quarta-feira, 14 de março de 2012
“Juiz
tem de ser político, não para fazer política, mas no sentido de prestar contas
.”
Mário
Botazzo, presidente do TRT-GO O POPULAR GO
14.02
>>>>
Belluzzo:
Globo e Teixeira viveram relação de mútua dependência CARTA MAIOR 13.03
-
Nesta
entrevista em que comenta a queda do presidente da Confederação Brasileira de
Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, e as mudanças que podem ocorrer no esporte a
partir de agora, o ex-presidente do Palmeiras Luiz Gonzaga Belluzzo diz que a
TV Globo manteve uma relação forte com o ex-mandatário para não correr o risco
de perder o principal item de sua programação. "O problema são todos esses
interesses privados, que não levam em conta o interesse público", afirma o
economista.
Marcel
Gomes
São
Paulo – Ex-presidente do Palmeiras (2009/10) e um apaixonado pelo futebol, o
economista Luiz Gonzaga Belluzzo se encontrou apenas duas vezes com o
ex-mandatário da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira,
que renunciou nesta segunda-feira (12).
O
ano era 2010 e ocorria a eleição para o comando do Clube dos 13, entidade que
representa as mais importantes equipes do país. Teixeira articulava a
candidatura do ex-presidente do Flamengo, Kléber Leite, contra Fábio Koff. Na
ocasião, Belluzzo "trombou" com o então comandante da CBF.
"Eu
defendi que a entidade dos clubes precisava ser autônoma, e não vinculada à
CBF", lembra ele. No fim, Koff venceu, mas o Clube dos 13 saiu
enfraquecido. Era cada vez mais previsível o racha, que acabou ocorrendo em
2011, na disputa pelo dinheiro do futebol pago pela TV Globo.
Nesta
entrevista à Carta Maior, Belluzzo diz que espera por mudanças no futebol
brasileiro, mas afirma que dificilmente elas virão dos clubes, verdadeiras
"casamatas que reúnem os interesses mais díspares, dos maiores aos mais
mesquinhos.
Carta
Maior - Quem foi Ricardo Teixeira para o futebol brasileiro?
Luiz
Gonzaga Belluzzo - Para entender o papel dele precisamos voltar no tempo, até a
eleição de João Havelange na Fifa, em 1974, quando ele substituiu Stanley Rous.
A partir dali houve uma mudança importante na administração do futebol, na relação
com os patrocinadores. A direção do futebol deixou de ser feita de maneira
amadora e se tornou um grande negócio, sobretudo para a área de marketing, que
aproveitou o fato de o esporte ter se tornado uma impressionante manifestação
de massa. Esse processo tomou corpo nos anos 80 e se acentuou nos 90.
CM
- Foi essa transformação que ocorreu no Brasil em 1989, com a eleição de
Ricardo Teixeira para a CBF?
LGB
- Exatamente. O futebol se tornou um grande centro de negócios, legais e
ilegais, e atraiu aventureiros interessados em ganhar dinheiro. Os escândalos
começaram aí, e não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Se você deixa a
lógica do dinheiro dominar, precisa tomar cuidado para não perder a natureza da
atividade. Esse é o problema do futebol, o mais interessante de todos os
esportes quando é bem jogado.
CM
- Isso afetou o esporte dentro de campo?
LGB
- No Brasil e em todo o mundo. Houve o caso da Copa do Mundo na França, em
1998, quando a Nike teria se envolvido na escalação de Ronaldo no jogo final. E
o campeonato brasileiro de 2005, com a questão das apostas e a manipulação de
resultados.
CM
- Ricardo Teixeira sempre dependeu muito de sua relação com a TV Globo, não?
LGB
- Era uma relação muito forte, de mútua dependência. A Globo tem o futebol como
o principal item de sua programação, então seria muito complicado ficar sem
ele. O problema são todos esses interesses privados, que não levam em conta o
interesse público.
CM
- O futebol é um bem material e imaterial da cultura brasileira. Sua gestão não
teria de ser mais pública?
LGB
- Você tem razão. Os clubes de futebol são entidades semipúblicas, responsáveis
por um esporte que interessa a todos os brasileiros. Uma mudança de gestão,
porém, teria de passar por uma mudança da organização desses clubes. Mas isso é
muito difícil, porque eles são controlados por oligarquias que não querem que
algo mude. Falo por experiência própria, como ex-presidente do Palmeiras. Os
clubes são casamatas que reúnem os interesses mais díspares, dos maiores aos
mais mesquinhos.
CM
- É difícil que a democratização venha debaixo?
LGB
- Muito difícil. Sem uma regulação geral, os clubes têm se enfiado nas mais
complicadas negociações financeiras. Se sou presidente do Palmeiras e o
Corinthians gasta muito com um jogador, eu tenho de fazer o mesmo. Veja o caso
do Flamengo, que está em uma situação difícil e, mesmo assim, segue contratando
jogador. Países como Alemanha e França já criaram regulações coletivas para
fazer o controle financeiro do clube, impor teto de endividamento e levá-los a
segunda divisão se eles quebrarem. Precisamos de algo similar aqui.
CM
- O senhor discutiu alguma vez esses assuntos com Ricardo Teixeira?
LGB
- Eu me encontrei com ele apenas duas vezes, uma em São Paulo e outra no Rio,
quando havia a eleição do Clube dos 13 em 2010. Ele articulou a candidatura do
Kleber Leite contra o Fábio Koff, mas felizmente os clubes barraram. Venceu o
Koff. Naquela época, eu defendi que a entidade dos clubes precisava ser
autônoma, e não vinculada à CBF.
CM
- E a CBF sem Ricardo Teixeira? Muda algo?
LGB
- A CBF é um pote de ouro, uma arca perdida que todo mundo quer. Minha
esperança é que surja alguém mais isento. Mas é difícil, porque a eleição
depende dos presidentes das federações. E aí é um jogo de compromissos.
