segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Cena Contemporânea

BRASÍLIA: PALCO DO MUNDO Fonte: folha.uol.com.br 22/08

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A partir de amanhã, os principais palcos da cidade serão tomados por artistas de teatro, circo, dança e música do México, Dinamarca, Polônia, Argentina, Coreia do Sul e Portugal. Grupos internacionais, nacionais e locais participarão da 12ª edição do Cena Contemporânea — Festival Internacional de Teatro de Brasília, que conta com 33 espetáculos e 20 atividades como workshops e conferências. Um dos destaques internacionais é a encenação Amarillo, da premiada companhia mexicana Teatro Línea de Sombra. A programação, que segue até 4 de setembro, pode ser vista no site do festival: www.cenacontemporanea.com.br.

CENA MUSICAL

Além dos espetáculos de teatro e dança, festas e shows na Praça do Museu da República prometem animar as noites do Cena Contemporânea. A abertura será com a cantora maranhense Rita Ribeiro, que celebra 20 anos de carreira, numa parceria do Cena com o projeto Arte e Cidadania, do Espaço Mosaico. O repertório da apresentação mistura sucessos com músicas do último CD, Tecnomacumba. Ao longo da semana, bandas, como a Judas, e DJs transformarão a praça em uma grande festa ao ar livre, o Cena Criolina. Todas as atividades nesse Ponto de Encontro do festival não são recomendadas para menores de 18 anos. A entrada é franca. A programação completa está no site www.cenacontemporanea.com.br.

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A MALEMOLÊNCIA DE CÉU

A cantora Céu (foto) não se limita ao rótulo de fazer MPB. Com influências do afrobeat, do jazz e do reggae, a compositora conseguiu desenvolver um estilo próprio com batidas de raggaeton, som proveniente da Jamaica. Ela se apresenta na sexta, às 21h, no Teatro Oi Brasília (SHTN, Tc. 1, Cj. 1B, Bl. C) pelo projeto Encantadoras. Acompanhada dos músicos Guilherme Ribeiro, Lucas Martins, Bruno Buarque e DJ Marco, a artista traz no repertório músicas de seus dois discos, Céu (2005) e Vagarosa (2009), como Roda, Cangote, Comadi e Ave cruz. Ingressos: R$ 25 (único). Informações: 3424-7121. Não recomendado para menores de 16 anos.

FESTA POCKET

O projeto Funfarra deu filhote e o nome dele é Funfarrita (La Ursa, SBN, Q. 2, Bl. J). Na sexta, às 22h, a principal atração de estreia dessa nova série é o rapper Criolo. Paulistano criado no Rio de Janeiro, o músico lança, após 23 anos de carreira, o primeiro CD, Nó na orelha, que saiu em abril deste ano. A festa também terá participação dos DJs Ganjaman (SP), Lucho, Barki e projeções do VJ Reyzek, além de pinturas ao vivo, performances e intervenções de Plic (Gabriel Marx). Ingressos: R$ 20 (1º lote) e R$ 30 (2º lote). Pontos de venda: Balaio Café, Negro Blue, Bendito Suco e 4e Vinte. Não recomendado para menores de 18 anos.

PAPO DE BAR

Uma mesa de bar, dois copos de cerveja e dois velhos amigos maduros o suficiente para falar de suas vidas sem papas na língua. Esses são Beto e Lula, interpretados por Roberto Frota e Marcos Wainberg, na peça Diálogo dos pênis, de Carlos Eduardo Novaes. A comédia aborda questões como o casamento, o desempenho na cama, a mulher amada e desejada,

e outros assuntos do gênero. Sábado e domingo, às 21h, no Teatro dos Bancários (314/315 Sul, Bl. A; 3262-9090). Ingressos: R$ 60 e R$ 30 (meia). Assinantes do Correio têm 50% de desconto na compra do ingresso inteiro (cupom Sempre Você). Não recomendado para menores de 16 anos.

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FERREIRA GULLAR

Em time que está ganhando...

E logo me ocorreu a hipótese de que se trata de pôr em prática o princípio abstrato de liberdade... Fonte: folha.uol.com.br 22/08

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Li com espanto, algumas semanas atrás, que o prefeito do Rio, Eduardo Paes, pretendia retirar as grades que cercam algumas praças da cidade. Mas por que isso -me perguntei- se essas praças se tornaram, depois que puseram as grades, locais tranquilos e limpos?

