terça-feira, 12 de julho de 2011

9ª FESTA LITERÁRIA INTERNACIONAL DE PARATY

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Para Ellroy, cinema arruinou seus livros

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Escritor diz que "embolsa uma boa grana" com adaptações de suas obras, mas só vê "trapaceiros" em Hollywood

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Após falar na Flip, no último sábado, autor de "Los Angeles: Cidade Proibida" dá palestra hoje na capital paulista Fonte: folha.uol.com.br 11/07

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O escritor James Ellroy é um polemista profissional, que defende suas opiniões com a mesma ferocidade com que escreve.

Em Paraty, ele divertiu a todos com sua verve ácida -que pode ser vista novamente hoje à noite, na Livraria Cultura, em São Paulo.

Quando perguntado sobre Hollywood (vários de seus livros, incluindo "Los Angeles: Cidade Proibida" e "Dália Negra", foram adaptados para o cinema), foi impiedoso: "Em Hollywood só há trapaceiros filhos da puta. Nem eu, que já me meti com todo tipo de delinquentes, tenho coragem de trabalhar com aquelas pessoas".

Sua tática para lidar com os estúdios de cinema é simples: "Eu vendo os direitos de meus livros, embolso uma boa grana e depois não quero saber mais. De qualquer forma, eles vão arruinar o que escrevi. Dos filmes, só gosto de "Los Angeles: Cidade Proibida", mas é uma versão açucarada e assexuada do meu livro".

Sobre Brian de Palma, que dirigiu "Dália Negra", Ellroy disse: "É a pessoa mais antissocial que já conheci. Só sabe falar sobre cinema e termina toda frase com uma gargalhada histérica. E tem a anatomia mais estranha que já vi: a distância entre seus ombros é pequena, mas tem a maior cintura que já vi num homem. Parece um abacate falante".

Sobre suas influências, é categórico: livros não o interessam mais. "Quando era mais novo, gostava muito de Raymond Chandler. Mas percebi que era uma farsa, um pretensioso que não conseguia escrever uma trama decente." Entre seus autores favoritos, cita mestres da ficção criminal como James M.

Cain ("O Destino Bate à Sua Porta") e Joseph Wambaugh ("A Cena do Crime"). E autores novos? "Não conheço nenhum. Às vezes, a editora me pede uma frase para a capa de um livro. Dou, mas nunca leio os livros."

Um de seus temas favoritos é o assassinato da mãe, ocorrido quando ele tinha apenas dez anos, e nunca solucionado. "Fez nascer em mim uma obsessão por dois temas que marcariam meus livros: mulheres e crime." A tragédia também parece ter abalado sua mente. Ellroy teve sérios problemas com álcool e drogas e chegou a morar na rua. "Eu era um voyeur, um tipo muito estranho. Gostava de invadir casas de estranhos e cheirar calcinhas de mulheres. Mas nunca cometi nenhum roubo, como dizem por aí." Ele se diz um romântico.

"Eu amo mulheres. Amo estar com elas, amo a maneira como elas pensam. Pena que nem todas me amem de volta!" Mas tem uma teoria interessante sobre conflitos matriarcais: "Quem não viveu experiências traumáticas com a mãe não pode ter uma vida sexual saudável".

Ellroy se define como "analfabeto cibernético" e jura que nunca usou um computador. Escreve seus livros a mão. "Acho o e-mail o último recurso dos covardes", afirma. "Ouvi dizer que há pessoas que terminam relacionamentos por e-mail. Isso é o fim dos tempos."

Aos jovens escritores, tem apenas um conselho: "Joguem seus computadores no lixo. Parem de entrar no Facebook. Parem de ler besteiras no Twitter. Saiam à rua, vão a um bar, tomem uma caipirinha, conversem com as pessoas, façam sexo com alguém. Em uma palavra: vivam!".

