segunda-feira, 25 de julho de 2011

POLÍCIA MATA UMA PESSOA NO

BRASIL A CADA CINCO HORAS

São 141 assassinatos por mês ou 1.693 por ano. Bastariam esses dados para colocar a polícia brasileira como uma das mais violentas do mundo. Mas a realidade ainda é bem pior. Esses números, levantados pelo Correio, estão baseados apenas em informações oficiais do Ministério da Saúde e das secretarias de Segurança Pública de São Paulo e do Rio de Janeiro. Nessa guerra, as principais vítimas são jovens de 15 a 29 anos (70%). No Rio, no ano passado, as ações de agentes civis e militares resultaram na morte de 545 pessoas, o maior número do país. Entidades não governamentais também acreditam que esses dados são subestimados. No Distrito Federal, por exemplo, o sistema de informação da pasta registrou somente três óbitos desde 2004. Fonte: correioweb.com.br 25/07

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LUIZ FELIPE PONDÉ

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Ler ou não ler, eis a questão

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A maioria dos pais e professores também não lê coisa nenhuma e posa de culta indignada Fonte: folha.uol.com.br 25/07

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Você gosta de Dostoiévski? Se a resposta for "não", o problema está em você, nunca nele. Uma coisa que qualquer pessoa culta deve saber é que Dostoiévski (e outros grandes como ele) nunca está errado, você sim.

Se você o leu e não gostou, minta. Procure ajuda profissional. Nunca diga algo como "Dostoiévski não está com nada" porque queima seu filme.

Costumo dizer isso para meus alunos de graduação. Eles riem. Aliás, um dos grandes momentos do meu dia é quando entro numa sala com uns 30 deles. Inquietos, barulhentos, desatentos, mas sempre prontos a ouvir alguém que tem prazer em estar com eles. Parte do pouco de otimismo que experimento na vida (coisa rara para um niilista... risadas) vem deles.

Devido a essa experiência, costumo rir de muito blá-blá-blá que falam por aí sobre "as novas gerações".

Um exemplo desse blá-blá-blá são os pais e professores dizerem coisas como: "Essa moçada não lê nada".

Na maioria dos casos, pais e professores também não leem nada e posam de cultos indignados. A indignação, depois da Revolução Francesa, é uma arma a mais na mão da hipocrisia de salão.

Mas há também aqueles que dizem que a moçada de hoje é "superavançada". Não vejo nenhuma grande mudança nessa moçada nos últimos 15 anos. Mesmas mazelas, mesmas inquietações do dia a dia.

Nada mais errado do que supor que eles exijam "tecnologia de ponta" na sala de aula (a menos que a aula seja de tecnologia, é claro). Atenção: com isso não quero dizer que não seja legal a tal "tecnologia de ponta". Quero dizer que "tecnologia de ponta" eles têm "na balada". O que eles não têm é Dostoiévski.

O "amor pela tecnologia" é sempre brega assim como constatamos o ridículo de filmes com "altíssima tecnologia de ponta" comum nos anos 80 e 90 (tipo "Matrix"). Hoje, tudo aquilo parece batedeira de bolo dos anos 50. O que hoje você acha "sublime" na histeria dos tablets, amanhã será brega como os computadores dos anos 80.

Dostoiévski é eterno como a morte. Mas eis que lendo uma excelente entrevista com um psicólogo professor de Yale na página de Ciência desta Folha da última terça (19) encontro um dos equívocos mais comuns com relação a Dostoiévski.

O professor afirma que agir moralmente bem não depende de crenças religiosas. Corretíssimo. Qualquer um que estudar filosofia moral e história saberá que acreditar em Deus ou não nada implica em termos de "melhor" comportamento moral. Crentes e ateus matam, mentem e roubam da mesma forma.

E mais: se Nietzsche estivesse vivo veria que hoje em dia -época em que ateus são comuns como bananas nas feiras- existe também aquele que vira ateu por ressentimento.

Nietzsche acusa os cristãos de crerem em Deus por ressentimento (o cristianismo é platonismo para pobre). Temos medo da indiferença cósmica, daí "inventamos" um dono do Universo que nos ama e, ao final, tudo vai dar certo.

Quase todos os ateus que conheço o são por trauma de abandono cósmico. Se o religioso é um covarde assumido, esse tipo de ateu (muito comum) é um "teenager" revoltado contra o "pai".

Mas voltando ao erro na leitura de Dostoiévski. Do fato que religião não deixa ninguém melhor, o professor conclui que Dostoiévski estava errado quando afirmou que "se Deus não existe, tudo é permitido". Erro clássico.

Essa afirmação de Dostoiévski não discute sua crença, nem o consequente comportamento moral decorrente dela (como parece à primeira vista). Ela discute o fato de que, pouco importando sua crença, se Deus não existe, não há cobrança final sobre seus atos. O "tudo é permitido" significa que não haveria "um dono do Universo" para castiga-lo (ou não), dependendo do que você fizesse.

