terça-feira, 16 de agosto de 2011

TECNOLOGIA

Prêmio Sergio Motta anuncia os 12 indicados

O objetivo do Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia, do Instituto Sergio Motta, é apoiar a criação artística brasileira em mídias eletrônicas e digitais. A categoria início de carreira dará quatro prêmios de R$ 15 mil cada um; os criadores em meio de carreira concorrem a dois prêmios, de R$ 30 mil cada um. Já o Prêmio Hors Concours dá R$ 40 mil. A lista de indicados está no ism.org.br. Fonte: folha.uol.com.br 16/08

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CINEMA »

História revisitada

Mostra retrospectiva, a ser inaugurada hoje no CCBB, apresenta o precioso acervo cinematográfico da companhia paulistana Maristela Fonte: correioweb.com.br 16/08

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Em 1952, no livro Filme e realidade, o cineasta Alberto Cavalcanti deu vazão a um apelo indignado diante da situação da indústria cinematográfica do país. Cavalcanti, um dos precursores dos filmes de vanguarda na França e dos documentários ingleses do General Post Office, trabalhou em todo tipo de processo produtivo na Europa e ganhou destaque como artista em documentários como Rien que les heurs e Coal face. Convidado a voltar ao Brasil por “um grupo de capitalistas de São Paulo” e ocupar o cargo de produtor- geral da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, o brasileiro se deparou com um cenário decepcionante. “Graças aos elementos que conseguiram, malgrado todos os empecilhos, realizar o pouco que se realizou; graças igualmente à facilidade com que o técnico brasileiro aprende seu métier, evitou-se, por um triz, até agora, uma catástrofe total. Essa ameaça, porém, continua aumentando cada dia mais — com a cumplicidade de certos dirigentes cinematográficos, com a irresponsabilidade de alguns dos nossos distribuidores e com o desprezo da maioria de nossos exibidores pela educação do nosso público”, escreveu.

Ainda que por um período de tempo pequeno, o realizador encontrou autonomia no projeto de produção praticado pela companhia paulistana Maristela, atuante durante a década de 1950 sob a tutela do empresário Mário Audrá Jr. e do italiano Mário Civelli. A história da companhia cinematográfica, parcamente conhecida dos brasileiros, começa a ser revisitada com a exibição da mostra de cinema Retrospectiva Maristela. Em Brasília, as exibições ocupam o Centro Cultural Banco do Brasil de hoje até o dia 28 deste mês.

Experimentação

“Meu pai era o filho caçula. Naquela época, o filho mais novo não tinha muitos direitos na família. Ele estava insatisfeito com o trabalho na indústria têxtil do meu avô e foi passar um tempo na Europa. Lá, ele teve contato com o neorrealismo italiano e decidiu montar uma produtora com modelo de produção parecido aqui no Brasil”, explica o filho de Mário Audrá Jr., o produtor de cinema Marco Audrá sobre as origens da empresa da família. Enquanto a carioca Atlântida investia em comédias populares, as famosas chanchadas brasileiras, e a Vera Cruz se concentrava em produções épicas ou filmes de aventura, a Maristela experimentava um projeto híbrido.

Nela, os orçamentos eram reduzidos e havia o investimento em roteiros baseados na literatura nacional, caso de O comprador de fazendas (1951), dirigido por Alberto Pieralisi. Apesar da comunicação com o grande público, na Maristela, autores como Alberto Cavalcanti e Alex Viany (leia quadro) podiam experimentar projetos pessoais. Alguns títulos eram documentais, caso de Getúlio, glória e drama de um povo (1956), dirigido pelo próprio Mário Audrá Jr., sobre o fascínio que o estadista brasileiro causava em multidões.

Existiam outras prioridades também. “Eles tinham uma necessidade de se contrapor ao que era visto como má qualidade técnica. Os diretores não sabiam dirigir, os atores não sabiam atuar. Era o que se dizia. Era preciso elevar o nível do que era feito e, ao mesmo tempo, encontrar uma maneira brasileira de se fazer cinema”, analisa o curador da mostra, Rafael Luna. Um exemplo dado pelo curador sobre a excelência técnica da Maristela é a fotografia feita por Rodolfo Icsey e Honório Marin em Arara vermelha, de Tom Payne.

