domingo, 3 de julho de 2011

Tradicional escola de culinária, Cordon Bleu terá filial no Rio

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Unidade deve oferecer 800 vagas a partir de maio de 2012, 25% das quais para cozinheiros de baixa renda

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As aulas terão início em abril ou maio e vão durar de três meses a um ano; mensalidade ainda não foi definida Fonte: folha.uol.com.br 03/07

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Amantes da gastronomia, principalmente os cariocas, receberam uma boa notícia nesta semana. Em maio do ano que vem, será inaugurada uma unidade da Cordon Bleu, a maior e mais tradicional escola de culinária do mundo, no bairro de Botafogo, na zona sul do Rio.

Na terça, o governador do Rio, Sérgio Cabral, assinou um protocolo de intenções para a instalação da escola, fundada em Paris em 1895. Ela será vinculada à rede da Faetec (Fundação de Apoio à Escola Técnica), da Secretaria de Ciência e Tecnologia.

Serão cerca de 800 vagas, 25% das quais para cozinheiros de baixa renda, disse o secretário de Ciência e Tecnologia Alexandre Cardoso. Esses alunos, diz, serão selecionados por um comitê de chefs.

Os demais alunos pagarão mensalidade, cujo valor ainda não foi definido. Na França, o curso mais caro custa R$ 81 mil por ano.

Segundo o chef Roland Villard, que possibilitou a vinda da escola, será a primeira vez que a Cordon Bleu abre para alunos carentes, uma iniciativa que, diz, vai valorizar a gastronomia nacional.

"Moro aqui há 14 anos e adoro comer as especialidades daqui. Os brasileiros que moram lá fora acabam se acostumando com outra cultura. O que falta são os brasileiros exportarem sua gastronomia, sua técnica, e acho que a Cordon Bleu vai ajudar nisso", disse Villard, chef-executivo do hotel Sofitel.

ENCONTRO

Incomodado com a falta de um curso da Cordon Bleu no país -e por morar no Rio-, Roland promoveu o encontro entre o presidente e o vice da escola, Andre Cointreau e Patrick Martin, respectivamente, com o vice-governador Luiz Fernando Pezão, em outubro de 2010.

"A ideia era convencê-los da importância de ter uma grande escola no Rio e mostrar que isso vai provocar um forte desenvolvimento econômico. Alunos virão do Brasil inteiro", diz.

Roland disse que a Cordon Bleu não forma chefs e criticou a ideia de grande glamour sobre a profissão.

"Nenhuma escola do mundo vai formar chef de cozinha. Ela forma um cozinheiro. A Cordon Bleu tem uma metodologia de trabalho. Não dá para comprar um título de chef. Isso é dedicação, motivação, paixão."

As reformas no prédio que vai receber a escola começam em outubro e serão concluídas até fevereiro, quando devem começar as inscrições. As aulas terão início em abril ou maio e vão durar de três meses a um ano.

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Bonecos vivos!

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Nova geração de artistas da cidade mantém a tradição, mas cria artimanhas para seduzir crianças e adultos Fonte: correioweb.com.br 03/07

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No imenso caldeirão humano em que Brasília se tornou, a arte dos bonequeiros, seguindo técnicas e influências vindas de Norte a Sul do país, fincou raízes e se misturou. Algumas cidades se revelaram celeiros de artistas do gênero, como o Gama, onde brotaram as companhias Bagagem e Voar de Teatro de Bonecos. Há muitos artesãos transformando matéria-prima inanimada em seres de madeira, isopor, espuma e tecido e que ganham vida dentro das histórias que ilustram. A tradição acompanha a evolução da cidade, e volta e meia, novos nomes surgem nesse cenário minucioso.

Uma delas é a professora de Artes Ângela Alexsander, mais conhecida como Ângela Dinha. Ela trabalha com bonecos, tapetes bordados e qualquer objeto inanimado que a ajude a contar histórias à meninada. Sua paixão pelo assunto começou há 13 anos, quando virou professora do Ensino Médio. Encantada com a literatura infanto-juvenil, Ãngela e os alunos começaram a ultrapassar os limites da palavra escrita. Passaram a confeccionar caixas e desenhos, e a recolher materiais como cabaças e garrafas, buscando maneiras de materializar cada mensagem lida. “Hoje, meus bonecos nascem, depois nasce a história. Vou mexendo na medida em que permitem. Eles têm vida própria”, conta.

