Affonso Romano de Sant'Anna
www.affonsoromano.com.br
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Por falar em antropofagia Fonte: correioweb.com.br 10/07
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A Flip deste ano escolheu fazer uma homenagem a Oswald de Andrade e à antropofagia. É merecida a lembrança de um dos ícones da Semana de Arte Moderna. Chamaram até Antonio Candido, 92 anos, para fazer um depoimento. O mestre da USP, que conviveu com Oswald, é um dos raros casos de equilíbrio crítico sobre o autor de João Miramar. Consegue, afetuosamente, ver seus defeitos e virtudes. Liquida logo aquela ideia de que Oswald era um pensador, um “filósofo”. Na década de 1950, desaconselhou o poeta a candidatar-se à cátedra de filosofia, pois não via nele um pensamento consequente, apenas intuições mais ou menos luminosas. Como Oswald mesmo confessaria no seu diário, era um “bricoleur da cultura”. Portanto, essa deveria ser também uma oportunidade para se rever a obra e o pensamento daquele que causou certo furor em algumas tribos nacionais.
Fazer isso não desmerece necessariamente as pessoas, mas esclarece a história. Heitor Martins, por exemplo, já em 1968 escrevia um ensaio em que mostrava que a ideia da antropofagia de Oswald era tributária dos vanguardistas europeus. Marinetti e Picabia trabalharam essa metáfora. Oswald foi várias vezes à Europa e conviveu com os vanguardistas. O Manifesto canibal, de Francis Picabia, é de 1920.
Portanto, o movimento que alguns pensam ser essencialmente brasileiro não o era. E possivelmente Oswald nunca viu um índio, ao contrário de Mário de Andrade que, numa carta a Manuel Bandeira, dizia que Oswald “se preocupa em fundar escolas e propagar novidades que não são dele”.
Que a teoria da antropofagia tem um certo charme, isso tem. Um belo marketing. No passado dei muita aula sobre isso e o assunto me seduz tanto que fiz um livro, O canibalismo amoroso. Para usar a metáfora canibal, eu diria que Oswald deve ser devorado, não adorado. E quando a gente se banqueteia ou come algo, tem sempre umas partes indeglutíveis.
A teoria da antropofagia que seduziu algumas tribos locais não resiste a uma análise nem aos fatos. Foi curiosa há 100 anos. Sobre ser característica universal e não especificamente brasileira, hoje com a globalização estamos todos sendo devorados, índios e civilizados.
Lembro-me de ter recebido a visita de Haroldo de Campos em Los Angeles, nos anos 1960. Um dia, num restaurante em Westwood, ele, que era siderado na teoria da antropofagia, me disse que estava perplexo ao constatar como os americanos, mais que os brasileiros, devoravam todas as culturas.
Andei relendo umas coisas sobre Oswald/antropofagia. E acho que esse assunto tem que ser revisto. Li o diário que ele escreveu nos últimos anos de vida. É melancólico e sincero. Tem lá coisas engraçadas: Antonio Candido não foi convidado para ouvir Neruda recitando poemas, porque era considerado, pelos stalinistas, de trotskista.
Lembrei-me de que nos anos 1970, Marília, filha de Oswald, lecionava na PUC/RJ e disponibilizou o material inédito e rascunhos que estavam em algumas caixas em sua casa. Fizemos uma histórica exposição. Mas havia qualquer coisa de triste naqueles papéis desamparados. Oswald, dispersivo nos amores e nas criações, não era um colecionador narcisista.
Oswald não era o grande poeta que alguns dizem ser, mas um captador de “rotereiros”, um agitador, um gênio fecundante que fazia um par de opostos com Mário de Andrade. Curiosamente, ele gostava de Catulo da Paixão e cita Cassiano Ricardo como grande poeta brasileiro e silencia sobre Drummond ou Cabral.
Mas a coisa intrigante no famoso Manifesto da antropofagia escrito em 1928 é a data: “Em Piratininga, Anno 374 da Deglutição do Bispo Sardinha”. Parece equivocada, pois sendo o aludido bispo devorado em 1556, teria que ser 372 e não 374. E há outra questão intrigante: não há provas de que os índios caetés tenham devorado o religioso. Há quem diga que foram os tupinambás. Mas outros sustentam que o bispo nem foi devorado, que o seu sumiço foi resultado de um conflito de terras. O fato é que depois que se espalhou que os caetés tinham cometido aquela atrocidade, os brancos tomaram suas férteis terras .Ou seja, os brancos é que devoraram os índios.
