sábado, 11 de junho de 2011

Dona dos camarins

A mais importante camareira de Brasília, Domingas Cardoso dos Santos, conta como é a vida há 30 anos no Teatro Nacional Fonte: correioweb.com.br 11/06

Ela conhece o traçado labiríntico dos bastidores do Teatro Nacional Claudio Santoro como se fossem as linhas da própria mão. Desliza pelo tablado de madeira com total conhecimento de causa. Para essa mulher, o rito de subir àquele palco não é sinônimo de ansiedade, de nervosismo e de garganta seca. Sem deslumbres nem idolatria, olha qualquer artista que surja, até mesmo o mais famoso. Sempre que pode tira uma foto para o seu álbum de retratos. Há 30 anos, completados em 1º de abril, o teatro é a segunda casa. Domingas Cardoso dos Santos, 64 anos, não é atriz, cantora, bailarina ou malabarista. Representa uma classe em extinção no universo cênico de Brasília: o das camareiras. Hoje é difícil encontrar essas profissionais nas salas de espetáculo da cidade. Mas a piauiense continua firme no posto e mantém o zelo pelo teatro mais tradicional de Brasília.

Em 1979, ela deixou a pequena cidade de Curimatá para buscar, na nova capital, uma oportunidade mais rentável de criar os dois filhos, os gêmeos Neuza e Djalma. Na chegada, arrumou um emprego como garçonete de um restaurante e ali conquistou a porta de entrada para o universo teatral. Um de seus clientes era Wilson Borges — diretor do teatro na época da construção. Ele a convidou para fazer parte do time de funcionários da nova casa. “Faltava tudo, o teatro estava todo incompleto, mas eu já cuidava dos camarins”, conta.

Com as obras para permitir o funcionamento pleno, o espaço foi fechado por um período e a equipe de funcionários, dispensada. Durante cinco anos, Domingas serviu cafezinho na extinta Portobras, a antiga empresa administradora de portos do Brasil. Mas o antigo chefe a reintegrou à equipe do teatro, que ela nunca mais deixou.

Desde sua estreia no papel de braço direito dos artistas, numa noite de gala em que recebeu o cantor Roberto Carlos, ela executa as mesmas funções. Abre e limpa os camarins, verifica se todos os equipamentos necessários estão em ordem. Há lâmpadas queimadas e consertos necessários? Ela chama um funcionário da manutenção, passa as roupas, ordena os figurinos, mantém os objetos pessoais da banda ou dos atores que se apresentam em ordem, ajuda todos a se vestirem, faz café, controla as chaves de cada camarim. A jornada só termina quando todas as salas do teatro estão trancadas. “Só não gosto de passar roupa. Em todos os anos, essa é a parte mais difícil”, admite.

Figurinos impecáveis

Nesse tempo de dedicação, nada de sobressaltos. A funcionária garante que nunca passou por nenhum susto, como um figurino estragado segundos antes de entrar em cena ou um mal-estar súbito de um astro ou estrela. “Na hora de passar a ferro, algumas amigas já queimaram peças de roupa, antes de o artista entrar em cena. Graças a Deus, nunca aconteceu comigo”, comemora. A especialista ensina: uma boa camareira deve exercitar a paciência, ser amável com toda a equipe envolvida no espetáculo e dar atenção a todos os pedidos.

Nem sempre os artistas retribuem na mesma moeda. Uma cantora (ela não revela a identidade) é famosa por não esbanjar simpatia quando se apresenta em Brasília. Opta sempre por se trancar no camarim, arruma-se sozinha e só sai de lá pronta. “Ela só gosta dos empresários”, alfineta. Mas a situação oposta é mais frequente, garante. Na maioria das vezes, essa equipe de “faz tudo” nos bastidores é muito bem tratada por celebridades de todos os tipos. E Domingas tem seus famosos favoritos: o cantor Fábio Júnior e o ator Thiago Lacerda, que despertam os suspiros da camareira sempre que seus nomes são citados. “Eles são muito gente fina!”, diz, entusiasmada. Miguel Falabella também ganhou seu coração. “Muito gente boa. Ele senta nos bastidores e conversa com a gente.”

Os encontros renderam dois álbuns abarrotados de fotografias com gente que já ganhou seus cuidados nas coxias. “Só peço fotos para os artistas de que mais gosto”, revela. E sua coleção de fotografias tende a aumentar, já que a camareira pretende seguir em sua função por tempo indeterminado. “Já está na hora de me aposentar, mas estou dando um tempo. Trabalho desde criança, tenho medo de parar e dar depressão”, conta.

