sexta-feira, 22 de julho de 2011

Maracatu inspira novo balé do Cisne Negro

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"Calunga", de Rui Moreira, estreia amanhã dentro da programação da reabertura do Theatro Municipal de SP

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Diretora conta que grupo agradeceu a aplausos 19 vezes na exibição da coreografia em cidade alemã Fonte: folha.uol.com.br 22/07

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Como parte do mês da dança e da programação de reabertura do Theatro Municipal de São Paulo, a companhia paulistana Cisne Negro estreia amanhã o espetáculo "Calunga", coreografado pelo mineiro Rui Moreira.

As danças e os rituais típicos da cultura brasileira, principalmente o maracatu, norteiam essa nova parceria do artista com a companhia. Antes disso, ele já havia realizado para o grupo "C/ Cordas" (2005) e "Trama" (2001).

Estagiário do Cisne Negro no início da carreira e intérprete de sucesso à frente do Grupo Corpo, Moreira se dedica a um intenso trabalho de pesquisa da cultura nacional.

Em "Calunga", é possível ver o cuidado com os detalhes na movimentação e no gestual dos bailarinos. "Estou em um momento em que vejo as pessoas com um olhar quase científico. Aqui, pude fazer um laboratório contemporâneo dessas observações."

Moreira explica que a palavra "calunga" admite diferentes significados, incluindo o da boneca feita de madeira ou de cera que convida a todos para um ritual de libertação. "Nos maracatus tradicionais, a dança não acontece sem as bonecas", diz.

A música é um elemento fundamental da dramaturgia do espetáculo. Criada em 1933 pelo compositor Francisco Mignone, com base em argumento do escritor Mário de Andrade, a obra "Maracatu de Chico-Rei" fala de um escravo que compra sua liberdade na África e vai trabalhar em Minas Gerais. Nela, personagens como reis e rainhas, mucambas, príncipes e senhores se revelam em uma atmosfera contagiante.

No Cisne Negro, a música já foi montada pelo coreógrafo Mário Nascimento, em 1995, e agora ganha nova interpretação pelas mãos de Rui Moreira. Os figurinos e adereços, em cores neutras, foram desenvolvidos por Gustavo Silvestre. "Fizemos uma releitura de linguagens. Os adereços ganharam uma atmosfera simples e muito teatral", afirma ele.

Os balés "Abacadá" (2009), de Dany Bittencourt, executado com música ao vivo do pianista André Mehmari, e "Reflexo do Espelho" (2004), do francês Patrick Delcroix, e o pas-de-deux "Sabiá" (1988), do português Vasco Wellenkamp, completam o programa no Municipal.

PELO MUNDO

A estreia internacional de "Calunga" se deu em turnê por algumas cidades da Alemanha em abril deste ano. Na cidade de Leverkusen, por exemplo, os ingressos estavam esgotados 11 meses antes da apresentação.

"A plateia não parava mais de aplaudir. O elenco agradeceu 19 vezes. Nunca havia visto isso na minha carreira", conta Hulda Bittencourt, diretora artística da companhia. Fato que comprova uma sólida formação de público internacional.

Depois da temporada no Municipal, o grupo segue para os EUA e se apresenta nas cidades de Aspen (Colorado) e Nova York. Em 2011, mais de 30 espetáculos já foram realizados pelo Cisne Negro nas unidades do Sesi.

A agenda segue lotada para o segundo semestre, entre unidades do Sesc e participações em festivais.

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O negócio do ingresso

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Livro publicado nos EUA mostra os bastidores da venda de ingressos para shows e aponta por que eles custam tanto hoje em dia Fonte: folha.uol.com.br 22/07

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Nos anos 1970, o ex-beatle Paul McCartney pediu um favor à amiga Shelley Lazar. "Você consegue ingressos para hoje à noite?" Os bilhetes estavam esgotados, mas a esperta Lazar os conseguiu.

Na época, McCartney ficou incomodado e indagou: "Eu não entendo, Shelley, de onde esses ingressos vêm?". Ela apenas disse: "Bem, Paul, não existe essa coisa de show com ingressos esgotados".

A história acima é contada no livro "Ticket Masters: The Rise of the Concert Industry and How the Public Got Scalped" (a ascensão da indústria de shows e como o público foi lesado, em tradução livre), recém-lançado nos EUA.

