segunda-feira, 20 de junho de 2011

ELEIÇÕES

MP quer fim de privilégio Fonte: correioweb.com.br 20/06

Uma briga que se arrasta há quase dois anos entre o Ministério Público (MP) e os partidos políticos brasileiros pode estar perto do encerramento. O centro da discussão é um artigo da Lei nº 12.034/09 — a chamada minirreforma eleitoral — que retirou do MP a prerrogativa de questionar na Justiça irregularidades cometidas nas propagandas partidárias gratuitas veiculadas na tevê. Aprovada pelos deputados federais e senadores, a legislação reservou às legendas a exclusividade desse direito. No último dia 10, o assunto chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF): a Procuradoria-Geral da República ajuizou uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) em que pede a revogação do texto.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e os tribunais regionais eleitorais (TREs) em todo o país não têm se negado a analisar representações assinadas pelo MP, mas não são raros os recursos apresentados pelos partidos alegando que a instituição não tem mais competência legal para questionar as propagandas. “Os tribunais têm acatado a nossa alegação de que o artigo é inconstitucional, mas para ter efeitos gerais e garantir a atuação do Ministério Público, é preciso essa Adin no Supremo”, argumentou o procurador da República em Sergipe, Paulo Gustavo Guedes Fontes. A ação foi originada de um documento encaminhado por ele ao MP federal.

A Justiça Eleitoral tem considerado legítimas as representações do MP sob a alegação de que o desvirtuamento da propaganda partidária interfere no processo eleitoral. Nas eleições de 2008 foram apresentadas pelo Ministério Público ao TSE cinco ações. Na de 2010, 11 ações. Com a Adin, a PGR quer oficializar esse reconhecimento da legitimidade de promotores e procuradores da República.

FSP

REGULAMENTAÇÃO

Blogueiros "progressistas" pedem novo marco regulatório da mídia Fonte: folha.uol.com.br 20/06

DE BRASÍLIA - Uma carta aberta redigida por blogueiros que participaram de um encontro em Brasília pede novo marco regulatório dos meios de comunicação (conjunto de leis e diretrizes que regulam o funcionamento do setor) e faz ataques à mídia.

O evento, patrocinado por Petrobras, Fundação Banco do Brasil, Itaipu Binacional e governo do Distrito Federal, terminou ontem, em Brasília, e contou com a presença de cerca de 400 pessoas que apoiaram o governo Lula e a eleição de Dilma Rousseff.

"É a blogosfera que tem garantido de fato maior pluralidade e diversidade informativas", diz trecho da carta.

Blogueiros pedem divulgação imediata do projeto redigido pelo ex-ministro Franklin Martins (Secretaria de Comunicação Social na gestão Lula), ainda não tornado público.

A abertura contou com a participação de Lula e do ministro Paulo Bernardo (Comunicações). Lula criticou o papel de "falsos formadores de opinião", e Bernardo disse que os meios de comunicação precisam saber "ouvir críticas".

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Brasília, Cidade-galeria

Intervenções urbanas de 19 artistas espalham-se pelo Plano Piloto a partir de hoje. Trabalhos em espaços abertos buscam reviver o espírito utópico da formação da capital Fonte: correioweb.com.br 20/06

Um cubo de isopor flutuará a partir de hoje pelo Lago Paranoá. Na Rodoviária, uma pintura de US$ 800 mil, isolada por vidro blindado, sugere jogar os políticos corruptos no fogo dos infernos. Na Universidade de Brasília (UnB), uma placa gigante em vidro traz fichas de estudantes que participaram do Congresso de Ibiúna durante a ditadura e, no CCBB, de uma Kombi colorida brotam palmeiras imperiais. O curador Wagner Barja quis transformar Brasília no museu a céu aberto tão proclamado e repetido por aí. Sim, a cidade é uma obra de arte arquitetônica dos anos 1960 e a contemporaneidade pode dar um toque humano, colorido e menos sisudo à capital do modernismo. Barja queria fazer isso há anos. Somente agora conseguiu viabilizar o Aberto Brasília, uma série de intervenções urbanas de autoria de 19 artistas da cidade, do Brasil e do exterior.