Apesar dos esforços, em 1958, o sonho chegou ao fim. Os equipamentos da companhia foram usados pela última vez na produção de Luís Sérgio Person, São Paulo S/A (1965). Aproveitando boa parte do casting que formou, o diretor da companhia Audrá Jr., montou um estúdio de dublagem, o AIC São Paulo. Após anos e anos de armazenamento em depósitos, o acervo da Maristela se encontra em perigo. Para a realização da mostra, o CCBB fez cópias em 35 mm.

Três títulos não puderam ser incluídos na programação por causa do estado avançado de degradação. “Convivo com esse problema desde a época do meu pai. Nós sempre entramos nesses editais infindáveis do governo, mas ninguém ajuda. Acho que me sinto mais triste com a falta de reconhecimento da história do que decepcionado com a falta de reação pública para preservar esse material”, desabafa Marco Audrá.

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Mahler em grande estilo

Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional apresenta hoje obra do mestre austríaco. Além de um robusto coral, o evento terá como solista a soprano Janete Dornellas Fonte: correioweb.com.br 16/08

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Os metais e um seco som de pratos explodem em rápida sequência antes da introdução suave dos violinos pontuada por intervenções de sopros, trompas e trompetes. O início da Sinfonia nº 3 de Gustav Mahler (foto abaixo) é um anúncio do mistério embutido na ideia de criação. A peça em seis movimentos é complexa e longa. Dura 90 minutos e está entre as mais extensas do compositor austríaco, mas o maestro Claudio Cohen quis incluí-la na abertura da temporada do segundo semestre da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro para dar continuidade à celebração do centenário do nascimento de Mahler. No primeiro semestre, a orquestra fez a quarta e a décima sinfonias. Até o fim do ano, além da terceira, programada para hoje, faz também a quinta e a segunda. “Estamos fazendo só as obras mais pesadas, que exigem um staff orquestral mais pesado. Mahler era um dos principais regentes da época e colocava todos os conceitos de composição e regência na obra”, explica Cohen.

O maestro precisou contratar 30 músicos para completar o corpo orquestral exigido pela peça. Durante o quarto e o quinto movimentos, um coro canta versos escritos pelo filósofo Friedrich Nietzsche em Assim falou Zaratustra. Cohen aproveitou 30 vozes femininas do coro do Festival de Ópera e acrescentou 30 vozes infantis para dar conta da peça. “São mais ou menos 160 pessoas no palco”, avisa. O solo fica a cargo da soprano Janete Dornellas, que canta Mahler pela primeira vez. “Vocalmente é uma textura confortável. O problema é a densidade dramática, porque a poesia é muito forte e exige mais interpretação”, diz a cantora.

Mahler escreveu explicações para cada uma de suas sinfonias corais. Nesta terceira, ele queria tratar do mistério da criação da vida. Os primeiros movimentos evocam os seres inanimados, como as flores do campo e a natureza. A partir do terceiro movimento, o compositor introduz os animais, seguidos dos homens e dos anjos. Mas o mistério maior ele deixa para o sexto e último movimento, uma ode ao amor embalada pelos violinos.

Repertório

Além de Mahler, a programação do segundo semestre está equilibrada entre a tradição — há Beethoven, Tchaikovsky e Liszt — e o contemporâneo. Dessa turma, Cohen quer dar especial destaque para nomes brasileiros e incluiu no repertório Edmundo Villani-Côrtes e Edgard Felipe. “A gente está valorizando a música nacional. Côrtes é um dos principais compositores brasileiros da atualidade e o Edgard Felipe é um jovem de Brasília, muito sério e muito bom. É um espaço que a gente abre para os novos, para as pessoas conhecerem novas linguagens.”

A lista de convidados também inclui maestros e solistas brasileiros e estrangeiros. Na próxima semana o pianista Arnaldo Cohen faz uma apresentação inteiramente dedicada a Franz Liszt, com os dois concertos para piano do compositor húngaro. Ainda este mês, o violinista russo Ilya Gringolts, que conquistou a Europa depois de vencer o concurso Paganini em 1998, toca com a orquestra o Concerto para violino de Brahms, e, em setembro, seu conterrâneo Peter Laul faz o Concerto para piano nº 2, de Serguei Rachmaninoff. Entre os maestros convidados ao longo da temporada estão nomes como o do canadense Daniel Lipton, do uruguaio Roberto Montenegro e dos brasileiros Helder Trefzeger, Guilherme Mannis e Marcelo de Jesus.