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Dinamarqueses vão importar lixo para geração de energia

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Usina gigante que deve ficar pronta em 2016 absorverá mais do que Dinamarca é capaz de produzir em resíduos

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País escandinavo já processa totalidade de dejetos; ideia é investir em queima de lixo para a produção de biogás Fonte: folha.uol.com.br 11/07

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A produção de biogás e outros produtos a partir de lixo está dando tão certo na Dinamarca que o país deve importar resíduos a partir de 2016.

Nesse ano ficará pronta uma nova usina de processamento de lixo da cooperativa Amagerforbrænding, hoje a segunda maior do país.

A ideia é comprar resíduos de países do norte e do leste da Europa, como Alemanha e Polônia, para dar conta da capacidade total da usina.

Hoje, a Dinamarca processa 100% do lixo que produz em empresas privadas e em cooperativas sem fins lucrativos (esse é o caso da Amagerforbrænding).

A população separa o lixo em casa e também leva os recicláveis até postos de troca.

"Os dinamarqueses estão bastante acostumados a trocar garrafas de plástico e latas de alumínio por moedas", disse à Folha a ministra do Clima e Energia da Dinamarca, Lykke Friis.

A Amagerforbrænding processou no ano passado cerca de 400 mil toneladas de lixo, ou 400 caminhões carregados todos os dias.

ADEUS AOS FÓSSEIS

O tratamento de lixo reduz a emissão de CO2, principal gás do aquecimento global.

Além disso, no caso da Dinamarca, o biogás produzido a partir do lixo substitui os combustíveis fósseis que seriam usados para aquecimento das casas.

De acordo com Vivi Nør Jacobsen, da cooperativa, 4 kg de lixo processados na usina equivalem a 1 l de óleo para aquecimento das casas.

"A atividade da usina está dentro da proposta do governo de acabar com o uso de combustíveis fósseis no país até 2050", explica Jacobsen.

A Amagerforbrænding também tem uma proposta de aproximar o processamento do lixo da sociedade.

A nova fábrica será em Copenhague, assim como a atual, que é de 1970 e se destaca por ser limpa e colorida.

A diferença é que a usina que será inaugurada ficará ainda mais perto do palácio real dinamarquês e funcionará como um espaço público, tendo até pista de esqui.

"Queremos mostrar que uma usina de processamento de lixo não precisa ser feia e fedida", explica Jacobsen.

No Brasil, algumas iniciativas de reciclagem funcionam bem. Por exemplo, quase todas as latinhas de alumínio são recicladas no país.

Os lixões a céu aberto continuam predominando no Brasil pelo menos até 2014.

Esse é o prazo final estipulado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada no ano passado, para que todos os lixões sejam completamente fechados.

O objetivo é ter aterros sanitários para os resíduos que não possam ser tratadas - e reaproveitar o restante.

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Teatro total

Cena Contemporânea apresenta a programação de 31 espetáculos que vão ocupar as salas do Plano Piloto entre 23 de agosto e 4 de setembro Fonte: correioweb.com.br 12/07

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A pouco mais de um mês da estreia do espetáculo que inaugura a 11ª edição do Festival Cena Contemporânea, realizado em diversos espaços da cidade entre 23 de agosto e 4 de setembro, o organizador, Guilherme Reis, está a mil por hora. Afinal de contas, este é o momento de contratar a equipe, organizar a logística das cargas, reservar as passagens dos artistas convidados, definir a identidade visual da mostra e cuidar de todos os pormenores que a produção de um evento desse porte exige. As 31 atrações da disputada agenda da mostra, entre internacionais, nacionais e de artistas da cidade, já foram definidas, e mesmo sem seguir uma proposta claramente definida, acabaram ganhando uma espécie de unidade.

“Não gosto de começar com um conceito, mas ele vai se impondo na programação. O que me parece é que vai se ressaltar a diversidade estética de fazer teatro em várias partes do mundo e como essas formas se conectam. Também há um olhar mais político sobre a sociedade”, adianta Reis, que, ao contrário dos organizadores de outros eventos teatrais, não abre um prazo de inscrição para fazer a seleção. Em qualquer período do ano recebe material de artistas interessados em participar da mostra, uma das mais importantes do Brasil. O volume de participações anda tão intenso que ele já pensa na edição do Cena Contemporânea de 2012.