Barja não dorme tranquilo há alguns dias. “É o maior projeto em que já trabalhei”, justifica. É preciso uma equipe de produção duas vezes maior que aquelas destinadas a montagens de exposições para fazer um esquema desses funcionar. Também conta a boa vontade dos responsáveis pelo patrimônio — no caso, o Iphan —, mas Barja confessa ter conquistado total adesão do instituto. Da burocracia, não escapou. “Os grileiros agem aqui com liberdade e os artistas enfrentam uma burocracia imensa para trabalhar”, reclama. Tudo foi planejado especificamente para o Plano Piloto. “No geral, o projeto é uma proposta de busca da utopia, que foi o principal conceito de formação da cidade. Os trabalhos em espaços abertos tentam reviver o espírito de utopia.”

Comentários políticos aparecem em boa parte dos trabalhos. É como se Brasília guardasse um livro de visitas com espaço reservado para a crítica preenchido com muita elegância. Outros trabalhos dialogam visceralmente com a poesia, e os artistas aproveitam para mergulhar na subjetividade e nas licenças poéticas. As intervenções estão espalhadas pela cidade e pelos jardins do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no qual foi montada uma sala de vídeos com filmes sobre a trajetória e o processo de confecção da obra de cada artista. Hoje, durante a abertura, haverá uma série de performances. Às 20h, o carioca Waltercio Caldas percorrerá o Eixo Monumental com dois caminhões coloridos, de 20 metros de comprimento, a 20km/h. É a versão do artista para uma suposta pintura modernista.

Meia hora depois, Ronald Duarte, também do Rio de Janeiro, realiza um fumacê de descarrego para o CCBB com voluntários e 20 extintores. Também é dele a performance Peito de aço, série de imagens da Esplanada captadas por cinco helicópteros e transmitidas para a sala de vídeo do CCBB. Às 21h, o grupo brasiliense Corpos Informáticos assume o comando com uma performance seguida de intervenção dos ciclistas do Pedal Noturno, encarregados de fazer um halo de luz com os próprios capacetes em volta do Museu Nacional antes de seguir para o Setor de Clubes. Veja como foram projetados e idealizados alguns dos trabalhos do Aberto Brasília.

Crítica explícita

Cildo Meireles leu um artigo científico sobre a espessura da crosta terrestre e chegou ao Buraco para jogar políticos desonestos. No artigo, descobriu que o magma do centro da Terra está mais próximo da superfície no Planalto Central que em outros lugares. Na pintura, vê-se o Congresso ao fundo e a fenda que leva ao centro da terra aberta para receber os políticos. Avaliada em US$ 800 mil, a pintura foi instalada na Rodoviária, exatamente para contrastar e dialogar com a Esplanada. “Ser mais direto é impossível”, brinca o artista, um dos nomes mais conhecidos da arte brasileira contemporânea no exterior. “O recado é aquele que todo o Brasil tem na ponta da língua. Seria tão legal que a corrupção acabasse nesse país, mas é utopia.”

Um olho no Congresso

Rodrigo Paglieri não teve pudores: pendurou uma câmera entre as duas torres do Congresso Nacional. Suspenso em um pêndulo que realiza oscilações de 180°, o equipamento capta imagens da Esplanada e transmite em tempo real para um monitor no CCBB. O público também pode acompanhar a transmissão pelo link http://www.ustream.tv/ channel/panoramica-brasilia. A intenção de Paglieri, chileno radicado em Brasília, era apenas inverter o olhar da paisagem, sempre vista de frente com o Congresso ao fundo. “Não é uma crítica, mas claro que inverter o olhar convencional já diz bastante: trata-se do poder olhando para a paisagem, para a cidade que contém o povo.”

Cubo flutuante

Guto Lacaz (foto) observava um homem navegando em caixa de isopor na represa de Guarapiranga, na periferia de São Paulo, quando teve a ideia do OFNI, Objeto Flutuante Não Identificado. A versão brasiliense, idealizada para o Lago Paranoá, foi construída na semana passada com 79 caixas de isopor. O cubo tem seis metros de altura e cabine de direção com direito a motor de popa. “É um ready made”, avisa o paulistano. “Gosto muito do efeito físico da flutuação e de barcos, por isso pensei em fazer um barco diferente. O OFNI é uma escultura.” A precariedade inspira Lacaz, que já fez um auditório flutuante para o Ibirapuera.

Um canto em quatro pontos

A geografia brasiliense pareceu adequada ao carioca Nelson Félix. Ele imaginou quatro pontos na extremidade do X que demarca o Plano Piloto e concebeu ações às quais o público só terá acesso por meio de vídeos. Félix passou horas a desenhar e ler poesias no Lago Norte, Lago Sul, Setor de Oficinas e Parque Nacional. Deixou por lá um vaso (foto) com uma dormideira, chamou a performance de Um canto onde não há canto e foi embora depois de entender que havia entrado em comunhão com os espaços. “Brasília é uma cidade que não tem canto e proponho fazer um canto para ela”, explica.

