quarta-feira, 14 de março de 2012


“Juiz tem de ser político, não para fazer política, mas no sentido de prestar contas .”
Mário Botazzo, presidente do TRT-GO O POPULAR GO  14.02
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Belluzzo: Globo e Teixeira viveram relação de mútua dependência CARTA MAIOR 13.03
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Nesta entrevista em que comenta a queda do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, e as mudanças que podem ocorrer no esporte a partir de agora, o ex-presidente do Palmeiras Luiz Gonzaga Belluzzo diz que a TV Globo manteve uma relação forte com o ex-mandatário para não correr o risco de perder o principal item de sua programação. "O problema são todos esses interesses privados, que não levam em conta o interesse público", afirma o economista.
Marcel Gomes
São Paulo – Ex-presidente do Palmeiras (2009/10) e um apaixonado pelo futebol, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo se encontrou apenas duas vezes com o ex-mandatário da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, que renunciou nesta segunda-feira (12).

O ano era 2010 e ocorria a eleição para o comando do Clube dos 13, entidade que representa as mais importantes equipes do país. Teixeira articulava a candidatura do ex-presidente do Flamengo, Kléber Leite, contra Fábio Koff. Na ocasião, Belluzzo "trombou" com o então comandante da CBF.

"Eu defendi que a entidade dos clubes precisava ser autônoma, e não vinculada à CBF", lembra ele. No fim, Koff venceu, mas o Clube dos 13 saiu enfraquecido. Era cada vez mais previsível o racha, que acabou ocorrendo em 2011, na disputa pelo dinheiro do futebol pago pela TV Globo.

Nesta entrevista à Carta Maior, Belluzzo diz que espera por mudanças no futebol brasileiro, mas afirma que dificilmente elas virão dos clubes, verdadeiras "casamatas que reúnem os interesses mais díspares, dos maiores aos mais mesquinhos.

Carta Maior - Quem foi Ricardo Teixeira para o futebol brasileiro?
Luiz Gonzaga Belluzzo - Para entender o papel dele precisamos voltar no tempo, até a eleição de João Havelange na Fifa, em 1974, quando ele substituiu Stanley Rous. A partir dali houve uma mudança importante na administração do futebol, na relação com os patrocinadores. A direção do futebol deixou de ser feita de maneira amadora e se tornou um grande negócio, sobretudo para a área de marketing, que aproveitou o fato de o esporte ter se tornado uma impressionante manifestação de massa. Esse processo tomou corpo nos anos 80 e se acentuou nos 90.

CM - Foi essa transformação que ocorreu no Brasil em 1989, com a eleição de Ricardo Teixeira para a CBF?
LGB - Exatamente. O futebol se tornou um grande centro de negócios, legais e ilegais, e atraiu aventureiros interessados em ganhar dinheiro. Os escândalos começaram aí, e não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Se você deixa a lógica do dinheiro dominar, precisa tomar cuidado para não perder a natureza da atividade. Esse é o problema do futebol, o mais interessante de todos os esportes quando é bem jogado.

CM - Isso afetou o esporte dentro de campo?
LGB - No Brasil e em todo o mundo. Houve o caso da Copa do Mundo na França, em 1998, quando a Nike teria se envolvido na escalação de Ronaldo no jogo final. E o campeonato brasileiro de 2005, com a questão das apostas e a manipulação de resultados.

CM - Ricardo Teixeira sempre dependeu muito de sua relação com a TV Globo, não?
LGB - Era uma relação muito forte, de mútua dependência. A Globo tem o futebol como o principal item de sua programação, então seria muito complicado ficar sem ele. O problema são todos esses interesses privados, que não levam em conta o interesse público.

CM - O futebol é um bem material e imaterial da cultura brasileira. Sua gestão não teria de ser mais pública?
LGB - Você tem razão. Os clubes de futebol são entidades semipúblicas, responsáveis por um esporte que interessa a todos os brasileiros. Uma mudança de gestão, porém, teria de passar por uma mudança da organização desses clubes. Mas isso é muito difícil, porque eles são controlados por oligarquias que não querem que algo mude. Falo por experiência própria, como ex-presidente do Palmeiras. Os clubes são casamatas que reúnem os interesses mais díspares, dos maiores aos mais mesquinhos.

CM - É difícil que a democratização venha debaixo?
LGB - Muito difícil. Sem uma regulação geral, os clubes têm se enfiado nas mais complicadas negociações financeiras. Se sou presidente do Palmeiras e o Corinthians gasta muito com um jogador, eu tenho de fazer o mesmo. Veja o caso do Flamengo, que está em uma situação difícil e, mesmo assim, segue contratando jogador. Países como Alemanha e França já criaram regulações coletivas para fazer o controle financeiro do clube, impor teto de endividamento e levá-los a segunda divisão se eles quebrarem. Precisamos de algo similar aqui.

CM - O senhor discutiu alguma vez esses assuntos com Ricardo Teixeira?
LGB - Eu me encontrei com ele apenas duas vezes, uma em São Paulo e outra no Rio, quando havia a eleição do Clube dos 13 em 2010. Ele articulou a candidatura do Kleber Leite contra o Fábio Koff, mas felizmente os clubes barraram. Venceu o Koff. Naquela época, eu defendi que a entidade dos clubes precisava ser autônoma, e não vinculada à CBF.

CM - E a CBF sem Ricardo Teixeira? Muda algo?
LGB - A CBF é um pote de ouro, uma arca perdida que todo mundo quer. Minha esperança é que surja alguém mais isento. Mas é difícil, porque a eleição depende dos presidentes das federações. E aí é um jogo de compromissos.

