LENTE
Dormir se torna a preocupação do momento
Em certas empresas, os funcionários estão livres para cochilar Fonte: folha.uol.com.br 06/06
Jogadores de basquete profissional da Associação Nacional de Basquete (NBA, na sigla em inglês) como Lebron James, Grant Hill e Steve Nash juram que tiram um cochilo antes dos jogos, dizendo que tal prática faz com que eles recuperem a energia e estejam prontos para a competição.
Jogadores que têm nove horas de sono possuem maiores chances de reagir mais rapidamente e jogar melhor, de acordo com o doutor Charles Czeisler, o diretor da Divisão do Sono da Escola de Medicina de Harvard.
"Se você faz parte do mundo corporativo, adoraria tirar um cochilo", disse o jogador do Filadélfia 76ers Jason Kapono ao jornal "The New York Times". "Então, por que não o faria se você pudesse?", completou.
Porque para o restante da América -diferentemente de países quentes e de clima mediterrâneo que possuem a chamada "siesta"- a soneca é algo improdutivo ou preguiçoso. Mas cochilar pode estar perdendo esse estigma, já que pesquisas estão mostrando que os cochilos podem corrigir desatenções ao longo do dia, pois aumentam o nível de alerta, a produtividade e a memória, além de melhorar o humor. Um estudo britânico descobriu que a soneca pode fazer bem para a pressão sanguínea, e pesquisa na Grécia concluiu que o cochilo diminui o risco de infarto e derrame cerebral, de acordo com o "Times".
As companhias se renderam ao cochilo de 20 minutos como uma maneira de prevenir a perda de bilhões de dólares anuais em queda de produtividade.
E por que não, se já existem atrações no trabalho como academia, creche, sala de videogames e, até mesmo, lugar para os cachorros? Os trabalhadores da Nike possuem um "quarto silencioso" para o bem-vindo cochilo, o Google também possui algo parecido, e Jawa, uma companhia de celulares do Arizona, conta com dois quartos voltados para o repouso.
Depois que controladores de voo nos EUA foram pegos cochilando no trabalho, a Administração Federal de Aviação, em abril, mudou os horários para combater a sonolência. Na Alemanha e no Japão, os controladores de voo, quando estão com sono, vão para quartos silenciosos.
Dormir se tornou a preocupação do momento. Mesmo que você consiga tê-lo de graça, o sono está sendo negociado, comercializado, como sendo um prazer, por vezes inalcançável, escreveu o "Times". Yelo, um salão localizado em Manhattan, vende aos ansiosos nova-iorquinos a promessa de um breve, mas revigorante sono em um quarto privado (o preço começa em US$ 17 pelo direito de descansar por 20 minutos). A saúde do sono também virou um rentável negócio para a indústria do spa. Um número crescente deles oferece tratamentos que se enquadram na medicina do sono, reportou o "Times". Um salão de Londres disponibiliza massagens, sem se esquecer, é claro, do cochilo na chamada "Barraca do Sono".
Para ajudá-los a dormir melhor, os consumidores compram travesseiros especiais. A melatonina, adicionada aos alimentos, é o ingrediente utilizado para obter o efeito calmante. Chamados de "bolos da preguiça", esses produtos, que contêm oito miligramas de melatonina, são vendidos por US$ 3 a US$ 4 como uma forma de promover o tão perseguido relaxamento.
Em um mundo estressado e cada vez mais baseado em remédios, as pessoas exigem sempre uma solução. Como Jussie Gruman, a presidente do Centro para a Saúde de Washington, disse ao "Times": "Você pode comprar coisas como excitação sexual, um novo padrão para o seu rosto, um corpo esbelto, então, por que não poderia comprar o sono?
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Americano Christian Marclay ganha Leão de Ouro em Veneza
Prêmio máximo concedido a pavilhão alemão foi aplaudido Fonte: folha.uol.com.br 06/06
Uma obra de 24 horas está no auge de seus 15 minutos de fama. Christian Marclay, artista norte-americano que venceu o Leão de Ouro entregue no sábado, na Bienal de Veneza, agradeceu com a brincadeira o maior prêmio das artes visuais no mundo.
Sua obra é uma compilação de cenas de filmes que têm em comum um relógio marcando um mesmo horário. Juntos, os fragmentos duram 24 horas, como se estivesse congelado o tempo.
Mas é o contrário o que acontece agora no circuito global, ainda mais nesta edição da Bienal de Veneza, que opõe um artista de cinco séculos atrás como Tintoretto a um vasto número de autores emergentes e o consagrado Marclay, nascido em 1955.