Reflexos da paisagem

Também em comunhão com a natureza, os belgas do The Milena Principle ocuparam a Lagoa do Sapo, no Parque Olhos d’Água, com uma referência ao mito de Narciso: a foto gigante enterrada na água (foto) mostra um rosto de homem. A paisagem é tema ainda de Karina Dias, que construiu um cubo revestido de película espelhada no qual se pode ver o reflexo da paisagem. Instalado no jardim do CCBB, “[com]-Posição faz parte de uma pesquisa que já rendeu livro e vídeos. “A instalação provoca uma inversão e traz para a terra o que está em volta, sobretudo o céu”, explica Karina.

Duas homenagens

No CCBB, Paulo Bruscky faz homenagem a Vicente do Rêgo Monteiro com um cavalo encerrado em cercadinho e pintado de verde. A tinta é biológica e o animal tem supervisão do Ibama. Bruscky queria o quadrúpede porque Monteiro adorava o bicho.

E para entender o verde basta espiar as obras do homenageado: tonalidades esverdeadas permeiam as pinturas. Homenagem irônica — e sempre política — de Xico Chaves parece datada mas atrai atenção: uma imensa chapa de vidro lembra os estudantes presentes no Congresso de Ibiúna, símbolo da resistência contra a ditadura.

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Artistas brasileiros têm boa recepção em Basileia

Impulsionadas por grandes mostras, Maiolino e Mira Schendel se destacam

Waltercio Caldas, Nuno Ramos, Ernesto Neto e Vik Muniz também vendem na principal feira de arte do mundo Fonte: folha.uol.com.br 20/06

Na esteira do furacão Lygia Clark, outros brasileiros tiveram boas vendas na Art Basel, termômetro para o mercado global. Impulsionadas por grandes exposições, Anna Maria Maiolino e Mira Schendel (1919-1988) chamaram a atenção.

Uma obra de Maiolino, artista escalada para a próxima Documenta em Kassel, na Alemanha, foi vendida por US$ 80 mil, ou R$ 127 mil.

Depois de sua mostra no MoMA ao lado de Leon Ferrari e com uma retrospectiva marcada para 2013 na Tate, em Londres, Schendel teve desenhos vendidos por US$ 50 mil, cerca de R$ 80 mil.

Instituições privadas também focaram brasileiros.

Nuno Ramos teve duas instalações de US$ 100 mil (R$ 160 mil), compradas para o museu Thyssen-Bornemisza Art Contemporary, de Viena. Já Rivane Neuenschwander, agora com uma grande mostra em turnê mundial, teve uma obra de US$ 80 mil, ou R$ 127 mil, comprada para uma fundação de Miami.

Levado a Basileia por uma galeria estrangeira, a Elvira González (Madri), Waltercio Caldas foi um dos artistas mais comentados por sua instalação na Art Unlimited, parte da feira dedicada a obras monumentais -em tamanho e preço.

Galerias estrangeiras também venderam alguns nomes recorrentes no mercado.

Uma instalação de Ernesto Neto saiu por US$ 80 mil (R$ 127 mil), na Tanya Bonakdar, de Nova York. Também foi comercializada uma fotografia de Vik Muniz por US$ 130 mil (R$ 207 mil), e uma pintura de Beatriz Milhazes à venda por US$ 1,8 milhão (R$ 2,9 milhões) terminou a feira reservada para um colecionador.

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Francês leva mundo devastado ao clipe

Edouard Salier abandona fofura criada para os Tribalistas e conquista bandas europeias com guerra urbana

Massive Attack e Air estão entre grupos que gravaram com diretor; trabalho para o Justice degola Cristo Redentor Fonte: folha.uol.com.br 20/06

O videoclipe fofinho que o diretor francês Edouard Salier realizou em 2003 com os Tribalistas -para a música "Já Sei Namorar"- pouco ou nada tem a ver com os filmes soturnos que o artista desenvolve hoje.

Digamos que Salier deixou sua meiguice de lado e passou a investir no terror -e foi com essa marca que, mais recentemente, acabou caindo nas graças de importantes bandas francesas e inglesas, como Air, Massive Attack e Justice.

Seus três últimos clipes partem de imagens de um mundo em colapso. Dois deles, "Splitting the Atom" e "Atlas Air", do Massive Attack, criam situações de guerra em um ambiente urbano "dark" e futurístico. Meio "Blade Runner" (filme de Ridley Scott), meio "Metropolis" (de Fritz Lang).

