quarta-feira, 8 de junho de 2011

Aventuras da palavra

Escritores precoces da cidade, com livros publicados, contam experiências e revelam inspirações. Mesmo bem jovens, tratam a ficção com a vibração de uma fantasia interminável Fonte: correioweb.com.br 07/06

A literatura pode parecer coisa de gente grande, crescida, que já viveu muito e tem muito a contar. Ingênuo engano. Colocar a imaginação na ponta dos dedos, segurando lápis bem apontados ou pressionando os botões de um teclado de computador, pode começar cedo e revelar um talento escondido, às vezes inesperado.

Em Brasília, três autores iniciam-se no mundo das letras com livros publicados ainda na adolescência. Se daqui a alguns anos ainda estarão nas prateleiras das livrarias da cidade, eles não conseguem prever. Porém, arriscam-se.

Elfos, fadas e dragões

Paula Dias Garcia, 16 anos, não está muito interessada em saber se vai ou não seguir a carreira de escritora. “De qualquer forma, arrumando outra profissão, daqui a alguns anos eu ainda me vejo escrevendo, mesmo que seja por hobby”, diz. Desde muito pequena, impulsionada por leituras, gostava de inventar histórias e personagens fantasiosos. Quando aprendeu a rabiscar as primeiras letras corretamente, escrever foi uma consequência natural. O primeiro livro, O meu melhor amigo é um ET, ela publicou, de maneira independente e com a ajuda da mãe, Glória, aos 8 anos. O segundo é o extenso e também de investimento próprio Kyra (348 páginas), uma aventura que mistura sua imaginação à dos autores que mais a influenciam, como J.K. Rowling (Harry Potter), Christopher Paolini (Eragon), Licia Troisi (Crônicas do mundo emerso) e Stephen King, mestre de thrillers assombrosos. Kyra é uma ninfa que abandona o vilarejo onde sempre viveu para se arriscar na misteriosa Arcádia.

“Fantasia e ficção científica dão uma liberdade diferente. É como se você pudesse escolher as regras do jogo antes de começar”, define. Paula é rigorosa: se não está como ela quer, reescreve sem parar. Mesmo sem o apadrinhamento de editoras, ela não se cansa: prepara uma trilogia de ambientação medieval.

Escrever: uma paixão

O estudante de cinema Gabriel Marinho, 21 anos, fala com seriedade do ainda precoce hábito de escrever e publicar romances. “Eu preciso tanto que a única missão com a literatura é viver da arte. Não quero ser rico, famoso, não quero Prêmio Jabuti, nem cadeira na Academia de Letras. Eu só quero reconhecimento”, enfatiza. Ele ainda é muito jovem, começou aos 16, mas já exibe um histórico de leitura invejável. Dos muitos autores que consegue citar de cor, ele destaca os latino-americanos Mario Vargas Llosa e Gabriel García Márquez, os contemporâneos Paul Auster e John Hart, e os brasileiros Machado de Assis e Guimarães Rosa. São muitos. E são muitos também os livros que levam a autoria dele: O mundo depois do fim (2009) e Breve sonho de esperança (2010), financiados pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC).

A inspiração do primeiro título vem das distopias de George Orwell e Aldous Huxley. O segundo, de uma observação da caótica geopolítica mundial, arrasada pela violência de guerras e rivalidades internacionais. Gabriel se equilibra entre as leituras que precisa terminar e a elaboração de mais um romance. E ele não escreve na velocidade com que publica: tem mais três já concluídos e que ainda aguardam impressão.

Artista mirim

Matheus Carvalho Brandão Cavalcanti, 13 anos, assinou o primeiro livro com apenas 11. E com ousadia de gente grande. Ilustrado com desenhos próprios e caligrafia de mão, A espermatolândia (Thesaurus) nasceu numa aula de educação sexual e foi finalizado rapidinho, em duas semanas. “Além das aulas de sexualidade, teve um filme que me motivou, Olha quem está falando agora, com John Travolta. Fui escrevendo umas coisas, uns rascunhos”, explica. Na história, a personalidade dos seres humanos começa a ser formada bem antes da fecundação, quando os espermatozóides ainda disputam para ver quem chega primeiro ao destino da vida. Outra influência do cinema veio de Jack Black, famoso ator de comédias como Escola de rock. “Combinou com o personagem, que, acho, só precisava ser mais gordinho”, brinca.

