sábado, 9 de julho de 2011

BRASÍLIA 51 ANOS DA CAPITAL DO PODER

Fonte: Almandrade

(artista plástico, poeta e arquiteto)

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“Nenhum rosto é tão surrealista quanto o verdadeiro rosto de uma cidade”

Walter Benjamin

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Cinqüenta anos depois, a bossa nova da arquitetura e do urbanismo,

mostra suas rugas e os sintomas de um envelhecimento precoce. O

símbolo maior da modernidade e da ideologia desenvolvimentista que

projetou o Brasil como um país novo, revela o que é a cidade moderna,

o lugar da afirmação e do poder da máquina e das restrições do domínio

público. Com uma malha rodoviária e amplos espaços que ultrapassam a

escala humana, Brasília foi concebida nas pranchetas de Oscar Niemeyer

e Lúcio Costa sob a orientação do presidente Juscelino Kubitschek para

responder ao desenvolvimento industrial, em particular, a indústria

automobilística em ascensão, e hoje representa o fim do sonho e das

ilusões desenvolvimentistas.

Sem dúvida, Brasília é uma das mais importantes contribuições

brasileira para a arte do século XX, juntamente com a Bossa Nova, a

Arte Concreta e o Cinema Novo, que resiste aos escândalos políticos

que assolam a capital. As estruturas de suas construções permanecem

intactas, o concreto armado parece eterno. Uma cidade cartesiana

implantada no interior do país, sob o cerrado, distante do litoral,

uma aventura quase que impossível. Nas palavras do critico de arte

Mário Pedrosa, "se Brasília foi uma imprudência, viva a imprudência".

A nova capital era uma resposta à crítica de um Brasil litoral, de

costas para o seu interior, desde os tempos do Marques de Pombal. Esta

experiência urbanística foi estimulada por uma opção de

desenvolvimento que se desejava para o Brasil o qual estamos sofrendo

suas conseqüências.

Mais do que uma simples cidade, Brasília é um discurso, símbolo de uma

nova situação que direcionou a vida e a economia do país. Uma cidade

com uma arquitetura governamental, monumental e moderna. O trançado

urbano e a arquitetura arte criaram a cidade como uma realidade

moderna, imagem e símbolo do Brasil industrial, país da tecnologia e

da democracia para os que dispõem de meios mecanizados para dominar os

grandes espaços vazios. A cidade que arquiteto francês, nascido na

Suíça e mestre dos arquitetos brasileiros, Le Corbusier não teve a

oportunidade e o privilégio de construir. O centro principal e

simbólico da capital do poder é a praça dos três poderes, na

organização do espaço as hierarquias e os interesses de classe não

ficam ausentes.

Falar de Brasília não se pode deixar de lado as manobras processadas

na economia e da política dos anos de 1950. “o avanço dos 50 anos em

5 anos” meta do governo JK. A sede de democracia, agitações, debates

inflamados e o avanço da indústria. A população vivia o impacto da

confiança no futuro. A nova capital refletia uma sociedade otimista

disposta a realizar utopias. Brasília foi pensada para ser um centro

político, cultural e administrativo para o desenvolvimento do

Centro-Oeste, mas não contava com o crescimento desordenado e

populacional, que acabou comprometendo o plano urbanístico de Lucio

Costa e trouxe os problemas e os desastres que assolam os grandes

centros urbanos. Com o regime militar, implantado em 1964, a cidade

criada em um período raro de democracia acreditando que a sua

localização no interior estaria mais protegida de ataques militares,

foi associada ao totalitarismo, mas resistiu com seu chame como uma

expressão artística que colocou o Brasil internacionalmente num

patamar de respeito.