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Manter
e aprovar o Código Florestal O Globo - 14/03/2012
-
Voltaram
as escaramuças no Congresso, agora na Câmara, contra o projeto do Código
Florestal. A guerrilha política em torno do assunto, desta vez liderada pela
bancada ruralista, já se tornou cansativa. Tem sido assim desde pelo menos
2008, quando o presidente Lula suspendeu decreto de punição de crimes ditos
ambientais, para abrir espaço a uma ampla discussão em torno da reforma do
Código.
Agora,
porém, é mais grave, pois o atual projeto foi aprovado no Senado, sobre uma
versão encaminhada pela Câmara, depois de ampla negociação na qual
"ruralistas" e "ambientalistas" - ambos com representação
no governo - contornaram pontos de atrito e fizeram concessões, como é imperioso
em qualquer processo sério de barganha em busca de pontos comuns. Querer
reabrir o debate é um erro, entre outras razões porque significará rasgar uma
proposta realista. Não atende a todos os interesses, por óbvio, mas serve de
base para a agricultura brasileira provar que é possível preservar e produzir.
E é.
Em
entrevista recente ao jornal "O Estado de S.Paulo", a ministra do
Meio Ambiente, Izabella Teixeira, ressaltou, com propriedade, o caráter do
texto aprovado pelos senadores: "(...) não é só do Senado, é um texto de
consenso, construído em interlocução com a Câmara, com a sociedade e o
governo."
Foi
mesmo ampla a participação no Senado dos grupos políticos e sociais
interessados no assunto. A começar pelos dois relatores, Jorge Vianna (PT-AC) e
Luiz Henrique (PMDB-SC). O petista, de longa história no movimento
ambientalista, e o peemedebista, ex-governador de Santa Catarina, estado de
tradição agrícola.
A
visão do governo, mais próxima dos ambientalistas, fora derrotada na Câmara, em
que o relator Aldo Rebelo (PCdoB-SP) contribuiu para aperfeiçoamentos no
Código, mas que passou a prever uma descabida anistia aos desmatadores. O
deputado foi hábil ao trazer o projeto para o mundo real em muitos aspectos.
Ele, por exemplo, inviabilizaria culturas tradicionais no Sul e Sudeste, onde
há o cultivo secular em encosta de morros e nas proximidades de rios. Em muitos
casos, as exigências de reserva legal e áreas de proteção permanente (APP)
tornariam antieconômicas inúmeras propriedades. Mas a anistia precisava ser
retirada do texto no Senado.
Na
Câmara, delírios ambientalistas foram suprimidos e o lobby ruralista foi
eficiente ao emplacar a anistia. Não passou no Senado, como aconselhava a
sensatez, e surgiu a fórmula do perdão de multas mediante a recuperação das
áreas degradadas dentro de APPs até 2008, ano do decreto suspenso por Lula.
Entre outros pontos, foi mantido o critério inteligente aprovado na Câmara de
compensações de faixas desmatadas em outras propriedades, desde que no mesmo
bioma.
A
tentativa ruralista de ressuscitar a anistia, por meio do relator do projeto na
volta dele à Câmara, Paulo Piau (PMDB-MG), é até um contrassenso, porque mantém
o estado de insegurança jurídica no campo. Não deveria ser de interesse dos
produtores agrícolas.
Todo
esforço ainda precisa ser feito para o Código não servir de munição no conflito
entre o PMDB e Palácio, depois do afastamento do senador Romero Jucá (RR) da
liderança do governo pela presidente Dilma. Mais um teste para maturidade dos
políticos.
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A tecnologia do Brasil de Dilma na Alemanha de
Merkel Correio Braziliense - 14/03
-
Consultor
em negócios internacionais, presidente da Going Global Consulting e membro do
Conselho do World Trade Center
Hannover,
Alemanha, 2001. No emblemático ano da Odisseia, vivi situação no mínimo curiosa
envolvendo a imagem do Brasil na Europa. No final de semana que antecedia a
participação de uma delegação de empresários brasileiros do setor de software
na maior feira de tecnologia da informação do mundo, a CeBIT, em Hannover,
resolvemos visitar Berlim. No confortável trem de alta velocidade, a revista de
bordo era lida pela maioria dos passageiros, e a matéria de capa era dedicada
ao Brasil. Nela constavam duas mulheres muito atraentes, em biquínis minúsculos
na praia de Copacabana, posando com copos de caipirinha em mãos.
Numa
única foto, vários símbolos identificavam nosso país: a sensualidade da mulher,
a beleza de nossas praias e a exótica e apreciada bebida nacional. Todo o
conteúdo da matéria girava em torno desses símbolos e limitava-se a tratar do
modo de vida despojado, festivo e descomprometido de nosso povo. Indaguei-me
sobre tantos outros aspectos não retratados na matéria, como as características
culturais, industriais, tecnológicas, comerciais e outras que ajudassem a melhor
compreender o Brasil. Conversando com amigos brasileiros em sua maioria
executivos de destaque residentes na Alemanha, eles foram unânimes em lamentar
a imagem de nosso país no Velho Continente, sempre atrelada à marginalidade, ao
futebol, à pobreza e ao carnaval, é claro.
Na
feira, acompanhei um empresário do Rio Grande do Sul em visita ao estande de
uma empresa alemã voltada ao segmento de automação de clínicas e hospitais,
área de atuação deste brasileiro. Após 40 minutos de monólogo no qual o alemão
fez a máxima questão de frisar sua tradição, os 5 mil usuários de sua solução,
sua competência tecnológica etc., etc., etc., ouvimos a seguinte pergunta:
"Então, vocês têm interesse em nos representar no Brasil? Quais são suas
qualificações?"
Com
muita habilidade, nosso empresário disse ter uma empresa voltada para o
desenvolvimento de software na mesma área e que vislumbrava, na verdade, uma
parceria entre as duas empresas, visando à comercialização mútua nos mercados
latino e europeu. Observamos enorme surpresa de nosso interlocutor, que
perguntou em tom de ironia: "Vocês querem me convencer que o Brasil produz
software?"