Venceu o Leão de Prata, aliás, prêmio destinado a artistas com menos de 35 anos, o britânico Haroon Mirza. Considerado uma aposta da curadora suíça Bice Curiger, à frente da Bienal, também conquistou um júri presidido pelo egípcio Hassan Khan.
Sua obra gira em torno de projeções e componentes mecânicos. Uma delas é uma sala escura no Arsenale que tinha instalado no teto um aro luminoso. Espectadores aguardam para entrar, ouvem um zunido elétrico e depois presenciam o apagar repentino da luz, que deixa seu contorno gravado na retina.
Dos 89 pavilhões nacionais, o alemão levou o prêmio máximo. Espécie de homenagem póstuma ao artista Christoph Schlingensief, morto em 2010 enquanto trabalhava para a mostra, a representação da Alemanha remontou o projeto em que seus polêmicos filmes estão dispostos num altar. A premiação foi muito aplaudida.
Causou furor na plateia da cerimônia a subida ao palco do austríaco Franz West e da americana Sturtevant, ambos premiados com o Leão de Ouro pelo conjunto da obra.
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Uma boa noite de sono não é um luxo; é uma necessidade
The New York Times 05/06
Nos meus anos de juventude, eu via o sono como um mal necessário, como uma forma de a natureza sabotar o meu desejo de encaixar o máximo de atividades possível num dia de 24 horas. Eu costumava pegar o voo noturno da Califórnia, por exemplo, e passava o dia seguinte tranquilamente (ou pelo menos eu achava) com menos de quatro horas desconfortáveis de sono.
Mas minha negligência estava me cobrando um preço que eu não estava gostando muito. Meu marido chamava nossas noites no balé e no teatro de “as sonecas mais caras da Jane”. Eventualmente, desistimos de comprar ingressos. Dirigir também era perigoso: eu caí no sono duas vezes enquanto estava no volante, e por pouco não sofri um acidente. Hoje eu percebo que vivia num estado crônico de falta de sono.
Não quero mais cochilar nos eventos culturais, e não tenho mais meu marido para me acordar enquanto dirijo. Também não quero comprometer minha capacidade de pensar e reagir. Conforme revelou uma pesquisa citada recentemente na The New York Times Magazine: “as pessoas com falta de sono não sabem julgar bem nossa necessidade de sono. Nós não somos tão perspicazes quanto achamos que somos.”
Estudos mostraram que as pessoas funcionam melhor depois de sete a oito horas de sono, então meu objetivo agora é dormir sete horas ininterruptas, a quantidade associada com a menor taxa de mortalidade. Mas na maioria das noites, alguma coisa interfere, e me mantém acordada além do horário que eu estipulei para apagar às luzes, às 22h – uma tarefa doméstica importante, um e-mail que exige uma resposta urgente e elaborada, uma carta de condolências que eu não encontrei tempo para escrever durante o dia, um longo artigo que preciso ler.
Sempre há alguma coisa.
O que nós mantém acordados?
Eu sei que dificilmente sou a única. Entre 1960 e 2010, a noite de sono média dos adultos nos Estados Unidos caiu de mais de oito horas para seis horas e meia. Alguns especialistas preveem que essa redução continue, por conta de distrações como e-mails, mensagens de texto e mensagens instantâneas, e das compras online.
A idade pode ter um efeito prejudicial sobre o sono. Numa pesquisa por telefone realizada em 2005 com 1.003 adultos de 50 anos ou mais, a Organização Gallup descobriu que apenas um terço dos adultos mais velhos tinham uma boa noite de sono todos os dias, menos da metade dormia mais de sete horas e um quinto dormia menos de cinco horas por noite.
Com o avanço da idade, ocorrem mudanças naturais na qualidade do sono. As pessoas podem levar mais tempo para dormir, e tendem a ficar sonolentas mais cedo e também a acordar mais cedo. Elas passam mais tempo nos estágios mais leves do sono e menos tempo num sono restaurador profundo. O sono REM, durante o qual a mente processa emoções e memórias e alivia o estresse, também diminui com a idade.
Os hábitos que arruínam o sono normalmente acompanham o envelhecimento: menos atividade física, menos horas ao ar livre (a luz do sol é o principal regulador do sono e da vigília), menor atenção à dieta, tomar medicamentos que podem prejudicar o sono, cuidar de um parceiro com doença crônica, ter um parceiro que ronca. Algumas pessoas usam álcool na esperança de que ele induza ao sono; na verdade, ele o perturba.