Ator de teatro e de publicidade para a tevê, Matheus ainda não sabe bem qual carreira artística seguir. “Acho que dá para ser ator e escritor. Mas quando você escreve, quando você publica, é muito divertido, você fica empolgado”, acredita. “Na verdade, pensei em escrever sobre outros temas. Mas ainda não decidi. Estou me divertindo muito com isso”, revela. Na idade dele, a literatura ainda é uma brincadeira que alimenta a imaginação.

KYRA

De Paula Dias Garcia. Lançamento independente,

348 páginas. R$ 30.

BREVE SONHO DE ESPERANÇA

De Gabriel Marinho.

Financiado pelo FAC,

314 páginas. R$ 30.

A ESPERMATOLÂNDIA

De Matheus Carvalho Brandão Cavalcanti.

Thesaurus, 16 páginas. R$ 25.

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Crise no meio ambiente vai obrigar pessoas a consumirem menos

Fonte: The New York Times 08/06

Nós precisamos realmente pensar se daqui alguns anos, quando olharmos para a primeira década do século 21 –quando os preços dos alimentos dispararam, os preços de energia foram às alturas, a população mundial aumentou, tornados devastaram cidades, enchentes e secas bateram recordes, populações foram deslocadas e os governos foram ameaçados pela confluência de tudo isso– nós nos perguntaremos: o que estávamos pensando? Como não entramos em pânico quando a evidência era tão óbvia de que ultrapassamos algum tipo de limiar de crescimento/clima/recursos naturais/população tudo ao mesmo tempo?

“A única resposta só pode ser negação”, argumenta Paul Gilding, o veterano empreendedor-ambientalista australiano, que descreveu este momento em um novo livro, “The Great Disruption: Why the Climate Crisis Will Bring on the End of Shopping and the Birth of a New World”. “Quando você está cercado por algo tão grande, que exige que você mude tudo a respeito do modo como pensa e vê o mundo, então a negação é a resposta natural. Mas quanto mais esperarmos, maior será a resposta necessária.”

Gilding cita o trabalho da Global Footprint Network (GFN, Rede Global de Pegada Ecológica), uma aliança de cientistas, que calcula quantos “planetas Terra” precisamos para sustentar nossas atuais taxas de crescimento. A GFN mede quantas áreas de terra e água precisamos para produzir os recursos que consumimos e absorver nossos dejetos, usando a tecnologia predominante. Ao todo, diz a GFN, nós estamos atualmente crescendo a uma taxa que está usando os recursos da Terra bem mais rápido do que podem ser restaurados de forma sustentável, de modo que estamos devorando nosso futuro. No momento, o crescimento global está usando aproximadamente 1,5 Terra. “O fato de haver um só planeta torna isto um problema significativo”, diz Gilding.

Não é ficção científica. Isto é o que acontece quando nosso sistema de crescimento e o sistema da natureza batem contra um muro ao mesmo tempo. Enquanto estava no Iêmen no ano passado, eu vi um caminhão-tanque entregando água na capital, Sanaa. Por quê? Porque Sanaa poderá ser a primeira grande cidade do mundo a ficar sem água em uma década. Isso é o que acontece quando uma geração em um país vive a 150% da capacidade sustentável.

“Se você cortar mais árvores do que planta, você ficará sem árvores”, escreve Gilding. “Se você colocar nitrogênio adicional no sistema de água, você muda o tipo e a quantidade de vida que a água pode sustentar. Se você aumenta o cobertor de CO2 da Terra, a Terra fica mais quente. Se você faz todas essas coisas e muitas outras mais ao mesmo tempo, você muda a forma como todo o sistema do planeta Terra se comporta, com impactos sociais, econômicos e de suporte de vida. Isto não é especulação; isto é ciência colegial.”

Também é o estado atual. “Nos milhares de anos de civilização da China, o conflito entre a humanidade e a natureza nunca foi tão sério quanto atualmente”, disse recentemente o ministro do Meio Ambiente da China, Zhou Shengxian. “O esgotamento e deterioração dos recursos e o agravamento do ambiente ecológico se transformaram em gargalos e impedimentos graves para o desenvolvimento econômico e social do país.” O que o ministro da China está nos dizendo, diz Gilding, é que “a Terra está cheia. Nós atualmente estamos usando tantos recursos e despejando tantos dejetos na Terra que chegamos a algum tipo de limite, considerando as tecnologias atuais. A economia terá que ficar menor em termos de impacto físico”.