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Manter e aprovar o Código Florestal O Globo - 14/03/2012
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Voltaram as escaramuças no Congresso, agora na Câmara, contra o projeto do Código Florestal. A guerrilha política em torno do assunto, desta vez liderada pela bancada ruralista, já se tornou cansativa. Tem sido assim desde pelo menos 2008, quando o presidente Lula suspendeu decreto de punição de crimes ditos ambientais, para abrir espaço a uma ampla discussão em torno da reforma do Código.

Agora, porém, é mais grave, pois o atual projeto foi aprovado no Senado, sobre uma versão encaminhada pela Câmara, depois de ampla negociação na qual "ruralistas" e "ambientalistas" - ambos com representação no governo - contornaram pontos de atrito e fizeram concessões, como é imperioso em qualquer processo sério de barganha em busca de pontos comuns. Querer reabrir o debate é um erro, entre outras razões porque significará rasgar uma proposta realista. Não atende a todos os interesses, por óbvio, mas serve de base para a agricultura brasileira provar que é possível preservar e produzir. E é.

Em entrevista recente ao jornal "O Estado de S.Paulo", a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, ressaltou, com propriedade, o caráter do texto aprovado pelos senadores: "(...) não é só do Senado, é um texto de consenso, construído em interlocução com a Câmara, com a sociedade e o governo."

Foi mesmo ampla a participação no Senado dos grupos políticos e sociais interessados no assunto. A começar pelos dois relatores, Jorge Vianna (PT-AC) e Luiz Henrique (PMDB-SC). O petista, de longa história no movimento ambientalista, e o peemedebista, ex-governador de Santa Catarina, estado de tradição agrícola.

A visão do governo, mais próxima dos ambientalistas, fora derrotada na Câmara, em que o relator Aldo Rebelo (PCdoB-SP) contribuiu para aperfeiçoamentos no Código, mas que passou a prever uma descabida anistia aos desmatadores. O deputado foi hábil ao trazer o projeto para o mundo real em muitos aspectos. Ele, por exemplo, inviabilizaria culturas tradicionais no Sul e Sudeste, onde há o cultivo secular em encosta de morros e nas proximidades de rios. Em muitos casos, as exigências de reserva legal e áreas de proteção permanente (APP) tornariam antieconômicas inúmeras propriedades. Mas a anistia precisava ser retirada do texto no Senado.

Na Câmara, delírios ambientalistas foram suprimidos e o lobby ruralista foi eficiente ao emplacar a anistia. Não passou no Senado, como aconselhava a sensatez, e surgiu a fórmula do perdão de multas mediante a recuperação das áreas degradadas dentro de APPs até 2008, ano do decreto suspenso por Lula. Entre outros pontos, foi mantido o critério inteligente aprovado na Câmara de compensações de faixas desmatadas em outras propriedades, desde que no mesmo bioma.

A tentativa ruralista de ressuscitar a anistia, por meio do relator do projeto na volta dele à Câmara, Paulo Piau (PMDB-MG), é até um contrassenso, porque mantém o estado de insegurança jurídica no campo. Não deveria ser de interesse dos produtores agrícolas.

Todo esforço ainda precisa ser feito para o Código não servir de munição no conflito entre o PMDB e Palácio, depois do afastamento do senador Romero Jucá (RR) da liderança do governo pela presidente Dilma. Mais um teste para maturidade dos políticos.

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A tecnologia do Brasil de Dilma na Alemanha de Merkel Correio Braziliense - 14/03
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Consultor em negócios internacionais, presidente da Going Global Consulting e membro do Conselho do World Trade Center

Hannover, Alemanha, 2001. No emblemático ano da Odisseia, vivi situação no mínimo curiosa envolvendo a imagem do Brasil na Europa. No final de semana que antecedia a participação de uma delegação de empresários brasileiros do setor de software na maior feira de tecnologia da informação do mundo, a CeBIT, em Hannover, resolvemos visitar Berlim. No confortável trem de alta velocidade, a revista de bordo era lida pela maioria dos passageiros, e a matéria de capa era dedicada ao Brasil. Nela constavam duas mulheres muito atraentes, em biquínis minúsculos na praia de Copacabana, posando com copos de caipirinha em mãos.

Numa única foto, vários símbolos identificavam nosso país: a sensualidade da mulher, a beleza de nossas praias e a exótica e apreciada bebida nacional. Todo o conteúdo da matéria girava em torno desses símbolos e limitava-se a tratar do modo de vida despojado, festivo e descomprometido de nosso povo. Indaguei-me sobre tantos outros aspectos não retratados na matéria, como as características culturais, industriais, tecnológicas, comerciais e outras que ajudassem a melhor compreender o Brasil. Conversando com amigos brasileiros em sua maioria executivos de destaque residentes na Alemanha, eles foram unânimes em lamentar a imagem de nosso país no Velho Continente, sempre atrelada à marginalidade, ao futebol, à pobreza e ao carnaval, é claro.

Na feira, acompanhei um empresário do Rio Grande do Sul em visita ao estande de uma empresa alemã voltada ao segmento de automação de clínicas e hospitais, área de atuação deste brasileiro. Após 40 minutos de monólogo no qual o alemão fez a máxima questão de frisar sua tradição, os 5 mil usuários de sua solução, sua competência tecnológica etc., etc., etc., ouvimos a seguinte pergunta: "Então, vocês têm interesse em nos representar no Brasil? Quais são suas qualificações?"