O tributo artístico de 2011 não será a um país específico, mas a um ator marcante no universo brasiliense (e brasileiro) de teatro. “Dedico essa edição ao ator B. de Paiva, pela importância que tem para o teatro, pela formação de atores e diretores, por sua dedicação à Universidade de Brasília (UnB), à Fundação Brasileira de Teatro e à Faculdade de Teatro Dulcina de Moraes, por sua vitalidade e por ser uma memória do teatro brasileiro”, afirma Guilherme Reis.

Neste ano, serão 10 espetáculos internacionais, 13 nacionais e nove made in Brasília. Entre os produzidos em terras estrangeiras, Guilherme Reis destaca o mexicano Amarillo, do Teatro Línea de Sombra, que trata da travessia ilegal da fronteira que separa o México dos Estados Unidos. “É um destaque por tudo. Por ser latino, pelo tema, por ser um grupo jovem que faz sucesso por onde passa”, completa o organizador da mostra. Outro ponto forte dessa edição é Las tribulaciones de Virginia, criação dos Hermanos Oligor, da Espanha. Em um ambiente que faz lembrar o sótão de uma oficina, os dois irmãos contam uma história de amor e desamor. “O espetáculo é uma caixinha de música. Os dois lembram o Professor Pardal, cercados de mecanismos, tudo se movimenta no palco e a história é contada para um público reduzido”, relata.

Da Groenlândia

Da gélida Dinamarca, o Cena importa a montagem 79’Fjord – Expedição ao desconhecido, da companhia Teatret Om. “O público entra em um iglu para conhecer a história de uma aventura na neve, no início do século passado, na Groenlândia”, detalha Reis. Ainda entre as produções estrangeiras, Propaganda, da trupe australiana Acrobat, destaca-se pela virtude. O casal e os filhos que integram a companhia usam técnicas circenses para propor uma revolução pacífica e ecológica, na tentativa de convencer o espectador a lutar por um futuro melhor para o planeta.

Darkness Poomba e Awake são duas coreografias de Kim Jae Duk que aliam qualidade técnica com música feita ao vivo. Da Polônia, chega a Brasília a peça Carson city, em que um grupo de jovens atores recém-saídos da universidade revela sua visão crítica de um crime ocorrido em uma cidadezinha americana. A criação é do coletivo 52°43'N 19°42' e Project.

Dos destaques da produção nacional, Guilherme Reis ressalta a presença de Aderbal Freire Filho, com a montagem Depois do filme, uma reflexão sobre a velhice que ele mesmo escreveu e agora encena. De Natal, os Clowns de Shakespeare trazem a peça Sua incelença, Ricardo III, uma versão sertaneja da história do nobre britânico. Jardim, terceiro espetáculo da Cia. Hiato, que investe na sobreposição de histórias que se completam na memória do espectador, também virá ao festival. “Há três anos eles são constantemente premiados. É uma novidade que chegou muito forte no cenário do teatro brasileiro”, considera o curador, que contou com a ajuda do diretor Dimer Monteiro para selecionar os espetáculos nacionais e internacionais.

A mostra ficará restrita aos espaços do Plano Piloto, ao contrário da edição anterior, que estendeu sua atuação a cidades como Taguatinga e Ceilândia. “Recebemos um telefonema do secretário de Cultura, dizendo que o governo não pode ficar fora do Cena. Estamos avançando para um apoio concreto, existe a decisão política de apoiar. Precisaríamos confirmar as cooperações mais cedo para levar o festival a outras cidades”, acredita Reis. Outra novidade é a Mostra Petrobras, que trouxe cinco espetáculos para completar a programação do festival. Os ingressos para cada atração, a R$ 16 (inteira) e R$ 8 (meia), começarão a ser vendidos entre os dias 9 e 10 de agosto em três bilheterias: no Teatro Nacional, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e na Caixa Cultural.