A bailarina de branco

Dizem que quem passa boa parte da vida de um teatro convive com outras “entidades” — além dos atores, dos produtores e da plateia: os fantasmas. Domingas assegura que os boatos não passam de lenda e que nunca esteve diante de qualquer alma penada, mas reproduz as histórias que seus amigos contam. A mais famosa delas é a da bailarina de branco. Há muito anos, uma antiga camareira da casa ouviu o som de um piano sendo tocado dentro de um camarim. Aproximou-se da porta, girou a chave e não viu nenhum piano ou pianista. Entrou no elevador e percorreu algumas áreas do teatro à procura do músico fujão. Em um andar, uma bailarina de branco entrou no elevador e, poucos segundos depois, evaporou diante dos olhos da incrédula camareira. Reza a lenda que, de vez em quando, a misteriosa bailarina aperta o botão do aparelho e dá o ar da graça a um funcionário que faz serão.

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Acervo Folha narra história da música popular no Brasil

Arquivo mostra como o jornal retratou bossa nova, tropicalismo e o sucesso do rock nacional

Cobertura inclui desde as manifestações de maior apelo comercial até o lado "impopular" da produção do país Fonte: folha.uol.com.br 11/06

A trajetória da música brasileira nas últimas décadas oscila entre apelo de massa e sofisticação, sucesso comercial e interesse artístico, "popular" e "impopular".

Os campos, não necessariamente antagônicos, têm em João Gilberto, inventor da bossa nova e que completou 80 anos ontem, uma de suas maiores sínteses.

Uma consulta ao site do Acervo Folha (acervo.folha.com.br), que oferece a íntegra das edições do jornal desde 1921, mostra como a Folha registrou essa trajetória, antes de João Gilberto e para além dele, do rádio à internet -com todas as suas tensões entre passado e futuro, abertura para o mundo e retorno às origens.

A "abertura para o mundo" está, por exemplo, nos textos sobre a apresentação dos bossa-novistas brasileiros no Carnegie Hall, em Nova York. Já consolidada no Brasil, a bossa se tornava produto "for export", como o futebol.

Diante disso, parecia natural que a imprensa brasileira tentasse defender a qualidade de seu produto, como na capa da Ilustrada de 4/12/1962 ("Bossa nova não desafinou em Nova York, como dizem").

Nem era necessário: o selo de aprovação do grande mercado consumidor (os Estados Unidos) estava dado. A edição de 15/11/1964, por exemplo, já noticiava: "Tom Jobim vai orquestrar para Frank Sinatra gravar" (na verdade, a colaboração entre os dois ocorreria em 1967).

Outros pontos centrais da história da MPB -sigla surgida no pós-bossa nova quase como um espelho do partido MDB (Movimento Democrático Brasileiro), a oposição consentida à ditadura militar- foram cobertos pelo jornal com destaque pelo interesse que suscitavam.

Em 23/10/1967, ""Ponteio" ganhou a Viola de Ouro" foi o título da matéria sobre o festival que, vencido por Edu Lobo, classificaria do 2º ao 5º lugar Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano e Roberto Carlos, respectivamente.

O festival serviu também de pontapé inicial do tropicalismo -encerrado no final de 1968, com as prisões de Caetano e Gil após a entrada em vigor do AI-5. Em 30/5 daquele ano, reportagem mencionava o especial "Vida, Paixão e Banana da Tropicália", que não chegaria a ir ao ar.

ROCK E DEPOIS

Nos anos seguintes, o jornal daria ainda mais destaque à música popular, como notícia em si ou objeto de análise, mesmo num contexto de censura à imprensa e à própria produção de compositores como Chico Buarque.

O "Folhetim", suplemento cultural que marcou época nos anos 70, publicou edições com capas dedicadas a Tom Jobim (23/1/1977), Vinicius de Moraes (7/8/1977) e Elis Regina (3/6/1979).

A Folha também cobriu a explosão comercial do rock brasileiro a partir da década de 80 (Blitz, Paralamas, Titãs e Legião Urbana logo depois) e a viabilização de grandes shows internacionais no país, a partir do primeiro Rock in Rio (21/1/1985).

Também seria um dos primeiros grandes veículos a destacar a cena pop de Recife ("Chico Science inova com o mangue beat", 1º/11/1993) e a explosão do rap na periferia paulistana (capa sobre os Racionais MC's).

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Jorge Semprún defendia ideais libertários

Vida de intelectual espanhol, que sofreu tortura nazista, foi marcada por ativismo progressista e estilo discreto Fonte: folha.uol.com.br 11/06

O escritor Camilo José Cela (1916-2002) atacava Jorge Semprún -morto no último dia 7, aos 87 anos-, então ministro da Cultura no governo socialista de Felipe González, afrancesando a pronúncia do sobrenome: "Semprã" em vez de Semprún. Era uma maneira de afastar Semprún da pátria. Cela o fazia porque considerava que o "afrancesado" o havia maltratado por não lhe conceder o Prêmio Cervantes, maior da língua espanhola.