Mas nós não mudaremos sistemas sem uma crise. Mas não se preocupe. Nós estamos chegando lá. Nós estamos presos atualmente em dois círculos: um é o de que o crescimento populacional e o aquecimento global estão elevando os preços dos alimentos; o aumento dos preços dos alimentos causa instabilidade política no Oriente Médio, que leva a preços mais altos do petróleo, que leva a preços mais altos dos alimentos, que leva a mais instabilidade. Ao mesmo tempo, uma maior produtividade significa que menos pessoas são necessárias em cada fábrica para produzir mais coisas. Assim, se quisermos ter mais empregos, nós precisaremos de mais fábricas. Mais fábricas fazendo mais coisas provocam maior aquecimento global, e é o ponto onde os dois círculos se encontram.

Mas Gilding é na verdade um eco-otimista. Quando o impacto do Grande Rompimento nos atingir, ele diz, “nossa resposta será proporcionalmente dramática, nos mobilizando como seria em uma guerra. Nós mudaremos em uma escala e velocidade que mal podemos imaginar atualmente, transformando completamente nossa economia, incluindo nossos setores de energia e transportes, em apenas poucas décadas”.

Nós perceberemos, ele prevê, que o modelo de crescimento movido pelo consumo está quebrado e temos que passar para um modelo de crescimento movido pela felicidade, com base nas pessoas trabalhando menos e possuindo menos. “Quantas pessoas”, diz Gilding, “se veem em seu leito de morte e pensam: ‘Eu gostaria de ter trabalhado mais ou desenvolvido mais valor para o acionista’, e quantas pessoas pensam: ‘Eu gostaria de ter assistido mais jogos no estádio, lido mais livros para meus filhos, feito mais caminhadas?’ Para isso, é preciso um modelo de crescimento baseado em dar às pessoas mais tempo para desfrutarem a vida, mas com menos coisas”.

Soa utópico? Gilding insiste que é um realista. “Nós estamos caminhando para uma escolha movida por uma crise”, ele diz. “Ou permitiremos que o colapso nos surpreenda ou desenvolveremos um novo modelo econômico sustentável. Nós escolheremos o segundo. Nós podemos ser lerdos, mas não somos estúpidos.”

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LITERATURA

Aberrações invadem antigo best-seller Fonte: correioweb.com.br 08/06

Jane Austen nunca foi tão pop. Seus livros são alvos usuais de adaptações do cinema e da tevê há décadas. Também são os preferidos dos chamados remixes (ou mashups) literários. Seth Grahame-Smith começou a onda de modernizar clássicos da literatura em 2009, com Orgulho e preconceito e zumbis: as irmãs Bennet, em vez de frágeis moças à espera dos maridos ideais, são exterminadoras de mortos-vivos, na paródia sangrenta que não desrespeita a estrutura original. Ben H. Winters, americano de Boston, intrometeu-se em outra obra conhecida da autora inglesa e lança no Brasil Razão e sensibilidade e monstros marinhos (Intrínseca). Outro remake do escritor, que ainda não chegou às livrarias nacionais, inscreveu Lev Tolstói numa ficção científica: Androide Karenina.

“É uma ideia muito simples e poderosa: o que acontece quando você pega uma coisa que todo mundo considera ‘séria’ e ‘importante’ e acrescenta a ela os elementos mais bobos, ridículos que você pode pensar? Como polvos mortais, águas-vivas assassinas, e piratas mesquinhos? Comédia, certamente, mas também um frescor e uma maneira de se engajar novamente com um clássico”, conta Winters ao Correio, em entrevista por e-mail.

O romance, como pretendeu Jane no século 19, narra as vidas em constante metamorfose das jovens Elinor e Marianne Dashwood, obrigadas a deixar Norland Park após a morte do pai e rumar para Devonshire. Numa casa apertada e desconfortável, as irmãs vivem as agruras e as alegrias de um cotidiano agitado por romances, intrigas e fofocas — e aberrações ameaçadoras saídas das profundezas do mar.

Mix de gêneros

Segundo o “parceiro” da britânica, a narrativa mashup é mais do que entretenimento. “Acho que tem um valor mais profundo. Quando pegamos algo que achamos que conhecemos e entendemos, e brincamos com isso, saímos com um entendimento mais profundo do original, uma noção melhor do que o torna não especial, tão duradouro”, diz.