Com muita habilidade, nosso empresário disse ter uma empresa voltada para o desenvolvimento de software na mesma área e que vislumbrava, na verdade, uma parceria entre as duas empresas, visando à comercialização mútua nos mercados latino e europeu. Observamos enorme surpresa de nosso interlocutor, que perguntou em tom de ironia: "Vocês querem me convencer que o Brasil produz software?"

No mesmo instante, aquela revista de bordo e os comentários dos executivos brasileiros vieram a minha cabeça e não hesitei: "Sim, o Brasil não apenas produz software, como tem um mercado superior a US$ 7 bilhões nessa área (na época)".

Lembrei-o que nossa automação bancária era (e ainda é) considerada a melhor do mundo e que não usávamos cédulas de papel nas eleições, mas urnas eletrônicas capazes de coletar e apurar mais de 100 milhões de votos em poucas horas, que nossa declaração de Imposto de Renda era feita via internet em minutos e, tomado por uma brasilidade ainda maior, sem perder o tom diplomático, abri uma revista alemã que trazia uma matéria sobre a modernização da Bolsa de Valores de Frankfurt, com o apoio de uma empresa carioca! Confesso que senti o gostinho brazuca de vê-lo estarrecido. Arrematei ao afirmar que a empresa gaúcha não tinha 5 mil pontos instalados, mas 15 mil usuários de suas soluções no Brasil. Notei o seu espanto e o seu respeito e pudemos ser ouvidos com a atenção merecida.

Onze anos transcorreram e, na semana passada (6 a 10 de março), saltamos da condição de desconhecidos e estereotipados para a condição de país homenageado da CeBIT. Na cerimônia de abertura, a presidente Dilma Rousseff, acompanhada dos ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; das Relações Exteriores; das Comunicações; da Ciência, Tecnologia & Inovação e de dois governadores, sob o
olhar atento da anfitriã, a chanceler alemã Angela Merkel, afirmou que as soluções verde-amarelas auxiliam a competitividade brasileira prestes a alcançar a posição de quinta economia do mundo. Em 2012, o mercado brasileiro deverá crescer acima da média internacional no setor de TI – tecnologias da informação, previsto para 4,6%. Cresceremos 10%, atingindo o investimento de US$ 143,8 bilhões, segundo o Instituto de Pesquisas Gartner.

Em onze anos, saímos de um acanhado estande para um espaço de 1.200 metros quadrados distribuídos em quatro pavilhões. Em vez de uma infinidade de nomes e logos, uma identidade visual única estampava a marca: Brasil IT + conferindo seriedade e profissionalismo à presença brasileira organizada pela Sociedade Softex e apoiada pelos diversos órgãos governamentais brasileiros.

A saga prestigiada por mais de 130 empresas e organizações nacionais, além da Embraer e da Petrobras, não serviu apenas para colocar o Brasil definitivamente no radar mundial como opção das grandes corporações globais na hora de especificar as demandas por sistemas e soluções de informática, gerou US$ 60 milhões em negócios e a certeza de que o mundo mudou. Afinal, em pouco mais de uma década, os termos terceiro mundo ou país subdesenvolvido que nos rotulavam deu lugar à expressão economia emergente e bola da vez.
Talvez seja cedo para afirmar que consolidamos nosso espaço em meio à odisseia da competição global, mas dá gosto verificar que, no país do futebol, a tecnologia também bate um bolão.

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Dicas de português.  Por Dad Squarisi Correio Braziliense - 14/03
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Ministro pisa a bola
Aldo Rebelo dava entrevista ao Bom-dia, Brasil. Era segunda-feira, dia internacional da preguiça. Voz pausada, devagar quase parando, o ministro falava. Fazia o jogo do tudo-bem. Perguntas explosivas estavam na pauta. Uma delas: a liberação de bebida alcoólica nos estádios. No Brasil, cervejinhas & cia. exibem tarja preta. Não entram.

É lei.

Ops! A Budweiser patrocina a Copa. Quer a contrapartida. E daí? “Mude-se a lei”, decidiram os cartolas. Houve reações furiosas. Com razão. O álcool estimula violência. De saia justa, o ministro usou tom conciliador. Disse que a Copa é evento particular. Sem convencer, pisou a bola: “O Brasil, como os outros países, assumiram compromisso com os organizadores”.

           


Gol contra
Telespectadores ficaram com a pulga atrás da orelha. Sua Excelência, tão cuidadoso com as palavras, atropelou a concordância. Por que será? Palpites proliferam. Enquanto a resposta não vem, vale rever a liçãozinha que aprendemos lá longe, na escola primária.

Trata-se da concordância verbal. A regra: aonde o sujeito vai, o verbo vai atrás. Em bom português: o verbo concorda em número (singular e plural) e pessoa (1ª, 2ª e 3ª) com o sujeito. Assim: eu falo, tu falas, ele fala, nós falamos, vós falais, eles falam.

Uma enrascada
Moleza? Sem dúvida. Os tropeços começam quando o sujeito troca de posição. Em vez de aparecer antes do verbo, o danadinho pinta lá atrás. A regra não muda. O que muda é nossa atenção. Aparecem, então, orações como "basta dois livros". Se o mandachuva estivesse no lugarzinho dele, manteríamos a nota 10: Dois livros bastam. Bastam dois livros.