Semprún não respondia aos insultos, que costumavam ser reiterados por Cela e seus amigos em piadas referentes ao Nobel, concedido a Cela em 1989, e que lhe havia valido grande popularidade.

Eram dois caráteres muito distintos. Ambos espanhóis, claro, mas a vida, a história pessoal e o drama do século 20 haviam diluído as fronteiras de Semprún, enquanto Cela permaneceu em casa.

O exílio forçoso de seus pais levou Semprún à França, quando estourou a Guerra Civil Espanhola, e a Segunda Guerra o levou à resistência organizada contra os nazistas, em solo francês.

Antes e depois, adquiriu sólida cultura filosófica e poética, o que permitiu, segundo suas memórias e biografias, diversos encontros.

Semprún demorou 16 anos, depois de 1945, para abordar como escritor sua vida no campo de concentração de Buchenwald, onde sofreu com as torturas nazistas.

Demoraria ainda mais a relatar a experiência como clandestino na Espanha, onde era comunista opositor ao general Franco (1892-1975).

Semprún era um homem reservado, tanto que jamais se soube, em seu período de residência clandestina em Madri, quem ele fosse realmente. Nem mesmo o poeta Ángel González, em cuja casa ele viveu por muito tempo, disfarçado de jovem estudante de doutorado em Salamanca, sabia que organizava oposição ao franquismo.

Quando deixou a militância comunista, poderia ter cedido à tentação de mudar de lado. Mario Vargas Llosa comentou recentemente que ele fez sua viagem sem mudar de grupo. Continuou progressista até o final.

Semprún relatou o que lhe aconteceu à beira da piscina de Simone Signoret e Yves Montand, na França. Os atores o desafiavam a nadar na piscina. Ele resistiu tanto que precisou explicar porque a água lhe dava medo.

A tortura mais perversa que os nazistas praticaram se chamava "banheira", e a piscina o fazia recordá-la.

O compromisso dele era impedir que isso voltasse a acontecer. Portanto, eram imprescindíveis as armas da revolução francesa. Aí a razão desse europeu apaixonado, um dos principais escritores do século 20, ser afrancesado. Cela, na verdade, fazia um elogio em lugar de um insulto ao chamar Semprún de "Semprã".

JUAN CRUZ é escritor e jornalista espanhol, diretor-adjunto do "El País"

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JOSÉ SIMÃO

Vulcão! Gretchen soltou um pum!

E uma amiga quer passar o Dia dos Namorados em estado de coma.

COMA-ME PELO AMOR DE DEUS Fonte: folha.uol.com.br 11/06

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!

Breaking News! Manchete do "Piauí Herald": "BC estuda tingir o Palocci de rosa". Rarará!

E olha o anúncio para o Dia dos Namorados: "Alugo-me para o Dia dos Namorados. Visito família, falo que amo e tiro foto pra botar no Facebook". Não rola nem beijo na boca? E a observação: "Não adianta se apegar porque segunda-feira está tudo acabado". E uma amiga minha quer passar o Dia dos Namorados em estado de coma. COMA-ME PELO AMOR DE DEUS!.

E a frase que corre na internet: "E daí eu passar o Dia dos Namorados sem namorado? Eu não passo o Dia do Índio com um índio. Não passo o Dia da Árvore com uma árvore. E nem passo o Dia de Finados com um defunto".

E o motel em Campo Grande: "Junho. Mês dos Namorados no Motel Tudo Bem. Promoção: almoço executivo ou caldo de piranha na madrugada". Caldo de piranha de madrugada? Então eu vou sozinho! Rarará!

E não adianta escolher namorado pelo carrão. Eu tenho uma foto de uma Ferrari, um Porsche e uma BMW estacionados na porta de uma clínica. Clínica de quê? Alongamento de pênis! Rarará!

VASCO! O Bacalhau Carioca! Campeão da Copa Brasil! Depois de cem anos como vice! Ou seja, o Palmeiras não precisa perder as esperanças! Rarará! E o material esportivo está todo com cheiro de naftalina. Aquele monte de vascaíno espirrando!

E um cara escreveu no site Kibeloco a ironia das ironias: "O Sérgio Cabral, que é vascaíno, teve que assistir o time dele desfilando de ônibus fechado porque não tinha carro de bombeiro a disposição". Depois de cem anos, aquele monte de vascaíno desorientado, perdido, sem saber como comemorar! "Como a gente comemora mesmo?" Rarará!