O processo de aproveitar cenários e personagens criados há duas centenas de anos e, a partir dos conceitos matrizes, encaixar assustadores seres marinhos, é trabalhoso. “Tudo começa com cartões anexos. Para cada capítulo do original, fiz várias anotações sobre a aparência dos personagens, como a trama avança, e ideias para mudanças relacionadas a monstros marinhos. Quis ter certeza de que entendi inteiramente o livro antes de começar a escrever minha versão”, comenta.

O exame de Jane sobre família e sociedade, com uma ironia que resistiu à passagem do tempo, recebe de Winters uma chacoalhada de proporções cinematográficas, num desequilíbrio absurdo — e às vezes exagerado — de drama de época, fantasia e terror. Para ele, as liberdades tomadas não profanam a fonte. “O elemento chave foi o estilo da prosa. Se eu conseguisse encontrar um jeito de usar a voz de Jane Austen para expressar essas coisas horríveis e ridículas, então eu estaria com metade da missão cumprida”, interpreta.

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ESPLANADA

Ofensiva ambiental ampliada

Após combater o desmatamento, governo manterá força-tarefa em Mato Grosso para mapear áreas de extração ilegal de madeira Fonte: correioweb.com.br 08/06

Pouco mais de 15 dias após a instalação do gabinete de crise para conter o desmatamento da Amazônia em Mato Grosso, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) conseguiu controlar a destruição desenfreada na região. A chefe da pasta ambiental, Izabella Teixeira, no entanto, ainda manterá a força-tarefa no estado. Agora, com um foco diferente: as autoridades vão trabalhar no mapeamento e na apreensão das madeiras extraídas ilegalmente.

O aperto na fiscalização do escoamento das cargas tende a gerar um desaquecimento na economia local e aumentar o desemprego nas cidades próximas às áreas mais devastadas. De acordo com a explicação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de Mato Grosso, os madeireiros ilegais não cumprem as leis trabalhistas e, quando perdem as mercadorias, dispensam os funcionários sem o pagamento de qualquer beneficio.

“Essa é uma prática recorrente. Quando os madeireiros perdem o produto, eles precisam reduzir custos. Quem sofre com isso são os trabalhadores mais simples. Como se não bastasse, os patrões tentam colocar essas demissões na conta do governo. Isso não é justo. Quem tem madeira lícita continua trabalhando”, ressalta Curt Trennepohl, presidente nacional do Ibama, acrescentando que a madeira ilegal é vendida com preço até 30% mais baixo.

Trennepohl diz, ainda, que o governo não tem projetos específicos para ajudar os trabalhadores demitidos nesses casos: “Não seria justo com as empresas que agem dentro da lei, pagam impostos e geram empregos legais”.

No último encontro do gabinete de crise, na semana passada, ficou decidido que parte da equipe mobilizada por Izabella Teixeira será deslocada para o sul do Pará. Com a diminuição da incidência de nuvens na região, os satélites identificaram áreas desmatadas. Amanhã, depois de mais uma reunião ordinária do gabinete, a ministra do Meio Ambiente deve anunciar resultados parciais e os próximos passos da equipe.

Violência no campo

Em entrevista depois da cerimônia de lançamento do Comitê Organizador do Rio 20, Izabella Teixeira falou sobre o combate ao desmatamento na Amazônia e a violência no campo. “Assumi um compromisso político de continuar reduzindo o desmatamento ilegal na Amazônia e, com isso, cumprir não só as metas da Política Nacional de Mudanças Climáticas, mas também de conservação da bioversidade, que resultam daquilo que foi acertado na conferência do Japão.”

“Lamentavelmente, temos conflitos socioambientais associados à questão da posse da terra e do desmatamento ilegal.

O governo vai combater diariamente, com toda força, esse tipo de calamidade. O MMA e o Ibama estão presentes nessas frentes. Os fiscais, muitas vezes, são alvos dessas situações de emboscada, de violência. O Brasil não tolera esse tipo de coisa, de injustiça social. É por aí que se constrói sustentabilidade. Vamos construir um país cada vez mais forte”, concluiu Izabella.