No
mesmo instante, aquela revista de bordo e os comentários dos executivos
brasileiros vieram a minha cabeça e não hesitei: "Sim, o Brasil não apenas
produz software, como tem um mercado superior a US$ 7 bilhões nessa área (na
época)".
Lembrei-o
que nossa automação bancária era (e ainda é) considerada a melhor do mundo e
que não usávamos cédulas de papel nas eleições, mas urnas eletrônicas capazes
de coletar e apurar mais de 100 milhões de votos em poucas horas, que nossa
declaração de Imposto de Renda era feita via internet em minutos e, tomado por
uma brasilidade ainda maior, sem perder o tom diplomático, abri uma revista
alemã que trazia uma matéria sobre a modernização da Bolsa de Valores de
Frankfurt, com o apoio de uma empresa carioca! Confesso que senti o gostinho
brazuca de vê-lo estarrecido. Arrematei ao afirmar que a empresa gaúcha não
tinha 5 mil pontos instalados, mas 15 mil usuários de suas soluções no Brasil.
Notei o seu espanto e o seu respeito e pudemos ser ouvidos com a atenção
merecida.
Onze
anos transcorreram e, na semana passada (6 a 10 de março), saltamos da condição
de desconhecidos e estereotipados para a condição de país homenageado da CeBIT.
Na cerimônia de abertura, a presidente Dilma Rousseff, acompanhada dos
ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; das Relações
Exteriores; das Comunicações; da Ciência, Tecnologia & Inovação e de dois governadores,
sob o
olhar
atento da anfitriã, a chanceler alemã Angela Merkel, afirmou que as soluções
verde-amarelas auxiliam a competitividade brasileira prestes a alcançar a
posição de quinta economia do mundo. Em 2012, o mercado brasileiro deverá
crescer acima da média internacional no setor de TI – tecnologias da
informação, previsto para 4,6%. Cresceremos 10%, atingindo o investimento de
US$ 143,8 bilhões, segundo o Instituto de Pesquisas Gartner.
Em
onze anos, saímos de um acanhado estande para um espaço de 1.200 metros
quadrados distribuídos em quatro pavilhões. Em vez de uma infinidade de nomes e
logos, uma identidade visual única estampava a marca: Brasil IT + conferindo
seriedade e profissionalismo à presença brasileira organizada pela Sociedade
Softex e apoiada pelos diversos órgãos governamentais brasileiros.
A
saga prestigiada por mais de 130 empresas e organizações nacionais, além da
Embraer e da Petrobras, não serviu apenas para colocar o Brasil definitivamente
no radar mundial como opção das grandes corporações globais na hora de
especificar as demandas por sistemas e soluções de informática, gerou US$ 60
milhões em negócios e a certeza de que o mundo mudou. Afinal, em pouco mais de
uma década, os termos terceiro mundo ou país subdesenvolvido que nos rotulavam
deu lugar à expressão economia emergente e bola da vez.
Talvez
seja cedo para afirmar que consolidamos nosso espaço em meio à odisseia da
competição global, mas dá gosto verificar que, no país do futebol, a tecnologia
também bate um bolão.
>>>
Dicas de português.
Por Dad
Squarisi Correio Braziliense - 14/03
-
Ministro
pisa a bola
Aldo
Rebelo dava entrevista ao Bom-dia, Brasil. Era segunda-feira, dia internacional
da preguiça. Voz pausada, devagar quase parando, o ministro falava. Fazia o
jogo do tudo-bem. Perguntas explosivas estavam na pauta. Uma delas: a liberação
de bebida alcoólica nos estádios. No Brasil, cervejinhas & cia. exibem
tarja preta. Não entram.
É
lei.
Ops!
A Budweiser patrocina a Copa. Quer a contrapartida. E daí? “Mude-se a lei”,
decidiram os cartolas. Houve reações furiosas. Com razão. O álcool estimula
violência. De saia justa, o ministro usou tom conciliador. Disse que a Copa é
evento particular. Sem convencer, pisou a bola: “O Brasil, como os outros
países, assumiram compromisso com os organizadores”.
Gol
contra
Telespectadores
ficaram com a pulga atrás da orelha. Sua Excelência, tão cuidadoso com as
palavras, atropelou a concordância. Por que será? Palpites proliferam. Enquanto
a resposta não vem, vale rever a liçãozinha que aprendemos lá longe, na escola
primária.
Trata-se
da concordância verbal. A regra: aonde o sujeito vai, o verbo vai atrás. Em bom
português: o verbo concorda em número (singular e plural) e pessoa (1ª, 2ª e
3ª) com o sujeito. Assim: eu falo, tu falas, ele fala, nós falamos, vós falais,
eles falam.
Uma
enrascada
Moleza?
Sem dúvida. Os tropeços começam quando o sujeito troca de posição. Em vez de
aparecer antes do verbo, o danadinho pinta lá atrás. A regra não muda. O que
muda é nossa atenção. Aparecem, então, orações como "basta dois
livros". Se o mandachuva estivesse no lugarzinho dele, manteríamos a nota
10: Dois livros bastam. Bastam dois livros.
Outra
enrascada
Sujeito
composto também dá dores e dores de cabeça. Na concordância normal, a existência
de dois ou mais mandachuvas leva o verbo para o plural: O jogador Adriano e o
goleiro Bruno estão nas manchetes do dia. Estão nas manchetes do dia o jogador
Adriano e o goleiro Bruno.
Como
a língua é coisa de gente, e gente gosta de variar (e contrariar), existem
concessões. Uma delas: quando o sujeito composto vem depois do verbo, além de
concordar com todos os mandões, o verbo pode concordar com o mais próximo.
Deste jeitinho: Está nas manchetes do dia o jogador Adriano e o goleiro Bruno.
Superdica:
deixe essa concordância pra lá. Fique com a primeira.
A
enrascada do Aldo
Disse
o ministro: “O Brasil, como os outros países, assumiram compromisso com os
organizadores”. Viu? O período tem duas orações:
1.