E este seria o time ideal para o Vasco: Manuel, Joaquim, Manuel Joaquim e Joaquim Manuel. Bacalhau, Roberto Leal e Ovos Moles.

E o vulcão! Eu já falei que, pelo tamanho da fumaça, só pode ser: 1) acenderam um baseado; 2) dois argentinos fazendo churrasco ou queimando a rosquinha; 3) a Gretchen tava passando pelo Chile e soltou um pum!

E, no aeroporto, um revoltado com o vulcão disse que o Chile é um saco. Porque fica embaixo do Peru! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

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TJ investiga magistrados por baixa produtividade

Tribunal tenta acelerar processos pendentes Fonte: folha.uol.com.br 11/06

Três desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo começaram a responder ontem a um processo administrativo por conta de sua baixa produtividade.

Eles terão 15 dias para explicar por que ainda não julgaram processos que foram distribuídos antes de 2006.

O "Diário Oficial" da Justiça paulista também pediu informações a outros três magistrados sobre a quantidade de processos acumulados.

Os nomes dos desembargadores não são divulgados.

É a primeira vez que o tribunal em SP fiscaliza desembargadores. A decisão foi tomada pelo Órgão Especial do tribunal na quarta-feira, com base em resolução editada em março.

A norma determina que magistrados com acúmulo de processos parados sejam retirados dessas causas e expliquem o motivo da demora.

A punição pode chegar a aposentadoria compulsória e afastamento remunerado.

Uma lista sobre o que os magistrados julgaram e o que está pendente tem sido publicada mensalmente. Desde a resolução, três desembargadores se aposentaram, sendo que um deles admitiu em nota tê-lo feito para evitar punições.

O tribunal decidiu também dar prazo de 120 dias para que 14 desembargadores julguem processos iniciados até dezembro de 2006, ou de 2007 caso envolvam homicídios e crimes contra a vida.

"Há um sentimento de desconforto em relação a essa portaria por parte de muitos colegas", afirmou o presidente da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), Henrique Nelson Calandra.

O Órgão Especial do TJ questionou os desembargadores com mais de 3.000 processos em mãos.

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STJ afasta magistrados do TJ-TO Fonte: opopular.com.br 09/06

Palmas - A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, ontem à tarde, afastar por 180 dias o desembargador Amado Cilton Rosa, 59 anos, do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJ-TO). Os ministros decidiram ainda prorrogar por mais 180 dias o afastamento dos desembargadores Willamara Leila de Almeida, 55 anos, Carlos Luiz de Souza, 64 anos, e José Liberato Costa Póvoa, 67 anos. Servidora do TJ, a esposa de Amado, Liamar Fátima Guimarães Rosa, 49 anos, também foi afastada ontem pelo mesmo período.

As decisões fazem parte do Inquérito número 569, que desencadeou, em dezembro do ano passado, a operação Maet, realizada pela Polícia Federal (PF), com o apoio do Ministério Público Federal, por determinação do STJ.

MANIPULAÇÃO

Os desembargadores são suspeitos de manipulação de autorização de pagamento de precatórios e de venda de decisões judiciais. Os esquemas contariam com a participação de funcionários do Judiciário do Estado, além de advogados que fariam lobby junto aos magistrados. Willamara, Souza e Póvoa estão fora do TJ desde 17 de dezembro e, na próxima semana, se encerrava o período de afastamento imposto pelo STJ.

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Um comentário:

Carlos disse...

Por que o ato dos bombeiros cria um precedente perigoso

Os bombeiros assim como qualquer categoria têm o direito de pedir melhoria salarial, ocorre que por servirem junto com a PM, sob regime militar, lhes é vetado o direto à greve. Nos últimos dias o que tenho visto no Rio é um circo. Uma categoria que vem sendo “doutrinada” por políticos faz meses, chega ao ponto de rasgar sua lei militar, invadir um quartel, ocupar e inutilizar viaturas.
Ora, isso é inadmissível em um estado de direito. Imaginemos se médicos decidem fazer greve, invadir hospitais, furar pneu das ambulâncias e trancar as portas; E se um dia policiais em greve ocuparem os presídios e ameaçarem soltar os presos? Não obstante, teríamos ainda a possibilidade de Soldados do exército em greve, colocarem tanques para obstruir vias. Pergunto: Onde a sociedade vai parar? É esse o precedente que a sociedade deseja abrir com os bombeiros?
Para que não corramos esse risco há uma legislação militar que rege as FFA, Bombeiros e a PM. Independente de qualquer pleito salarial, ela tem de ser respeitada. No momento em que a sociedade permitir que essa lei seja ignorada, estará pondo em risco sua própria ordem.