ANIMAÇÃO. "Rio" lidera vendas de DVDs nos EUA
Pela terceira semana consecutiva, a animação dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha foi campeã de vendas nos formatos DVD e Blu-ray. A quinta temporada da série "Dexter" ocupa o segundo lugar da lista. Em seguida vem "Padre", terror sobre a guerra entre humanos e vampiros. Fonte: folha.uol.com.br 26/08
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MÚSICA
China proíbe canções de Lady Gaga na net
O Ministério da Cultura da China proibiu músicas de Lady Gaga, Backstreet Boys, Beyoncé e outros cantores em sites de música na web. Segundo o ministério, a intenção é "pôr ordem" no mercado musical e eliminar canções que "prejudiquem a segurança da cultura do Estado". Fonte: folha.uol.com.br 26/08
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JOSÉ SIMÃO
Ueba! Eu vi um Sarneycóptero!
E diz que o Itaquerão vai ficar pronto até 2012. Pra poder sediar o fim do mundo! Rarará! Fonte: folha.uol.com.br 26/08
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Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Piada pronta direto da Líbia: "Jornalistas são transferidos para o Hotel CORINTHIA". Continuam presos. Rarará! Foram transferidos pro Itaquerão! Colchonete cinco estrelas! Aliás, diz que o Itaquerão vai ficar pronto até 2012. Pra poder sediar o fim do mundo.
E adorei a lista das mulheres mais poderosas da "Forbes": 1) Angela Merkel; 2) Hillary Clinton; 3) Dilma Rousseff; 60) Gisele Bündchen. Agora bota todas peladas e refaz a lista. Classifiquem de novo! Rarará!
E o chargista Dalcio diz que o Sarney lançou uma nova obra-prima: "Helicópteros de Fogo". E a capa é a foto de um Sarneycóptero! E o Gaddafi? O Kagadafi! Continua o leilão de caftans exóticos. Eu quero todos!
Aliás, eu quero aquele banco dourado em forma de sereia com a cara da filha do ditador. Coleção kitsch! E eu tenho uma foto do Gaddafi com aqueles caftans exóticos que tá parecendo uma drag. KADRAG. Muammar Kadrag! E o chanceler da Líbia disse que a guerra acabou. Mas os combates continuam. Adorei esta: a guerra acabou, mas os combates continuam. Rarará!
E Palestina e Israel? Esta é a realidade do Oriente Médio: toda vez que tem ameaça de paz, eles saem brigando. É muita guerra mesmo, viu! Como já dizia o filósofo Bronco Ronald Golias: a civilização não se comportou!
E o filho do Neymar devia se chamar Gansinho! Rarará! Mamãe, eu pari um ganso! Rarará! E esta do Sensacionalista: "Filho do Neymar faz dez embaixadinhas no teste do pezinho". E já foi contratado pelo Real Madrid? Agora já tão contratando brasileiro na barriga da mãe!
E sabe como se chama o matemático que analisa a queda do Grêmio para a segundona? TRISTÃO Garcia! Rarará! É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece! Rarará!
O Brasileiro é Cordial! Mais uma placa do Gervasio na empresa dele lá em São Bernardo: "Se eu descobrir quem foi o morto de fome que comeu a minha coxa de frango e jogou o ossinho na pia, vou pegar esse ladrão de galinha e fazer ele engolir uma bola de basquete até obrar um ovo de avestruz. Conto com todos. Assinado: Gervasio". Ueba! Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
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Melhores filmes brasileiros de hoje vêm do Nordeste Fonte: folha.uol.com.br 26/08
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De Pernambuco, em particular, vêm hoje os melhores filmes brasileiros. São pouco vistos, não trazem a marca da Globo, a propaganda da Globo nem muito menos seus tiques dramatúrgicos.
Mas eles podem ser diferentes entre si. "Baixio das Bestas" (Canal Brasil, 1h10, 18 anos) pode ser visto como um belo exemplo de naturalismo nordestino. Cláudio Assis não tentará em nada amenizar a história, em que o centro é a exploração sexual de uma adolescente pelo avô.
Nada a ver com "Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo" (Canal Brasil, 16h45, livre), de Karim Aïnouz e Marcelo Gomes, delicado relato a um tempo da longa viagem de um homem e de sua paixão. Mas ambos são filmes com muita força.