Governo tenta conter conflitos fundiários

Tropas federais começaram ontem a ocupação em algumas regiões do Pará para tentar diminuir os conflitos fundiários e ambientais que resultaram em quatro mortes em menos de um mês. O governo também colocou à disposição de Pará, Rondônia e Amazonas policiais civis para ajudar na elucidação dos crimes. A entrada das forças foi determinada, na semana passada, pela presidente Dilma Rousseff e foi anunciada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que esteve na Câmara ontem para debater a violência no campo. Na sessão, havia 20 ambientalistas que estão sendo ameaçados de morte. Cardozo esteve no Congresso acompanhado pelos colegas do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, e dos Direitos Humanos, Maria do Rosário. (Edson Luiz)

Comitê e comissão

A presidente Dilma Rousseff criou ontem a Comissão Nacional e o Comitê Nacional de Organização da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio 20). Durante o discurso, ela mandou um recado aos ruralistas e afirmou que não pretende permitir ações de desmatamento no Código Florestal que está sendo apreciado no Congresso. “Não negociaremos e não tergiversaremos com a questão do desmatamento. Nós iremos cumprir os compromissos que assumimos, e não permitiremos que haja uma volta atrás na roda da história”, destacou, em cerimônia no Palácio do Planalto ontem. A comissão será copresidida pelos ministros das Relações Exteriores, Antônio Patriota, e do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

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JOSÉ SIMÃO

Ueba! Fica, Ronaldo! Vai ter bolo!

Porque se existe uma coisa assim que tem que ser democrática, isso é o Peru! Peru para Todos! Rarará! Fonte: folha.uol.com.br 08/06

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E, como fã do Ronalducho, vou abrir a campanha: Fica, Ronaldo! Como bola oficial da Seleção! Rarará! Fica, Ronaldo, vai ter bolo! Ou melhor: Fica, bolo, vai ter Ronaldo! Rarará!

E o Menos Menezes? Se o Menos Menezes cair no chão, nasce uma carroça atrás! Rarará! E PAC quer dizer Palocci Agora Continua? Ou a Dilma vai substituir por mais uma mulher? Uma maritaca pitbull!

E o Peru? Com a vitória do Humala, o Peru fica mais pra esquerda! Todo mundo com o peru pra esquerda! Rarará! E adoro este nome: Ollanta Humala. Ele vai ter que se resolver: ou é mala ou anta! Mas é melhor que aquela Keiko, filha do ditador Fujimori. Que mandava esterilizar as indígenas. Medo! Pânico! QUEM TEM KEIKO TEM MEDO! Rarará!

E o Humala é nacionalista e a Keiko neoliberalista. O Humala quer o Peru só pra ele. E a Keiko ia entregar o Peru pro Obama. E o Peru tem que ser democrático.

Porque se existe uma coisa que tem que ser democrática é o Peru. Peru para Todos! E eu já pedi pra mudarem o nome do país de Peru pra Perereca. Pra gente variar de trocadilho! Rarará!

E agora bullying no Palofi: o Lula disse que o Palofi é o Pelé da economia. Errado. O Palocci é o Gerson da economia. Aquele que levava vantagem em tudo!

E: "Extra, extra: Especialistas em urânio vêm para o Brasil estudar o Palocci enriquecido". E manchete do Sensacionalista: "Coritiba explicará em CPI por que aumentou quatro gols no placar em apenas 20 minutos". Rarará! No Brasil agora tudo termina em 20!

E o Chávez da Chavezuela? Sabe o que ele queria com o Faloffi? Saber como permanecer no poder mais 20 anos. Transformar quatro anos em 20! Rarará!

O Brasil é lúdico! Placa num bar na Bahia: "Vende-se SEVEJA. SERJE bem-vindo". Sensacional! E a faixa na loja em BH: "Abaixamos as calças. Jeans a partir de R$ 79,90". E mais dois para a série de predestinados. Perita da Polícia Federal: MEIGA Áurea! E a empresa onde um amigo meu trabalha tem um departamento de cobrança: Daniel MASSARICO! Socuerro! Você paga até o que não deve! Rarará!

Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

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João Cabral inédito

Por decisão da filha do poeta, manuscrito inacabado com auto sobre a decadência de uma casa de farinha é trabalhado para virar livro em 2012 Fonte: folha.uol.com.br 08/06

Quase 12 anos após a morte de João Cabral de Melo Neto (1920-1999), um manuscrito inédito do poeta começa a ser ordenado para virar livro.