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LITERATURA

Navegante do concreto

Sóter lança livro com poesias e memórias: sensibilidade para refletir sobre o cotidiano e lembranças de uma época em que a cidade era tomada por rimas e versos Fonte: correioweb.com.br 12/07

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Nas páginas de Navegante ao léu (Semim Edições), de José Sóter, ou apenas Sóter, como ele prefere ser chamado, as palavras vagam como “bilhetes de geladeira”. Como? “Não tem um tema específico, fica ziguezagueando, sem ordem, de forma aleatória. É um agrupamento de textos. Mais do que poesia, são recadinhos, daqueles que você vai acumulando”, diverte-se o autor, nascido no município de Catalão (GO) e que vive em Brasília desde 1977.

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Antes do fim dos anos 1970, idas e vindas marcaram sua relação com a nova capital do país. Aqui se fixou em 1959, 1969 e 1973. Em seu décimo sexto livro, ele tenta definir, em versos ágeis, colagens com recortes de poemas e fotos de personagens da sua geração (a do mimeógrafo, dos anos 1970), a “alma brasiliense”. Sóter lança a obra hoje, às 17h, no Quiosque do Ivan Presença (Conic).

“Quis reverenciar esse processo de construção da alma brasiliense: pessoas importantes na minha concepção como poeta, a frase de um, a postura de outro”, conta. Com ilustrações de Zé Nobre, Sóter viaja no tempo e tenta reproduzir o espírito de uma época em que a cultura da cidade ainda desabrochava. “A primeira referência foi justamente o movimento poético. Esse sentimento nasceu com os poetas marginais dos anos 1970 e depois inspirou tudo isso: manifestações ao ar livre, ocupação dos espaços, a música dos anos 1980, o teatro, as artes plásticas, o cinema. Todas as linguagens foram afetadas por essa tomada de atitude da poesia”, explica o escritor.

Arte cidadã

“Brasília não é maquete. Tem gente”, filosofa o autor. Sóter constrói a sua métrica da maneira mais espontânea possível. Ele leva consigo o descompromisso de um observador que não tem pressa, que tem o relógio como aliado: olha na direção do horizonte e não se angustia com a imensidão que os olhos mal dão conta de focalizar. Olha e apenas preenche o branco do papel com seus versinhos modernosos e profundos. “Não há predisposição para escrever, por exemplo, sobre a maneira como a arquitetura de Niemeyer interfere no nosso cotidiano. Estamos apenas à disposição da cidade, e ela está à nossa disposição. É uma troca constante”, acredita.

O poeta tenta trazer de volta a ousadia de tempos passados, em que o regime militar ditava as regras e Brasília, uma cidade ainda jovem demais, que abria suas largas avenidas para a contribuição de gente de toda a parte. Para Sóter, a capital permanece assim: um mar infinito, onde é possível navegar livremente. “Todo mundo que, digamos, ‘aportou’ aqui veio com essa concepção de viajar por novas propostas”, pensa.

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TEATRO

Câmpus cênicos

Exercícios e espetáculos universitários gratuitos movimentam a UnB e a Faculdade Dulcina de Moraes Fonte: correioweb.com.br 12/07

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As mostras universitárias da Universidade de Brasília (UnB) e da Faculdade Dulcina de Moraes são como laboratórios, em que os experimentos colocam as teorias à prova. Jovens estudantes e egressos protagonizam todas as etapas de produção de um espetáculo: cuidam de figurinos, mexem no texto, mergulham nos personagens com seriedade profissional e se responsabilizam até pela divulgação das peças. Nos tablados — ao ar livre ou no espaço tradicional —, eles enfrentam uma simulação que mais parece um trabalho à vera, com o comprometimento e a ansiedade a que todo ator, diretor ou dramaturgo tem direito.