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Festival Back2Black começa hoje no Rio e tenta brilhar sem Prince
Jorge Ben Jor entra na vaga aberta; Chaka Khan, Macy Gray e Aloe Blacc são algumas atrações do evento Fonte: folha.uol.com.br 26/08
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É fácil medir o tamanho do buraco aberto no festival Back2Black -que começa hoje, no Rio- pela ausência de Prince, anunciada na última terça sem explicações por parte do artista, segundo a assessoria do evento.
Só para o show do astro, seu primeiro no país desde o Rock in Rio de 1991, havia 15 mil ingressos à venda; para todo o resto do festival, somados os seus três dias (de hoje a domingo) e mais de 20 atrações, são 12 mil ingressos -a organização não informa quantos foram vendidos.
Prince se apresentaria em um palco à parte, que não será mais ocupado. O festival convidou Jorge Ben Jor para a vaga que ficou sobrando.
Os destaquem incluem Macy Gray, os tuaregs (nômades do deserto) do Tinariwen e o rapper Aloe Blacc. Entre os brasileiros, Seu Jorge & Almaz e Moreno Veloso se apresentarão.
O evento terá conferências a cada dia -a de hoje, via satélite, terá o egípcio Wael Ghonim, um dos líderes dos protestos que derrubaram o Hosni Mubarak.
Uma versão reduzida do festival (com Aloe Blacc e Tinariwen) ocorre em SP na terça, no Bourbon Street.
BACK2BLACK RIO
QUANDO de hoje a domingo
ONDE Estação Leopoldina (av. Francisco Bicalho, s/nº; tel. 0/xx/21/4003-1212)
QUANTO de R$ 100 a R$ 450
CLASSIFICAÇÃO16 anos
BACK2BLACK SP
QUANDO 30/8, às 20h30
ONDE Bourbon Street (r. dos Chanés, 127; tel 0/xx/11/5095-6100)
QUANTO de R$ 70 a R$ 120
CLASSIFICAÇÃO 18 anos
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Brasil será 4ª economia em 2030, diz consultoria
Britânica EIU prevê crescimento de 3,9% ao ano nos próximos 20 anos
País deve superar o PIB da França, Alemanha, Reino Unido e Japão, mas ainda ficará atrás de China, Índia e EUA Fonte: folha.uol.com.br 26/08
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O Brasil vai se tornar a quarta maior economia do mundo até 2030, segundo projeção da consultoria britânica EIU (Economist Intelligence Unit).
Atualmente, o país ocupa a sétima posição no ranking global, considerando o PIB (Produto Interno Bruto) medido em dólares. A crise que afeta as economias dos países desenvolvidos, minando sua capacidade de expansão no longo prazo, vai beneficiar a ascensão do Brasil.
A EIU previa, antes, que o país alcançaria o quinto lugar no ranking mundial na próxima década. Mas reduziu recentemente sua projeção para o crescimento do Japão. Com isso, espera agora que a economia brasileira vai se tornar maior do que a japonesa em 2027. "Antes, tínhamos o Brasil superando a França, a Alemanha e o Reino Unido, mas não o Japão. Essa projeção agora mudou", afirma Robert Wood, analista sênior da EIU.
O analista ressalta que a economia brasileira deixará para trás a dos quatro países desenvolvidos, mas será ultrapassada pela indiana no meio do caminho.
A EIU prevê que o Brasil crescerá 3,9%, em média, por ano nas próximas duas décadas. A expansão será mais forte que os 2,9% registrados nos últimos 25 anos, mas menor que as taxas previstas para Índia (6,6%) e China (5,7%) nos próximos vinte anos.
Wood acredita que o dinamismo dos emergentes asiáticos grandes, principalmente a China, continuará sendo um importante motor do crescimento do Brasil: "Mesmo que a China faça uma transição para um modelo de crescimento mais apoiado no consumo do que em investimento ainda vai demandar as commodities que o Brasil produz, principalmente alimentos".
PESO DA CHINA
Ao longo da última década, a China contribuiu três vezes mais para a expansão da economia brasileira do que os EUA, segundo cálculo do economista Tony Volpon, chefe de pesquisas de mercados emergentes da corretora japonesa Nomura.
"A correlação entre o crescimento da China e do Brasil é forte desde o início da década passada, mas deve ter aumentado em anos recentes", afirma Volpon.
Ele ressalta que a China se tornou o principal parceiro comercial do país.
Além de vender produtos como alimentos e minério para a China, o Brasil se beneficia do efeito da demanda asiática sobre os preços das commodities, que tiveram forte alta nos últimos anos.
O analista diz que outros fatores como uma população ainda jovem e o potencial comercial das descobertas de petróleo da camada pré-sal contribuem para as perspectivas de crescimento de longo prazo do Brasil.