O Brasil assumiu compromisso com os organizadores.
2.
Os outros países (assumiram compromisso com os organizadores)
Ao
juntar as duas, pode-se mudar a ordem. Mas o sujeito da primeira se mantém. O
verbo concorda com ele sem pestanejar: O Brasil assumiu compromisso com os
organizadores como os outros países. Como os outros países, o Brasil assumiu
compromisso com os organizadores. O Brasil, como os outros países, assumiu
compromisso com os organizadores.
Ufa!
Imprecisão
é isto
O
professor pergunta:
—
Como fazer para deixar cair um ovo cru num piso de concreto sem quebrá-lo?
Joãozinho
responde:
—
Derrube como quiser. Pisos de concreto são muito difíceis de quebrar.
Leitor
pergunta
Tenho
duas dúvidas. Uma: saudade tem plural? No meu tempo de escola, aprendi que a
saudade é uma só. A outra: estou careca de ver e ouvir numa segunda-feira a
expressão “nesta quarta-feira”. Está certo o emprego do demonstrativo? Sergio
Pedro Schneider, lugar incerto
Sérgio,
como diz o esquartejador, vamos por partes: 1. No duro, no duro, saudade, como
ciúme, dispensa o plural. Mas tolera o essezinho. Se você escrever saudades e
ciúmes, não perderá pontos. Mas, como se pode viver sem a letrinha
desnecessária, que tal mandá-la plantar batata bem longe do nosso quintal? Xô!
2.
Na indicação de tempo, o demonstrativo este joga em dois times:
2.1.
exprime tempo presente: este ano (2012), este mês (março), esta semana (a
semana em curso).
2.2.
exprime futuro próximo: Paulo se casa neste sábado. (= Paulo se casa no próximo sábado.) Neste fim
de semana vamos ao Rio. (=No próximo fim de semana vamos ao Rio.)
>>>
URBANISMO » "Brasília
pertence a todos" No primeiro dia da missão, consultores da Unesco
deixam clara a admiração pela capital e garantem já ter muitas informações
sobre os atuais problemas que preocupam os moradores da capital. O relatório
trará recomendações para que a cidade não perca o título Correio Braziliense - 14/03
-
Luis
Maria Calvo e Carlos Sambrício se disseram surpresos com a repercussão da
visita: reflexo da mobilização da população
Os
especialistas estrangeiros indicados pela Unesco para a visita a Brasília têm
currículos extensos e grande experiência na área de patrimônio mundial. Mas
além dessa bagagem acadêmica, o argentino Luís Maria Calvo e o espanhol Carlos
Sambrício mostraram ontem, no primeiro dia da missão, que são dois admiradores
da cidade. “A proposta de Lucio Costa para Brasília é a realização mais
maravilhosa do século 20”, disse Calvo. “Brasília me pertence tanto quanto
pertence aos brasilienses, porque é uma parte do saber da humanidade”, acrescentou
Sambrício, durante coletiva à imprensa.
Mas
o discurso dos consultores da Unesco não ficou restrito apenas aos elogios à
capital federal. Eles explicaram que o relatório a ser elaborado após a missão
trará recomendações para o governo, que deverão ser seguidas sob o risco de, no
futuro, a capital federal perder o título concedido pela Unesco há quase 25
anos. Eles citaram o exemplo de Dresden, na Alemanha, que perdeu o título
depois da construção de uma controversa ponte sobre o Rio Elba. Segundo a
organização, a obra alterou os valores culturais da paisagem da cidade.
O
arquiteto Luís Maria Calvo esclareceu que os consultores buscam sempre o apoio
do governo dos países que recebem a visita. “Sempre fazemos um trabalho
conjunto, para unir o Estado e a Unesco. No caso de Brasília, a última visita
foi realizada há 10 anos. Outros locais recebem as missões com maior
frequência”, comentou o especialista. Ele contou que, antes de desembarcar em
Brasília, já havia se informado sobre os problemas que afetam a cidade
atualmente. “Recebemos muitos documentos e informações, que a comunidade
organizada enviou à Unesco”, acrescentou Calvo. Na última década, entidades de
defesa do patrimônio e líderes comunitários mandaram dossiês com denúncias
sobre irregularidades registradas na cidade.
Em
reunião com técnicos do governo local e do Iphan, a dupla definiu detalhes do
roteiro da inspeção
Na
manhã de ontem, os consultores se reuniram com representantes do GDF e do
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para definir
detalhes da agenda da visita, que se estenderá até o próximo sábado. No início
da tarde, Sambrício e Calvo concederam uma coletiva à imprensa, ao lado da
coordenadora de Cultura da Unesco no Brasil, Jurema Machado, e do diretor de
Patrimônio do Iphan, Andrey Schlee. Depois, seguiram em direção ao Palácio do
Buriti, onde se reuniram com quase 50 técnicos e integrantes do primeiro
escalão do governo local. A Unesco não divulgou o cronograma dos próximos dias.
Além
das reuniões, Calvo e Sambrício também vão se debruçar sobre a legislação do
Distrito Federal. Eles querem avaliar o impacto das leis locais sobre o
patrimônio de Brasília. Fazem parte do agenda visitas a diversos pontos da
cidade, como entrequadras comerciais, a orla do lago e a avenida W3 Sul, além
de um sobrevoo de helicóptero sobre a cidade. Ao fim dos cinco dias de visita,
os especialistas vão elaborar um relatório, que será enviado ao Centro do
Patrimônio Mundial da Unesco, em Paris, e debatido durante a reunião anual da
entidade, que, em 2012, ocorrerá na Rússia, em junho.
Risco
Luís
Calvo e Carlos Sambrício foram muito questionados sobre o risco de Brasília
perder o título concedido pela Unesco. “Não estamos em condições de responder
isso no início da missão”, explicou Sambrício. “Mas, até chegarmos a uma medida
radical como essa, leva-se muito tempo. É um processo longo, em que a Unesco
emite várias advertências”, acrescentou o arquiteto espanhol. Para ele, o
grande objetivo da visita é melhorar os mecanismos de proteção. “Essa capital é
um testemunho para a humanidade. Podemos dar recomendações e pequenos conselhos
para preservar essa cidade. Brasília pertence a todos”, justificou Sambrício.