Acrescente a esta lista uma série de problemas de saúde que tiram o sono, como a artrite dolorosa, diabetes, depressão, ansiedade, apneia do sono, ondas de calor nas mulheres e aumento da próstata nos homens. Nos últimos anos de vida, meu marido sofreu da síndrome das pernas inquietas, que o obrigava a levantar e andar no meio da noite até que os sintomas desaparecessem. Numa noite recente, eu fiquei acordada durante horas com cãibras na perna que simplesmente não iam embora.
Sono de beleza e mais
Uma boa noite de sono é bem mais do que um luxo. Seus benefícios incluem melhorias na concentração, memória de curto prazo, produtividade, humor, sensibilidade à dor e na função imunológica.
Se você se preocupa com a aparência, uma quantidade maior de sono pode até torná-lo mais atraente. Num estudo publicado na internet em dezembro pela revista BMJ, pesquisadores da Suécia e Holanda reportaram que 23 adultos com falta de sono pareciam estar, aos olhos de observadores não treinados, menos saudáveis, mais cansados e menos atraentes do que pareceram depois de uma noite inteira de sono.
Talvez mais importante que isso, perder sono pode fazê-lo engordar – ou, pelo menos, deixá-lo mais gordo do que você seria se dormisse bem. Num estudo de pesquisadores de Harvard envolvendo 68 mil mulheres de meia idade acompanhadas por 16 anos, aquelas que dormiam cinco horas ou menos por noite pesavam 2,5 quilos a mais – e tinham 15% mais chances de se tornarem obesas – do que as mulheres que dormiam sete horas todas as noites.
Michael Breus, psicólogo clínico e especialista do sono em Scottsdale, Arizona, e autor de “O Plano de Dieta do Médico do Sono”, aponta que à medida que a duração média do sono diminuiu nos Estados Unidos, o peso médio dos norte-americanos aumentou.
Há motivos plausíveis para pensar que esta é uma relação de causa e efeito. Pelo menos dois fatores podem estar envolvidos: mais horas acordados em casas cheias de comida e lanches; e possíveis mudanças nos hormônios lepitina e grelina, que regulam o apetite.
Num estudo publicado em 2009 pelo The American Journal of Clinical Nutrition, o Dr. Plamen D. Penev, endocrinologista da Universidade de Chicago, e coautores exploraram o consumo e os gastos de calorias de 11 voluntários saudáveis que passaram períodos de 14 dias num laboratório de sono. Todas as estadias ofereceram acesso ilimitado a salgados apetitosos. Durante uma estadia, os voluntários – cinco mulheres e seis homens – ficaram limitados a 5,5 horas de sono por noite, e durante as outras, tiveram 8,5 horas de sono.
Embora os indivíduos tenham comido a mesma quantidade de alimentos durante as refeições, nas noites mais curtas, eles consumiram uma média de 221 calorias a mais em lanches do que consumiram quando tiveram mais horas de sono. Os lanches que comiam tinham alto teor de carboidratos, e os indivíduos não gastaram mais energia do que nas noites mais longas. Em apenas duas semanas, o lanche extra à noite podia acrescentar quase 450 gramas ao peso do corpo, concluíram os cientistas.
Esses pesquisadores não encontraram mudanças significativas nos níveis dos hormônios lepitina e grelina no sangue dos participantes, mas outros descobriram que as pessoas que dormiam menos tinham níveis mais baixos de lepitina, que suprime o apetite, e níveis mais altos de grelina, que estimula o aumento do consumo de calorias.
A falta de sono também pode afetar o funcionamento de um grupo de neurônios no hipotálamo do cérebro, onde outro hormônio, a orexina, está envolvido na regulação do comportamento alimentar.
Resumindo: resista à tentação de fazer mais uma tarefa no fim do dia. Se os problemas de saúde prejudicam seu sono, busque um tratamento que possa minimizar esse efeito. Se você tem dificuldade de dormir ou costuma acordar durante a noite e não consegue voltar para a cama, você pode tentar tomar suplementos de melatonina, o indutor natural do sono no corpo. Eu o deixo ao lado da minha cama.
E se tudo mais falhar, tente tirar um cochilo durante o dia. Os cochilos podem melhorar o funcionamento do cérebro, a energia, o humor e a produtividade.