Em um trabalho mais recente, que acaba de ser lançado na internet, cria um mundo pós-humanidade.

No vídeo que acompanha a música "Civilization", da dupla francesa de música eletrônica Justice, sobraram sobre o planeta apenas búfalos pastando entre monumentos e resquícios de civilizações extintas.

O Cristo Redentor, por exemplo, aparece mutilado, sem a cabeça. Uma "homenagem" ao Brasil -país que, para Salier, é como "uma segunda casa".

Para o diretor, a representação de catástrofes não é pauta nova. Salier cita o quadro "Guernica", de Picasso, como referência de "arte que reflete a história". E elenca outros pintores espanhóis que o inspiram, como os catalães Tàpies e Dalí.

Suas animações dão cor surrealista a paisagens urbanas. "Sou fascinado pelas imagens de grandes cidades, talvez porque meu pai era arquiteto", ele conta.

Um curta sobre o 11 de Setembro, em especial, lhe rendeu alguns protestos: "Flesh" parte de imagens de mulheres projetadas sobre edifícios de Nova York, todas em situações eróticas.

Salier expande a sensação de pesadelo, com centenas de aviões caindo sobre uma cidade, que se transforma em destroços.

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Áreas públicas

Falta controle em doações

Enquanto terrenos vão parar nas mãos de entidades, município não tem como construir escola Fonte: opopular.com.br 19/06

Mesmo com falta de áreas para construir equipamentos sociais (escolas, centros municipais de educação infantil, moradias populares), a Prefeitura de Goiânia autorizou, no ano passado, 176 procedimentos de compra, permissão e permuta de áreas públicas na capital. Foram 293 pedidos de alienação em 2010 e, segundo a Secretaria de Planejamento Municipal (Seplam), neste ano foram analisados 76 pedidos semelhantes, dos quais 27 já foram aprovados. O POPULAR mostrou no final de maio que a capital perdeu um terço de suas áreas públicas originais. As desafetações cresceram em 2010, ano eleitoral.

Um exemplo emblemático é a Escola Municipal Jardim América, localizada no bairro de mesmo nome, cujo prédio é alugado, recentemente mostrada pelo POPULAR. A unidade foi inaugurada no último dia 17 pelo prefeito Paulo Garcia. Além de crianças da região, a unidade está recebendo, no ensino fundamental, crianças do Setor Madre Germana, bairro às margens da GO-040, que dá acesso a Aragoiânia e que fica distante mais de 20 quilômetros do Jardim América. As crianças são transportadas em ônibus pela Prefeitura. A medida foi adotada para solucionar a ausência de áreas públicas para construção de uma escola no bairro.

O problema, apontam especialistas em urbanismo, vereadores e até membros do Executivo municipal, é que muitas vezes a alienação deste patrimônio não passa pela devida avaliação técnica e termina atendendo a critérios políticos. A própria Seplam se prepara para reaver áreas cedidas que não foram edificadas ou que tiveram destino diferente daquele previsto no projeto inicial. "Precisamos ser rigorosos e criteriosos, pensando no futuro da cidade", diz o titular da pasta, Roberto Elias.

Técnicos da secretaria estão fazendo levantamento de todas as áreas para que possam ser recuperadas pelo poder público municipal. O trabalho é meticuloso e demorado, porque inclui visitas a todos os locais. Inicialmente, estão sendo confrontados os imóveis cedidos desde 2002, mas, depois de concluída essa etapa, a intenção é realizar o mesmo levantamento em áreas mais antigas.

A chefe da Divisão de Controle de Áreas Públicas da Seplam, Maria de Lourdes Peres, reconhece a falta de fiscalização ao longo dos anos por parte do poder público, em relação ao cumprimento da destinação apontada em lei para as áreas doadas e cedidas. "Uma área pública não surge do nada, ela aparece em um parcelamento e torna-se lei. O morador tem de conhecer o seu bairro. Só assim ele poderá cobrar do poder público", diz.

"O Executivo foi omisso com relação às áreas públicas ao longo dos anos. O Ministério Público também foi omisso. Existe um rito de menosprezo quanto as àreas públicas de Goiânia e isso não é de agora, mas é de 10, 20 anos atrás", admite o líder do prefeito na Câmara, vereador Djalma Araújo (PT). "Já vi área pública cedida a entidade filantrópica que virou campinho de futebol soçaite particular", diz o vereador Geovani Antônio (PSDB).