Já
Luís Maria Calvo falou sobre a utopia social representada pelo projeto da
capital. “O conceito criado por ele tem um valor extraordinário. É preciso
buscar a democratização e a socialização dos espaços, que são questões
intangíveis e imateriais incluídas na proposta de Lucio Costa”, comentou. Para
o especialista argentino, é imprescindível implantar efetivamente uma
região-tampão, que recebeu o nome de zona de proteção da área tombada. A medida
foi aprovada pelo Iphan no mês passado. “O Plano Piloto está encravado em uma
área com alta densidade populacional e é necessário garantir a visibilidade”,
finalizou Calvo.
O
arquiteto Carlos Sambrício disse que surpreendeu com a quantidade de notícias
sobre a chegada da missão da Unesco. “Fiquei surpreso com o interesse relativo
à nossa chegada. Isso demonstra que a população tem sensibilidade urbana e que
existe uma preocupação quanto à preservação do projeto original”, afirmou.
Patrimônio
em risco
Outros
locais que já estiveram na mira da Unesco foram o santuário arqueológico Machu
Picchu, no Peru, e a cidade de Sevilha, na Espanha. As famosas ruínas foram
ameaçadas pela construção de pontes e trens, mas, hoje, não figuram mais na
lista de patrimônio em risco. Segundo os consultores da Unesco, há críticas
atualmente à administração de Sevilha por conta da construção de um prédio com
altura acima do recomendando pela entidade.
Avanços
tímidos
Esta
é a segunda missão da Unesco em apenas 10 anos. Os especialistas da entidade
vão rever todas as questões indicadas no relatório elaborado durante a visita
de 2001, mas não ficarão presos apenas a esses temas. Para o secretário de
Desenvolvimento Urbano e Habitação, Geraldo Magela, a cidade melhorou muito na
última década. “Os puxadinhos, por exemplo, existem há mais de 30 anos,
começaram a ser construídos antes mesmo do tombamento. De lá para cá, criamos a
legislação que regulariza essas invasões e não permitimos mais obras
irregulares”, explicou Magela.
Segundo
ele, os assuntos mais complicados e de mais difícil solução são as ocupações
residenciais na beira do Lago Paranoá e a expansão sem limites da Vila
Planalto. A legislação só permite construções de um pavimento na região, mas
diariamente surgem prédios altos, destinados a quitinetes. “O que posso dizer é
que a partir de agora não vamos mais permitir que sejam erguidos apartamentos
na beira do lago. Já a Vila Planalto é o nosso calo que dói, há muita
dificuldade em controlar a ampliação”, acrescentou o secretário.
O
diretor do Departamento de Patrimônio e Fiscalização do Iphan, Andrey Schlee,
também indicou avanços observados na última década. “Recentemente, o Iphan
editou a portaria que criou a zona de proteção da área tombada, como a Unesco
havia recomendado. Além disso, a questão do sétimo pavimento e o fechamento de
pilotis são problemas sob controle”, afirmou.
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CIDADANIA » Pacote
em prol dos sem-teto Agnelo, com os secretários de Justiça e da Sedest,
e a ministra Maria do Rosário: campanha contra intolerância Correio Braziliense - 14/03
-
Governador
Agnelo Queiroz promete a conclusão de cadastro dos moradores de rua, a construção
de albergues e centros de referências. Campanha de combate à intolerância e à
violência será realizada
-
O
governador Agnelo Queiroz anunciou políticas públicas, em parceria com o
governo federal, para garantir direitos e segurança à população de moradores de
rua de Brasília. Após reunião com a secretária de Direitos Humanos, ministra
Maria do Rosário, ele prometeu concluir o cadastro dos cerca de 2 mil sem-teto
da cidade, construir três albergues e dois centros de referência (na Asa Sul e
em Ceilândia) para alimentar essas pessoas, inaugurar quatro creches em tempo
integral para crianças em situação de risco, bem como facilitar o acesso dessa
parcela de moradores do DF a clínicas de desintoxicação — a região tem 250
leitos para tratar dependentes.
Atualmente,
somente os catadores estão cadastrados na Secretaria de Desenvolvimento Social
e Transferência de Renda (Sedest). A intenção do chefe do Executivo local é de
que o DF se torne referência nacional em políticas públicas voltadas para a
parcela menos favorecida da população.
O
governador também comentou a morte dos dois mendigos no último sábado, no
Areal, bairro de Águas Claras. Segundo ele, a violência cometida contra as
vítimas evidencia a necessidade de ações que garantam o bem-estar de quem vive
nas ruas. “É uma população vulnerável e o Estado tem que assegurar o direito e
a segurança deles, além de fazer uma investigação rigorosa e punir os
criminosos, como fizemos no caso de Santa Maria” disse.
Também
participaram da reunião o secretário da Sedest, Daniel Sá, o secretário de
Justiça, Direitos Humanos e Cidadania, Alírio Neto, o secretário de Saúde em
exercício, Elias Miziara, e representantes dos ministérios da Saúde e do
Desenvolvimento Social. Embora tenha evitado falar em valores e data para
conclusão das obras dos três novos albergues, Agnelo disse que o GDF já tem um
orçamento destinado e que, ainda em março, concluirá a parte burocrática da
construção dos abrigos. Cada uma das novas casas abrigará até 200 pessoas.
“Vamos descentralizar esses locais e classificar os usuários. Não dá para
colocar todo mundo na mesma situação. Vamos dar proteção de acordo com a
prioridade”, garantiu.