Outra enrascada
Sujeito composto também dá dores e dores de cabeça. Na concordância normal, a existência de dois ou mais mandachuvas leva o verbo para o plural: O jogador Adriano e o goleiro Bruno estão nas manchetes do dia. Estão nas manchetes do dia o jogador Adriano e o goleiro Bruno.

Como a língua é coisa de gente, e gente gosta de variar (e contrariar), existem concessões. Uma delas: quando o sujeito composto vem depois do verbo, além de concordar com todos os mandões, o verbo pode concordar com o mais próximo. Deste jeitinho: Está nas manchetes do dia o jogador Adriano e o goleiro Bruno.
Superdica: deixe essa concordância pra lá. Fique com a primeira.

A enrascada do Aldo
Disse o ministro: “O Brasil, como os outros países, assumiram compromisso com os organizadores”. Viu? O período tem duas orações:

1. O Brasil assumiu compromisso com os organizadores.
2. Os outros países (assumiram compromisso com os organizadores)
Ao juntar as duas, pode-se mudar a ordem. Mas o sujeito da primeira se mantém. O verbo concorda com ele sem pestanejar: O Brasil assumiu compromisso com os organizadores como os outros países. Como os outros países, o Brasil assumiu compromisso com os organizadores. O Brasil, como os outros países, assumiu compromisso com os organizadores.
Ufa!

Imprecisão é isto
O professor pergunta:
— Como fazer para deixar cair um ovo cru num piso de concreto sem quebrá-lo?

Joãozinho responde:
— Derrube como quiser. Pisos de concreto são muito difíceis de quebrar.

Leitor pergunta
Tenho duas dúvidas. Uma: saudade tem plural? No meu tempo de escola, aprendi que a saudade é uma só. A outra: estou careca de ver e ouvir numa segunda-feira a expressão “nesta quarta-feira”. Está certo o emprego do demonstrativo? Sergio Pedro Schneider, lugar incerto

Sérgio, como diz o esquartejador, vamos por partes: 1. No duro, no duro, saudade, como ciúme, dispensa o plural. Mas tolera o essezinho. Se você escrever saudades e ciúmes, não perderá pontos. Mas, como se pode viver sem a letrinha desnecessária, que tal mandá-la plantar batata bem longe do nosso quintal? Xô!

2. Na indicação de tempo, o demonstrativo este joga em dois times:
2.1. exprime tempo presente: este ano (2012), este mês (março), esta semana (a semana em curso).

2.2. exprime futuro próximo: Paulo se casa neste sábado. (=  Paulo se casa no próximo sábado.) Neste fim de semana vamos ao Rio. (=No próximo fim de semana vamos ao Rio.)

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URBANISMO »  "Brasília pertence a todos"  No primeiro dia da missão, consultores da Unesco deixam clara a admiração pela capital e garantem já ter muitas informações sobre os atuais problemas que preocupam os moradores da capital. O relatório trará recomendações para que a cidade não perca o título Correio Braziliense - 14/03
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Luis Maria Calvo e Carlos Sambrício se disseram surpresos com a repercussão da visita: reflexo da mobilização da população

Os especialistas estrangeiros indicados pela Unesco para a visita a Brasília têm currículos extensos e grande experiência na área de patrimônio mundial. Mas além dessa bagagem acadêmica, o argentino Luís Maria Calvo e o espanhol Carlos Sambrício mostraram ontem, no primeiro dia da missão, que são dois admiradores da cidade. “A proposta de Lucio Costa para Brasília é a realização mais maravilhosa do século 20”, disse Calvo. “Brasília me pertence tanto quanto pertence aos brasilienses, porque é uma parte do saber da humanidade”, acrescentou Sambrício, durante coletiva à imprensa.

Mas o discurso dos consultores da Unesco não ficou restrito apenas aos elogios à capital federal. Eles explicaram que o relatório a ser elaborado após a missão trará recomendações para o governo, que deverão ser seguidas sob o risco de, no futuro, a capital federal perder o título concedido pela Unesco há quase 25 anos. Eles citaram o exemplo de Dresden, na Alemanha, que perdeu o título depois da construção de uma controversa ponte sobre o Rio Elba. Segundo a organização, a obra alterou os valores culturais da paisagem da cidade.

O arquiteto Luís Maria Calvo esclareceu que os consultores buscam sempre o apoio do governo dos países que recebem a visita. “Sempre fazemos um trabalho conjunto, para unir o Estado e a Unesco. No caso de Brasília, a última visita foi realizada há 10 anos. Outros locais recebem as missões com maior frequência”, comentou o especialista. Ele contou que, antes de desembarcar em Brasília, já havia se informado sobre os problemas que afetam a cidade atualmente. “Recebemos muitos documentos e informações, que a comunidade organizada enviou à Unesco”, acrescentou Calvo. Na última década, entidades de defesa do patrimônio e líderes comunitários mandaram dossiês com denúncias sobre irregularidades registradas na cidade.

           
Em reunião com técnicos do governo local e do Iphan, a dupla definiu detalhes do roteiro da inspeção


Na manhã de ontem, os consultores se reuniram com representantes do GDF e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para definir detalhes da agenda da visita, que se estenderá até o próximo sábado. No início da tarde, Sambrício e Calvo concederam uma coletiva à imprensa, ao lado da coordenadora de Cultura da Unesco no Brasil, Jurema Machado, e do diretor de Patrimônio do Iphan, Andrey Schlee. Depois, seguiram em direção ao Palácio do Buriti, onde se reuniram com quase 50 técnicos e integrantes do primeiro escalão do governo local. A Unesco não divulgou o cronograma dos próximos dias.