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CULTURA POPULAR
Feira de histórias Fonte: correioweb.com.br 07/06
Mais do que mercadorias, a Feira do Troca, em Olhos D’Água, a 80km do Plano Piloto, reúne histórias. Em sua 76ª edição, a feira — que é realizada duas vezes por ano na cidade goiana — levou cerca de 10 mil pessoas, de sexta a domingo, ao gramado em frente à igreja de Olhos D’Água. Quem chegava podia encontrar artesanatos, acessórios, doces, cabaças e até salão de beleza. Teatrinho de bonecos, música, catira e brinquedos infláveis fizeram a festa de quem acordou cedo para curtir tudo de perto.
Moradores de Brasília, Goiânia e cidades vizinhas levam roupas, sapatos, acessórios e utilidades domésticas em bom estado de conservação e tratam diretamente com os expositores. O negócio é bom para os dois lados. Quem vem de fora deixa produtos úteis para os artesãos e leva para casa esculturas, cerâmicas, tapetes, bonecas, caminhos de mesa, chapéus e bolsas, entre outros trabalhos.
O crescimento da festividade é nítido. A professora Nilva Belo, que ajudou a agregar programações culturais ao evento, orgulha-se do resultado. “Hoje, a Feira do Troca é uma forma de divulgação da cidade. Muitas passaram a investir em casas e chácaras depois de terem conhecido a feira. Essa é a oportunidade para mostrar o trabalho cultural e social de Olhos D’Água”, afirma.
O importante na troca é a satisfação de ambas as partes. A designer de moda Patrícia Pinheiro, por exemplo, trabalha com uma comunidade de Pirenópolis que vive do cultivo do algodão. Geralmente, ela vai à feira para trocar roupas por instrumentos de trabalho. No domingo, saiu de lá sorridente, com uma roca de fiar. “Essa roca significa mais uma fonte de rentabilidade para as mulheres de Pirenópolis”, conta.
O troca-troca segue no ritmo das necessidades. No fim, a tranquilidade dá lugar à correria. Ninguém quer voltar para casa com as mesmas coisas. Passando pelas barracas e pelos panos estendidos no chão, os comerciantes querem mesmo é fazer negócio. “As trocas não funcionam tanto como antigamente, mas ainda é possível conseguir boas coisas, principalmente roupas e sapatos”, conta o artesão Lourenço Silva, morador de Olhos D’Água, pai de quatro filhos. “Conheço a Feira do Troca há muitos anos. Hoje, apesar de ter se modificado um pouco, ela ainda é muito boa”, elogia Rezone da Silva, servidora pública de 45 anos.
O início
A ideia de trocar os bens de consumo veio de dois professores que adotaram a cidade como lar: Laís Aderne e Armando Faria Neves. “A Feira do Troca é mais do que uma atração turística. É o crescimento da economia e a valorização do trabalho local”, diz Armando. Eles foram para lá no início dos anos 1970, e como faltava tudo para a comunidade, levavam de Brasília doações de gente da alta sociedade. “Como o objetivo era doar, mas sem parecer caridade, nós pendurávamos tudo em um grande varal e recebíamos em troca um tapete, um caminho de mesa, o que as pessoas pudessem dar”, explica o professor.
Pouco tempo depois, tudo funcionava mais ou menos assim: se um produzia feijão e o outro tinha abóbora, era feito o escambo. Se uma artesã tecia uma coberta ou um pano para calça, trocava por um saco de farinha. Assim, a comunidade atendia suas necessidades. Vendo isso, Laís idealizou a feira para chamar a atenção de um novo público e ampliar o mercado de trocas. Ela incentivou a criação da Associação de Artesãos, que mais tarde viria a assumir a direção do evento. Surgia, então, em 1974, a primeira feira, unindo duas práticas tradicionais na região: o escambo e o artesanato.
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DIREITOS HUMANOS
Atrás da proteção perdida
Diante do crescimento das mortes de ativistas em conflitos agrários, Câmara acelera aprovação de lei para dar mais segurança a militantes. Fonte: correioweb.com.br 07/06
A Câmara deve aprovar até a próxima semana o projeto de lei que institucionaliza o Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos. A proposta, já analisada por todas as comissões, será apresentada hoje durante a comissão geral sobre a violência contra lideranças do movimento agrário e ambientalistas. O programa, criado em 2005, está presente em apenas cinco estados (Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará e Pernambuco) e protege, atualmente, 148 pessoas.
A Comissão Pastoral da Terra apresentou uma lista de quase 2 mil pessoas ameaçadas no país. O governo defende a votação do marco legal do programa. A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, cobra a adesão urgente e o apoio dos estados da Região Norte, especialmente aqueles que enfrentam conflitos agrários.