Outro
anúncio feito pelo governador foi de uma campanha para combater a intolerância
e a violência contra moradores de rua. De acordo com Agnelo, somente 10% dos
desabrigados da capital federal vivem de pedir esmolas. O restante é de
trabalhadores que “têm direitos e não podem ser vítimas de brutalidades”. Ele
disse que o GDF discutiu as políticas públicas com entidades ligadas a
sem-tetos de Brasília. “Vamos mobilizar a comunidade e instituições que
trabalham com moradores de rua para promover uma união da população na proteção
dos direitos e inclusão das pessoas em situação de rua”, afirmou. “Brasília será
a primeira capital do Brasil com uma política concreta integrada e voltada para
essa parcela de desfavorecidos”, prometeu.
Investigação
Enquanto
o GDF discute com o governo federal políticas voltadas para a população de
moradores de rua, a Polícia Civil segue em busca dos suspeitos de assassinar os
sem-teto Ivanildo dos Reis Serra, 32 anos, e Adriano Bispo de Oliveira, 34.
Eles foram mortos a tiros por um homem encapuzado enquanto dormiam. A
delegada-chefe da 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul), responsável pelas
investigações, afirmou que tem um suspeito e que “o caso é prioridade na DP”.
No entanto, não entrou em detalhes sobre as investigações. O crime ocorreu após
um grupo de sete pessoas queimar dois moradores de rua em Santa Maria. Uma das vítimas,
José Edson Freitas, 26, morreu em decorrência dos ferimentos.
Medidas
O
que Agnelo anunciou:
»
A conclusão do cadastro dos cerca de 2 mil sem-teto de Brasília (atualmente,
somente os catadores estão cadastrados);
»
A construção de três novos albergues e dois centros de referência (na Asa Sul e
em Ceilândia) para abrigar e alimentar moradores de rua;
»
A inauguração de quatro creches para crianças em situação de risco;
»
Facilitar o acesso de desabrigados do DF a clínicas de desintoxicação (a região
tem 250 leitos para tratar dependentes).
>>>
Marcelo Barros. A crise
da água e a sede de vida. O POPULAR GO
14.02
-
No
dia 22, a ONU celebra mais um Dia Internacional da Água. Em vários países,
devido à urgência do problema, as reflexões e eventos sobre esse dia tomarão
toda a semana. De fato, estamos em situação de risco. O sistema de vida no
Planeta Terra está ameaçado e a água se torna o bem mais precioso. Hoje, 1,1
bilhão de pessoas já não tem acesso à água potável e 2,4 bilhão de pessoas não
têm saneamento básico. Cada ano, 6 milhões de pobres, dos quais 4 milhões de
crianças, morrem de enfermidades ligadas a águas contaminadas. Até o ano 2025,
conforme estudo da ONU, este problema afetará metade da humanidade.
Há
diversos motivos para esta crise. A Terra tem 75% de sua superfície ocupada por
oceanos, mas a água doce representa apenas 2,5% deste total. No último século,
a população mundial aumentou muito e na maioria dos países a urbanização se fez
de modo descontrolado. É ao redor das 217 bacias fluviais internacionais que se
concentram 40% da população mundial. Por causa do crescimento demográfico e da
poluição, nos últimos trinta anos os recursos hídricos foram reduzidos em 40%.
E muitos ainda se comportam como se a água fosse um bem inesgotável. Usam os
recursos hídricos de modo irresponsável e injusto.
A
água é um recurso natural limitado e pode acabar. Tem valor econômico e
competitivo no mercado. Não pode ser desperdiçada (cada vez que se toma um
banho com chuveiro aberto todo o tempo desperdiça-se mais água do que se usa).
Quase todos os países atualizam legislações sobre a água. Em vários lugares, há
conflitos entre povos por causa da água. Há quem diga que as guerras do futuro
serão por causa de água.
Organizações
não Governamentais e movimentos populares defendem que a água não deve ser
mercantilizada – ela é mais do que uma mercadoria – e menos ainda privatizada.
A Pastoral da Terra declara: “Sendo a água constitutiva do ser humano, da vida
como um todo e do meio ambiente, ela é um direito natural, patrimônio da
humanidade, dádiva divina e não obra humana. Por isso, ela não pode ser
reduzida a uma mercadoria e a um bem particular. E nenhum ser humano pode
arrogar a si o poder de negar a qualquer semelhante ou ser vivo este bem essencial
à vida”.
O
cuidado com a água tem, então, motivos sociais e econômicos. Mas, a nossa
relação com a água só mudará se aprendermos com as culturas religiosas antigas
a nos relacionarmos com a terra e com a água de forma amorosa e espiritual. A
Bíblia fala da água como símbolo do Espírito de Deus que derrama sobre o
universo uma vida nova. Cuidar bem da água e defender os rios e fontes é uma
forma de reconhecer a presença divina no universo, defender a vida e participar
da Páscoa pela qual Deus “renova todas as coisas” (Ap 21, 5)1.
Marcelo
Barros é monge beneditino e escritor
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Reedições de Drummond são lançadas hoje. Editora
faz evento com apresentação de José Miguel Wisnik; ingressos estão esgotados FOLHA SP 14.02
-
A
Companhia das Letras promove hoje o lançamento de quatro novas edições da obra
de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987).
"A
Rosa do Povo", "Claro Enigma", "Contos de Aprendiz" e
"Fala, Amendoeira" são os primeiros dos mais de 40 livros que a nova
editora do poeta pretende publicar nos próximos quatro anos.
O
evento "Drummond e o Mundo" terá direção e apresentação do compositor
e crítico José Miguel Wisnik.
Outros
encontros estão programados para lembrar o aniversário de 110 anos de
nascimento do poeta (31 de outubro) e os 25 anos de sua morte.
Drummond
também será o homenageado deste ano da Festa Literária Internacional de Paraty
(Flip).
"A
poesia de Drummond é densa, reflexiva, abriu a porta da poesia moderna do
Brasil. Uma poesia vertical e horizontal, que mergulha na alma do sujeito. Mas,
ao mesmo tempo, ele é autor de hits poéticos, versos de grande
repercussão", afirma Wisnik.