"A Casa de Farinha" é um auto, um texto dramático -assim como o poema mais famoso de João Cabral, "Morte e Vida Severina".

O escritor, que perdeu a visão anos antes de morrer, não concluiu o material.

Mas deixou 40 folhas manuscritas, com pesquisa, estudos e linhas gerais da trama, bem como os primeiros diálogos em versos.

A peça mostra a incerteza dos trabalhadores de uma casa de farinha (local em que a mandioca é processada artesanalmente até virar farinha) ante o rumor de que o local vai ser engolido pelo progresso.

A Folha teve acesso a um trecho do manuscrito (leia ao lado), a uma imagem da folha de rosto do material (com a letra de João Cabral, ao lado) e relata a história em torno desta raridade.

Os inéditos, os únicos conhecidos de João Cabral, serão publicados no ano que vem pela Alfaguara.

O acontecimento se deve à decisão de Inez Cabral de Melo, uma das filhas do escritor, de trazê-lo agora à luz.

"Ele me entregou pouco antes de morrer e disse que eu fizesse o que quisesse."

A ideia original de Inez era fazer um documentário.

"Mas isso pode demorar, e senti que esse manuscrito merece ser mostrado", disse.

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João Cabral falava sobre o projeto desde os anos 1960

Em excursão europeia da montagem de "Morte e Vida Severina", poeta descreveu ideia de "A Casa de Farinha"

Texto de Evaldo Cabral sobre importância da mandioca pode integrar edição do inédito a ser publicada pela Alfaguara Fonte: folha.uol.com.br 08/06

Pelo menos desde 1966, quando acompanhou a turnê europeia do grupo de teatro do Tuca na antológica montagem de "Morte e Vida Severina", João Cabral de Melo Neto já falava que escreveria "A Casa de Farinha".

Silnei Siqueira, o diretor daquele espetáculo (com música de Chico Buarque), conta que, na ocasião, o poeta lhe descreveu a ideia.

"Ele queria uma coisa muito bonita, uma história sobre a estranheza das pessoas da casa de farinha porque o dono do local de repente deixa de cobrar aluguel", lembra.

Como muitos, Silnei achava que o projeto não fora adiante e pareceu eufórico ao saber que João Cabral deixou um manuscrito e que ele será editado. "Ô, nego, que bela notícia para mim, que coisa boa, eu não sabia disso."

Numa entrevista em 1987, o autor de "Museu de Tudo" disse que o auto estava "praticamente pela metade".

Segundo Inez Cabral de Melo, 63, segunda dos cinco filhos de João Cabral, no manuscrito não há personagens específicos, mas coros, cujos arautos são os trabalhadores da casa de farinha. Os homens que levam a mandioca ao local são os "pessimistas", e as mulheres que a descascam são as "otimistas".

Os "pessimistas" fazem circular um boato de que a casa de farinha vai fechar.

O auto gira em torno das conjecturas sobre o futuro dos trabalhadores. "Vai virar uma usina? A Sudene, que paira como uma entidade, vai transformar aquilo em outra coisa?", detalha Inez.

Ela diz que o manuscrito tem papéis de todos os tamanhos. "Papai escrevia à mão, em pedacinhos de papel. No meio de uma conversa, de repente ele tirava um papel, escrevia e guardava no bolso."

Depois de digitados, os inéditos resultaram em 35 páginas. O livro terá textos complementares. Um deles, segundo deseja Inez, poderá ser do historiador Evaldo Cabral de Melo, irmão de João, sobre a importância da mandioca para as culturas nordestina e brasileira.

ANSIEDADE

Estudioso da obra do poeta (está ampliando o seu livro "João Cabral - A Poesia do Menos"), o professor Antonio Carlos Secchin notou de pronto o estilo cabralino no trecho obtido pela Folha.

"Esse processo de elogiar o que é de baixo para cima, e não de cima para baixo, é uma constante na poesia dele. Em "Tecendo a Manhã" ["Um galo sozinho não tece uma manhã..."], ele faz elogio do trabalho solidário e diz que a manhã é tecida a partir de uma luz que é feita do chão para o alto."

Secchin sabia do projeto de "A Casa de Farinha", mas também achava que o poeta não o havia executado. Ao ser informado de que o manuscrito será editado, disse: "Estou louco para ver isso, mas calmamente eu espero. Apenas sei controlar a minha ansiedade".

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