Nos 11 monólogos de Amores difíceis, adaptados livremente de trechos de obras de Italo Calvino, os irmãos Adriano e Fernando Guimarães trataram seus pupilos como intérpretes graduados. “A ênfase é na apropriação do texto pelos alunos. Acho que não é só uma chance de esses atores serem vistos, mas também um exercício cênico importante para eles”, classifica Fernando, que, a exemplo do irmão, ocupa cadeira de professor há 14 anos.

A Mostra Dulcina está na 13ª edição e vai até a próxima terça. Na performance, exibida no último fim de semana, o público é colocado a poucos metros dos atores, como se fosse uma multidão de figurantes: opção que exige mais concentração dos discípulos. “É importante que eles tenham responsabilidade. As cenas são deles, a luz está neles”, completa Fernando.

Maria Eleide, participante da montagem, está no último semestre da faculdade. Banhada da mesma luz lunar que envolve as intensas histórias de seus companheiros de cena, ela não gagueja, apesar do frio na barriga e da relativa timidez. “É uma experiência imensa, antecipa a vida do artista daqui para a frente. Vamos fundo na construção do personagem. É a oportunidade de pôr no palco o que foi visto em sala de aula”, diz a estudante de 31 anos, que largou o emprego de telefonista aos 28 a fim de ter mais tempo para se dedicar à graduação. Morando a dezenas de quilômetros do centro — em Brazlândia —, Eleide considera cada etapa vencida (do ensaio à representação) a confirmação de um sonho de menina: ser a primeira artista da família.

No gramado

O Cometa Cenas é organizado semestralmente há mais de duas décadas: em 2011, chegou à 52ª edição, com apresentações em todos os turnos, agendadas até domingo que vem. No gramado em frente ao Instituto de Artes da UnB, o casal de namorados Linda Oliveira, 40 anos, e Cyrano Vital, 31, acomodou-se diante de uma mesa para um chá da tarde bem familiar. Um simples e singelo manual do sentido evidente de todas as coisas, inclusive as loucas. Ou o buraco relê Alice no País das Maravilhas de uma maneira irreverente e pop: com trilha sonora ao vivo, tocada no fagote por Fábio Benites, uma Alice que diz ter 52 anos — apesar de Alice de Holanda, a atriz, ter apenas 25 —, e uma gata Dinah vaidosa, interpretada por Marley Oliveira, o Bob, a um semestre do diploma.

Linda Oliveira tomou conhecimento da mostra pelo Facebook. “Nem sabia do que se tratava, apenas que seria um programa de teatro. Achei muito legal”, opina a professora de inglês. Vital, servidor público que, na época em que estudou artes cênicas na instituição, fez exercícios no Cometa Cenas, acredita na longevidade da atividade universitária. “Serve principalmente para o ator se expor, se mostrar, ir ganhando os traquejos de um profissional”, detalha.

A atriz Alice de Holanda está formada há um ano e destaca a relevância do evento para os colegas e para a comunidade. “É uma contrapartida para a cidade, um evento gratuito de cultura. É uma pena que nem todo mundo conheça e que alguns achem que é coisa para universitários”, ela nota. O teatro não precisa de equipamentos precisos de medição, tubos de ensaio ou fórmulas matemáticas: a liberdade permitida aos alunos é a de poder experimentar sempre que necessário, sem esquentar a cabeça com o número de tentativas.

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Apneia causa problemas de pressão alta

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Pessoas com transtorno do sono podem ter alterações nos vasos sanguíneos da mesma forma que hipertensos

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Estudo britânico é o primeiro a mostrar variações iguais na reatividade dos vasos para os dois problemas Fonte: folha.uol.com.br 12/07

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Pela primeira vez, um estudo mostra que pessoas com apneia tem alterações na função dos vasos sanguíneos da mesma forma que aqueles que têm pressão alta.

O problema de reatividade dos vasos, que faz com que eles se fechem mais, aumenta o risco de hipertensão e de problemas cardíacos. A conclusão é de uma pesquisa da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, publicada no periódico "Hypertension", da Associação Americana do Coração.