O POPULAR teve acesso à relação das desafetações - quando o Executivo pede e a Câmara Municipal autoriza a mudança da destinação original de uma área pública, que poderia ser praça, escola ou posto de saúde, por exemplo - feitas em 2008, quando foram realizadas 20 desafetações. Os casos estão sendo investigados pela Comissão Especial de Investigação (CEI) de Áreas Públicas da Câmara de Goiânia.

A documentação reunida ainda não permite identificar a destinação final dos terrenos, mas mostra que nove das áreas eram originalmente reservadas para a construção de escolas estaduais. A apuração surgiu após denúncia de uma área de 9 mil metros quadrados, em frente ao Paço Municipal, no Parque Lozandes, que teria sido vendida a uma revenda de automóveis por preço 90% abaixo do de mercado.

A negociação ocorreu em 2008, num processo que envolveu permuta com outra área, maior, porém, menos valorizada, de propriedade de uma instituição filantrópica que nunca existiu. As obras na área em frente ao Paço estão a todo vapor, para inaugurar a revenda de automóveis em outubro.

Os casos de compra geralmente envolvem pequenos terrenos, às vezes até partes de vielas. Quando há permissão de uso, o terreno continua sendo público. As situações que mais estão na mira da Câmara são as permutas por áreas particulares. Os vereadores investigam a possibilidade de avaliações de terrenos abaixo do valor de mercado.

Os casos de permissão de uso, concessão e alienação de bens dominiais do Município de Goiânia são disciplinados pela Lei Complementar 78, de junho de 1999. Ela estabelece que apenas entidades declaradas de utilidade pública por lei municipal podem ser destinatárias de uso de bens municipais.

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HABITAÇÃO

Variação de aluguel no DF chega a 14.200%

Forte demanda no Plano Piloto eleva o valor da moradia e exclui muitos brasilienses, segundo especialistas. Essa %u201Csegregação socioespacial%u201D é acentuada pela concentração de empregos formais e serviços públicos na área central Fonte: correioweb.com.br 20/06

A distância percorrida de casa até o trabalho é inversamente proporcional ao valor que se gasta com o aluguel no Distrito Federal. Enquanto é possível morar em uma casa em Ceilândia pagando R$ 270, há opções disponíveis no Lago Sul pela “bagatela” de R$ 38,5 mil por mês. O preço, 142 vezes superior, mostra que parte da população da capital do país é visivelmente excluída pela renda.

Ao optar pelo espaço e decidir viver em um apartamento de dois quartos no Gama em vez de uma quitinete na Asa Sul, ambas anunciadas por R$ 500 ao mês, é preciso estar disposto a gastar mais dinheiro com transporte, mais tempo com o deslocamento e a se irritar mais com o trânsito, dependendo do local des tarefas cotidianas. Os números fazem parte de um levantamento médio de preços feito pelo Correio.

A variação entre imóveis de dois cômodos no DF, por exemplo, pode chegar a 1.055%. Enquanto o mercado dispõe de opções a partir de R$ 450 em Sobradinho, na Asa Norte o aluguel pode chegar a R$ 5.200. Unidades de três quartos mostram um abismo ainda maior: é preciso empenhar 17,7 vezes mais para morar em um apartamento de três quartos no Sudoeste do que em uma unidade semelhante em Ceilândia. Sair do bairro nobre, neste caso, poderia representar economia de R$ 7.550 por mês.

Para o especialista em direito civil e professor do UniCeub Ieudo Lacerda, a cidade se desfigurou após sofrer os efeitos criados pela forte demanda no Plano Piloto e pela consequente elevação dos preços na região central. “Não existe mais aquele projeto de harmonia na habitação. Os moradores estão sendo empurrados porque quem morava nas quadras 100, 200 ou 300 teve de mudar para as 400. Esses, por sua vez, vão para Guará, Núcleo Bandeirante ou Águas Claras. De lá, para Samambaia e Santa Maria e assim vai.”

Para exemplificar o ponto de vista, o professor criou uma família fictícia: um servidor do Banco do Brasil em início de carreira e uma professora da rede pública. Juntos, teriam um salário bruto de aproximadamente R$ 6 mil. Após os descontos, ficariam com pouco mais de R$ 4,2 mil e restariam

R$ 2,5 mil se eles pagassem o aluguel de um apartamento de dois quartos em Águas Claras. “O custo de vida na cidade é muito alto. Ainda é preciso levar em conta os outros gastos. Além dos essenciais, como água, luz e telefone, há transporte, alimentação, lazer e roupas. Morar mais perto significa aumentar custos e comprometer a qualidade de vida”, diz.