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Affonso Romano de Sant’Anna
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FERREIRA GULLAR
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Paris de muitos sonhos
A cidade em que vivemos tem sempre um peso de realidade maior que o da cidade dos livros Fonte: folha.uol.com.br 10/07
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A PARIS que primeiro se impôs à minha imaginação não foi, como no filme de Woody Allen, aquela onde viviam Scott Fitzgerald e Gertrude Stein, mas a de André Breton e Antonin Artaud. A época é a mesma -anos 20, diria-, porém, na minha cabeça, não era a mesma cidade a de uns e a de outros, mesmo porque Fitzgerald e Gertrude não eram franceses, mas norte-americanos que para lá se mudaram por razões artísticas ou, melhor dizendo, para se sentirem num mundo imaginário, a que também aspirava Gil, o personagem de "Meia-Noite em Paris". Já Breton, Artaud, Aragon, Péret eram franceses, parisienses mesmo, ainda que nem todos nascidos ali. A verdade é que a Paris em que viviam era bem mais real do que a dos arrivistas -se podemos falar assim-, no bom sentido.
Mas é, no mínimo, contraditório dizer que a Paris mais real era precisamente a dos surrealistas. É contraditório, mas compreensível, porque a cidade em que nos criamos, todos nós, e vivemos tem sempre um peso de realidade maior que o da cidade que conhecemos pelos livros. Os surrealistas desejavam incutir fantasia na Paris real; Fitzgerald, como Gil, queria viver, como sendo real, na Paris que inventou.
Já pesado demais para esses voos, via, nos surrealistas, mais irreverência e humor do que propriamente surrealidade, mais me divertia do que sonhava, ao ler aforismos como este: "Bate em tua mãe enquanto ela é jovem". Quando o li, numa revista francesa, na sala de leitura da Biblioteca Nacional, no Rio, fui tomado por um risinho incontido, que provocou olhares atravessados de outros leitores ali presentes. Só que não consegui me conter e, tomado de um frouxo de riso, saí da sala e fui sentar-me na escadaria da biblioteca. Uma senhora, que subia os degraus, olhou-me espantada -enquanto eu ria e repetia mentalmente: "Bate em tua mãe enquanto ela é jovem".
Nem todos os surrealistas, porém, eram engraçados. Antonin Artaud, por exemplo, sofria a contradição entre o corpo e o espírito, enquanto Jacques Vaché escreveu: "Vou me aborrecer de morrer cedo". E acrescentou: "Vocês todos são poetas, já eu optei pela morte". E se matou.
Muito diferente deles era Francis Picabia, que pintou "máquinas inúteis", espécie de complicadas engenhocas que não serviam para nada; uma gozação na tecnologia industrial. É dele, também, esta frase encantadora: "As flores e os bombons me dão dor de dentes".
Os surrealistas me faziam rir, às vezes me deslumbravam com seus versos ou suas pinturas, mas nem por isso desejei ir viver em Paris. Aliás, ganhei uma bolsa de estudos, mas preferi me casar e ficar em Ipanema. Antes disso, conhecia pessoalmente o poeta surrealista Benjamin Péret, que se havia casado com a cantora brasileira Elsie Houston, irmã de Mary, mulher de meu amigo Mário Pedrosa. E a coisa ficou mais real ainda quando o prenderam ao chegar ao Rio.
É que havia uma ordem de prisão contra ele, emitida nos anos 30, quando foi acusado de atividades subversivas. Fui visitá-lo na prisão e o entrevistei para a revista "Manchete". Mal-humorado, fez mixar qualquer ilusão que eu alimentasse pelo sonho surrealista. A obra, em geral, é melhor que o autor.
Por isso mesmo adorei o filme de Woody Allen, que nos mostra uma Paris de sonho, mais surreal do que aquela em que viviam os surrealistas. Trata-se, na verdade, de um conto de fadas: à meia-noite, após as 12 badaladas, surge uma carruagem... Não, neste caso, é um automóvel dos anos 20, que vem ao encontro de Gil, numa viela deserta.