O trabalho ultrapassou as fronteiras da sala de aula e ganhou um contorno feminino. Ao lado de três amigas professoras, Ângela fundou o grupo Palavra de Mulher, com o intuito de trabalhar “com mulheres e para mulheres”. A primeira criação do quarteto é A moça tecelã, espetáculo baseado em conto de Marina Colasanti. O enredo é simples e focado na valorização da mulher: depois de tecer um marido perfeito, a moça descobre que ele não é tão maravilhoso assim, e resolve desfazer o bordado. “Uma das minhas companheiras de cena canta, a outra faz a iluminação na própria cena, a terceira conta a história e eu manipulo os dois bonecos cubanos, feitos de papel machê e tecido”, relata. Há um ano, o espetáculo percorre bibliotecas, escolas e eventos. Além de um trabalho ambiental com formigas feitas de jatobá, Ângela prepara um outro texto, para estimular o lado sensorial de quem não enxerga.

Especiais

A sala de aula também revelou a porção bonequeira de Rose Costa, que começou a montar espetáculos para que seus alunos especiais não fossem recebidos com preconceito na escola. Os livros vieram em seguida: o primeiro, Gente diferente e interessante, que usa a literatura de cordel para tratar das diferenças, não conseguiu apoio das editoras. Pensando numa forma de divulgá-lo, ela criou um material de apoio, uma bolsinha com dedoches (pequenos fantoches colocados nos dedos) que complementam as histórias. O segundo livro, Três Olhares, aborda novamente as diferenças, a partir das perspectivas de três meninas. Neste caso, o material de apoio é uma bolsinha que se transforma em tapete, com diversos personagens. O terceiro livro, uma homenagem à filha de 15 anos, já está no forno, e terá como complemento bonecos com roupas de lã e feltro.

Além dos dedoches, fantoches e bonecos em tecido, que são sua marca registrada, Rose adicionou um charme a mais à proposta. Sempre que se apresenta em escolas, eventos e até shoping centers, ela carrega suas criações em um baú, cuja tampa vira palco para seus relatos. “O boneco, por mais inanimado que seja, parece vivo quando a gente começa a contar histórias. É pequeno, cheio de detalhes e isso encanta as crianças”, destaca. A tradição, acredita a professora e bonequeira, não sofre com a tendência cada vez mais tecnológica que persegue as relações humanas. “É um momento mágico. Quando nos propomos a contar histórias com bonecos, surge uma atmosfera de união e aconchego. Não podemos desistir dessa ideia. Ultimamente, ela tem tomado um corpo cada vez maior”, defende.

Fazendo as pazes

Outro nome forte da arte é Aguinaldo Algodão, pernambucano de Olinda que se apaixonou por Brasília e engrossou o caldo artístico da cidade na década de 1980. Ainda pequeno, ele morria de medo dos bonecos gigantes que circulavam por sua cidade natal. “Eu sofria muito, era melhor fazer as pazes”, conta ele. Tanto conseguiu superar o trauma que entrou nas oficinas de mestres bonequeiros e aprendeu o ofício. Hoje, vive da confecção de mamulengos, bonecos de variadas formas e tamanhos, cenários, figurinos e máscaras para espetáculos de dança, música e teatro. Ele também mostra suas criações nas escolas, apresentando mamulengos que cantam com a meninada e contam contos populares. “São histórias de heróis, princesas, dragões, serpentes mitológicas, que estão no emocional de todo o mundo”, relata.

Outra vertente de trabalho é o carnaval. Fundador do bloco Menino de Ceilândia, Algodão abriu uma oficina para a comunidade, que confeccionou 10 bonecos alegóricos para a folia deste ano. Suas criações para a festança de Momo já foram parar em festejos de Tocantins, Santa Catarina, Paraíba e Pernambuco. Ele ainda presta consultoria completa a quem quer realizar a folia, organizando um bloco de carnaval nos moldes tradicionais. “O mamulengo tem a virtude de trazer uma comunicação rudimentar, muito direta e precisa. O Estado poderia ter projetos mais amplos para bonequeiros e artistas em geral”, defende.