Mas ele ressalta que o país deveria fazer reformas para evitar problemas que afetam países desenvolvidos atualmente, como o envelhecimento da população.
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LIVRO »
A língua sagrada e a boca do inferno
318 CITAÇÕES DO PADRE ANTÔNIO VIEIRA Fonte: correioweb.com.br 26/08
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Do padre Antônio Vieira. Organização: Emerson Tin. Tordesilhas, 204 páginas. R$ 33.
De um lado, um defensor das virtudes cristãs e um pensador que nunca soa obsoleto. Do outro, um poeta desbragado, que atacava os princípios da igreja católica em textos contundentes. Padre Antônio Vieira e Gregório de Matos viveram no Brasil colônia do século 17 e deixaram textos eternos. O tempo fez bem aos dois. Personagens obrigatórios das aulas de história, agora eles reaparecem nas livrarias em antologias que reproduzem trechos de carreiras longas e prolíficas. Gregório de Matos — Poemas (Caminho de Dentro Edições) e 318 citações do Padre Antônio Vieira (Tordesilhas) coletam criações do barroco brasileiro em edições acessíveis e breves.
Emerson Tin, organizador das sentenças bem-humoradas e filosóficas do clérigo, considera a seleção um guia leve e atraente para os leitores atuais. “Pode ser um excelente convite à leitura da obra de Vieira. É possível que, a partir da leitura de uma ou outra frase, algum leitor tenha curiosidade de ler o sermão ou a carta, por exemplo, de que foi retirada e, quem sabe, tome gosto pela leitura da obra vieiriana e prossiga nessa descoberta”, diz ele, mestre e doutor em teoria e história literária pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e idealizador de outras coletâneas — entre elas, Antologia da poesia barroca brasileira (Companhia Editora Nacional/Lazuli).
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Versos ousados
Professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Regina Carvalho separou os poemas de Gregório de Matos em temas e temperamentos específicos: do comentário social ao erotismo, do lirismo à verve satírica. Foi a maneira que ela encontrou de traduzir o comportamento criativo do poeta baiano, que viveu dividido entre Brasil e Portugal. “Ele era uma criatura sofrida, mal resolvida. A igreja era um Estado dentro do Estado. Ele queria fazer um discurso político incisivo. E foi perseguido pela Inquisição por causa disso. Era agressivo, a realidade era insuportável para ele”, caracteriza.
A pesquisadora vê Matos e Vieira como figuras essenciais de uma nação arcaica, mas que já produzia as próprias manifestações culturais. “Os contrastes são tratados no romance Boca do inferno (Companhia das Letras), de Ana Miranda. Os dois retratam a época de maneira diversa, mas com a mesma relevância. Juntando os dois você tem um retrato completo daqueles tempos”, detalha. Dois protagonistas do mesmo século e da mesma língua portuguesa que ganhava, pouco a pouco, sotaque cada vez mais brasileiro.
Trecho
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Ao dia do Juízo
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O alegre do dia entristecido,
O silêncio da noite perturbado
O resplandor do sol todo eclipsado,
E o luzente da lua desmentido
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Rompa todo o criado em um gemido.
Que é de ti, mundo? Onde tens parado?
Se tudo neste instante está acabado,
Tanto importa o não ser, como haver sido
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Soa a trombeta da maior altura,
A que a vivos e mortos traz o aviso
Da desventura de uns, de outros ventura.
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Acaba o mundo, porque é já preciso,
Erga-se o morto, deixe a sepultura,
Porque é chegado o dia do Juízo.
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Gregório de Matos
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Turma nova e moderna
O cantor Criolo e o produtor Kassin são dois exemplos de artistas que vêm renovando a MPB, com um pé na brasilidade e a cabeça no som universal. Este ano, outros artistas também apostaram nessa mudança de ares Fonte: correioweb.com.br 26/08
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Já no comecinho do disco Nó na orelha, Criolo adverte: “Quando uma pessoa lhe oferece o caminho mais curto, fique atento”.
Para quem conhece a história do rapper, impossível não notar algo de autobiográfico (e até de premonitório) nessas palavras. Porque foi pelo trajeto mais demorado — uma trilha às vezes acidentada — que o paulistano Kleber Cavalcante Gomes, 35 anos, chegou a um dos lançamentos mais elogiados (e menos previsíveis) de 2011.
No álbum novo, ele não se despede do rap — mas visita o soul, o samba, a canção romântica e o bolero, entre outras paragens. “É um disco de música”, define, em entrevista ao Correio. “As pessoas têm liberdade de pensar sobre ele, de dialogar com o que está ali. Mas não vejo por que nomear”, explica.