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Regularização fundiária e urbanística

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A pós-modernidade não trouxe apenas a complexidade das relações interpessoais e o estado das incertezas. Trouxe também a velocidade e o aumento das demandas. E tudo isso somado recai nas atribuições do Estado, pondo à prova sua capacidade para atendê-las. Fonte: correioweb.com.br 16/08

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Se essa complexidade é a marca maior do nosso tempo, os mecanismos de que se vale o Estado para acudir às demandas sociais crescentes são incipientes, obsoletas, atrasadas ou esbarram noutras limitações, até mesmo orçamentárias. Não raro, as políticas e as instituições caminham sem eleger um rumo comum, tornando ainda mais distante a realização da felicidade humana naquilo que depende da presteza do Estado.

A regularização fundiária e urbanística do Distrito Federal é um desses desafios. É questão com raízes históricas, perpassada por complexidade jurídica iniciada com o modelo da formação do território distrital no final dos anos de 1950 e estende seus nefastos efeitos até hoje, como o episódio que ficou conhecido como “A grilagem de terras no DF”.

Com efeito, ao falar em “regularização” é necessário ter em conta que ela se refere a um conjunto de atitudes que levem as situações de fato hoje existentes a uma situação de direito, isso somado a um ideal de realização do bem comum. A regularização da qual se fala não é algo que se manifesta em ato único, mas em etapas sucessivas e em compartimentos públicos que se complementam. Exige, antes de tudo, que a descrição registral dos imóveis obedeça fielmente às diretrizes formais e materiais determinadas pela Lei nº 6.015/73, o que assim se pode ter por regularidade registral. Passa em seguida pelo acertamento fundiário propriamente, quando então estarão dissipadas incertezas a respeito da localização dos imóveis, de suas linhas poligonais e confrontações, da área e do cadastramento de dados em bases geoposicionadas por satélites, além da eliminação de incertezas a respeito do efetivo titular do direito de propriedade imobiliária. Está-se a falar, aqui, da regularização fundiária propriamente.

Então, alcançada a regularidade registral e urbanística, transfere-se aos técnicos em urbanismo essa base jurídica acertada e segura para que, depositando-a sobre suas pranchas de trabalho, venham a desenhar os projetos urbanísticos adequados para cada localidade, podendo então valorizar as premissas e diretrizes voltadas a assegurar a funcionalidade e a sustentabilidade da cidade, especialmente com respeito à preservação dos valores ambientais enquanto direito comum do povo, bem ainda o senso estético. Somente assim, elaboradas as plantas de parcelamento regular, visando ao melhor aproveitamento ou conservação dos espaços, com a subsequente aprovação pela autoridade urbanística competente, tais projetos terão ingresso no Registro de Imóveis, nascendo então matrículas como base de registro para cada unidade imobiliária, resultante das concepções dos nossos melhores arquitetos e urbanistas. Fala-se, assim, da regularização urbanística.

No passo seguinte, o titular do direito real de propriedade desses terrenos que se criaram por fracionamento regular outorgará título ao beneficiário final, segundo os fins das políticas públicas ou de acordo com o interesse privado, respectivamente falando de terrenos públicos ou particulares que surgiram com o empreendimento finalmente regularizado.

Contudo, as ferramentas processuais legadas pelo Código de Processo Civil de 1973 muito deixam a desejar, quando são necessárias soluções formais mais amplas para a composição de conflitos de interesses mais complexos.

A instalação da Vara de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Fundiário do DF, notadamente em razão de sua competência especializada e a centralização das questões a ela inerentes, atua como um fórum novo, palco no qual a tradicional composição dos conflitos por meio contencioso pode ceder lugar à mediação judicial, com viés também para a mediação administrativa. Têm-se, assim, alternativa para esses conflitos de grande dimensão e complexidade, que em geral não teriam possibilidade de solução ideal nos estreitos limites formais e materiais de uma sentença.

O Poder Judiciário pode se oferecer como mediador desses conflitos nascidos das incertezas registrais e fundiárias e, resolvendo-os, viabilizar as subsequentes soluções urbanísticas e ambientais. Mas a mediação somente traz resultados se as partes a ela aderirem.

CARLOS DIVINO RODRIQUES

Juiz da Vara de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Fundiário do Distrito Federal

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