Centro de interesses

O professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB) Benny Schasberg também acredita em uma “segregação socioespacial”. Ela seria acentuada pela estrutura da cidade. “Mais do que em outros lugares do país, temos em Brasília uma concentração estúpida de empregos formais e serviços públicos no centro, o que instiga uma intensa hierarquização relacionada ao local de moradia.” Para amenizar a disparidade de valores, o especialista defende a pulverização das oportunidades de trabalho e da oferta de serviços. “É preciso que políticas públicas provoquem uma descentralização”, sustenta.

Além do interesse em viver perto ou dentro do coração da cidade, algumas famílias precisam morar no DF gastando o mínimo possível. Aqueles que dispõem de até R$ 500 para custear a moradia só conseguiriam um apartamento de três quartos se fosse em Ceilândia. As opções de casas também são reduzidas. Pelo preço, apenas quatro regiões administrativas poderiam ser pesquisadas: Gama, Samambaia, Taguatinga e Ceilândia. Morar sozinho com esse dinheiro, no entanto, é bem mais fácil. Há pelo menos 10 regiões onde o limite no orçamento não impede o aluguel de uma quitinete.

Os projetos sem divisão de quarto ou cozinha voltados para esse público também sofrem grandes variações, apesar de serem mais acessíveis. Do Gama para o Lago Norte, o valor cresce 630%. Se o orçamento for maior e houver R$ 1 mil por mês para segurar o aluguel, praticamente todas as regiões da cidade abrem as portas. O que não significa que a qualidade do imóvel será equivalente.

O presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário, Adalberto Valadão, adianta que os preços dos aluguéis devem continuar subindo, o que pode encurtar o leque de escolhas de quem vive na cidade. “A cidade é nova, está em fase de consolidação e a cada dia a demanda por imóveis aumenta.” Valadão também acredita que as regiões fora do Plano Piloto devem sofrer os maiores reajustes. “Quanto mais baixo o preço, mais espaço para crescer.”

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DESENVOLVIMENTO

Educação faz a diferença

Egressos das camadas mais baixas de renda sobem na vida à custa de muita dedicação e estudo. Especialistas cobram melhora no ensino Fonte: correioweb.com.br 20/06

Da favela para um bairro nobre de Belo Horizonte. De uma renda familiar menor que um salário mínimo para R$ 27 mil mensais. Da base para o topo da pirâmide social. No caminho, muito estudo. “É diferente de ganhar na Mega-Sena. A mudança não é do dia para a noite nem tampouco está vinculada ao que a gente é capaz de consumir, mas sim ao que é capaz de produzir que seja duradouro”, ensina o procurador de Minas Gerais José dos Passos Teixeira de Andrade. Hoje, ele usa terno Hugo Boss comprado em Nova York e é dono de um carro Honda Civic ano 2009.

O menino que chegou há 34 anos à favela Beco do Cíntia aos 8 de idade, com a mãe e quatro irmãos, coleciona méritos conquistados, um por um em seus 42 anos de vida — desde os bicos de office-boy e de ajudante de pedreiro à aprovação num dos cursos mais concorridos do país, na Universidade Federal de Minas Gerais, aos 24 anos. Tudo alcançado após um ano e meio de estudos solitários em casa, pois não havia dinheiro para pagar faculdade particular. Ser aprovado no concurso de procurador do estado, um dos melhores cargos da área jurídica, premiou uma pessoa que enfrentou esgoto a céu aberto em passagens estreitas nas ruas e só passou a ir à escola aos 12 anos.

Caminho semelhante pretende seguir Elias Mateus da Silva, 31 anos, que, na semana passada, viveu os seus últimos dias como lavador de carros, atividade que exerce desde os 14, tirando cerca de R$ 800 em média de renda. Neste mês, ele conclui o curso de direito, que frequenta à noite. Em seguida, pretende prestar exame da Ordem dos Advogados do Brasil. Ele pretende ascender rapidamente da classe D para a C, já trabalhando como advogado. Seu sonho é integrar o grupo dos que ganham mais. “Só sei que não vou parar de estudar. Quero melhorar o amanhã, mudar de vida”, planeja.

“A educação é o fator de diferenciação social. Quanto maior a escolarização, maiores as chances de ascensão”, destaca a antropóloga Luciana Aguiar, diretora da consultoria Plano CDE. Segundo ela, apesar da concentração em bens de consumo, a escalada da classe média foi, em parte, acompanhada do acesso a serviços como plano de saúde e escola particular para os filhos. As famílias passaram a comprometer parte da renda com esse tipo de despesa, além da compra de bens de consumo.