Definir essa sonoridade, de fato, pode ser um perigo. Há o risco de cair na típica generalização da MPB “eclética”, que se esforça para combinar chicletes e bananas. Não é o caso. As aventuras de Nó na orelha se desdobram com naturalidade, até porque já faziam parte do mundo de Criolo. Se o disco deve tomar de surpresa os fãs do artista — que, em 2006, lançou o projeto “de rap” Ainda há tempo —, ele existia como que secretamente no cotidiano do rapper. Incentivado por amigos, o artista interpreta as canções que só as pessoas mais próximas conheciam. “Componho canções e outras coisas há mais de 10 anos, mas pouca gente sabia”, conta. “As pessoas que me acompanham sabem que faço minhas músicas com o coração”, afirma compositor, também conhecido como Criolo Doido.
A oportunidade de gravar Nó na orelha, ele explica, apareceu no momento em que havia se decidido a abandonar os palcos. “São 20 anos de carreira, isso é bonito. Mas chega a hora em que você tem que agradecer e seguir. Fiz uma avaliação: a que ponto estou contribuindo? Tem tanta gente aí fazendo coisas especiais...”, lembra. Foi durante esse período de impasse, contudo, que ele recebeu o convite do espaço Matilha, centro cultural sem fins lucrativos, para entrar em estúdio. “Seria o registro de algumas canções, elas ficariam para mim. Mas, no meio do processo, algo novo começou a acontecer. Apareceu toda uma energia, toda uma movimentação ao redor”, lembra. Em Brasília, ele apresenta o resultado pela primeira vez hoje à noite, no projeto Fanfarrita, no La Ursa (Setor Bancário Norte). No show, será acompanhado por um sexteto.
Vida de periferia
As gravações, coordenadas pelos produtores Marcelo Cabral e Daniel Ganjaman, acabaram por agregar mais de uma dezena de músicos — feras como Guizado (que toca trompete), o violinista Luiz Gustavo Nascimento e os DJs Marco e Dan Dan. Se a sonoridade do rapper aparece mais flexível, generosa — com um acabamento polido que cairá bem nas rádios de MPB —, o discurso ainda reporta frontalmente o cotidiano da periferia, com todas as liberdades a que o rap sempre teve direito. “Di Cavalcanti, Oiticica e Frida Kahlo têm o mesmo valor que a benzedeira do bairro”, nivela, em Sucrilhos.
Em tese, pode parecer um disco ambicioso, que quer demolir grandes preconceitos. Mas, sob a movimentação sonora de Nó na orelha, o que se descobre é um retrato quase doméstico do compositor, que remete à infância (a admiração pelos quadrinhos da Turma da Mônica aparece no ótimo samba Linha de frente) e ao ambiente onde vive desde então (uma das faixas atende por Grajauex). Dedica o disco aos pais, dona Maria e seu Cleon, casados há 38 anos. “A minha história de vida está no disco”, avisa. “Mas hoje continuo a mesma pessoa, pensando em música 25 horas por dia. Fiquei 20 anos jogando sementes, se Deus quiser vou passar mais 20 anos regando para que as próximas gerações colham”, promete. Não será caminho curto.
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CENA CONTEMPORâNEA » Clássico com sotaque nordestino
Festival arrebata o público de 3 mil pessoas com peça de Shakespeare em versão de cordel e ainda reserva uma maratona de 60 espetáculos aos brasilienses nas próximas duas semanas Fonte: correioweb.com.br 26/08
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Na última quarta-feira, a Praça do Museu Nacional da República virou o epicentro da agitação teatral de Brasília. Começou, na última terça-feira, a 12 edição do festival Cena Contemporânea, maratona com 33 espetáculos, em 10 espaços da cidade, com direito a cerca de 3 mil pessoas na plateia. Nas proximidades da Catedral, uma pequena arena foi delimitada por lâmpadas, e uma arquibancada foi erguida, para que os espectadores pudessem acompanhar a peça Sua incelença, Ricardo III, da trupe potiguar Clowns de Shakespeare. Em seguida, foi a vez de a cantora Rita Ribeiro animar os presentes. O festival já promoveu 16 encontros entre atores e a plateia. Até o fim desta edição, o público brasiliense ainda terá à disposição mais de 60 sessões teatrais.
Sob um céu estrelado e uma brisa leve, gente de todas as idades foi à praça do Museu acompanhar as peripécias da versão sertaneja do rei britânico Ricardo III, na produção escolhida para abrir a temporada de espetáculos.