E logo me ocorreu a hipótese de que se trata de pôr em prática o princípio abstrato de liberdade... Essa é uma expressão que cunhei para definir uma nova mania que se instalou na cabeça de alguns e que pode ser definida como a eliminação total de qualquer medida restritiva a qualquer coisa.

Voltamos aos anos 70, quando se inventou o lema "é proibido proibir". Menos explicitamente, adota-se a mesma atitude em face de tudo o que pareça cerceamento ou repressão. Assim, há quem se oponha a que a prefeitura do Rio recolha meninos que fumam crack na rua.

O argumento é que são levados, contra sua vontade, para lugares onde não há assistência médica de qualidade, nem terapeuta, nem... Conclusão: melhor mesmo é deixá-los na rua, gozando de plena liberdade. Imagino que alguém meteu na cabeça do prefeito que praças cercadas são antidemocráticas...

Sabem por que penso isso? Porque, décadas atrás, quando o prefeito de então decidiu cercar as praças com grades, logo surgiram os defensores do princípio abstrato da liberdade para alegar que aquilo era contra o direito de ir e vir e, logo, atentava contra a liberdade dos cidadãos. Agora vejam vocês, eu que moro aqui em Copacabana, perto da praça Serzedelo Corrêa, fiquei estarrecido: a praça havia se tornado um valhacouto de vagabundos, mendigos, drogados e assaltantes.

Ninguém usava a praça para nada. Levar crianças para brincar ali, nem pensar. Só os desavisados se atreviam a cruzar a praça certas horas, particularmente depois que anoitecia. O mesmo se podia dizer da praça do Leme, que fica algumas quadras adiante.

Apesar dos protestos, o prefeito não voltou atrás e mandou cercar as praças com grades, com amplos portões que permitem o livre trânsito das pessoas. Graças a isso, elas voltaram a ser áreas de lazer, hoje frequentadas particularmente por crianças e idosos.

A praça do Leme, por onde passo com frequência, tornou-se um lugar tranquilo, onde o pessoal se reúne para conversar, jogar dama e xadrez, enquanto as crianças correm e brincam alegremente.

A praça Serzedelo, a mesma coisa. Já cansei de cruzá-la à noite sem nenhum temor. Nem se tem notícia, em todos estes anos, de qualquer assalto ocorrido ali. Então, cabe perguntar: por que acabar com o que deu certo e voltar à situação anterior, que deu errado?

Um dos argumentos usados para retirar as grades das praças é que isso já tinha sido feito na praça Tiradentes, com ótimo resultado. Li essa notícia e não me convenci, já que ando pela cidade e vejo mendigos espalhados por todo canto, deitados nas calçadas em ruas de menor movimento. Aqui, na minha rua mesmo, nos fins de semana, quando o comércio está fechado, várias calçadas são ocupadas por pessoas que ali dormem em cima de plásticos ou colchões velhos, que carregam consigo.

Só não se instalam definitivamente ali porque, ao recomeçar a semana, as lojas abrem e eles são obrigados a sair. Mas, nas praças, não há lojas, a área é ampla, o policiamento precário, e por isso eles ali se instalam definitivamente. E é o que já está acontecendo na praça Tiradentes: ao contrário do que afirmavam os defensores do princípio abstrato da liberdade, os mendigos tomaram conta da praça, poucos dias depois de retiradas as grades.

Sei que o prefeito Eduardo Paes tem espírito público, trabalha para melhorar as condições de vida na cidade. Quando escrevi aqui a respeito de uma rua no bairro de Anchieta, zona oeste do Rio, que se tornara um buraco só, ele me telefonou e se dispôs a mandar consertá-la.

Isso faz talvez um ano, mas a obra foi feita e a rua está praticamente pronta, asfaltada, com as instalações de água e esgoto recuperadas. É verdade que um vereador cara de pau -que nestes 20 anos nem sequer reparara na buraqueira da rua- já estendeu ali uma faixa se dizendo autor do milagre. Mas isso pouco importa, há gente para tudo, particularmente no campo da política. Importa é que se faça o que deve ser feito, visando o bem-estar e a segurança das pessoas.

