sábado, 25 de junho de 2011

commodities

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Transgênico ameaça produção orgânica

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No Paraná, pequenos produtores têm prejuízos com colheitas contaminadas por grãos geneticamente modificados

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Maior problema é a falta de controle na produção de sementes orgânicas; prejuízo leva produtor a migrar para transgênico Fonte: folha.uol.com.br 25/06

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O cultivo de variedades transgênicas de soja e de milho está ameaçando a frágil cadeia de produção orgânica no sudoeste do Paraná -área cujo perfil fundiário é o da pequena propriedade rural.

A dificuldade na obtenção de grãos convencionais e a deficiência da logística são apontadas como as responsáveis pela contaminação da produção.

"Está cada vez mais difícil obter sementes não transgênicas para os produtores orgânicos. Além disso, há o problema da contaminação na colheita ou no transporte da safra", afirma Marcio Alberto Challiol, diretor da Gebana, empresa com sede em Zurique, Suíça.

A Gebana, especializada na comercialização de soja, milho e trigo orgânicos, negocia por ano 10 mil toneladas de cereais do Brasil. É uma gota, diante dos volumes da safra brasileira.

Mas a história desse modelo de produção (livre de agrotóxicos e de transgênicos) tem relevo não pelos volumes, mas como prova de que a prerrogativa da Lei de Biossegurança no Brasil não está sendo cumprida.

ABANDONO

A liberação de mais de 20 variedades de soja, milho e algodão transgênico no Brasil se deu sob a condição de que todo agricultor que queira uma produção convencional ou orgânica terá esse direito assegurado.

A falta de controle, tanto na produção de sementes como na logística para segregar OGM (organismos geneticamente modificados) e não OGMs, está burlando essa condição no Brasil.

O impacto econômico está levando pequenos produtores a abandonar esse cultivo. Paulo Sobrinho Mackiewicz, produtor do município de Capanema -650 quilômetros a oeste de Curitiba-, é um dos que desistiram do orgânico.

Na última safra, Mackiewicz havia negociado a produção com prêmio de 35% além do valor da saca de soja convencional. Após meses de trabalho duro para evitar o uso de uma gota de veneno, a má notícia.

A produção de 54 toneladas de soja estava contaminada com sementes transgênicas. O prêmio de 35% foi perdido, um corte na receita no valor total de R$ 9.000, uma cifra importante para a propriedade.

"Fiz o possível. Trabalhei duro para conseguir um preço melhor para a soja. A contaminação, que não tenho ideia de onde veio, acabou com tudo. Depois disso, desisti do orgânico. Não vou fazer tudo novamente sem ter garantia", disse.

PREJUÍZO GRANDE

A Gebana, empresa que lhe forneceu a semente, afirma que não havia contaminação no material genético. A suspeita, então, recaiu sobre a colheitadeira alugada por Mackiewicz, que poderia ter restos de soja transgênica.

Delézio Caciamani, 40, também produtor da região, enfrentou o mesmo problema. Plantou 32 hectares de soja orgânica e também perdeu o prêmio de 35%. Perdeu R$ 12,6 mil com a contaminação dos grãos.

"O cultivo orgânico é muito mais trabalhoso. O prêmio que é pago por saca torna essa produção mais competitiva. Mas, se você perder esse benefício, o prejuízo fica grande", afirma.

Mais pela convicção da importância em produzir com menos agroquímicos, Caciamani vai manter-se no método orgânico por mais uma safra. Fará isso não sem um fio de preocupação.

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No livro, Paraty da Flip é "Las Vegas colonial"

Fonte: folha.uol.com.br 25/06

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É em Paraty que a personagem Sofia vai entregar a a Vila-Matas os manuscritos de Théo, durante a Flip de 2005, da qual o espanhol de fato participou.

Surge então uma "Las Vegas colonial", um ambiente que desperta enfado, com clima desagradável, hordas de crianças e desfile de vaidades.

Pires, que participou de todas as Flip e ajudou a conceber a primeira edição, em 2003, jura que, no caso, é só ficção, "um exercício de mau humor".