A amiga de McCartney não trabalhava na indústria do entretenimento. De dia, era uma professora primária de Nova York e, à noite, cuidava da lista de convidados de artistas como os Rolling Stones. E sempre tinha ingressos para os shows mais badalados. Ela ainda não sabia, mas sua atividade noturna daria origem, décadas depois, a uma das maiores dores de cabeça de frequentadores de shows: os cambistas.

Os autores de "Ticket Masters", os jornalistas norte-americanos Dean Budnick e Josh Baron, argumentam que, com o tempo, essa prática se modificou e foi adotada pelas produtoras de shows e até pelos artistas.

Para eles, a fusão da Ticketmaster, maior companhia de venda de ingressos do mundo, com a Live Nation, maior produtora de shows no planeta, em 2009, piorou as coisas ainda mais.

"É um monopólio agressivo. Eles organizam e vendem os ingressos dos maiores shows, cobram o que querem e o público tem de aceitar", disse Budnick à Folha.

Segundo o autor, nos EUA, a Ticketmaster serve de "cambista" de seus próprios ingressos no site TicketsNow, que também pertence à empresa, mas é usado pelo público para vender ingressos que sobraram. "Os melhores lugares raramente estão à disposição do público", argumenta o autor.

A empresa aplicaria ainda um método pouco ortodoxo para descobrir quanto o público pagaria por shows concorridos, leiloando ingressos para shows de Madonna, Shakira, Red Hot Chili Peppers e Roger Waters.

A empresa foi muito criticada por essa prática, mas o ex-presidente da Ticketmaster Sean Moriarty, que renunciou em 2009, disse que a considerava justa.

AMÉRICA LATINA

Desde 2008, a Live Nation é representada pela Time For Fun (T4F), antiga CIE, no Brasil. Aqui, a Ticketmaster usa o nome Tickets For Fun. A empresa é responsável por trazer ao país shows de U2 (foto), Madonna e AC/DC.

"Nos tornamos dominantes num mercado do qual não participávamos e nem nos custou muito dinheiro", disse à "Billboard" o antigo CEO da Live Nation Jason Garner.

Hoje, a T4F atua ainda no Chile e na Argentina é a maior produtora de shows da América Latina, com lucro de R$ 569 milhões em 2010. Será que, no Brasil, acontece o mesmo que nos EUA?

"Descobrimos que essas práticas são aplicadas no mundo todo por grandes produtoras", disse Budnick. Procurada pela Folha, a T4F preferiu não se pronunciar.

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Brasil atrai produtoras, mas público ainda sai lesado Fonte: folha.uol.com.br 22/07

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Em março, Rihanna teve de cancelar shows nos EUA. Em Boston, ela havia vendido 3.700 dos 15 mil ingressos disponíveis. Em setembro, ela vai cantar no Rock in Rio para 100 mil pessoas em show com ingressos esgotados.

Isso porque, com a crise econômica, o público dos EUA e da Europa deixou de ir a shows. E, neste cenário, o Brasil reluz como um dos países menos afetados pela recessão e com público ávido por entretenimento. É o novo pote de ouro da indústria. Ainda assim, os brasileiros sofrem com os preços dos ingressos, muito mais altos que em outros lugares do mundo.

Show da cantora Katy Perry em Los Angeles em agosto, por exemplo, custa de US$ 35 a US$ 50 (de R$ 55 a R$ 80). Em São Paulo, em setembro, o mesmo show sai de R$ 200 a R$ 450, mais taxa de conveniência (20% do ingresso) e entrega (R$ 18 em domicílio; R$ 3 na bilheteria).

De um lado, os produtores alegam que os custos no Brasil são mais altos e que impostos e aluguel de equipamentos são os reais responsáveis por ingressos tão caros.

De outro, o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) e o Procon garantem que essas empresas praticam ações consideradas abusivas. "Qualquer ação que discrimine o consumidor em detrimento do outro, como a pré-venda de ingressos para portadores de cartões de crédito específicos, é considerada ilegal pelo Procon", diz Renan Bueno Ferracioli, diretor de fiscalização da entidade. Mas, então, já que as práticas são consideradas irregulares, por que empresas as continuam praticando?

"O Procon questiona a legitimidade da taxa de conveniência baseada em percentual há muito tempo e já multou essas empresas, mas não podemos impedi-las desta prática", finaliza.