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LITERATURA. Livro sobre Luiz Gama é lançado em SP

Com 40 textos integrais do escritor, poeta e abolicionista, o livro "Com a Palavra, Luiz Gama - Poemas, Artigos, Cartas, Máximas", organizado por Ligia Fonseca Ferreira e com prefácio de Fábio Konder Comparato, será lançado hoje, às 19h, na Casa das Rosas (av. Paulista, 37, tel. 11-3285-6986). Fonte: folha.uol.com.br 22/08

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PAUTA POLÊMICA

O próximo assunto polêmico a ser apreciado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) é a autorização para a realização de aborto em casos de anencefalia, em que a má formação do encéfalo impede o bebê de sobreviver após o nascimento. O processo deve voltar à pauta assim que a presidente Dilma Rousseff nomear o substituto para a vaga de Ellen Gracie, que acaba de se aposentar. Fonte: folha.uol.com.br 22/08

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BENGALA

E o presidente do Supremo, Cezar Peluso, garantiu a vários colegas que o clima está "muito bom" ou "ótimo" para a aprovação da PEC da bengala. Ela permitiria que os ministros só se aposentassem no STF ao completar 75 anos - e não 70, como é hoje. Peluso é diretamente beneficiado. Pelas regras atuais, ele se aposenta em setembro de 2012. Fonte: folha.uol.com.br 22/08

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BIBLIOTECA JURÍDICA

O jurista Modesto Carvalhosa autografou o livro "Acordo de Acionistas - Homenagem a Celso Barbi Filho", em seu escritório de advocacia nos Jardins. Passaram por lá muitos advogados. Entre eles, Otávio Yazbek. Fonte: folha.uol.com.br 22/08

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Miopia. FAUSTO MARTIN DE SANCTIS

Chamar de política uma ação que é proveniente da Justiça Federal, resultado da atuação do Ministério Público e da polícia, seria uma temeridade Fonte: folha.uol.com.br 22/08

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Autoridades têm desqualificado as ações que prenderam 36 pessoas na Operação Voucher, deflagrada em 9/8. A crítica restringe-se ao número de prisões, à exposição e ao uso de algemas. Não há censura semelhante para presos comuns.

Alegar motivação política pode desviar o foco e encobrir muitos "pecados". Não houve a mesma indignação quanto aos próprios fatos que envolveriam homens públicos de altos escalões do Ministério do Turismo, tampouco ao relacionamento, em tese, promíscuo de um grupo que repassaria recursos para empresas fictícias.

Deixam a impressão de que ignoram a perplexidade de todos pela notícia da apropriação privada do bem público. Com sutileza, passam-se mensagens negativas: em política tudo é permitido e faz parte das regras do jogo.

Aparentemente, não seriam mais capazes de discernir entre trabalho sério-investigativo do Estado e as ambições do poder. Até os fatos virem à tona, a liberdade de seus protagonistas seria, em tese, total.

Os personagens agora são outros, mas os fatos são os mesmos de sempre. O sistema criminal tímido estimularia tais crimes? Não teria havido aloprada ação estatal, como alguns insistem em divulgar, já que recursos públicos estariam sangrando e as algemas atenderiam a norma universal de segurança.

Chamar de política a ação proveniente da Justiça Federal, resultado da atuação do Ministério Público e da polícia, seria uma temeridade.

Não se pode de antemão qualificar investigados como vítimas quando, sendo de Direito, o Estado age em nome de todos e pautado na lei.

Se existem elementos, espera-se atuação com rigor. Nesta ação, homens públicos poderosos certamente sentem que as leis podem atingi-los tão duramente quanto a qualquer um. Um sistema judicial que, independentemente da consagração da presunção de inocência, aja de maneira implacável.

E aí as coisas deveriam ser vistas com um cristal distinto, e não mais pela seguinte (des)orientação: desnecessidade de algemas e de publicidade de decisões judiciais, muito menos prisão, até porque sempre faltaria algum dado concreto; esta deveria ser evitada, mesmo no caso de ameaças, destruição de provas, quadrilha ou bando (este tido por não grave).

Seria determinante a substituição da prisão por uma medida alternativa (recolhimento noturno em casa, proibição de se aproximar da vítima ou de se ausentar da cidade...), mesmo que patente a impossibilidade de controle; quanto à fuga, um direito, e não a frustração à aplicação da lei.

O estrangeiro possuiria a faculdade de ser ouvido onde reside, mesmo que isso representasse a inutilidade da eventual pena; a credibilidade da vítima, das autoridades processantes e da lei seria colocada em xeque.