Para saber mais

Origem babilônica

A boneca mais antiga de que se tem notícia foi encontrada na civilização babilônica, feita de alabastro e com braços articuláveis. Nos túmulos de crianças do Egito, Grécia e Roma antigas, era comum depositar bonecas de madeira, em forma semelhante à de uma espátula, com farta cabeleira, feita com cabelo de verdade, provavelmente banhado em argila. A criação de bonecas com fins comerciais estruturou-se na Alemanha, durante o século 15, onde apareceram também as casas de bonecas. Paris firmou-se, no mesmo período, como um centro de produção do brinquedo, geralmente feito em terracota, madeira e alabastro, fiel à imagem dos moradores locais. No século 17, surgiram, na Holanda, bonecas com olhos de vidros e perucas feitas com cabelos humanos. O momento áureo dos fabricantes de bonecas foi entre os séculos 19 e 20, quando elas reproduziam figuras da corte e da sociedade e eram consumidas por adultos. O teatro de bonecos surgiu há mais de três mil anos, no Antigo Oriente.

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CRISTINA MOURA

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Muito prazer

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No mês passado, a bailarina Cristina Moura esteve em Brasília, exercitando sua porção diretora teatral. Fonte: correioweb.com.br 03/07

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Na série Nova Dramaturgia Brasileira, que colocou lado a lado escritores iniciantes na linguagem teatral e diretores na criação de novas peças, coube a ela conduzir a montagem de Concerto para quatro vozes e alguma memória, exibida no Centro Cultural banco do Brasil (CCBB). O que pouca gente sabe é que sua história começou aqui na cidade, depois de anos em cima de sapatilhas de ponta. Após passar uma década no elenco do Endança, companhia que deu projeção nacional à capital do país, ela se aventurou pelos palcos europeus e passou a introduzir sons e palavras em suas coreografias. Para ganhar terreno no teatro foi um pulo e, hoje, Cristina faz parte do Coletivo Improviso, ao lado de atores como Enrique Díaz e Mariana Lima.

Como começou sua história

com a dança?

Eu danço desde que me entendo por gente. Na minha casa, meus pais são muito ligados a arte, cultura, antropologia, sociologia. Naquela época não era tão normal a criança fazer várias aulas, mas nós fazíamos natação, dança, música. Comecei com 5 anos, em Niterói, onde nasci. Viemos pra cá e nunca deixei de dançar. Fiz a formação clássica e o curso profissionalizante na Norma Lília e aí me abri não só para o clássico, mas também para a dança moderna, afro, jazz. Aquilo ali era a minha vida. Era o colégio e a dança a tarde inteira. Dançar nunca foi uma decisão, sempre foi parte da minha vida. Quando eu tinha uns 15 anos, já assistia e gostava do Endança, comecei a trabalhar com eles. Viajava muito, fazia muitos espetáculos e entrei para o curso de artes cênicas da Universidade de Brasília (UnB).

E como foi sua experiência

com o Endança?

Hoje, é muito comum essa característica de coletivo. No Endança, tinha Luiz Mendonça, que era diretor e coreógrafo, mas éramos todos parte de um trabalho muito cooperativo. Havia o trabalho de espetáculo, de palco, mas também havia uma pesquisa de formação. Luiz era professor da UnB, a Márcia Duarte também, então a gente funcionava dentro do núcleo de dança da universidade, que eles fundaram. É um ambiente muito rico para pesquisar linguagem. Na minha formação, essa experimentação foi muito importante. O Endança puxou uma profissionalização, foi um grupo pioneiro. Hoje, muitas pessoas mais velhas me conhecem como Cristina do Endança. Ficou marcado mesmo.

Você viveu em Brasília até quando?

Que relação mantém hoje

com a cidade?