Sobre três carroças, o grupo de Natal constrói a estética de uma realeza mambembe que, com forte sotaque da região, mistura cantigas nordestinas ao rock inglês. Os figurinos com toque medieval, a simplicidade do cenário e a preparação vocal dos atores empolgaram os presentes. Ao fim da tragédia bem-humorada, o grupo foi ovacionado de pé.
Antes de caminhar em direção ao palco montado para as atrações musicais do festival, muita gente preferiu continuar circulando pela arena, comentando os pontos altos da montagem. “Esse pós-peça é um momento de confraternização e de mobilização artística. São duas semanas para pensar teatro”, afirma a atriz Elisa Carneiro, 23 anos. Os leigos no assunto também aproveitaram a oportunidade de conhecer a safra nova de produções teatrais.
Acompanhado dos amigos, o advogado Guilherme Pereira Ulhôa, 27 anos, aproveitou a programação do festival pela primeira vez, e gostou do que viu. “A peça é excelente. Ótimos atores e trilha sonora. É uma mistura muito criativa de referências”, avalia. Para ele, um evento desse porte extrapola o caráter da difusão cultural. “Essa festa toda movimenta o comércio e o turismo. Eu, por exemplo, trouxe um amigo de São Paulo”, afirma.
Multidão
Durante uma hora e meia, a cantora Rita Ribeiro desfiou clássicos de seu repertório para a multidão aglomerada diante da cúpula do museu, onde imagens de espetáculos do Cena Contemporânea foram projetadas durante toda a apresentação. Outro charme do show foi manter uma intérprete de língua brasileira de sinais (libras) na boca do palco, traduzindo as canções. No repertório, músicas conhecidas de seus fãs, como Há mulheres, É D’Oxum, Pensar em você, Lenha e Garçom.
Para o segundo dia da maratona, foram programados sete espetáculos, entre internacionais, brasileiros e produções de artistas da cidade. Um deles, Rá, do ator e diretor cearense Ricardo Guilherme, fazia dupla reverência a precursores do teatro de seu estado: os atores e diretores B. de Paiva, homenageado desta edição do Cena Contemporânea, e Waldemar Garcia. Os dois, por sinal, passaram boa parte da vida às turras.
Sentado em uma cadeira, maquiado, com a cabeleira branca solta sobre os ombros, e a voz gutural, o ator fez um relato de histórias ranzinzas e cômicas de Garcia, e de sua relação com B. de Paiva, que se mudou para Brasília e se tornou referência cultural na cidade. O formato, que se aproxima mais de uma leitura dramática do que de uma montagem teatral, tem bons momentos, mas acaba se revelando cansativo.
Primeiro trabalho do Teatro do Instante, a peça Pulsações ganhou sessão dupla na última quarta-feira, no Teatro Goldoni. Logo na chegada, o espectador recebe mimos: uma sapatilha para entrar no cenário branco, um copinho de chá e um tapa-olhos. Durante a primeira meia hora, a plateia, vendada, usufrui de uma experiência sensorial, que inclui sons difusos, toques, perfumes e sabores. Mais do que uma narrativa coerente, Pulsações oferece uma divagação aleatória, e repleta de estímulos, pela obra da escritora Clarice Lispector.
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Homenagens
Ontem, após a sessão, o ator B. de Paiva foi homenageado por Guilherme Ricardo e pelo organizador do festival, Guilherme Reis. Convidado a subir no palco, ganhou um buquê de flores e contou algumas de suas histórias. B. de Paiva acredita que o tributo não deveria ser prestado a ele, mas sim à sua amiga Dulcina Moraes, cuja fundação ele dirige. “Estou preocupado com o legado de Dulcina”, afirmou. Ele também rendeu homenagem a Paschoal Carlos Magno.
Novidades
» Os espetáculos Las tribulaciones de Virginia, Depois do filme, Que ruido tan triste hacen dos cuerpos cuando se aman, Camponesa e Cordel do amor sem fim já estão esgotados. Quem quiser ver a produção mexicana Amarillo deve correr para garantir as últimas entradas.
» O festival criou uma TV digital, com entrevistas diárias com artistas e criadores. Já está no ar um papo com a cantora Rita Ribeiro, responsável pelo show de abertura. Também é possível ver uma entrevista com com Kay Pérez, programador visual e diretor de iluminação do grupo mexicano Línea de Sombra, que trouxe ao Cena a peça Amarillo. No www.cenacontemporanea.com.br
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