O homem é capaz do melhor e do pior, dependendo se desassociado do direito e da justiça. Deve-se observar os abismos da alma, como aconselhava Chamfort, para talvez concluir pela desmedida ambição que anima e domina certas ações, evitando tomar o dito pelo não dito. Severidade extremada ou suavidade excessiva não podem ser as respostas de um sistema punitivo, que deve ter existência real e demandar tratamento sempre equânime. Tal forma de agir das instituições é que as torna legítimas.

Aliás, códigos de conduta não discriminam. Não se pode aceitar, creia-se, que seja bom e normal viver nas condições da faixa de Gaza, ainda que, aqui ou acolá, atitudes ufanistas encubram a ordem do dia. Revelam olhares sombrios e obtusos sobre o que seja vida justa em comum.

FAUSTO MARTIN DE SANCTIS é juiz do Tribunal Regional Federal da 3ª Região e escritor.

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EDUCAÇÃO

Familiares dos estudantes se unem a protestos no Chile Fonte: folha.uol.com.br 22/08

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS - Pelo menos 100 mil pessoas, entre professores, estudantes e seus familiares protestaram ontem em Santiago, capital do Chile, no "domingo familiar pela educação". A estimativa é dos organizadores.

"Estamos animados porque estamos alcançando mais chilenos", disse Camilo Vallesteros, líder estudantil.

Há três meses, acontecem no Chile mobilizações de estudantes e professores que reivindicam educação de qualidade, gratuita e o fim do lucro nas universidades.

O presidente chileno, Sebastián Piñera, cuja popularidade caiu para 26%, disse que os estudantes "não são os únicos cidadãos no país" que o governo deve atender.

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OAB discute casamento e adoção para casais gays

Estatuto da Diversidade Sexual também pretende criminalizar homofobia

Antes de ser enviado ao Congresso Nacional, anteprojeto de lei ainda precisa ser aprovado por conselho do órgão Fonte: folha.uol.com.br 22/08

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Casamento e divórcio, proteção contra a violência doméstica, acesso à adoção e à herança, além de punição a atos discriminatórios.

Esses são alguns dos direitos que a Ordem dos Advogados do Brasil pretende estender a homossexuais, bissexuais, transexuais, travestis, transgêneros e intersexuais.

Um anteprojeto de lei e uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) foram elaborados pela comissão de diversidade sexual do Conselho Federal da ordem e serão apresentados na terça-feira.

O anteprojeto cria o Estatuto da Diversidade Sexual, que prevê, por exemplo, o oferecimento de iguais oportunidades de trabalho e a criminalização da homofobia.

Os direitos do estatuto não poderão ser ignorados pelos legisladores, diz Maria Berenice Dias, presidente da comissão. "Um dia vão ter que aprovar", disse em evento.

O estatuto aborda também quando se deve operar intersexuais -pessoas cujo sexo não é identificado como padrão masculino ou feminino, antes tratadas por "hermafroditas". O anteprojeto proíbe cirurgias irreversíveis em crianças intersexuais se não há risco de morte.

Para Anibal Guimarães, colaborador do texto, a decisão sobre a operação deve ser tomada quando a pessoa tiver maturidade para entender o diagnóstico.

No Hospital das Clínicas de São Paulo, a cirurgia é feita quando o distúrbio do desenvolvimento sexual é identificado."É mais saudável que deixar a criança ser criada ambiguamente", diz Elaine Costa, do serviço de atendimento a esses pacientes.

Os itens atingem também heterossexuais, já que a "licença-natalidade" -substitui as licenças paternidade e maternidade- pode ser usufruída independentemente de sexo e orientação. Nos primeiros 15 dias após o nascimento ou a adoção, ela vale para ambos; nos outros seis meses, os pais se alternam.

O estatuto precisa ser aprovado pelo pleno do Conselho Federal da OAB, antes de ser levado ao Congresso.

Para as medidas não esbarrarem na inconstitucionalidade, a comissão criou uma PEC que institui o casamento civil independente de orientação sexual e bane a discriminação por orientação ou identidade de gênero.

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Músicos podem recuperar direitos sobre seus discos

Lei de copyright americana devolve propriedade a artistas após 35 anos

Catálogos das editoras musicais nos EUA é ameaçado; mudança afetará a distribuição dos discos no Brasil Fonte: folha.uol.com.br 22/08

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Daqui a dois anos, a indústria fonográfica americana sofrerá mudança radical por conta de um item da lei de direitos autorais do país, que controla a reprodução de propriedade intelectual.