"Minha relação com Paraty e a Flip é muito prazerosa. Sou dos poucos que chegam quarta e saem domingo [duração da festa]. Sempre digo: se a mesa de debate estiver ruim, a da cachaça estará boa."

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Entrevista / Priscila Camargo

'Os contos são um grande patrimônio da humanidade' Fonte: opopular.com.br 25/06

Priscila Camargo passou a semana em Goiânia, fazendo apresentações fechadas dos novos espetáculos e se preparando para as encenações deste fim de semana no Teatro Sesi. No palco, Priscila Camargo explora a movimentação, os recursos cenográficos e os figurinos elaborados. "É um espetáculo solo, mas não é um monólogo. É muito ágil", antecipou a atriz ao POPULAR. A adaptação dos contos para o teatro rendeu também a publicação do livro Caldeira de Histórias, pela editora Rocco, com textos do primeiro espetáculo infantil. Ela falou ainda sobre a carreira de atriz e de contadora de histórias. Revelou os planos para a televisão após o término da novela Ti-ti-ti, na qual interpretou a enfermeira Valdete. Veja trechos da entrevista.

A turnê apresenta dois espetáculos, Histórias da Mãe África e Contos da Terra dos Mil Povos . Por que essa apresentação simultânea? Sim. Histórias da Mãe África conta histórias africanas e afro-brasileiras de forma afetiva e não geográfica. São as histórias que mais me tocam. Já a peça para adulto, Contos da Terra dos Mil Povos , tem histórias brasileiras, fala de nossas origens culturais. São histórias indígenas - inclusive uma dos índios carajás do Rio Araguaia -, portuguesas e africanas. Falo nos dois espetáculos de nossas raízes.

Como surgiu seu interesse pela carreira artística?

Começou no teatro, minha grande escola. Me orgulho muito de ter atuado na peça Viva o Cordão Encarnado , de Luís Marinho, ao lado de Elba Ramalho, Tânia Alves, Tonico Pereira. Entrei como a novata do grupo e foi uma bela experiência. Me viram no espetáculo e me chamaram para fazer TV. Entrei no humorístico Planeta dos Homens e fiquei quatro anos. Depois fiz Viva o Gordo . Até que me chamaram para a novela Ciranda de Pedra . Fiz muito mais teatro, tenho mais experiência no teatro que na TV.

Sua descoberta como contadora de histórias teve alguma relação com um grave acidente de carro que você sofreu?

Isso foi em 1987, quando comecei minha carreira de contadora de histórias e tomei contato com esse universo. Quando dei uma guinada na vida. Sofri um acidente e quase morri. Tive uma experiência forte de quase morte. Nem costumo falar disso, mas as pessoas estão perguntando. Sabe o filme Além da Vida ? A cena da médica no filme descreve exatamente o que eu passei. Eu senti que estava flutuando, vi minha vida passar como se fosse um filme. Eu estava no alto e me vi como se tivesse morrido. Uma voz me disse "Você morreu". E eu perguntei: "Como morri se eu estou pensando?" Aí voltei para o carro, tudo em um instante. A frase que eu disse foi uma consciência do momento, não fiquei assustada. Só fui compreender um tempo depois. Comecei a querer entender que mundo é esse, que experiência é essa.

Depois disso você ficou um tempo afastada da televisão. Foi para se dedicar a esse projeto de contação de histórias?

Sim, fiquei quatro anos sem atuar como atriz. Virei contadora de histórias. Contava para doentes de hospitais, para amigos que reunia em minha casa, em festas. Comecei a contar experiências do efeito que senti com esses contos. Os contos são um grande patrimônio da humanidade. São capazes de atuar dentro das pessoas. Eu trabalho os textos dos contos em uma terapia, com arte-terapeutas, para que eu saiba exatamente o que estou falando. Por mais que me prepare e esteja com as histórias compreendidas, elas sempre vão ter outro sentido, dependendo da pessoa para quem estou contando.

Você ministra oficinas de contação de histórias. Como é a participação dos alunos?