A votação da proposta está sendo negociada por deputados da base do governo e aqueles ligados à área dos direitos humanos. A expectativa é que os parlamentares aprovem primeiro o projeto de lei que tipifica o crime de extermínio, de autoria do deputado Luiz Couto (PT-PB), e, em seguida, o PL nº 4.575/2009, que formaliza o programa.
“É urgente a necessidade de criar esse instrumento público de defesa para aqueles que prestam serviço e arriscam sua vida na defesa dos direitos humanos. Não adianta só tirar a pessoa do seu lugar ou colocar escolta. Nem temos policiais para isso. É preciso melhorar as investigações e identificar os criminosos, inclusive os mandantes”, afirma o deputado paraibano, relator da proposta.
Execução
O Correio mostrou ontem que a execução orçamentária do programa de defensores é outro entrave para a proteção das lideranças. No ano passado, o governo destinou R$ 6,9 milhões para o programa. Apenas R$ 1,6 milhão foi pago, o que representa menos de 25% do previsto. Este ano, dos R$ 7,5 milhões aprovados no orçamento, pouco mais de R$ 2,3 milhões foram gastos.
De acordo com Alexandre Ciconello, especialista em direitos humanos do Inesc, a responsabilidade pelo mau andamento do programa é compartilhada. “O Congresso precisa votar o projeto. É difícil ter uma dimensão da proposta se não for regulamentada. Os estados precisam aderir e o Executivo, investir recursos financeiros. O orçamento pífio mostra que não é prioridade”, diz, destacando que o programa é paliativo. “O ideal seria mudar as causas que fazem com que esses ‘heróis’ sejam assassinados.”
O aumento da violência no campo levou o governo a lançar uma força-tarefa para conter a impunidade e solucionar os crimes mais recentes. O grupo técnico é formado por integrantes dos ministérios da Justiça, Defesa e Secretaria de Direitos Humanos. Nos últimos 10 dias, pelo menos cinco pessoas foram assassinadas em conflitos agrários.
Pena mais severa
Além de tipificar, a proposta estabelece novas penas para o crime de extermínio. No caso dos homicídios cometidos por agentes públicos, a nova lei dobra a pena e ainda federaliza as investigações.
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JOSÉ SIMÃO
Ueba! PAC é: Palofi Agora Cai!
Bullying no Palofi. Depois daquela entrevista no "JN", concluí que ele precisa é de fonoaudióloga. Rarará! Fonte: folha.uol.com.br 07/06
BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
Direto do País da Piada Pronta: "Dentista mantinha boca de fumo". Rarará! E o cartaz em Ceilândia: "Alugo-me para o Dia dos Namorados. Beijo na Boca. Tiro Foto. E digo que amo!". Só isso? Como diz uma amiga: "Eu faço muito mais e de graça!"
E a predestinada das predestinadas. Sabe como se chama uma das laranjas do apartamento do Palocci? Rosailde LARANJEIRA da Silva! Rarará! A lalanza do Faloffi!
Aliás, diz que o Palofi vai virar astro de Hollywood. Vai fazer o remake de cinco filmes: "Você Quer Ser um Milionário?", "Um Corpo que Cai" "Palocci, um Porquinho Atrapalhado", "Querida, Engordei a Conta" e "Se Meu Apartamento Falasse".
E PAC agora quer dizer: Palofi Agora Cai! Só que ele não cai, rola! Rarará!
E o vulcão no Chile? Acenderam um baseado! Um morrão fumegante! E pelo tamanho da fumaça deve ser dois argentinos fazendo churrasco ou queimando a rosquinha. Rarará! Mais um vulcão de nome impronunciável: PUYEHUE-CAULLE!
O da Islândia era: EYJAFJALLAJOKULL ! É o trava língua dos jornalistas. Nome de vulcão é um desafio para os âncoras! Porque não mudam todos os nomes pra Zé? Assim, se um vulcão entrasse em erupção, era só anunciar: "O vulcão Zé acaba de pegar fogo".
E mais bullying no Palofi! Depois daquela entrevista no "Jornal Nacional", concluí que ele precisa mesmo é de uma fonoaudióloga.
Não entendi nada do que ele falou. Se ele pedir um bife com farofa, o cara traz uma feijoada.
E o Twiteiro: "Urgente! Roberto Dinamite contrata Palocci, Vasco multiplica gols e time vence Coritiba por 20X5!". Agora é tudo 20. Tabuada dos 20! 1 X1= 20! 7X4? 20!