Já estava previsto na legislação dos EUA desde janeiro de 1976. Mas só agora a ficha está começando a cair. Naquela época, foi estipulado que artistas poderiam recuperar os direitos de suas obras após de 35 anos. Isso passou a vigorar em 1978.

Ou seja, a partir de 2013, álbuns que completarem 35 anos de lançamento, como "Darkness on the Edge of Town", de Bruce Springsteen (que ganhou reedição de luxo no ano passado), poderão ser relançados por outras gravadoras ou sumir das prateleiras, se o artista preferir.

O autor precisa entrar com o pedido na Justiça com dois anos de antecedência. Segundo reportagem publicada no jornal "New York Times" na semana passada, músicos como Bob Dylan e Tom Petty já abriram processos para reaverem seus trabalhos.

Essa mudança, muitos acreditam, pode significar o tiro de misericórdia nas grandes gravadoras. O dinheiro obtido em relançamentos de álbuns históricos e movimentação de catálogo é, em tempos atuais, fundamental para contrabalançar as perdas com a pirataria. E financia a produção de novos álbuns.

Executivos da Sony, da Universal e da EMI foram procurados pela reportagem na semana passada, mas não responderam. No Brasil, a legislação é outra. "As gravadoras têm direitos sobre o fonograma, que são delas e não do autor, e perduram pelo prazo de 70 anos", diz o advogado Marcos Bitelli, especialista em direito do entretenimento.

No entanto, as filiais brasileiras das "majors" também têm muito a perder. "Elas seguem os acordos internacionais", diz Marcelo Fróes, diretor do selo Discobertas. Sendo assim, quando a matriz americana perder os direitos sobre determinadas obras, os escritórios nacionais também não poderão relançá-las por aqui.

"É por isso que nos últimos anos vimos o catálogo solo de Paul McCartney sair da EMI e ir parar na Universal", exemplifica o produtor.

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Mostras e novo livro lembram 30 anos da morte de Glauber. Ciclos de filmes se espalham pelo mundo; Nelson Motta prepara biografia sobre a juventude do cineasta . Acervo de 30 mil documentos foi transferido para a Cinemateca, em SP, que faz sessão com família Fonte: folha.uol.com.br 22/08

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Da Espanha à Argentina, da Holanda ao Japão, passando por Nova York e voltando ao Brasil, as homenagens dos 30 anos de morte de Glauber Rocha se espalham pelo mundo.

Hoje completam-se 30 anos da morte do mestre do cinema novo, em decorrência de septicemia, no Rio.

Os eventos passam pelo aval do Tempo Glauber, instituição carioca administrada pela família e responsável por preservar e difundir sua obra. "Glauber virou um ícone pop", diz Paloma Rocha, filha que dirige o órgão.

Ela diz que as celebrações só não são mais felizes porque foi cancelado, sem grandes explicações, o convênio com o governo que repassaria uma verba de R$ 200 mil.

O acordo foi assinado em dezembro e suspenso em junho. Paloma encaminhou um pedido para reavaliação, que ainda está em tramitação.

Com disso, diz, teve de gastar parte do espólio proveniente da venda do acervo de Glauber para o Ministério da Cultura e contrair uma dívida de R$ 200 mil para fazer a manutenção do espaço.

Demitiu seis empregados. Hoje o Tempo Glauber funciona com sete pessoas. "Gostaria que tivéssemos uma estabilidade mínima", sugere Paloma, de Brasília, onde estava para evento na UnB.

Até o começo deste mês, 30 mil documentos sobre o cineasta estavam no Tempo Glauber para digitalização. Agora, foram para a Cinemateca, em São Paulo, onde já estava alocado material doado pelo próprio diretor.

Para marcar a transferência e a efeméride, "O Leão de Sete Cabeças" (1971) será exibido em sessão com presença de Paloma e dos responsáveis pela cópia restaurada.

Na televisão, o Canal Brasil exibe no próximo sábado "Abry", sobre a mãe de Glauber, e "Diário de Sintra", com fragmentos em super-8 do último ano de vida dele.

A TV Senado programou um ciclo de filmes que vai até domingo. Amanhã, às 14h, o Senado promove solenidade com a presença de três gerações: a mãe, Lúcia, a filha Paloma e a neta Sara.

Em outubro, sai o livro "Primavera do Dragão", de Nelson Motta. Ele, que conheceu o cineasta numa première do emblemático "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (1963), volta no tempo para contar a juventude de Glauber.