Fiz toda a minha formação estudantil aqui, morei até os 23 anos. Depois vivi na Europa por muitos anos e quando voltei, voltei para o Rio. Crescer em Brasília é muito especial, é diferente. Tem todo esse espaço verde, é ótimo para quem está em idade escolar. Venho sempre que posso a Brasília. Meus pais moram aqui e meu irmão mais velho também. Me ressinto porque gostaria de vir mais, mas viajo muito e dou cursos, nem sempre consigo. Procuro acompanhar artisticamente as coisas que acontecem, acho Brasília muito rica nesse sentido.

Por que a decisão de ir para a Europa?

Queria ter experiência em uma companhia fora daqui. Já fazia projetos como convidada em outros países. Comecei a participar de audições, eles sempre escolhem umas pessoas e passam 10 dias trabalhando. Eu passava e ia ficando. Fui primeiro à Bélgica, passei um ano em Barcelona, fui para ficar um ano, e, sem perceber, fiquei oito. Achei uma maravilha estar entre bailarinos incríveis. Passei quase um ano e meio na Bélgica, nos Les Ballets, que faz um trabalho com textos, com ator físico, um trabalho com movimento, mas muito teatral. Trabalhei na França com o L’Esquisse, e fiz alguns projetos em Portugal e na Alemanha.

Existe uma transição da dança

clássica à contemporânea?

Esse é um caminho natural

para os bailarinos?

Hoje isso tem mudado um pouco, mas, há alguns anos, quando a pessoa queria trabalhar com dança, com movimento, era só clássico. Atualmente as pessoas começam a dançar mais tarde, é um tabu que a dança contemporânea quebrou. No clássico, existe o fantasma da técnica, por isso é interessante começar cedo. O clássico é muito difícil, pouquíssimas pessoas conseguem se destacar. É preciso ter um tipo físico muito específico e as companhias que contratam são poucas. É rigidez, disciplina, competição, são muitas horas de trabalho. Essa coisa da leveza do bailarino não é verdade, a rotina é de atleta. Recentemente, achei um diário que nem me lembrava de ter e ali eu escrevia que minhas pernas estavam doendo, que eu tinha prova na escola no dia seguinte e ensaio até tarde. Mas eu queria fazer bem, fazia todos os cursos possíveis e imagináveis. O clássico foi uma boa base, mas o contemporâneo é a liberdade de usar diferentes técnicas e possibilidades.

E a volta para o Brasil? A readaptação foi difícil?

Não estava preparada para voltar. Vim passar seis meses, no máximo um ano, com a minha filha pequena, estava difícil trabalhar com uma criança a tiracolo. Mas a volta foi muito legal, porque percebi muito interesse no meu trabalho. Vim com medo de ficar parada, mas logo as coisas aconteceram. Montei um projeto chamado Três Continentes, com dois bailarinos da Noruega, dois de Moçambique e 12 brasileiros. Foi lindo. Logo conheci a Denise Stutz, a Dani Lima e a Andrea Jabor, que são coreógrafas do Rio. Fizemos uma residência de 10 dias, um encontro em que você fica mergulhado, questionando, estimulando, sem ter que criar nada artisticamente. Esse formato era novo no Brasil e na Europa já se fazia muito. Tinha acabado de estrear um solo, Like an idiot, que despertou interesse aqui no Brasil. E o trabalho foi surgindo.

Como você começou a inserir a palavra na dança?

Logo que cheguei ao Rio, o Enrique Díaz e a Mariana Lima me convidaram para trabalhar no Coletivo Improviso. Comecei a codirigir muito rápido. A dança já estava mais formal do que eu estava fazendo, muito presa na formalidade do movimento e da técnica, eu estava transgredindo isso, usando a palavra. Isso me levou ainda mais para o teatro. Nos meus solos de dança, eu já era convidada para festivais de teatro. Se precisar falar, eu falo. Se precisar desenhar, eu desenho. Faço o que for preciso para comunicar. O movimento é maravilhoso, forte, intenso, emocionante, mas chega uma hora em que quero dizer alguma coisa. Uso a voz, faço ruídos, sons guturais. Acho que a arte contemporânea nos dá essa liberdade do movimento com o som.

Palavra na dança é teatro?