Além das reuniões, Calvo e Sambrício também vão se debruçar sobre a legislação do Distrito Federal. Eles querem avaliar o impacto das leis locais sobre o patrimônio de Brasília. Fazem parte do agenda visitas a diversos pontos da cidade, como entrequadras comerciais, a orla do lago e a avenida W3 Sul, além de um sobrevoo de helicóptero sobre a cidade. Ao fim dos cinco dias de visita, os especialistas vão elaborar um relatório, que será enviado ao Centro do Patrimônio Mundial da Unesco, em Paris, e debatido durante a reunião anual da entidade, que, em 2012, ocorrerá na Rússia, em junho.

Risco
Luís Calvo e Carlos Sambrício foram muito questionados sobre o risco de Brasília perder o título concedido pela Unesco. “Não estamos em condições de responder isso no início da missão”, explicou Sambrício. “Mas, até chegarmos a uma medida radical como essa, leva-se muito tempo. É um processo longo, em que a Unesco emite várias advertências”, acrescentou o arquiteto espanhol. Para ele, o grande objetivo da visita é melhorar os mecanismos de proteção. “Essa capital é um testemunho para a humanidade. Podemos dar recomendações e pequenos conselhos para preservar essa cidade. Brasília pertence a todos”, justificou Sambrício.

Já Luís Maria Calvo falou sobre a utopia social representada pelo projeto da capital. “O conceito criado por ele tem um valor extraordinário. É preciso buscar a democratização e a socialização dos espaços, que são questões intangíveis e imateriais incluídas na proposta de Lucio Costa”, comentou. Para o especialista argentino, é imprescindível implantar efetivamente uma região-tampão, que recebeu o nome de zona de proteção da área tombada. A medida foi aprovada pelo Iphan no mês passado. “O Plano Piloto está encravado em uma área com alta densidade populacional e é necessário garantir a visibilidade”, finalizou Calvo.

O arquiteto Carlos Sambrício disse que surpreendeu com a quantidade de notícias sobre a chegada da missão da Unesco. “Fiquei surpreso com o interesse relativo à nossa chegada. Isso demonstra que a população tem sensibilidade urbana e que existe uma preocupação quanto à preservação do projeto original”, afirmou.

Patrimônio em risco
Outros locais que já estiveram na mira da Unesco foram o santuário arqueológico Machu Picchu, no Peru, e a cidade de Sevilha, na Espanha. As famosas ruínas foram ameaçadas pela construção de pontes e trens, mas, hoje, não figuram mais na lista de patrimônio em risco. Segundo os consultores da Unesco, há críticas atualmente à administração de Sevilha por conta da construção de um prédio com altura acima do recomendando pela entidade.

Avanços tímidos
Esta é a segunda missão da Unesco em apenas 10 anos. Os especialistas da entidade vão rever todas as questões indicadas no relatório elaborado durante a visita de 2001, mas não ficarão presos apenas a esses temas. Para o secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Geraldo Magela, a cidade melhorou muito na última década. “Os puxadinhos, por exemplo, existem há mais de 30 anos, começaram a ser construídos antes mesmo do tombamento. De lá para cá, criamos a legislação que regulariza essas invasões e não permitimos mais obras irregulares”, explicou Magela.

Segundo ele, os assuntos mais complicados e de mais difícil solução são as ocupações residenciais na beira do Lago Paranoá e a expansão sem limites da Vila Planalto. A legislação só permite construções de um pavimento na região, mas diariamente surgem prédios altos, destinados a quitinetes. “O que posso dizer é que a partir de agora não vamos mais permitir que sejam erguidos apartamentos na beira do lago. Já a Vila Planalto é o nosso calo que dói, há muita dificuldade em controlar a ampliação”, acrescentou o secretário.

O diretor do Departamento de Patrimônio e Fiscalização do Iphan, Andrey Schlee, também indicou avanços observados na última década. “Recentemente, o Iphan editou a portaria que criou a zona de proteção da área tombada, como a Unesco havia recomendado. Além disso, a questão do sétimo pavimento e o fechamento de pilotis são problemas sob controle”, afirmou.

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CIDADANIA »  Pacote em prol dos sem-teto   Agnelo, com os secretários de Justiça e da Sedest, e a ministra Maria do Rosário: campanha contra intolerância Correio Braziliense - 14/03
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Governador Agnelo Queiroz promete a conclusão de cadastro dos moradores de rua, a construção de albergues e centros de referências. Campanha de combate à intolerância e à violência será realizada
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O governador Agnelo Queiroz anunciou políticas públicas, em parceria com o governo federal, para garantir direitos e segurança à população de moradores de rua de Brasília. Após reunião com a secretária de Direitos Humanos, ministra Maria do Rosário, ele prometeu concluir o cadastro dos cerca de 2 mil sem-teto da cidade, construir três albergues e dois centros de referência (na Asa Sul e em Ceilândia) para alimentar essas pessoas, inaugurar quatro creches em tempo integral para crianças em situação de risco, bem como facilitar o acesso dessa parcela de moradores do DF a clínicas de desintoxicação — a região tem 250 leitos para tratar dependentes.

Atualmente, somente os catadores estão cadastrados na Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest). A intenção do chefe do Executivo local é de que o DF se torne referência nacional em políticas públicas voltadas para a parcela menos favorecida da população.