"Adoro histórias de artistas quando jovens. Este é um romance de formação", afirma, saudoso: "Já não se fazem glauberes como antes".

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Virtuose que virou compositor. O violonista gaúcho Yamandu Costa realiza show na Sala Villa-Lobos para o lançamento do CD Mafuá, gravado na Alemanha Fonte: correioweb.com.br 22/08

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Ao participar de um festival no sul da Alemanha, em 2005, Yamandu Costa foi ouvido pelo produtor Peter Finger, que estava na plateia e ficou impressionado com as qualidades do instrumentista brasileiro. “Tudo naquele jovem violonista parecia estar em perfeita sintonia: técnica, musicalidade, ritmo, humor e uma exuberante alegria ao tocar”, elogia Finger.

Entusiasmado, ele quis ver Yamandu em ação por mais tempo. Então o convidou para gravar um CD no estúdio montado em sua casa, na cidade de Osnabrueck. Por já ter assumido outros compromissos, o músico gaúcho demorou para aceitar o convite. Isso ocorreu em 2007, quando voltou à Alemanha. “Finger tinha em casa um complexo de gravadora, anfiteatro e loja de música, onde realizava concertos e gravava CDs”, revela o violonista. “Tudo era voltado para a sonoridade e a acústica do violão, desde a arquitetura da casa até os mínimos detalhes do estúdio”, acrescenta.

Resultado: gravou Mafuá, o que viria a ser seu primeiro álbum solo, e superou as expectativas de Finger, não apenas por captar cada nuance da admirável execução, como também por revelar um ótimo compositor por trás do violão. Lançado inicialmente na Europa, o disco saiu recentemente no Brasil, distribuído pela gravadora Biscoito Fino.

Hoje, às 20h, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional, o brasiliense poderá ouvir o violonista tocar as músicas desse trabalho, em show com entrada franca. “Das 13 faixas gravadas, 10 são composições minhas. Algumas estavam guardadas e outras foram feitas próximo à gravação. Abro o repertório com El negro del blanco, que fiz com Paulo Moura e deu título ao álbum que gravamos juntos”, conta.

Repertório

De autoria de Yamandu são, também, Elodie, Samba pro Rafa, Bachbaridade, Bostemporânea, Caminho de luz, Zamba zuerta e Tipo bicho. “Elodie fiz para minha mulher (Elodie Boundy), que também é musicista e foi coprodutora do Mafuá. O tema que dá nome ao CD é de autoria de Armandinho Neves; e Zezé Gomes assina Quem é você; enquanto Lalão é de um compositor com o mesmo nome.”

Yamandu vê Mafuá como um disco emblemático, por ser o primeiro solo e pela possibilidade de mostrar o seu trabalho de compositor. “Eu vinha trabalhando há algum tempo nestes temas, mas ainda relutava em gravar coisas compostas por mim. Mas aí senti que já tinha amadurecido e quis gravá-los. Então foi como romper o cordão umbilical.”

Som brasiliense

Antes de Yamandu, quem for à Villa-Lobos poderá apreciar o som de músicos brasilienses. O violonista Jaime Ernest Dias e o bandolinista Dudu Maia farão apresentação de meia hora, cada. Jaime, acompanhado por Hamilton Pineiro (contrabaixo), José Cabrera (teclado) e Rafael dos Santos (percussão) e tendo como convidada especial a violinista Liliana Gayoso, mostrará composições próprias como Pintando o sete e Choro de Liliana. “Vamos fazer, também, os clássicos do choro Rosa (Pixinguinha) e Santa Morena (Jacob do Bandolim)”, adianta o violonista.

Dudu Maia levará temas instrumentais de sua autoria, entre os quais Inciso, Liberta coronha e Não tem coré coré. “Incluímos no repertório alguns standards de choro, entre os quais Brejeiro (Ernesto Nazareth), Um a zero (Pixinguinha) e Noites cariocas (Jacob do Bandolim)”, anuncia o bandolinista. Ele terá a companhia do grupo Aquattro, formado por Fernando César (violão sete cordas), Pedro Vasconcellos (cavaquinho) e Valério Xavier (pandeiro).