Escolaridade

Segundo Luciana Aguiar, uma marca da nova classe média é ter os filhos com mais anos de escolaridade do que os pais. Enquanto nos segmentos mais altos, A e B, a diferença é de apenas um ano em média entre pai e filho, na base da pirâmide, ela chega a quatro anos. Pesquisas da Plano CDE mostram que a classe C é o segmento que tem o maior número absoluto de universitários, 1,8 milhão, acima dos 1,3 milhão da classe B e dos 784 mil da A.

O estudo tornou-se prioridade para José Marcelino da Silva, 42 anos, quando conseguiu deixar a profissão de vigilante para virar servidor público do governo do Distrito Federal. Com a melhora na renda, começou a faculdade de gestão pública. “Foi um avanço e tanto”, comemora. Mas o orçamento ainda é apertado. “Algumas pessoas gastam mais do que podem. Tenho consciência de que há coisas que não posso comprar.”

Poder pagar plano de saúde para os filhos é uma das principais conquistas que Onorina Bezerra Souto, 59 anos, destaca, desde que conseguiu abrir um salão de beleza. A nova fonte de renda juntou-se à do marido, servidor público, e a família já reformou a casa. “Hoje, compro mais sapatos e roupas”, empolga-se. Entusiasmada com o sucesso do negócio e o momento econômico, já abriu uma filial.

Na periferia do Distrito Federal, em uma casa que é parte de madeira, parte de alvenaria, Sandreci Dias, 39 anos, mora com o marido, a irmã e três crianças. A família celebra as paredes levantadas depois que a renda do marido, carpinteiro, dobrou de R$ 400 para R$ 800 em três anos. A rua na Vila Estrutural não tem asfalto, mas já não falta mais água. Sandreci e o marido planejam terminar a casa. Apesar da vida ainda

muito difícil, a irmã Clausete, 27 anos, termina, no fim do ano, o curso superior de administração. “Espero conseguir um emprego na minha área”, diz.

Bolha

Apesar dos diversos casos de sucessos dos membros da classe média que miraram o estudo como meio de ascensão social, os especialistas estão céticos quanto à continuidade da tendência. “Interpreto esse momento mais como uma bolha, pois não está havendo planejamento de longo prazo, que melhore a capacidade dessa população para ter acesso ao mercado de trabalho cada vez mais exigente. Temo que possamos estar queimando essa oportunidade, que pode ser apenas um episódio e não um processo”, alerta o sociólogo Marcel Bursztyn, professor da Universidade de Brasília (UnB).

Segundo ele, a China tem combinado o robusto crescimento econômico com melhoria no sistema produtivo e na capacitação da mão de obra. “Tenho dúvidas se conseguiremos manter as taxas de crescimento econômico se não houver ações de governo voltadas para o desenvolvimento tecnológico e melhoria do sistema de educação”, diz.

O geógrafo Aldo Paviani, também da UnB, concorda. “Existe uma lacuna, que é a qualidade do ensino, principalmente na parte intermediária, entre o ensino fundamental e o médio”, afirma. “É fundamental, para a economia, um ensino médio mais robusto, com escolas que preparem os alunos, não só para o vestibular, mas para a vida profissional. A qualidade do trabalho é o grande desafio para a década que se avizinha e talvez não estejamos preparados para oferecer ao mercado o que ele precisa.”

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DESENVOLVIMENTO

Revolução social

Nos últimos 14 anos, 73% das famílias brasileiras mudaram de classe, devido ao aumento da renda, um contingente de 143 milhões de pessoas. Trata-se de uma mobilidade superior à vista nos Estados Unidos, na Suécia e no Canadá em período tão curto de tempo Fonte: correioweb.com.br 20/06

Muito se tem falado da nova classe média brasileira, um contingente de mais de 30 milhões de pessoas que saiu das camadas mais baixas e se tornou a base de sustentação do consumo no país. Essa é a face mais badalada da mobilidade social vivida pelo Brasil, beneficiado por um período de estabilidade econômica sem precedentes em mais de três décadas. Mas um levantamento da Consultoria IPC Maps, que acaba de sair do forno, revela um movimento de transformação bem mais robusto: 73% das famílias melhoraram de vida e experimentaram algum tipo de ascensão social nos últimos 14 anos.