O
lançamento contará com leituras de poemas e performances musicais de Arnaldo
Antunes, Arrigo Barnabé, Emicida e Marcelo Jeneci.
"Será
uma leitura de certo modo paulista. Não foi planejado, mas, além de mim, conta
com vários artistas paulistas, várias ondas diferentes", destaca Wisnik.
"Vou
recitar 'Relógio do Rosário' e participar em declamações de outras
pessoas", diz Arrigo Barnabé.
"Acho
incrível o acesso que Drummond tem à poesia. Como consegue entrar no mundo
atemporal com suas observações sobre o mundo secular e retirá-las de lá,
impregnadas do absoluto", afirma Barnabé.
NOVA
CASA
O
jornalista e escritor Leandro Sarmatz está organizando as reedições feitas pela
Companhia das Letras -até o ano passado, a obra de Drummond era publicada pela
editora Record.
"Procuramos
formar um conselho editorial de peso. A partir daí, escolhemos a sequência de
livros a serem publicados e quem seriam os autores dos posfácios", conta.
O
conselho consultivo da coleção é formado pelo crítico Antonio Carlos Secchin,
pelo ensaísta Davi Arrigucci Júnior, pelo poeta e crítico Eucanaã Ferraz, pelo
professor Samuel Titan Junior, e pelos netos do poeta, Luis Mauricio e Pedro
Graña Drummond.
POLÊMICA
Na
semana passada, o Facebook foi palco de críticas sobre as estratégias de
publicidade da Companhia, que havia postado versos isolados do poeta na rede
social.
O
jornalista Heitor Ferraz Mello afirmou que a editora estava banalizando a obra
de Drummond, ao publicar os versos soltos na internet.
"Não
entendi a polêmica. Apenas coloquei alguns postais virtuais com versos
conhecidos. Não usei truísmos ou textos apócrifos. Isso de maneira alguma
banaliza a sua obra", diz Sarmatz. Procurado pela Folha, Ferraz disse que
não gostaria de "dar publicidade ao caso".
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HÉLIO SCHWARTSMAN.
O poder da
metáfora
SÃO
PAULO - A comissão de juristas encarregada pelo Senado de propor um novo Código
Penal sugere que o aborto legal possa ser praticado até a 12ª semana de
gravidez quando, a partir de um pedido da gestante, o "médico ou psicólogo
constatar que a mulher não apresenta condições de arcar com a
maternidade". Parece-me pouco provável que a iniciativa prospere, mas é
uma tentativa interessante. FOLHA SP
14.02
-
O
que a comissão pretende ao associar o aborto à ideia de saúde da mulher é
retirá-lo da categoria mental de assassinato, onde foi colocado por um
eficiente discurso conservador, para apresentá-lo como uma questão sanitária.
Há
ciência por trás dessa investida. Pesquisadores como o linguista George Lakoff
sustentam que o cérebro não toma decisões analisando prós e contras de uma
questão abstrata que lhe seja apresentada, mas se deixa conduzir por
narrativas, mais especificamente por "frames" (enquadramentos) e
metáforas.
Para
Lakoff, metáforas são mais que um recurso linguístico para explicar ideias.
Elas são a própria matéria-prima do pensamento e têm existência física no
cérebro. A capacidade dos neurônios de conectar-se em redes ativadas por
contiguidade semântica faz com que as palavras escolhidas tenham o dom de
comunicar sentimentos. O uso de um termo negativo como "assassinato"
desperta sensações desagradáveis que, mesmo que não nos demos conta,
influenciam nossos posicionamentos.
Nesse
esquema, o que diplomatas fazem é encontrar novos e mais palatáveis
"frames" para embalar antigas disputas. Às vezes, funciona.
A
metáfora da saúde, embora tenha perdido terreno no debate aqui, é poderosa. Foi
ela que levou a Arábia Saudita, a mais rígida teocracia do planeta, a ter uma
legislação de aborto mais liberal que a brasileira, ao admitir, ao menos no
papel, que mulheres interrompam a gravidez para preservar sua saúde física ou
mental.
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MIRIAM BELCHIOR.
O Brasil reaprendeu a pensar o futuro. MIRIAM
BELCHIOR, 54, engenheira de alimentos, é ministra do Planejamento, Orçamento e
Gestão FOLHA SP
14.02
-
O
PAC reafirma o Estado como indutor do desenvolvimento; o governo destinou R$ 11
bi para os metrôs de BH, Porto Alegre, Salvador, Curitiba e Fortaleza
Os
resultados alcançados pela nossa economia nos últimos anos, mesmo em tempos de
crise mundial, mostram que o PAC alcançou o objetivo que lhe empresta o nome:
acelerar o crescimento do Brasil.
Impulsionado
pelo PAC, o país rompeu em definitivo com duas décadas de estagnação e viu o
PIB crescer em média 4,2% ao ano, entre 2007 e 2011, corrigindo desigualdades
regionais e sociais históricas. Agentes públicos e iniciativa privada voltaram
a planejar investimentos e programar projetos de longo prazo. Com o PAC, o
Brasil reaprendeu a pensar o futuro.
No
mesmo período, o investimento cresceu em média 9% ao ano, nove vezes mais do
que entre 1995 e 2002. Parte deste aumento ocorreu porque o governo federal
dobrou a participação do investimento público em relação ao PIB, recuperando a
confiança da iniciativa privada, que voltou a investir, e dinamizando a
economia.
O
PAC está mudando a cara do Brasil, semeando obras pelo país afora -da pequena
rede de abastecimento de água que melhora a vida dos moradores da cidadezinha
mais pobre à grande usina hidrelétrica que alimenta o desenvolvimento.
O
PAC faz nascer milhares de postos de trabalho onde antes havia só um vazio no
mapa. Nas periferias das capitais, homens e mulheres trabalham em obras que
beneficiam diretamente as suas comunidades, construindo com as próprias mãos
uma vida melhor para os filhos.