Nele estão Scott Fitzgerald e Zelda, sua mulher, para a surpresa e encantamento do rapaz, que sonhava se tornar romancista, embora fosse um roteirista de sucesso em Hollywood. Eles o levam ao encontro de Gertrude Stein, Pablo Picasso e Salvador Dalí... como, certamente, um dia o desejou o próprio Woody Allen em sua primeira visita a Paris.
E, naquela tarde de sábado em Botafogo, fomos também, a Cláudia e eu, levados, na sala escura, a viver uma aventura irreal, num tempo outro e mais real do que o que nos esperava lá fora, finda a sessão de cinema. E, de fato, saímos para a realidade da nossa vida que, no entanto, já não era a mesma de quando entráramos no cinema.
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Zé Celso devora Oswald de Andrade na Flip
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Peça encerra hoje a festa e mistura o modernista com Berlusconi, Napoleão e Cristo Fonte: folha.uol.com.br 10/07
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Oswald de Andrade (1890-1954) não poderia deixar de marcar presença na Flip, evento que o reverencia. Surge para o "grand finale" da festa, muito bem acompanhado de Tarsila do Amaral.
Vivido pelos atores Marcelo Drummond e Letícia Coura, o casal modernista aparece em cena em "Macumba Antropófaga", misto de rito e musical que ocorre em Paraty hoje, às 16h, regido por José Celso Martinez Corrêa. O diretor deve o renascimento de seu teatro a Oswald.
"Oswald é meu maior inspirador. Após "O Rei da Vela" (1967), eu passei a interpretar tudo a partir de sua visão antropofágica", diz Zé Celso, que o considera como o precursor da independência do Brasil: "Ele é nosso grande descolonizador".
"Macumba Antropófaga" transforma em dramaturgia o "Manifesto Antropofágico", em que Oswald de Andrade lança a antropofagia como movimento cultural.
Para Zé Celso, o feito, criado coletivamente pelos artistas do Teatro Oficina, é do próprio Oswald: "Tudo o que ele escreveu é teatralizável. Ele não faz manifesto como um partido comunista, como um discurso. É outra coisa, é um ser vivo, um poema".
Em cena, Oswald e Tarsila bebem absinto, se despem e se contemplam como duas obras de arte. Também dançam e, como legítimos antropofágicos, se devoram.
Não demora para Oswald se transmutar em "Abaporu" (quadro de Tarsila que em tupi-guarani quer dizer "o homem que come gente") e pintar seu "Manifesto Antropofágico" num livro feito de carne humana, que servirá de alimento ao público.
Outros personagens são incorporados à trama, como o preguiçoso Macunaíma, herói sem caráter de seu amigo Mário de Andrade.
Diluídos no coro, surgem figuras tão díspares quanto Berlusconi, Pagu, uma tribo de índios aimorés, Carlos Gomes e Cristo, acompanhados de Napoleão, Freud, dom Pedro 1º, Rousseau, Montaigne e Buñuel, entre outros.
A intenção de Zé Celso é integrar o público da Flip à encenação. "Vamos nos descobrir, decifrando em nossos corpos a obra desse poeta transmilenar do amor, humor e vertigem: Oswald de Andrade", afirma.
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Integridade na esfera pública
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SANDRA JOVCHELOVITCH
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A complacência com recentes casos de corrupção expressa a relativa facilidade com que políticos do país desprezam a necessidade de prestar contas Fonte: folha.uol.com.br 10/07
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A demissão do ministro dos Transportes apenas um mês depois do caso Palocci põe em evidência o avatar profundo que liga a corrupção à esfera pública brasileira.
Em vez de ação rápida e da instauração de procedimentos para buscar a verdade, o que vimos no primeiro caso foi um aparato governamental e partidário para proteção do indivíduo acusado; no segundo, vimos uma demissão sem responsabilização.
Com Palocci, a presidente esperou 23 dias para agir, e o fez quando uma crise de credibilidade no governo parecia inevitável.
No caso Nascimento, os atos ilícitos ocorreram quando ele era ministro. Se ele sabia, foi conivente; se não sabia, foi incompetente. Isso, entretanto, não afeta sua legitimidade para indicar o sucessor.