Trata-se de uma das maiores taxas de mobilidade vistas no mundo em um prazo tão curto de tempo, acima dos registrados em países como a Suécia (51,5%), Canadá (50,1%) e Estados Unidos (48%). São 143,8 milhões de brasileiros que passaram a viver melhor e a satisfazer demandas reprimidas ao longo de anos, como a casa própria, o primeiro veículo, a televisão LCD, a internet em casa, a tevê a cabo, a viagem de férias com toda a família para a praia — e, acima de tudo, educação e saúde. “O controle da inflação, a formalização do mercado de trabalho e o acesso facilitado ao crédito empurraram os brasileiros para o consumo. Não à toa o país retomou o ciclo sustentado de crescimento, com excelentes perspectivas para o futuro. É o circulo virtuoso que funciona perfeitamente”, analisa Marco Pazzini, diretor da Consultoria IPC Maps.

O resultado é que a participação de famílias na base da pirâmide, a classe E, encolheu: pelo menos 20,5 milhões de pessoas deixaram a zona da pobreza, pois viviam com renda familiar de, no máximo, R$ 705, e passaram a ocupar os extratos de renda logo acima, das classe sD e C, conforme reforça estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV). Seguindo o mesmo movimento, outras 2,5 milhões que já estavam na D galgaram os degraus até a C — que hoje totaliza 103 milhões de cidadãos, mais da metade da população do Brasil. Com isso, o orçamento engordou e ficou mais folgado. Mas o maior crescimento em termos percentuais ocorreu nas classes B e A, nas quais os rendimentos mensais estão acima de

R$ 4.854 e de R$ 6.329, respectivamente. Cerca de 6,6 milhões de pessoas passaram a integrar o topo da pirâmide.

Onda

As estatísticas já destacam um segundo movimento mais forte, desta vez da classe C em direção à B. De 2010 para cá, enquanto a primeira cresceu 7,3%, a turma do segundo mais alto degrau da pirâmide social engordou 10,2%. “Agora, a nova onda de migração é para a classe B”, garante Pazzini. Isso vai acontecer por ser o grupo mais bem qualificado profissionalmente para defender renda maior em um ambiente de continuidade do crescimento econômico”, diz.

Bruno Tiago Oliveira, 27 anos, é um dos beneficiados pela mobilidade social. Filho de pedreiro, morava em uma casa simples com a mãe e o pai. Com renda mensal de R$ 1 mil, o patriarca bancava a alimentação, as despesas do lar e o estudo de Bruno, que concluiu o ensino médio. Faziam parte da classe D. Nos últimos anos, a renda da família deu uma guinada, não só porque o pai obteve um emprego que paga mais, mas também porque Bruno conseguiu um posto de vendedor de móveis. “Passei por cinco lojas e, agora, cheguei ao topo do salário nesse ramo”, comemora, ao contar que recebe cerca de R$ 2 mil mensais.

O dinheiro obtido com muito suor possibilitou também ao vendedor a conquista de novos sonhos. O primeiro deles, casar-se. Para isso, Bruno comprou cama, geladeira, guarda-roupa e uma televisão de LCD de 40 polegadas. “Minha vida melhorou bastante nos últimos anos, ainda que não dê para comprar tudo. Tenho de pesquisar e juntar dinheiro, mas com esforço estou conquistando minhas coisas”, ressalta. O próximo sonho a realizar, conta ele, é um curso de radiologia para obter um emprego melhor e uma renda maior.

Agora, um losango

É em pessoas como Bruno, da classe C, que o mercado está de olho, pelo seu potencial de consumo, com poder de compra estimado em R$ 700 bilhões, maior que os dos segmentos do topo, A e B. “É a maioria da população e já pode eleger sozinha um presidente da república”, lembra o economista Marcelo Neri, professor da FGV, autor do estudo que apontou a nova classe média brasileira, a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Deve-se, principalmente, à nova classe C a mudança do formato da pirâmide social, que passou do histórico triângulo invertido para um losango.

Na classificação da FGV, já está no degrau mais alto da pirâmide, ocupando a classe A, quem tem rendimento acima de R$ 6.329. Neri diz que as faixas de renda adotadas pela FGV retratam a classe média mundial. “Não é de fato a norte-americana, que tem dois carros na garagem”, avisa. De qualquer forma, diz ele, ser classe média é mais um estilo de vida do que ter determinada renda. “É esperar um futuro melhor, querer subir na vida”, afirma.

Talvez isso explique por que o bilionário e bem-sucedido empresário do setor de mineração, Eike Batista, com fortuna avaliada em US$ 30 bilhões e sempre em busca de novas oportunidades de negócios, se diz classe média.

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