O
PAC acelera a geração de empregos formais. Entre 2007 e 2011, o crescimento foi
de 72% na construção de moradias e de 77% na construção de rodovias e
ferrovias, por exemplo. A renda real dos trabalhadores também cresceu,
melhorando a qualidade do emprego e fortalecendo ainda mais o mercado interno.
Com
o PAC 2, lançado em 2011, o país mantém o ritmo. Em um ano, foram executados R$
204,4 bilhões em obras, 21% do previsto para o período entre 2011 e 2014. O
forte desempenho aconteceu mesmo sendo um novo ciclo de obras, algo que exige o
cumprimento de um rígido protocolo de elaboração de projetos, de licenciamento
socioambiental e de licitação.
Isso
mostra que atingimos um patamar ainda mais elevado: em 2011, a União investiu
27% a mais do que em 2010, até então o melhor ano do PAC, e nada menos que 284%
em relação ao primeiro ano do programa.
Em
12 meses de PAC 2, foram contratadas 457 mil unidades do Minha Casa, Minha
Vida. Mais de 7 mil km de rodovia estão em andamento, com obras de pavimentação
e duplicação. Foram perfurados 236 novos poços de petróleo, no pós e no
pré-sal.
Os
metrôs de Belo Horizonte, Salvador, Curitiba, Porto Alegre e Fortaleza e o novo
sistema de transporte de Recife foram selecionados para receber investimentos
de R$ 11 bilhões. O parque gerador de energia elétrica ganhou mais 2.800 MW, o
suficiente para abastecer Pernambuco. O Luz para Todos chegou a mais 247 mil lares.
Foram
realizados com sucesso leilões de concessão de quatro aeroportos, que receberão
investimentos de R$ 16 bilhões. Seis aeroportos foram ampliados, para atender
12 milhões de passageiros a mais por ano.
Milhares
de obras de saneamento, abastecimento de água e urbanização foram contratadas,
num total de R$ 16,6 bilhões em investimentos. Outros R$ 4,2 bilhões já estão
contratados para drenagem e contenção de encostas, com o objetivo de prevenir
tragédias provocadas pela chuva.
E
é assim que, com o PAC, o Brasil reafirma o papel do Estado como indutor do
desenvolvimento. Cria ambiente favorável ao investimento privado. Gera emprego,
renda e oportunidades. Mostra que, por trás de cada número, há vidas em
movimento -e que o movimento é sem volta.
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'Enciclopédia Britânica' deixa de ser impressa
FOLHA SP 14.02
-
Depois
de 244 anos de circulação, a "Enciclopédia Britânica" deixará de
imprimir seus 32 volumes.
A
publicação ficará restrita ao mundo digital, que os leitores podem acessar por
US$ 70 ao ano. O acesso a algumas páginas continuará gratuito. A versão
impressa era vendida a US$ 1.395 (R$ 2.500) nos EUA.
A
"Britânica" já se afastava do ramo de enciclopédias. Ultimamente, a
comercialização de um software educacional respondia por 85% da receita, enquanto
a venda de enciclopédias era responsável por só 15%.
"Vimos
a chegada disso por algum tempo", disse Jorge Cauz, presidente da
"Britânica".
O
surgimento da web e a popularização de pesquisas on-line fizeram as vendas
despencar. Em 1990, 120 mil exemplares eram vendidos por ano; 20 anos depois,
apenas 8.500.
A
Wikipedia ajudou a acelerar o declínio da "Britânica", oferecendo não
só mais conteúdo mas constantes atualizações.
"Não
se trata de nos defendermos da Wikipedia, mas precisamos diversificar e
digitalizar", afirma Cauz.
Enquanto
a enciclopédia colaborativa tem 3,7 milhões de artigos, a última
"Britânica" contava com 100 mil.
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Internet agora vende mais roupa que livro. Setor
de moda e acessórios alcança 7% dos 53,5 milhões de pedidos do e-commerce e
fica entre os líderes da web FOLHA SP
14.02
Comércio
virtual gira R$ 18,7 bi por ano e fica mais maduro, com mudança nos produtos e
no gasto médio
-
O
brasileiro já compra mais roupas e acessórios do que livros e revistas na
internet.
Dos
53,5 milhões de pedidos feitos no comércio eletrônico em 2011, 7% se destinavam
ao setor de moda e acessórios, segundo o relatório WebShoppers, divulgado ontem
pela consultoria e-bit.
O
brasileiro passou a comprar mais roupas, calçados e artigos esportivos pela
internet recentemente.
Há
dois anos, o segmento era apenas o 26º colocado no ranking. Agora, ocupa o
quinto lugar, passando o setor de livros e revistas.
O
aumento na padronização de tamanho das roupas influenciou na mudança, diz Pedro
Guasti, diretor-geral do e-bit. "Imagina comprar uma blusa M e chegar uma
que, para você, é P."
A
categoria também ganhou força há três anos com a chegada de grandes lojas.
Criada em 2011, a Dafiti é uma delas. No ano, o site teve 74 milhões de
acessos.
São
dois os trunfos do e-commerce de moda, diz Malte Huffmann, um dos fundadores da
Dafiti. Um deles é reunir grande volume de produtos em um só canal. O outro é
levá-los pela web a locais em que as grifes não abririam lojas, como o
Nordeste.
O
setor já tem uma multinacional. Com receita de R$ 600 milhões em 2011, a
Netshoes opera desde então na Argentina e no México.
A
categoria se mostra promissora. A empresa estima receita 60% maior em 2012, de
R$ 1 bilhão. "O e-commerce não pode ser encarado como varejo
tradicional", diz Roni Cunha Bueno, diretor de marketing da Netshoes.
Nos
EUA, mercado considerado "adulto", o setor de moda girava US$ 18
bilhões em 2009. As vendas na web representavam 10% de todo o comércio da
categoria.
No
Brasil, a receita do e-commerce cresceu 26%, alcançando R$ 18,7 bilhões em
2011. A alta ficou abaixo dos 30% esperados por causa da turbulência econômica
e da greve dos Correios.
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