A complacência que marca a postura oficial com esses casos expressa tanto as dificuldades da institucionalidade e do exercício do poder no Brasil como a relativa facilidade com que políticos brasileiros em posições de poder desprezam a necessidade da prestação de contas e da transparência no comportamento público.
Todos os indícios apontam para a corrupção, que na sua definição mais simples envolve quebra de barreiras entre o público e o privado. O uso de identidade pública a serviço de interesses privados é a lógica que guia o tráfico de influências e a propina, alguns de seus exemplos mais claros.
Se for constatado que os ex-ministros usaram sua persona pública para avançar seus interesses privados, terão maculado um dos princípios fundamentais das esferas públicas democráticas: a separação, com fronteiras claras e legisladas, entre Estado, mercado e esfera pessoal e de relações de parentesco.
Que as denúncias tenham vindo à tona pela imprensa e que a força da opinião pública tenha impactado no desdobramento dos episódios são bons sinais para o Brasil.
Tanto imprensa livre como opinião pública forte são essenciais para redimensionar esferas públicas e para reconfigurar a imaginação social que as acompanha.
Ao Brasil não cabe mais a complacência nem a conivência no tratamento de qualquer suspeita de corrupção. Não se trata mais de comportamentos individuais e de episódios que passarão sem consequências. Trata-se, sim, da construção de uma imagem e de um imaginário que posicionem o Brasil enquanto nação, tanto dentro como fora de suas fronteiras.
Seu novo lugar no cenário internacional e o imenso potencial como nação democrática de identidade cultural híbrida exigem procedimentos robustos, que destruam a ideia de impunidade e de retorno adiante, quando a fragilidade da precária memória nacional deixar.
Apurar os fatos, punir -se comprovada corrupção- e recordar para não repetir: aí está um requisito fundamental para mudar o exercício do poder e para impor novos significados e práticas, que sustentem a integridade da esfera pública no Brasil.
SANDRA JOVCHELOVITCH, 51, é psicóloga social e professora titular da London School of Economics and Political Science (Reino Unido).
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9ª FESTA LITERÁRIA INTERNACIONAL DE PARATY
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João Ubaldo criou obra-prima tentando "fazer um livro grande"
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Escritor arrancou gargalhadas da plateia ao explicar como surgiu "Viva o Povo Brasileiro"
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Autor não comentou cancelamento da ida à Flip de 2004; convite já foi chamado por ele de "rabada dos etcs." Fonte: folha.uol.com.br 10/07
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O baiano João Ubaldo Ribeiro disse que não ia embelezar a resposta: "Quis escrever um romance bem escrito, grande. E grosso", repetiu, levando às gargalhadas sua plateia em Paraty, no fim da tarde de ontem.
Era a resposta sobre como surgiu "Viva o Povo Brasileiro" (1984), considerado sua obra-prima, eleito em votações de críticos como um dos maiores romances brasileiros dos últimos 25 anos.
Ele explicou que fez a obra "para esfregar" em seu editor na época, Pedro Paulo de Sena Madureira, que o provocara dizendo que "autor brasileiro só fazia livro fininho, para ler na ponte aérea".
Um Ubaldo comportado, com respostas suaves e concisas, sem as polêmicas e digressões que o caracterizam, se apresentou ao público.
"Meu santo nunca bateu com o de Guimarães Rosa", disse, a certa altura, provocando mais risos. "Seria um desvario negar sua importância", ponderou.
Um assunto ficou intocado: o cancelamento de sua ida à Flip, em 2004, porque achou que as estrelas seriam os estrangeiros.
Sua leve crítica, em entrevistas ou conversas informais, é que boa parte dos frequentadores se preocupava mais com o agito do que com os livros, mas que era uma maneira de divulgá-los.
Em fevereiro passado, na Folha, ele já havia respondido sobre a aceitação agora do convite da Flip, o primeiro, segundo ele, após o episódio. "Não quero ser estrela, só não quero ir na rabada dos etcs., pois não sou um iniciante", disse na ocasião.
POUCA POLÍTICA
Na mesa de Ubaldo, falou-se bastante de livros. E menos de política do que se podia esperar.
