quarta-feira, 20 de julho de 2011

Cavalheiro da alegria

Na aula-espetáculo que apresenta hoje na Sala Martins Pena, Antonio Nóbrega mescla canções, peças instrumentais e danças Fonte: correioweb.com.br 20/07

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Antonio Nóbrega vê forte presença masculina na cultura hegemônica, utilitarista e pragmática, que ele chama de pátria. Como contraponto, o músico, cantor, compositor e dançarino propõe algo ligado ao caráter lúdico, com prevalência de princípios e elementos femininos. Um esboço disso está em Mátria — Uma outra linha de tempo cultural, aula-espetáculo que será apresentada hoje, às 20h, na Sala Martins Pena do Teatro Nacional, com entrada franca.

Solicitado, o multiartista pernambucano concebeu Mátria para o projeto Rumos Educação, Cultura e Arte Itaú Cultural, que tem como objetivo divulgar no país o novo edital desse programa. Com uma hora e 20 minutos de duração, o evento traz canções, peças instrumentais e danças, entremeados por considerações sobre a cultura brasileira, de extração popular.

Depois de estrear há dois meses em São Paulo e passar por Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Fortaleza, Belém e Manaus, Nóbrega chega a Brasília, onde apresenta-se com frequência, desde a época em que deixou o Quinteto Armorial e partiu para carreira solo. Não falta quem se recorde, por exemplo, de Na pancada do ganzá, que ocupou o palco da Sala Villa-Lobos no fim da década de 1990. Ou de Tonheta, o mítico personagem que criou, anti-herói popular, definido por ele como um misto de pícaro, bufão, arlequim e vagabundo.

Em Mátria, Nóbrega mescla obras da tradição oral, como o choro de Pixinguinha, o samba de Candeia e Nelson Cavaquinho, canções de Dorival Caymmi e dele próprio, e coreografia sobre música de Johann Sebastian Bach. Tanto em sua forma quanto em seu conteúdo, procura harmonizar o discurso com a performance, o conceito com a emoção.

De acordo com o artista, a aula-espetáculo é uma ideia antiga. “Logo depois de deixar o Armorial, quis produzir algo em que pudesse fazer considerações, reflexões sobre a cultura popular, vista por alguns como folclore. Para que se tornasse orgânica, deveria ter ilustração lúdica, por meio de uma performance que reunisse o canto, o instrumento e a dança.”

O que Nóbrega propõe em Mátria é um tipo de cultura que privilegie as toadas, as cantigas, o romance tradicional, “a canção com narrativa em versos de sete sílabas, com começo, meio e fim, que fale da rabeca e do maracatu, que não esteja atrelada à cultura pop do mundo globalizado, e sim a uma cultura educacional e artística”. Ele acredita que essa ideia precisa ir além da aula-espetáculo, e ser amplificada no formato de outras mídias, como DVD, série de televisão e livro.

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