Em abril deste ano, a Time For Fun (T4F) abriu seu capital na Bolsa de Valores de São Paulo e levantou R$ 540 milhões para investir na expansão para Peru e Colômbia.

Outras produtoras também estão investindo pesado, como a XYZ Live, do grupo ABC, de Nizan Guanaes, e a Geo Eventos, criada no ano passado, que trará o mega festival norte-americano Lollapalooza ao Brasil em 2012.

Além disso, produtoras novas abocanharam shows de bandas independentes. Afinal, todos querem tirar sua casquinha.

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SOCIEDADE

1,2 milhão de pobres sem qualquer ajuda

Segundo o Censo da assistência social, 10% das pessoas em extrema miséria não recebem benefícios do governo e têm renda familiar per capita de até R$ 70 Fonte: correioweb.com.br 22/07

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Um dos objetivos do plano Brasil Sem Miséria, lançado em junho deste ano pela presidente Dilma Rousseff, é estimular a chamada busca ativa. Essa iniciativa fará com que agentes do Estado promovam mutirões para localizar famílias que estão fora do círculo de programas sociais do governo federal. Os resultados da edição 2010 do Censo do Sistema Único de Assistência Social (Suas), divulgados ontem pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), em Brasília, mostram que a tarefa será complexa. Atualmente, estima-se que 1,2 milhão de pessoas — a maioria nas regiões Norte e Nordeste — que vivem em situação de extrema pobreza, ou seja, com renda familiar per capita de até R$ 70 por mês, não são beneficiadas por qualquer ação social do governo.

O número representa quase 10% das 16 milhões de pessoas identificadas na linha da extrema pobreza, segundo a Presidência da República. Mas esse não é o único dado preocupante em relação ao atual panorama da assistência social do Brasil. A pesquisa revelou ainda que 129 municípios brasileiros não têm Centros de Referência de Assistência Social (Cras). Essas estruturas funcionam como eixo principal para o ingresso no Suas e, a partir disso, são usadas na articulação de outros serviços de assistência social, na prevenção de situações de vulnerabilidade e risco.

“Os municípios que não possuem um Cras estão fora do que entendemos ser os participantes do Suas. Quando isso acontece, o governo trabalha no sentido de apoiar e viabilizar a construção desses centros. Algumas localidades, porém, não têm o Cras e, mesmo assim, fazem parte do Sistema Único de Assistência Social porque cumprem outras exigências. Atualmente, há 25 municípios nessa situação”, explica Denise Colin, secretária nacional de Assistência Social do MDS.

A secretária ressalta que, apesar de 1,2 milhão de pessoas não terem acesso aos programas sociais do governo, o trabalho do ministério tem surtido efeito. De acordo com ela, cerca de 60 milhões de brasileiros são beneficiados por alguma dessas ações. O censo indicou que o número de Cras subiu de 4,2 mil unidades, em 2007, para 6,8 mil em 2010. Além disso, o aumento dos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas), locais especializados em atender pessoas em situação de ameaça ou violação de direitos, pulou, em 2009, de 1,2 mil unidades em 1.099 municípios para 1.590 unidades em 1.463 cidades, em 2010.

Em defesa

No mesmo dia em que as brechas dos programas assistenciais foram evidenciadas, de Salvador, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vangloriou-se da política adotada em seu governo. Segundo ele, os presidentes anteriores “governavam para um terço da população”. Lula recorreu ainda a preceitos religiosos em defesa da igualdade de condições econômicas e sociais no país: “É preciso acabar com essa bobagem que inventaram de que pobre vai ganhar o reino dos céus e de que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico ir para o céu (….) porque, para o rico, o céu é aqui e o pobre também quer o céu agora, e vivo”.

Lula estava no lançamento do Plano Safra da Agricultura e Pecuária da Bahia 2011-2012. À tarde, embarcou para o Recife, onde foi homenageado, à noite, pela Orquestra Criança Cidadã Meninos do Coque. Durante a cerimônia, falou sobre a crise nos Transportes: “Se tem denúncia, apura, investiga, pune quem tiver que punir e acabou”. Ontem, o minis-tro do Planejamento, Paulo Bernardo, também comentou os problemas com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit): “Supor que não tem nenhum problema é quase impossível”.

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