E adorei aquela estilista do Fashion Rio que fez uma coleção misturando ícones das redes sociais com animais da savana. Redes sociais com animais da savana?! Já sei, é um Facebook de oncinha. Rarará! É o passarinho do Twitter!
E atenção! O Brasileiro é Cordial! Mais uma placa do Gervásio na empresa em São Bernardo: "Se eu pegar alguém atendendo o telefone com voizinha de locutor de rádio pirata, vou apertar as cordas vocais com o alicate de pressão desse Silvio Santos com cólica intestinal até ficar com voz de traveca véia. Conto com todos. Assinado: Gervásio". Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
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"Educação sem inovação vira burocracia"
Para criar formas de tornar informação mais acessível, Google aposta na retenção de talentos, diz vice-presidente
"Adoro quando eles falam que querem meu emprego", diz Alfred Spector; empregado busca fama e ascensão Fonte: folha.uol.com.br 07/06
O vice-presidente de Pesquisa e Iniciativas Especiais do Google, Alfred Spector, 54, é um entusiasta da missão da empresa de tornar toda informação acessível.
Atingir essa meta, diz, depende da capacidade de reunir pessoas inovadoras. Spector falou à Folha em Bogotá sobre esse e outros temas.
Relevância Fazemos questão de que os sites do Google sejam extremamente úteis para nossos usuários.
Se não formos inovadores, você talvez não queira usar os serviços do Google. Algum outro [site] vai fazer algo criativo.
Lucratividade
Queremos coisas que são ótimas para os usuários e que também nos tragam lucro. Há inúmeras utilidades no uso da tecnologia da computação para a publicidade. Um exemplo é a tradução, que pode ser usada para uma multinacional fazer publicidade global. Eu realmente acredito na utilidade dos nossos produtos. É o que moverá o modelo de negócios do Google.
Fórmula Google
O que nos faz únicos em nossa área é que estamos focados em organizar a informação e torná-la universal e de fácil acesso. Isso é muito apaixonante. É rico de uma perspectiva de oportunidade de inovação.
Velocidade de inovação
A atitude da companhia é: faça as coisas rápido; faça com qualidade e faça rápido. Temos alguns projetos muito difíceis, estamos tentando entender, por exemplo, como a visão humana pode impactar a visão computacional, é um esforço de longo prazo, mas ainda sim trabalhamos com prazos quadrimestrais.
Retenção de talentos
Pessoas muito talentosas têm muitas oportunidades. Talvez o que os mantêm trabalhando para nós é que sabemos disso. Temos que tratá-los com o entendimento de que trabalhar no Google é relação de "ganha-ganha".
Eles têm de crescer na carreira. Alguns querem ficar famosos como grande inovadores, outros querem virar diretores -eu adoro quando eles falam que querem o meu emprego.
É sempre um grande desafio manter talentos, mas é um ótimo desafio e no qual estamos indo muito bem. Somos abençoados com uma boa imagem mundial. Muitas pessoas nos procuram.
Falhas
A maioria dos meus projetos tem de ser bem-sucedida, mas derrotas são aceitáveis. Garanto que isso é a verdade. Há áreas do Google onde é mais fácil falhar do que seria em outros negócios.
Fazemos para os consumidores: se funcionar, ótimo; se não gostarem, tudo bem. Sociedade inovadora Deve haver educação, um modelo de sucesso e um desejo cultural para fazer coisas novas. Educação sem um desejo cultural para inovar redunda em burocracia. Algumas das maiores burocracias do mundo são tocadas por pessoas muito inteligentes.
Acho que isso fez a diferença no Vale do Silício e nos arredores de Tel Aviv.
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WikiLeaks para a ditadura
HUGO STUDART
Só uma política de ampla, geral e irrestrita transparência dos documentos será capaz de resgatar nossa memória; devemos colocá-los na internet Fonte: folha.uol.com.br 07/06
Insólito constatar que a ex-torturada Dilma Rousseff mantenha uma política restritiva de acesso aos documentos secretos da ditadura militar. É verdade que, em abril, o governo publicou portaria facilitando o acesso aos papéis sob a guarda do Arquivo Nacional.
Depois, Dilma anunciou a intenção de terminar com o sigilo eterno de documentos do Estado. Dias atrás, foi a Unesco quem anunciou, em Paris, que os documentos da ditadura viraram "memória do mundo", algo similar a "patrimônio da humanidade". Na casca, todos esses fatos aparentam dar maior relevância e transparência aos acervos.
Na essência, são irrelevantes para a reconstituição da história.
Há anos que se arrasta no Congresso o projeto da lei de acesso aos documentos públicos.