O que é teatro? Haverá quem discorde, quem faz o teatro seco, purista, mas a gente transita. Recentemente, vi um trabalho do Bob Wilson (encenador, coreógrafo, escultor, pintor e dramaturgo norte-americano), maravilhoso, plasticamente lindo. Parecem fotos gigantes, mas de repente a pessoa mexe os olhos. É artes plásticas? É foto? É vídeo? Não sei. Me perguntaram muito isso quando houve essa mudança, esse teatro que também é movimento, que o corpo vem muito forte, com muita pesquisa de linguagem, que transgride o próprio teatro. Não sei e nem me interessa responder. O bailarino tem que ser plural e o ator, também.

Ser bailarina influencia o

seu fazer teatral?

A dança reforça a minha disciplina. Bailarino é disciplinado, resistente, tem que repetir, fazer de novo, fazer melhor, é você com você mesmo, chegando ao seu próprio limite. O teatro é mais pra fora, é a relação com o outro. Na sala de ensaio de dança, é disciplina e silêncio. O corpo não aguenta pausas. Se você se aquece, para meia hora e continua, vai se machucar. Implico com os atores quando tudo é pausa. Mas é preciso se policiar para não ser uma rigidez. Sou exigente comigo mesma, repito muitas vezes, acho que isso vem da dança clássica. Mas é preciso evitar a rigidez burra. Enquanto a dança tem a ver com o domínio, o teatro vem do inusitado.

A ex-bailarina americana Jennifer Homans lançou um livro chamado Anjos de Apolo,

no qual diz que o balé clássico morreu. O que você acha dessa afirmação?

Não concordo. Acredito que cada coisa tem seu lugar. Imagina dizer que a música clássica, que a dança clássica morreu. Aquilo tem uma função na história da arte e do mundo. O importante é saber beber em cada fonte e decidir se utiliza ou não. É importante passar por uma coisa que não é necessariamente sua praia ou seu interesse. Eu mesma me surpreendi voltando a ver dança clássica e achando muito interessante. É formal, existe uma estrutura hierárquica, mas tem sua função e seu lugar.

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As viagens de Joe Sacco

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Autor que uniu jornalismo e quadrinhos vem à Flip e diz que desenhar conflitos é perturbador Fonte: folha.uol.com.br 02/07

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No início dos anos 90, Joe Sacco, 50, era um jornalista frustrado e amante de histórias em quadrinhos que levava a vida em Berlim desenhando pôsteres de shows de bandas de rock como Yo La Tengo e Mudhoney.

O perfil parece não combinar com o do autor popstar que fala na Flip, em Paraty (RJ), na próxima semana, sobre história em HQ.

Apontado como o criador de um novo gênero, a reportagem em quadrinhos, tratou do conflito Israel-Palestina em livros como "Notas sobre Gaza" (Companhia das Letras) e "Palestina" (Conrad; R$ 69,90; 328 págs.), recém-lançado em edição de luxo.

Sua obra sobre o drama do povo palestino na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, baseada em longas temporadas no Oriente Médio, recebeu os principais prêmios de HQs do mundo e elogios do crítico literário Edward Said (1935-2003), autor de "Orientalismo" (Companhia das Letras), importante estudo sobre a representação do Oriente pelo olhar ocidental.

AULAS DE HISTÓRIA

O autor compreendeu a problemática do clássico de Said por experiência própria. Até 1982, as aulas de história e o noticiário norte-americano deram ao jovem Sacco uma certeza sobre o Oriente Médio: a de que todo palestino era um terrorista.

Foi a invasão do Líbano, naquele ano, que balançou essa crença. "Fiquei me perguntando: Por que os palestinos estavam sendo assassinados? Achava que eles eram os assassinos!", lembra ele, em entrevista à Folha.

Dez anos depois, ele embarcava para a região com a ideia de criar uma inocente HQ sobre a viagem.

Ao pisar em Israel, no entanto, seu instinto jornalístico falou mais alto. "Foi algo orgânico e impulsivo: criei rotinas metódicas de entrevistas e anotações. Afinal, eu havia sido treinado na univesidade para aquilo", diz. "Reuni duas paixões: gibis e jornalismo."

A extensa pesquisa embasou uma HQ sensível, sempre em preto e branco, sobre a vida dos refugiados, os bloqueios e as desapropriações na série "Palestina".