Uma rara passagem, que fez a plateia rir novamente: contou que certa vez um sargento do pai, então chefe de segurança, empastelou o jornal comunista da cidade por iniciativa própria, porque a manchete criticara o chefe. "Agora vamos ter de pôr a culpa nos integralistas", teria dito o pai de Ubaldo.
Ubaldo lembrou também do avô, historiador e folclorista de Itaparica, que "distorcia as coisas". Disse que, como o avô, não se preocupa com a veracidade. "Com a verossimilhança, sim".
Explicou que usa o nome dos amigos em enredos que inventa. Mas que seria capaz de descrever como seria um parto, do ponto de vista de uma mulher, só por pesquisar o assunto.
Entre tantos episódios engraçados, o escritor baiano disse que não era muito otimista com a humanidade. "Somos uma especizinha muito criticável."
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Mulheres são 45% dos empreendedores individuais no país
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Do total de 1,3 milhão de formalizados pela lei de 2009, 87% pretendem virar microempresários, segundo SEBRAE
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Faz parte da categoria quem fatura até R$ 36 mil por ano; na microempresa, receita máxima é de R$ 240 mil Fonte: folha.uol.com.br 10/07
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As mulheres representam quase metade do total de 1,3 milhão de microempreendedores individuais do Brasil. Elas são 45%, segundo estudo feito pelo Sebrae.
A lei que criou essa modalidade de empresário no país, com o propósito de tirar trabalhadores da informalidade, completa dois anos em vigor neste mês.
O levantamento também revela que 87% dos empreendedores individuais brasileiros querem transformar seus negócios em microempresas.
Isso significa ampliar bastante a atividade.
É classificado como microempreendedor individual aquele que fatura até R$ 36 mil por ano. Já a receita máxima de uma microempresa chega a R$ 240 mil anuais.
Os ramos de atuação dos empresários individuais são variados. E, nos nichos mais representativos, as mulheres só não são maioria em dois -obras de alvenaria e manutenção de equipamentos.
"A atividade do empreendedor individual possibilita certa flexibilidade de horários que facilita a rotina da mulher, que, muitas vezes, precisa se dividir entre o trabalho fora e dentro de casa", diz Luiz Barretto, presidente nacional do Sebrae.
EDUCAÇÃO
O estudo mostra ainda que 47% dos empreendedores individuais do país têm ensino médio ou técnico completo.
"O resultado pode refletir que os que se formalizaram primeiro foram os mais bem informados. O desafio é estender isso ao público com menos estudo", diz Barretto.
Na tentativa de cumprir essa meta, o Sebrae, que oferece cursos gratuitos de capacitação a micro e pequenos empresários, acaba de lançar um específico para os empreendedores individuais. Os interessados devem acessar o site: www.sebrae.com.br.
O programa inclui visitas de agentes aos estabelecimentos e o envio de informações complementares por celular, principal meio de comunicação utilizado por esse tipo de empreendedor.
Na avaliação de Paulo Feldmann, presidente do conselho da pequena empresa da Fecomercio-SP, é justamente na educação e na qualificação que está o principal gargalo ao desenvolvimento do empresário individual.
"É factível que eles se tornem, sim, microempresários, mas não podemos esperar que isso caia do céu", diz. "As mudanças em relação à gestão do negócio são enormes de um nível para outro."
Feldmann defende que se invista na formação dessas pessoas no segundo grau, já que quase metade dos empreendedores individuais concluiu o curso.
"Em outros países, como Itália e Alemanha, os estudantes têm noções básicas de contabilidade no ensino médio. É algo que faz a diferença", completa.
CONTROLAR AS CONTAS
A possibilidade de "controlar melhor as contas" foi um dos benefícios que a formalização trouxe à hoje empresária individual Simone de Oliveira, 43.
Ela passou pelo processo em novembro de 2010 se inscrevendo no site www.portaldoempreendedor.gov.br (é preciso fazer via web).
Agora, a cabeleireira, que aprendeu a profissão na prática aos 14 anos, tem uma conta no banco para o pequeno salão de beleza do bairro da Taquara, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio.
"Agora, recebo a maior parte em cartão. Antes, com pagamento só em dinheiro, era difícil saber qual era a minha receita. Acabava sempre tirando uma parte para pagar feira, supermercado... Uma confusão."
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