O governador também comentou a morte dos dois mendigos no último sábado, no Areal, bairro de Águas Claras. Segundo ele, a violência cometida contra as vítimas evidencia a necessidade de ações que garantam o bem-estar de quem vive nas ruas. “É uma população vulnerável e o Estado tem que assegurar o direito e a segurança deles, além de fazer uma investigação rigorosa e punir os criminosos, como fizemos no caso de Santa Maria” disse.

Também participaram da reunião o secretário da Sedest, Daniel Sá, o secretário de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania, Alírio Neto, o secretário de Saúde em exercício, Elias Miziara, e representantes dos ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social. Embora tenha evitado falar em valores e data para conclusão das obras dos três novos albergues, Agnelo disse que o GDF já tem um orçamento destinado e que, ainda em março, concluirá a parte burocrática da construção dos abrigos. Cada uma das novas casas abrigará até 200 pessoas. “Vamos descentralizar esses locais e classificar os usuários. Não dá para colocar todo mundo na mesma situação. Vamos dar proteção de acordo com a prioridade”, garantiu.

Outro anúncio feito pelo governador foi de uma campanha para combater a intolerância e a violência contra moradores de rua. De acordo com Agnelo, somente 10% dos desabrigados da capital federal vivem de pedir esmolas. O restante é de trabalhadores que “têm direitos e não podem ser vítimas de brutalidades”. Ele disse que o GDF discutiu as políticas públicas com entidades ligadas a sem-tetos de Brasília. “Vamos mobilizar a comunidade e instituições que trabalham com moradores de rua para promover uma união da população na proteção dos direitos e inclusão das pessoas em situação de rua”, afirmou. “Brasília será a primeira capital do Brasil com uma política concreta integrada e voltada para essa parcela de desfavorecidos”, prometeu.

Investigação
Enquanto o GDF discute com o governo federal políticas voltadas para a população de moradores de rua, a Polícia Civil segue em busca dos suspeitos de assassinar os sem-teto Ivanildo dos Reis Serra, 32 anos, e Adriano Bispo de Oliveira, 34. Eles foram mortos a tiros por um homem encapuzado enquanto dormiam. A delegada-chefe da 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul), responsável pelas investigações, afirmou que tem um suspeito e que “o caso é prioridade na DP”. No entanto, não entrou em detalhes sobre as investigações. O crime ocorreu após um grupo de sete pessoas queimar dois moradores de rua em Santa Maria. Uma das vítimas, José Edson Freitas, 26, morreu em decorrência dos ferimentos.

Medidas

O que Agnelo anunciou:
» A conclusão do cadastro dos cerca de 2 mil sem-teto de Brasília (atualmente, somente os catadores estão cadastrados);

» A construção de três novos albergues e dois centros de referência (na Asa Sul e em Ceilândia) para abrigar e alimentar moradores de rua;

» A inauguração de quatro creches para crianças em situação de risco;

» Facilitar o acesso de desabrigados do DF a clínicas de desintoxicação (a região tem 250 leitos para tratar dependentes).

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Marcelo Barros.    A crise da água e a sede de vida. O POPULAR GO  14.02
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No dia 22, a ONU celebra mais um Dia Internacional da Água. Em vários países, devido à urgência do problema, as reflexões e eventos sobre esse dia tomarão toda a semana. De fato, estamos em situação de risco. O sistema de vida no Planeta Terra está ameaçado e a água se torna o bem mais precioso. Hoje, 1,1 bilhão de pessoas já não tem acesso à água potável e 2,4 bilhão de pessoas não têm saneamento básico. Cada ano, 6 milhões de pobres, dos quais 4 milhões de crianças, morrem de enfermidades ligadas a águas contaminadas. Até o ano 2025, conforme estudo da ONU, este problema afetará metade da humanidade.

Há diversos motivos para esta crise. A Terra tem 75% de sua superfície ocupada por oceanos, mas a água doce representa apenas 2,5% deste total. No último século, a população mundial aumentou muito e na maioria dos países a urbanização se fez de modo descontrolado. É ao redor das 217 bacias fluviais internacionais que se concentram 40% da população mundial. Por causa do crescimento demográfico e da poluição, nos últimos trinta anos os recursos hídricos foram reduzidos em 40%. E muitos ainda se comportam como se a água fosse um bem inesgotável. Usam os recursos hídricos de modo irresponsável e injusto.

A água é um recurso natural limitado e pode acabar. Tem valor econômico e competitivo no mercado. Não pode ser desperdiçada (cada vez que se toma um banho com chuveiro aberto todo o tempo desperdiça-se mais água do que se usa). Quase todos os países atualizam legislações sobre a água. Em vários lugares, há conflitos entre povos por causa da água. Há quem diga que as guerras do futuro serão por causa de água.

Organizações não Governamentais e movimentos populares defendem que a água não deve ser mercantilizada – ela é mais do que uma mercadoria – e menos ainda privatizada. A Pastoral da Terra declara: “Sendo a água constitutiva do ser humano, da vida como um todo e do meio ambiente, ela é um direito natural, patrimônio da humanidade, dádiva divina e não obra humana. Por isso, ela não pode ser reduzida a uma mercadoria e a um bem particular. E nenhum ser humano pode arrogar a si o poder de negar a qualquer semelhante ou ser vivo este bem essencial à vida”.