Claro que isso pode incidir sobre seu comportamento moral, mas apenas secundariamente. A questão dostoievskiana é moral e universal, não pessoal. Pouco importa sua crença, a existência ou não de Deus independe dela, e as consequências de sua existência (ou não) cairão sobre você de qualquer jeito. O problema é filosófico, e não psicológico.

O cineasta Woody Allen entendeu Dostoiévski bem melhor do que o professor.

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CELEBRAÇÃO

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A festa das culturas

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Encontro na Chapada dos Veadeiros reúne artistas e povos de várias regiões do país. A grande atração é a Aldeia Multiétnica Fonte: folha.uol.com.br 25/07

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Mesmo em formato reduzido e investimento financeiro restrito por parte do governo, o 11º Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros começou a esquentar, desde a última sexta-feira, as noites frias e estreladas da Vila de São Jorge, em Alto Paraíso (GO). As catiras, folias, oficinas e rodas de prosa caíram no gosto de quem esteve por lá nesse fim de semana — a programação vai até o dia 30. A atração mais comentada foi a Aldeia Multiétnica, que, em nova proposta, ocupa uma área próxima ao Rio da Lua, a pouco mais de dois quilômetros de distância do povoado. Em torno de um grande espaço, próprio para as celebrações indígenas, 125 representantes de variadas etnias dormiram, comeram e compartilharam detalhes de sua cultura.

A partir deste ano, cinco etnias diferentes ganharão uma oca própria, construída de acordo com sua arquitetura típica. Desta vez, os anfitriões são os Yawalapiti, do Parque do Xingu, que passaram sete horas por dia erguendo uma oca xinguana, com 12 metros de comprimento e oito de largura, feita com madeira eucalipto, vinda de Cuiabá, e palha. No lugar do tradicional sapé, usado por eles em suas casas, esta construção conta com a contribuição dos kalunga do povoado de Vão das Almas, em Cavalcante (GO). Enquanto mostravam algumas de suas tradições musicais, como a Folia do Cipó e a Curraleira, eles trançavam a palha de coco que será o telhado da oca. “Estamos dando uma mãozinha, passando nossa técnica pra eles, já que somos especialistas nisso”, afirma José Moreira dos Santos, chefe do povoado kalunga, cujas casas são quase completamente recobertas de palha.

O projeto foi feito pelo cacique da tribo Yawalapiti, representado pelo filho, Anuiá Yawalapiti. “É muito bonito a gente estar aqui, mostrando nossa cultura e conhecendo outras”, afirmou o representante indígena, que além de comandar a construção ainda demonstrou danças e rituais típicos de sua etnia, e serviu iguarias tradicionais da tribo, feitas à base de peixe e beiju. No sábado passado, durante a abertura do evento, todos os índios convidados, devidamente trajados e pintados conforme seus costumes, apresentaram tradições, cantos e passos de dança, em uma celebração que acabou em uma grande ciranda, feita em parceria com o público.

Modas de viola

Quando a noite caía, depois do banho de cachoeira e do jantar reforçado, os habitantes temporários da cidade se reuniam em torno do palco, montado em frente à Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge. A noite de abertura ficou por conta do Catirandê, uma apresentação de catira que contou com a participação de Genésio Tocantins, Braguinha Barroso, Família Braga e os Catireiros de Natividade, todos de Tocantins. Eles driblaram problemas no equipamento de som para apresentar modas de viola, ao som da percussão seca, típica do ritmo, e ainda resgataram pérolas do cancioneiro nacional, como Cálix Bento e Feira de Mangaio.

Mas a rainha da noite foi mesmo Dona Gracinha, sanfoneira piauiense moradora da Asa Norte. Aos 68 anos, com a vista prejudicada por uma catarata e sem uma das pernas, que perdeu em um acidente de carro há 27 anos, Maria Vieira da Silva, nome de batismo, ganha a vida como líder da banda de forró pé-de-serra que leva seu nome. “Mas toco seresta, valsa, tango, samba”, complementa. A única paixão que ela reduziu em seu repertório é a pinga. “Ela anima mais, os dedos correm direito na sanfona. Mas agora, só em momento especiais”, revela. Durante o show que fez, e entrou madrugada adentro, dona Gracinha cantou até marchinhas carnavalescas.

Carona consciente

» De tanto notar que parte do público do encontro é formada por caroneiros, a produção do evento decidiu dar uma mãozinha a quem precisa de ajuda para chegar a São Jorge. Criou, via Facebook, uma ferramenta para aproximar motoristas de caronas. Os “motorizados” tinham de cadastrar o número de vagas em seus carros e os interessados deveriam se candidatar a elas. “A ideia era eliminar um pouco dos carros na vila e ajudar o pessoal que pede carona na estrada. O Facebook deixa esse processo mais seguro, é possível checar informações sobre a pessoa”, destaca Carlos Filho, coordenador de Mídia Digital do Encontro. Até o último fim de semana, 60 caronas haviam sido confirmadas.

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