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Os bois do astro-rei. Com saúde frágil, Seu Teodoro assistiu à festa criada por ele há 48 anos em Sobradinho. Do camarote, emocionou-se ao ver o desfile trazido do Maranhão. Fonte: correioweb.com.br 22/08

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De chapéu de palha, adornado de vermelho e preto, e feição impassível, Seu Teodoro Freire, 90 anos, assistiu à 48ª edição da festa da matança do gado, que começou sexta e seguiu até ontem, em Sobradinho. Vítima de um enfisema pulmonar, o maranhense que importou a tradição do bumba-meu-boi de seu estado natal e incluiu a folia no calendário festivo do Distrito Federal, esteve internado na festança de 2010. Por isso, os organizadores o cercaram de cuidados neste ano. Um camarote, adornado com bois e enfeites de cultura popular, foi montado diante do palco principal, especialmente para ele. Carregado escadaria acima, Seu Teodoro foi posicionado em uma cadeira de frente para o espetáculo, com a garrafa de oxigênio que o acompanha.

Apesar do silêncio compenetrado, emocionou-se diante do desfile de penas, plumas, fitas, tambores e pandeiros, que se seguiu diante dos seus olhos. “Estou feliz demais, com a Maria José do meu lado e todos esses bois aqui”, dizia. Maria José é a companheira da vida toda, mãe dos nove filhos, que, mesmo preocupada com a saúde do marido, não segurou seu ímpeto de acompanhar a festa que criou. “Ele é apaixonado. Só falava nisso”, revela.

Desde que a saúde começou a deixá-lo na mão, há cerca de três anos, o criador da festa do boi em Brasília passou a função para o filho caçula, Guarapiranga Freire, que, além de coordenar a iniciativa, é bailante no grupo de boi da família. Nesse período, a festa ganhou ares de superprodução. O palco dessa edição foi o maior já erguido na sede do boi, nem de longe lembra o tempo em que os grupos se apresentavam sobre o chão de terra batida. Em um canto do terreno, também foi construída uma praça da alimentação com oito barracas. Uma veio direto da capital maranhense para oferecer iguarias tradicionais da região, como arroz de cuxá, torta de caranguejo e guaraná Jesus. “A festa cresceu muito, graças ao trabalho de resistência dele. Uma hora, o reconhecimento chega”, admite o filho.

Na edição passada, cada noite recebeu cerca de 1.5 mil espectadores. Nessa, a expectativa foi a de lotar o pátio com quase três mil pessoas por noite. O caráter superlativo da festa se revelou também na quantidade de atrações. Enquanto no ano passado, oito grupos de bumba-meu-boi locais e quatro maranhenses se apresentaram durante a festa da matança do gado, neste ano, foram 12 agremiações do Distrito Federal e sete vindas especialmente do Maranhão para a ocasião.

Festa brilhosa

Antes de subir no palco, todos os participantes se aglomeravam em torno de uma fogueira, acesa na entrada da festa. Era parte do ritual esquentar o couro das zabumbas e fazer o aquecimento, que reuniu todos os instrumentos usados nas toadas: maracas, pandeirões, zabumbas, tambor-onça, instrumentos de sopro. Os personagens da festa, bailantes, a Catirina, o fazendeiro e os índios, entre outros, desfilaram seus chapéus imensos, cobertos de fitas e penas, as capas e roupas bordadas com canutilhos e miçangas coloridas, os adereços feitos no capricho. De todos eles, o Boi da Fé em Deus, há 73 anos caindo na brincadeira, foi quem incluiu primeiro essa exuberância visual de cores e detalhes na folia maranhense. “Tentamos fazer a festa cada vez mais brilhosa. Queremos abrilhantar a brincadeira”, destaca Zé Olhinho, o dono do boi.

Além dos brilhos que o Boi da Fé em Deus introduziu na festança, a companhia Barrica, uma espécie de “prima rica” da folia maranhense, animou a noite fria de Sobradinho, compondo um trenzinho animado com a plateia. Durante o fim de semana, mais de 40 apresentações se revezaram no palco e nos arredores. Mas o astro foi mesmo Seu Teodoro. Quando seu grupo de bumba-meu-boi acabou a apresentação, desceu do palco e parou diante do camarote, para saudá-lo. Ele se levantou e correspondeu, acenando para os amigos da vida inteira. O sonho surgido na cabeça de Seu Teodoro ganhou eco e grandeza na imaginação de Guarapiranga. “Queremos uma grande celebração para comemorar os 50 anos do bumba-meu-boi do Seu Teodoro, em 2013. Nossa ideia é aumentar a quantidade de grupos ainda mais e fazer uma grande estrutura típica de arraial junino. E se Deus quiser, com meu pai fazendo a abertura da festa”, planeja.

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