O cuidado com a água tem, então, motivos sociais e econômicos. Mas, a nossa relação com a água só mudará se aprendermos com as culturas religiosas antigas a nos relacionarmos com a terra e com a água de forma amorosa e espiritual. A Bíblia fala da água como símbolo do Espírito de Deus que derrama sobre o universo uma vida nova. Cuidar bem da água e defender os rios e fontes é uma forma de reconhecer a presença divina no universo, defender a vida e participar da Páscoa pela qual Deus “renova todas as coisas” (Ap 21, 5)1.
Marcelo Barros é monge beneditino e escritor
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Reedições de Drummond são lançadas hoje.  Editora faz evento com apresentação de José Miguel Wisnik; ingressos estão esgotados FOLHA SP  14.02
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A Companhia das Letras promove hoje o lançamento de quatro novas edições da obra de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987).

"A Rosa do Povo", "Claro Enigma", "Contos de Aprendiz" e "Fala, Amendoeira" são os primeiros dos mais de 40 livros que a nova editora do poeta pretende publicar nos próximos quatro anos.

O evento "Drummond e o Mundo" terá direção e apresentação do compositor e crítico José Miguel Wisnik.

Outros encontros estão programados para lembrar o aniversário de 110 anos de nascimento do poeta (31 de outubro) e os 25 anos de sua morte.

Drummond também será o homenageado deste ano da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip).

"A poesia de Drummond é densa, reflexiva, abriu a porta da poesia moderna do Brasil. Uma poesia vertical e horizontal, que mergulha na alma do sujeito. Mas, ao mesmo tempo, ele é autor de hits poéticos, versos de grande repercussão", afirma Wisnik.

O lançamento contará com leituras de poemas e performances musicais de Arnaldo Antunes, Arrigo Barnabé, Emicida e Marcelo Jeneci.

"Será uma leitura de certo modo paulista. Não foi planejado, mas, além de mim, conta com vários artistas paulistas, várias ondas diferentes", destaca Wisnik.

"Vou recitar 'Relógio do Rosário' e participar em declamações de outras pessoas", diz Arrigo Barnabé.

"Acho incrível o acesso que Drummond tem à poesia. Como consegue entrar no mundo atemporal com suas observações sobre o mundo secular e retirá-las de lá, impregnadas do absoluto", afirma Barnabé.

NOVA CASA

O jornalista e escritor Leandro Sarmatz está organizando as reedições feitas pela Companhia das Letras -até o ano passado, a obra de Drummond era publicada pela editora Record.

"Procuramos formar um conselho editorial de peso. A partir daí, escolhemos a sequência de livros a serem publicados e quem seriam os autores dos posfácios", conta.

O conselho consultivo da coleção é formado pelo crítico Antonio Carlos Secchin, pelo ensaísta Davi Arrigucci Júnior, pelo poeta e crítico Eucanaã Ferraz, pelo professor Samuel Titan Junior, e pelos netos do poeta, Luis Mauricio e Pedro Graña Drummond.

POLÊMICA

Na semana passada, o Facebook foi palco de críticas sobre as estratégias de publicidade da Companhia, que havia postado versos isolados do poeta na rede social.

O jornalista Heitor Ferraz Mello afirmou que a editora estava banalizando a obra de Drummond, ao publicar os versos soltos na internet.

"Não entendi a polêmica. Apenas coloquei alguns postais virtuais com versos conhecidos. Não usei truísmos ou textos apócrifos. Isso de maneira alguma banaliza a sua obra", diz Sarmatz. Procurado pela Folha, Ferraz disse que não gostaria de "dar publicidade ao caso".


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HÉLIO SCHWARTSMAN.  O poder da metáfora
SÃO PAULO - A comissão de juristas encarregada pelo Senado de propor um novo Código Penal sugere que o aborto legal possa ser praticado até a 12ª semana de gravidez quando, a partir de um pedido da gestante, o "médico ou psicólogo constatar que a mulher não apresenta condições de arcar com a maternidade". Parece-me pouco provável que a iniciativa prospere, mas é uma tentativa interessante. FOLHA SP  14.02
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O que a comissão pretende ao associar o aborto à ideia de saúde da mulher é retirá-lo da categoria mental de assassinato, onde foi colocado por um eficiente discurso conservador, para apresentá-lo como uma questão sanitária.

Há ciência por trás dessa investida. Pesquisadores como o linguista George Lakoff sustentam que o cérebro não toma decisões analisando prós e contras de uma questão abstrata que lhe seja apresentada, mas se deixa conduzir por narrativas, mais especificamente por "frames" (enquadramentos) e metáforas.

Para Lakoff, metáforas são mais que um recurso linguístico para explicar ideias. Elas são a própria matéria-prima do pensamento e têm existência física no cérebro. A capacidade dos neurônios de conectar-se em redes ativadas por contiguidade semântica faz com que as palavras escolhidas tenham o dom de comunicar sentimentos. O uso de um termo negativo como "assassinato" desperta sensações desagradáveis que, mesmo que não nos demos conta, influenciam nossos posicionamentos.

Nesse esquema, o que diplomatas fazem é encontrar novos e mais palatáveis "frames" para embalar antigas disputas. Às vezes, funciona.

A metáfora da saúde, embora tenha perdido terreno no debate aqui, é poderosa. Foi ela que levou a Arábia Saudita, a mais rígida teocracia do planeta, a ter uma legislação de aborto mais liberal que a brasileira, ao admitir, ao menos no papel, que mulheres interrompam a gravidez para preservar sua saúde física ou mental.