Significa, na prática, que hoje, tal qual nos tempos da censura prévia dos militares, o Arquivo Nacional tem poderes totais de só permitir o acesso aos documentos depois de burocratas examinarem o teor das informações. Querem antes saber se há informações incômodas aos ex-guerrilheiros ou às suas famílias. Efetivam, então, uma conjuração prévia dos conteúdos.
No momento em que se discute a criação da Comissão da Verdade, para rememorar ou punir atos de exceção da ditadura, só política de ampla, geral e irrestrita transparência dos documentos será capaz de resgatar nossa memória.
O melhor caminho a seguir é mandar tudo para a internet, tal qual o WikiLeaks. A relevância desse site foi disponibilizar um sistema colaborativo, em que especialistas podem analisar os conteúdos e registrar suas análises aos leigos.
Instituições como a Universidade de Brasília e a Unicamp já têm plataforma similar à do WikiLeaks.
Implementar de fato o direito à memória e à verdade está mais fácil do que se imagina.
O governo Dilma não pratica a dura censura prévia dos militares.
Mas não busca a transparência que o momento histórico exige.
Mas, afinal, o que há de relevante nos documentos da ditadura? Os militares não eram ingênuos. Não registraram em papéis provas de tortura ou o local onde estão os desaparecidos. Mas deixaram rastros dispersos em burocráticos relatos de missões, análises políticas, dossiês e inquéritos de presos políticos.
Na mão de leigos ou burocratas, esses papéis têm pouca serventia.
Com estudiosos, ajudariam a tecer uma intrigante trama histórica.
Nesses documentos há, por exemplo, o nome do sargento que matou sob tortura o operário Manoel Fiel Filho. Há também mexericos -relatos de adultérios e de "pederastia"-, além de curiosidades risíveis pela irrelevância.
Uma guerrilheira do Araguaia é descrita como "feia, dentuça e aparentando mais idade do que tem". E daí? Esse documento permanece trancado no Arquivo Nacional, para não constrangê-la.
Verdade seja dita, os documentos mais relevantes sobre o período militar não estão nos arquivos públicos, mas nos acervos pessoais de militares. Desde 1996, muitos deles e de seus familiares estão entregando papéis e imagens a jornalistas ou a historiadores.
Há pelo menos oito acervos pessoais importantes -de três militares e de cinco pesquisadores. Podem somar mais de 30 mil páginas.
Eu mesmo venho formando um acervo há 20 anos, buscando documentos em arquivos públicos ou com ex-militares. Há dois, quis doá-lo ao Arquivo Nacional, mas desisti quando descobri que nem mesmo o próprio doador teria acesso.
Agora, busco uma instituição disposta a catalogá-los e publicá-los na internet, como o WikiLeaks.
Os outros donos de três acervos querem o mesmo. Tudo na internet, sem exorcismos ou conjurações de documentos feitas por burocratas oficiais.
HUGO STUDART, jornalista e historiador, é autor do livro "A Lei da Selva", sobre a Guerrilha do Araguaia, e observador independente do grupo de trabalho interinstitucional que busca os corpos dos desaparecidos políticos.
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Inglês estuda terrores da Inquisição
Orientado por professor brasileiro, historiador Toby Green, 37, trata dos meios de tortura e condenação em livro
"Inquisição - O Reinado do Medo" analisa métodos e razões políticas em três séculos da instituição Fonte: folha.uol.com.br 07/06
Toby Green é fluente em português, com sotaque carregado e um vasto leque de expressões lusitanas.
Aos 37 anos, o historiador inglês é lusófono por causa das pesquisas que realiza desde 2002 sobre os cristãos-novos (judeus convertidos ao cristianismo) em Cabo Verde nos séculos 16 e 17.
Orientado pelo professor baiano Paulo Farias, fez seu doutoramento em estudos africanos na Universidade de Birmingham, chegando ao tema do seu primeiro livro publicado no Brasil, "Inquisição - O Reinado do Medo".
A Inquisição foi uma instituição criada no fim do século 15 para unir o povo da Espanha. Os portugueses a adotaram 36 anos mais tarde. Durante três séculos, minorias foram acusadas de heresia e condenadas à fogueira.
Atualmente, Green leciona história da África pré-colonial no King's College, de Londres, e falou com a Folha por telefone de Cambridge, onde vive com a família.
Folha - Segundo o livro, a Inquisição foi mais política que religiosa. O Vaticano foi manipulado pelos reis ibéricos?