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Joe agora quer viver

Um dos convidados mais aguardados da 9ª edição da Flip, Joe Sacco conta ao Correio que não pretende mais fazer quadrinhos sobre guerra e está em busca de histórias ligadas à natureza da condição humana Fonte: correioweb.com.br 09/07

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Paraty (RJ) — Joe Sacco achou difícil andar em Paraty. As ruas de pedras não facilitam a caminhada, mas nada excepcional para quem já andou pelas ruas de Gaza. O que ele gostou mesmo foi de ver a literatura no pedestal. “Autores e artistas dão tanto de si! E o que você realmente lembra é o que eles deixam. A maioria das pessoas não se lembra dos generais ou das batalhas, mas se lembra de reis e rainhas porque artistas fizeram seus retratos. E alguns países vivem disso. Quem vai à Itália e não quer ver o que 300 pessoas fizeram na Renascença?”, repara o quadrinista, que participa hoje de uma das mesas mais disputadas da 9ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). História em HQ só perde em concorrência para Lugares escuros, com James Ellroy.

Sacco ficou conhecido por transformar em quadrinhos as reportagens realizadas em zonas de conflito. Em Palestina: uma nação ocupada e Palestina: na Faixa de Gaza, ele narrou o conflito entre árabes e israelenses. Também fez livros sobre a Chechênia, a Bósnia e o Iraque. “Conflitos sempre estiveram no mundo, são parte da condição humana e desde que a literatura existe virou uma coisa central”, comenta. “Muitas sociedades no mundo são envolvidas por bombardeios. Antes, os exércitos ficavam no campo de batalha. Hoje, envolve todo mundo. E cada vez mais civis. Hoje, um soldado é morto para cada nove civis.”

Armadilha

Em entrevista ao Correio, Sacco conta que ninguém o levava a sério quando ele começou. “Até achar a minha própria voz, havia um monte de críticos dizendo o que fazer, como fazer”, diz. Conciliar quadrinhos, uma linguagem originalmente de entretenimento, e guerra, ele acredita, é o que faz da HQ algo “subversivo”. Até porque as pessoas podem não querer mergulhar num assunto como a Palestina, mas compram um livro como o dele, cheio de imagens, e acabam aprendendo algo sobre o tema.

“Parece mais fácil, mas pode ser muito profundo”, acredita. “Você pode realmente incomodar o leitor com a informação e pode educá-lo exatamente como faria um documentário. Talvez de forma mais compacta do que um autor faria, mas coloca o leitor em um lugar escuro onde ele achou que não iria. As pessoas pensam que isso é entretenimento ou é mais light, e não é necessariamente assim. É como uma armadilha.”

Depois de tantos anos, Joe Sacco não quer mais fazer quadrinhos sobre guerra. Diz que tudo que olha começa a ter cara de conflito, e ele não quer mais isso. Fez um livro sobre a migração de africanos para a Europa, outro sobre a pobreza na Índia. “Não há tiros, mas é conflito”, afirma. “Estou tentando me afastar de tudo isso. Estou interessado no lado filosófico, não preciso mais ir lá e ver outro conflito. Estou mais interessado em neurociência, neurobiologia, evolução biológica humana e o que há dentro de nós.”

» Alternativa literária

» Filas imensas e ingressos esgotados não assombram a programação paralela da 9ª Flip. Na Off Flip, criada há sete anos para fazer face à agenda oficial da festa, as ruas e os bares do centro histórico servem de palco e tenda para encontro com autores e apresentações de artistas. Não é preciso comprar ingressos nem reservar lugares. Basta entrar, se sentar e assistir. E, se der vontade, levantar a mão e perguntar. Este ano, a Off Flip reúne 80 autores de Paraty e de todo o Brasil, 46 a mais que a programação oficial da Flip.

Gustavo Bernardo, que lançou O gosto do apfelstrudel na Off Flip, entende a paralela como um espaço de resistência. “Ela dimensiona um evento que cresceu muito e que hoje tem a cara do mercado. A Flip fica uma coisa elitista, porque é difícil achar ingresso, e acaba privilegiando autores de determinadas editoras. A Off quebra um pouco isso. É muito rico. É melhor fazer uma coisa dessas do que ficar esbravejando contra a Flip.”

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