Muitas vezes já aconteceu de as pessoas me chegarem com outras reações. É um estudo da maior importância. Percebo o nível de sutileza do texto. As pessoas fazem uma viagem interna e esse trabalho me encantou. Vi que era um caminho de harmonizar as pessoas, de fazer o bem, um caminho amoroso. Acredito que os artistas têm essa função de fazer o bem, de emocionar, de causa sentimentos que a pessoa possa utilizar para ser mais feliz. Quem sabe não é uma energia multiplicadora?

Seus espetáculos são didáticos e restritos a um público específico?

Não, ao contrário. É uma didatização da alma. Tanto crianças quanto adultos podem assistir aos dois espetáculos. O de contos adultos eu indico para pessoas a partir de 10 anos. As histórias são para a alma do ser humano, são um ensinamento de vida, ensinam o ser humano a ser melhor, a viver mais feliz.

E como a plateia reage a essa proposta?

A reação é maravilhosa. Esta semana, em Brasília, as crianças vieram me abraçar. Criança é espontânea e a forma de agradecer é abraçar.

As apresentações levam agilidade ao palco?

Eu chamei para ser meu parceiro o Chico Spinoza, cenógrafo, figurinista e carnavalesco. Eu o conheci no Planeta dos Homens , somos amigos de 30 anos. Chamei também o iluminador Aurélio de Simoni. E procuro músicos para criar músicas para os espetáculos. Atuo no palco ao lado de dois músicos, o Marcelo Daguerre, violonista, compositor e diretor musical, e Anderson Vilmar, percussionista. Eles ficam no palco comigo, fazemos todas as músicas ao vivo. Eles também cantam e estamos juntos em cena.

Para preparar os espetáculos você realizou muitas pesquisas?

Pesquiso em livros e tenho experiências de receber textos da tradição oral pura. Também pesquisei na Espanha e na Turquia. Mas a maioria vem de livros. Para os contos de histórias afro eu fiz uma pesquisa até em terreiros de candomblé. Pesquisei com um grande professor da cadeira afro-brasileira, José Flávio Pessoa de Barros, que desencarnou há um mês. Foi um grande conhecedor e me instruiu muito, me mostrou a beleza dessas histórias. E há um fato interessante: todas as vezes que estou pesquisando, sempre me chega uma história de alguma maneira, até sem eu procurar. Costumo falar que, quando o contador está buscando um texto, as histórias também estão buscando o contador.

Qual é a sua crença?

Eu me considero espiritualista e estou cada dia mais aberta. Sinto afinidade com muita coisa como xamanismo, budismo e sufismo, onde me formei. É uma filosofia de autoconhecimento de origem árabe. Tudo isso veio depois desse maravilhoso e terrível acidente de carro, em que eu quase morri. No entanto, trouxe abertura, uma possibilidade que eu aproveitei. Eu consegui perceber que ele foi um grande transformador e tem servido sempre para eu ver o lado bom das coisas.

Você tem a preocupação de sempre levar valores éticos?

Esse é meu ponto de partida. Mas tem mil caminhos e entra uma coisa interna minha. Conto histórias quando as acho lindas, quando me tocam e também tocam o outro. São histórias abrangentes de conteúdo valioso, de solidariedade, respeito, amor.

Você tem dez novelas no currículo televisivo, alguns programas humorísticos e acabou de participar de Ti-ti-ti , como a enfermeira Valdete. Você gosta de fazer televisão?

Fazer Ti-ti-ti foi muito legal. Eu parei um tempo para me dedicar à contação de histórias. Achei que tinha que me afastar para não tirar o foco. Quando me senti mais estabilizada, pensei "agora posso voltar". E Ti-ti-ti foi a forma de voltar. Meu contrato com a Globo acabou agora, mas pretendo renovar e continuar com a televisão enquanto faço teatro. Há uma possibilidade de fazer uma novela em 2012, mas ainda não há nada certo.

"Quando o contador está buscando um texto, as histórias também estão buscando o contador"

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