A apneia é o fechamento das vias aéreas superiores que leva a pausas na respiração durante o sono. Estima-se que um terço da população da cidade de São Paulo tenha o problema.

Segundo o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão, Decio Mion, já se sabia da relação entre hipertensão e apneia ""é comum que hipertensos tenham o problema relacionado ao sono, e vice-versa. Mas essa é a primeira vez que um estudo mostra que pessoas com apneia têm as mesmas alterações da reatividade dos vasos presentes em quem é hipertenso.

SAUDÁVEIS

O estudo procurou por mudanças na função dos vasos sanguíneos em 108 pessoas saudáveis. Aqueles com apneia severa ou moderada e sem pressão alta foram comparados com pacientes hipertensos, mas sem apneia, e com pessoas sem nenhum dos dois problemas. Os pesquisadores analisaram a função dos vasos sanguíneos com exames como o ecocardiograma de contraste (para o coração) e com a injeção de nitroprussiato de sódio, um vasodilatador.

O resultado é que as pessoas com apneia e as que tinham hipertensão (mas sem apneia) mostraram bombeamento de sangue do coração anormal e reatividade alterada da artéria braquial (que passa pelo braço). Ou seja, sob o mesmo estímulo, os vasos dos participantes com apneia e hipertensão reagem diferentemente dos vasos das pessoas saudáveis, fechando-se mais.

Tanto os pacientes hipertensos como os que tinham apneia do sono tiveram melhora na função do miocárdio e da artéria braquial depois de 26 semanas de tratamento com o CPAP (máscara de ar usada durante o sono para tratar a apneia). Mion acredita que os achados do estudo podem ter consequências na terapia para a apneia do sono, mas ainda é cedo para dizer se pacientes com apneia terão de usar os mesmos remédios de pacientes hipertensos.

O nefrologista diz que ainda não dá para saber como essas alterações dos pacientes com apneia se comportarão no futuro, mas é possível que, com o passar do tempo, os vasos fiquem mais endurecidos, aumentando o risco de problemas cardíacos. "Às vezes os pacientes com apneia negligenciam o problema, mas é importante que saibam que eles podem ter os mesmos problemas da pressão alta", afirma ele.

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Ensino médio mais próximo do trabalho

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HERMAN VOORWALD e JOÃO CARDOSO PALMA FILHO

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A educação universal e de qualidade, aliada à formação escolar para o trabalho, é uma influência positiva na inclusão social do jovem Fonte: folha.uol.com.br 12/07

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O governador Geraldo Alckmin acaba de dar passos decisivos para fazer da rede estadual de ensino um poderoso vetor da consolidação de São Paulo, aos olhos do mundo, como um grande polo de desenvolvimento econômico, agrícola, industrial, tecnológico e educacional.

Após estabelecer a política salarial dos quatro anos de sua gestão para o magistério e o quadro de apoio escolar -com aumento salarial sem precedentes e uma estrutura de cargos e vencimentos para sólido plano de carreira-, o chefe do Executivo paulista assinou nesta semana o decreto que institui o Programa Rede Ensino Médio Técnico do Estado de São Paulo.

A importância da educação para o desenvolvimento tem dois pressupostos fundamentais: a proficiência da força de trabalho no plano econômico e a promoção da cidadania, que resulta da equidade social, uma realidade graças à igualdade de oportunidades.

A educação universal e de qualidade, aliada à formação escolar para o trabalho, influi positivamente na inclusão social do jovem, tão presente nas preocupações de todos os setores da sociedade.

Nosso Estado registra índices de acesso ao ensino médio técnico que ainda precisam ser ampliados.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional estabelece a necessidade de superação da crise de identidade do ensino médio, para que este adquira uma estrutura curricular que articule a formação cultural e o trabalho produtivo, as ciências naturais e as humanas, os conceitos científicos e o universo das tecnologias.

Isso se torna possível por uma articulação curricular que agregue ao ensino médio regular a formação para o trabalho.