Toby Green - Dizer que a Inquisição não teve a ver com a religião é um total engano. Houve uma Inquisição Medieval, conduzida por bispos. Mas, quando os reis Fernando e Isabel criaram a instituição na Espanha, em 1480, demitiram os funcionários papais e empregaram os do Estado. A nova Inquisição foi vinculada à burocracia.
A Coroa espanhola criou a instituição por causa das guerras civis. A medida conseguiu gerar um espírito de união entre os espanhóis?
No princípio, sim. Os reis decidiram colocar a população cristã contra os cristãos-novos e os mouros. Com o tempo, luteranos, maçons e homossexuais também viraram alvo. Dois séculos depois, já não havia mais inimigos externos e passou-se a perseguir os cristãos. Naquele momento, o abuso sexual apareceu como uma ferramenta de chantagem e tortura. Há muitos relatos de cristãs que sofreram abusos de inquisidores.
Que outros aparatos foram utilizados?
A tortura foi um dos primeiros. Os autos de fé [julgamentos] eram verdadeiros espetáculos de horror a céu aberto. A fofoca e a delação também foram estimuladas.
Qual foi o reflexo da Inquisição nas colônias?
Na América espanhola, México, Peru e Colômbia tiveram tribunais logo depois da Europa. No século 16, quando Portugal era o país mais poderoso do mundo, havia tribunal em Goa. No século 17, quando o Brasil se tornou mais importante para a economia da Coroa, o poder de Portugal já era fraco. O Brasil não teve um tribunal, mas recebeu a visita de funcionários na Bahia e em Pernambuco. Os hereges eram julgados em Lisboa.
Além de Paulo Farias e Ronaldo Vainfas, outros historiadores brasileiros contribuíram para o livro?
Anita Novinsky, Maria Luiza Tucci Carneiro e Luiz Mott também têm obras que me ajudaram muito na pesquisa.
Que outras pessoas lhe ajudaram a tornar o livro acessível?
Meu amigo Ian Rakoff foi quem mais me ajudou. Ele é roteirista há 40 anos, foi um dos autores de "The Prisoner", série de TV famosa no Reino Unido nos anos 60. Como ele não é historiador, fez observações importantes para deixar tudo mais claro.
INQUISIÇÃO - O REINADO DO MEDO
AUTOR Toby Green
EDITORA Objetiva
TRADUÇÃO Cristina Cavalcanti
QUANTO R$ 59,90 (480 págs.)
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Há um muro que separa Nollywood e o mundo do cinema Fonte: folha.uol.com.br 07/06
O nascimento de Nollywood é, em si, cinematográfico -pense em "Rebobine, Por Favor", o filme de Michel Gondry em que uma dupla faz sucesso com produções caseiras gravadas em VHS.
Mas é importante, ao menos por ora, considerá-la como fenômeno cultural, mais que sob a qualificação de indústria cinematográfica. Pois indústria é mais que produção em série. No caso do cinema, ela é o tripé produção/ distribuição/exibição.
Em Lagos, produz-se, e muito. A distribuição, como a produção, é precária, e não há controle sobre o número de cópias, reproduzidas fartamente em DVDs piratas ou sites, facilitando sua difusão entre os expatriados.
A exibição tampouco é coisa de cinema. Se na imensa capital a razão é de mais de 1 milhão de habitantes por sala, é de supor que a maior parte da população jamais tenha experimentado a sala escura e a tela grande.
Falta ainda apoio institucional palpável: fomentos, festivais, escolas de cinema; tudo, em suma, o que contribui para formar público e cultura cinematográfica.
Uma breve busca no YouTube revela a distância entre uma típica produção de Nollywood e, digamos, qualquer filme latino-americano, barato que seja. O que se vê se aproxima mais, em gênero, do folhetim televisivo.
Os nigerianos se veem como contadores de histórias, e é o que têm mostrado em sua produção. Mas cinema é mais que histórias filmadas.
Tudo pode, porém, estar mudando. A mesma "Cahiers du Cinéma" que, em 2004, revelou aos cinéfilos do mundo a produção nigeriana atesta, no número de dezembro de 2010, um recuo alarmante na produção: de 80 a 20 filmes por mês.
E fala de uma incipiente classe de cineastas em busca de apuro técnico e estético. Exemplo dela é Kunle Afolayan, que, com "The Figurine" (a estatueta), participou de festivais internacionais contando, de forma mais bem-acabada, uma história mística ao gosto local.
Uma brecha parece se abrir no muro que isola a Nigéria do mundo do cinema.
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