Foi a primeira HQ de não ficção a suscitar comparações com "Maus", obra de Art Spigelman sobre a Segunda Guerra e os campos de concentração nazistas, vencedora do Pulitzer de 1992.

"Os quadrinhos são uma nova literatura. E são como um vasto território inexplorado. Há possibilidades em todas as direções."

HORROR DE AUTOR

Sacco, no entanto, parece fadado a seguir os rastros de guerras e questões humanitárias. "Duas semanas após concluir "Palestina", eu já estava na Bósnia para registrar a guerra que ocorria ali."

A investigação da limpeza étnica sérvia deu origem ao impressionante "Área de Segurança: Gorazde" (Conrad).

Mas os anos de desenhos sobre conflitos e atrocidades deixaram marcas no autor.

"Estou cansado de lidar e descrever incidentes horríveis", desabafa. "Quando você entrevista alguém, não importa quão trágica seja sua história, é preciso ir além das lágrimas e da histeria para chegar aos fatos que interessam", diz.

"Mas, para desenhar propriamente um soldado armado, um tiroteio ou um corpo no chão é preciso coabitar aquela cena. Fazer isso dia após dia, ao longo de anos... Todos aqueles cadáveres... É muito duro. Afeta você."

Fugir do tema parece impossível para Sacco, que, após "Notas sobre Gaza", fez gibis sobre africanos que tentam imigrar para a Europa, a pobreza na zona rural da Índia e a indústria de carvão nos EUA, inéditos aqui.

"Preciso ir para outra direção. Mas, mesmo quando escrevo prosa, a história parece se voltar sozinha para questões de violência."

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RAIO-X

JOE SACCO

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VIDA

Nasceu em Malta em 1960. Viveu na Austrália, nos EUA e na Europa

FORMAÇÃO

Em 1981, graduou-se em jornalismo pela Universidade de Oregon (EUA)

OBRA

Nos anos 90, criou um novo gênero, reportagem em quadrinhos, com "Palestina: Uma Nação Ocupada", sobre o conflito Israel-Palestina, e "Área de Segurança: Gorazde", sobre a Guerra da Bósnia (1992-95), entre outros

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ONU aprova resolução mundial sobre Direitos Homossexuais

http://centraldenoticiasgays.blogspot.com/ 29/06

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O Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou resolução destinada a promover a igualdade de cidadãos de todo mundo, sem distinção da orientação sexual.

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A votação foi apertada com 23 votos a favor, 19 contra e três abstenções. Brasil, Argentina, Coreia do Sul e outros países ocidentais votaram a favor, países islâmicos, africanos e a Rússia contra.

A resolução, apresentada pela África do Sul, afirma que "todos os seres humanos nascem livres e iguais no que diz respeito a sua dignidade e seus direitos e que cada um pode se beneficiar do conjunto de direitos e liberdades sem nenhuma distinção de orientação sexual" e recomenda que seja realizado um estudo sobre as leis discriminatórias e as violências contra as pessoas por sua orientação ou atribuição sexual.

O representante da Nigéria, Ositadinma Anaedu, acusou a África do Sul de ter "rompido a tradição do grupo africano" de buscar um consenso antes da votação de uma resolução. "Uma lástima porque a África do Sul é o pilar da África".

O representante da África do Sul, Jerry Matthews Matjila, afirmou que "ninguém deve ser submetido a discriminação ou violência por causa da orientação sexual" e que a resolução não busca impor valores aos países e sim iniciar um diálogo sobre o tema.

"É um avanço. É a primeira vez na ONU que se aprova um texto tão forte sob a forma de uma resolução, e deste alcance. Não se trata de impor valores ou um modelo e sim de evitar que as pessoas sejam vítimas de discriminação ou violência por sua orientação sexual", afirmou o embaixador francês Jean-Baptiste Mattei.

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, considerou que a resolução é histórica e afirma que “os direitos humanos são universais. Os indivíduos não podem ser deixados sem proteção em razão de sua orientação ou identidade sexual".

Segundo a Anistia Internacional, a Homossexualidade continua sendo punida e indivíduos Homossexuais perseguidos em 76 países.

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