio Maia/Brandão), que ele cantava com Fagner e Marta Lopes, "por exigência exclusiva" da herdeira de Petrúcio, que chegou a solicitar um "valor absurdo" para a liberar a gravação.
Ednardo, Fagner e Belchior já estavam bem encaminhados nas carreiras individuais quando participaram da Massafeira. Mas o movimento, que foi reprimido pela ditadura militar, considerado "subversivo", deu certa visibilidade para artistas locais, novos e veteranos de várias modalidades artísticas além da música. É o caso do poeta Patativa do Assaré, que Fagner levou para gravar discos quando se tornou diretor artístico da gravadora CBS (hoje Sony).
Só que Ednardo e Fagner - como fica claro em entrevistas publicadas no livro - divergem sobre a importância do movimento, uma espécie de Tropicália cearense, que foi lançado com um grande show no Theatro José de Alencar, em Fortaleza, em 1979. Fagner acha que é "engordar um pouco o caldo da Massafeira" atribuir àquele encontro sua escalada para o sucesso.
"Não existiu movimento. Só nós que fizemos essa história: Belchior, Ednardo e eu. Muito antes da Massafeira", disse, tomando como exemplo outros nomes que foram lançados ali, mas não decolaram, como Stélio Valle, Mona Gadelha, Lúcio Ricardo, Ângela Linhares, Vicente Lopes e vários outros. Rodger e Teti gravaram um belo disco com Ednardo (que tinha Terral ) e ficaram conhecidos como o Pessoal do Ceará por isso.
Alguns desses artistas, segundo Ednardo, moram em Fortaleza, onde "continuam realizando seus trabalhos artísticos", outros "foram pelo mundo", alguns "já se foram para outros planos, mas seus trabalhos artísticos são perenes e merecem permanecer", diz Ednardo. O próprio Fagner fez sucesso com canções de vários integrantes do movimento.
Liberdade
Segundo Ednardo, a importância dos artistas e pensadores que fizeram a Massafeira não se mede por "sucessos discográficos em gravadoras". Um dos motivos principais da Massafeira foi justamente não "rezar pela cartilha" de gravadoras e meios de comunicações. "Abrimos de forma libertária e sem apoio logístico na época uma possibilidade muito grande, para diversas tendências e formas de expressões. É desta forma que a Massafeira foi, e até hoje é, um manancial abraçado por novas gerações."
Para ele "é uma realidade seminal". "Esse movimento apresentou frutos em várias regiões do Brasil, foi através da Massafeira que vários outros movimentos se assemelharam e se espelharam, como no Cio da Terra, em Caxias do Sul (RS), em 1982, no Festival de Artes do Forte em Natal (RN), em 1980, e outros que se destacaram nacionalmente e no exterior nas áreas de cinema, artes plásticas, músicas, letras, poesias, etc.", lembra Ednardo
Como exemplo desse resultado ele cita Patativa do Assaré, Rosemberg Cariry, Siegbert Franklin, Sérgio Pinheiro, entre outros de "uma lista grande que já está explícita no livro". "A ressonância nacional acompanhou de forma comedida, mesmo com iniciais matérias nos principais jornais e revistas e TVs brasileiras, mas, para a gravadora naquela época, era como se os discos e o movimento não existissem. Mas a força da Massafeira está aqui, mais de 30 anos depois."
Boicote
Montado no massivo sucesso de Noturno (tema da novela Coração Alado ), na época, Fagner produziu outro disco, Soro , que unia música e poesia, e teve pelo menos um grande êxito executado nas rádios, Aguapé , que ele gravou com Belchior. A predileção por Soro acabou ofuscando o lançamento do LP duplo da Massafeira, que se tornou símbolo de resistência.
"Foi utilização de um cargo em uma gravadora em proveito próprio", aponta Ednardo. "O represamento proposital do lançamento dos discos Massafeira foi criticado veementemente por muitos que participaram do movimento, ao saberem dos falsos motivos alegados pela direção artística na época da CBS que daria prejuízo à gravadora."
O álbum duplo só foi lançado, segundo Ednardo, quando ele disponibilizou grande parte da verba de divulgação de seu disco Imã (1980) para que o outro fosse prensado. Mesmo assim saiu como "queima de estoque logo no lançamento". A bela capa, com desenho de Brandão, saiu com um adesivo de oferta: "2 LPs pelo preço de 1, Cr$ 600,00".
Ednardo conta que tem feito músicas e shows por várias cidades brasileiras, produz, por meio de seu selo e editora, CDs com trilhas musicais para cinema, shows. Ele também tem um vasto material de vídeo "que deverá gerar DVDs no tempo certo, com registros que envolvem mais de 30 anos de atividades artísticas".
Título: Massafeira 30 Anos
(CD duplo e livro)
Artista: Ednardo
Selo: Aura Edições Musicais
Preço: R$ 100
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