Para articular seu objetivo de ampliar o acesso à formação técnica de nível médio, a Secretaria de Estado da Educação atuou em duas direções. Uma delas foi promover uma chamada pública para o credenciamento de instituições interessadas em participar do programa lançado pelo governador.

Outra foi articular a colaboração valiosa de duas instituições de grande prestígio nacional na formação para o trabalho, o Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo.

Serão oferecidas duas modalidades de educação profissional técnica articuladas ao ensino médio.

Uma delas ainda neste ano, para 30 mil alunos da 2ª série, que poderão se matricular nas instituições de educação profissional credenciadas. A outra modalidade prevê a formação básica na escola da rede estadual e a formação técnica nas unidades do Centro Paula Souza ou do Instituto Federal.

O acesso a essas duas modalidades de formação profissional atingirá 30% de todas as matrículas no ensino médio da rede estadual até o ano de 2014.

Em termos de Brasil, isso significará uma grandiosa contribuição de São Paulo para o desenvolvimento econômico, em harmonia com a crescente inclusão do jovem no mundo do trabalho.

HERMAN VOORWALD, 56, é secretário da Educação do Estado de São Paulo.

JOÃO CARDOSO PALMA FILHO, 66, é secretário-adjunto da Educação do Estado de São Paulo.

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VLADIMIR SAFATLE

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Poder em pane Fonte: folha.uol.com.br 12/07

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No último domingo, um dos jornais de maior tiragem no Reino Unido deixou de circular. Criado há 168 anos, o tabloide "News of the World" fechou as portas depois de descoberta a maneira peculiar com que conseguia seus furos de reportagem.

Especializado em escândalos políticos ou de alcova, destruição de reputações, furos sensacionalistas, o jornal contratava, desde há muito, um detetive particular para grampear e ter acesso a telefones de políticos, celebridades e mesmo gente comum.

Por trás do jornal estão as marcas de seu dono, Rupert Murdoch. Proprietário do maior conglomerado de mídia do mundo, a News Corporation, Murdoch representa o jornalismo em seu processo de degradação.

Seus canais de comunicação, como a rede de TV Fox News, conseguiram impor o modelo de um jornalismo a serviço das opiniões mais conservadoras, repetidas com a sutileza de quem está em guerra contra qualquer sombra de divergência.

Sua figura representa, ao mesmo tempo, a oligopolização do mercado de mídia e a imposição de uma agenda caricata de debate. Basta lembrarmos do nível dos argumentos dos ditos "âncoras" da Fox News. Basta lembrarmos também de como um dos editores do "News of the World" acabou parando na campanha do atual primeiro-ministro britânico David Cameron.

Que um de seus jornais seja pego aplicando táticas fora de qualquer padrão mínimo de respeito à privacidade, eis algo que não deve nos estranhar. Murdoch tornou a produção de notícias setor de uma luta política onde reina a seletividade do escândalo.

Todos, em algum momento, fizeram algo que não gostariam de mostrar na esfera pública. Mas cabe ao jornal decidir quem vai ser exposto e quem será conservado, quem vai para a primeira página e quem vai para a nota do canto.

A lei "dois pesos, duas medidas" transforma-se em uma regra, adequando-se às exigências de uma sociedade do espetáculo.

Nesse sentido, o fechamento do "News of the World" deveria servir para uma autorreflexão da imprensa mundial. Muito já se disse a respeito da imprensa como quarto poder, mas o que acontece quando esse poder entra em pane?

Pode-se dizer que quem empenha sua credibilidade a serviço da luta política acaba por pagar um preço alto, como nesse caso. Mas quanto tempo é necessário esperar para que a conta seja paga?

Durante anos, o jornal de Murdoch usou da invasão criminosa da privacidade para influenciar a pauta dos escândalos. Mesmo descoberto, o estrago já foi feito.

A população tem o direito de perguntar se não existiria outros veículos que agem como o tabloide de Murdoch.

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