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MIRIAM BELCHIOR.  O  Brasil reaprendeu a pensar o futuro. MIRIAM BELCHIOR, 54, engenheira de alimentos, é ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão FOLHA SP  14.02

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O PAC reafirma o Estado como indutor do desenvolvimento; o governo destinou R$ 11 bi para os metrôs de BH, Porto Alegre, Salvador, Curitiba e Fortaleza

Os resultados alcançados pela nossa economia nos últimos anos, mesmo em tempos de crise mundial, mostram que o PAC alcançou o objetivo que lhe empresta o nome: acelerar o crescimento do Brasil.

Impulsionado pelo PAC, o país rompeu em definitivo com duas décadas de estagnação e viu o PIB crescer em média 4,2% ao ano, entre 2007 e 2011, corrigindo desigualdades regionais e sociais históricas. Agentes públicos e iniciativa privada voltaram a planejar investimentos e programar projetos de longo prazo. Com o PAC, o Brasil reaprendeu a pensar o futuro.

No mesmo período, o investimento cresceu em média 9% ao ano, nove vezes mais do que entre 1995 e 2002. Parte deste aumento ocorreu porque o governo federal dobrou a participação do investimento público em relação ao PIB, recuperando a confiança da iniciativa privada, que voltou a investir, e dinamizando a economia.

O PAC está mudando a cara do Brasil, semeando obras pelo país afora -da pequena rede de abastecimento de água que melhora a vida dos moradores da cidadezinha mais pobre à grande usina hidrelétrica que alimenta o desenvolvimento.

O PAC faz nascer milhares de postos de trabalho onde antes havia só um vazio no mapa. Nas periferias das capitais, homens e mulheres trabalham em obras que beneficiam diretamente as suas comunidades, construindo com as próprias mãos uma vida melhor para os filhos.

O PAC acelera a geração de empregos formais. Entre 2007 e 2011, o crescimento foi de 72% na construção de moradias e de 77% na construção de rodovias e ferrovias, por exemplo. A renda real dos trabalhadores também cresceu, melhorando a qualidade do emprego e fortalecendo ainda mais o mercado interno.

Com o PAC 2, lançado em 2011, o país mantém o ritmo. Em um ano, foram executados R$ 204,4 bilhões em obras, 21% do previsto para o período entre 2011 e 2014. O forte desempenho aconteceu mesmo sendo um novo ciclo de obras, algo que exige o cumprimento de um rígido protocolo de elaboração de projetos, de licenciamento socioambiental e de licitação.

Isso mostra que atingimos um patamar ainda mais elevado: em 2011, a União investiu 27% a mais do que em 2010, até então o melhor ano do PAC, e nada menos que 284% em relação ao primeiro ano do programa.

Em 12 meses de PAC 2, foram contratadas 457 mil unidades do Minha Casa, Minha Vida. Mais de 7 mil km de rodovia estão em andamento, com obras de pavimentação e duplicação. Foram perfurados 236 novos poços de petróleo, no pós e no pré-sal.

Os metrôs de Belo Horizonte, Salvador, Curitiba, Porto Alegre e Fortaleza e o novo sistema de transporte de Recife foram selecionados para receber investimentos de R$ 11 bilhões. O parque gerador de energia elétrica ganhou mais 2.800 MW, o suficiente para abastecer Pernambuco. O Luz para Todos chegou a mais 247 mil lares.

Foram realizados com sucesso leilões de concessão de quatro aeroportos, que receberão investimentos de R$ 16 bilhões. Seis aeroportos foram ampliados, para atender 12 milhões de passageiros a mais por ano.

Milhares de obras de saneamento, abastecimento de água e urbanização foram contratadas, num total de R$ 16,6 bilhões em investimentos. Outros R$ 4,2 bilhões já estão contratados para drenagem e contenção de encostas, com o objetivo de prevenir tragédias provocadas pela chuva.

E é assim que, com o PAC, o Brasil reafirma o papel do Estado como indutor do desenvolvimento. Cria ambiente favorável ao investimento privado. Gera emprego, renda e oportunidades. Mostra que, por trás de cada número, há vidas em movimento -e que o movimento é sem volta.
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'Enciclopédia Britânica' deixa de ser impressa FOLHA SP  14.02
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Depois de 244 anos de circulação, a "Enciclopédia Britânica" deixará de imprimir seus 32 volumes.

A publicação ficará restrita ao mundo digital, que os leitores podem acessar por US$ 70 ao ano. O acesso a algumas páginas continuará gratuito. A versão impressa era vendida a US$ 1.395 (R$ 2.500) nos EUA.

A "Britânica" já se afastava do ramo de enciclopédias. Ultimamente, a comercialização de um software educacional respondia por 85% da receita, enquanto a venda de enciclopédias era responsável por só 15%.

"Vimos a chegada disso por algum tempo", disse Jorge Cauz, presidente da "Britânica".

O surgimento da web e a popularização de pesquisas on-line fizeram as vendas despencar. Em 1990, 120 mil exemplares eram vendidos por ano; 20 anos depois, apenas 8.500.

A Wikipedia ajudou a acelerar o declínio da "Britânica", oferecendo não só mais conteúdo mas constantes atualizações.

"Não se trata de nos defendermos da Wikipedia, mas precisamos diversificar e digitalizar", afirma Cauz.

Enquanto a enciclopédia colaborativa tem 3,7 milhões de artigos, a última "Britânica" contava com 100 mil.

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Internet agora vende mais roupa que livro.  Setor de moda e acessórios alcança 7% dos 53,5 milhões de pedidos do e-commerce e fica entre os líderes da web FOLHA SP  14.02

Comércio virtual gira R$ 18,7 bi por ano e fica mais maduro, com mudança nos produtos e no gasto médio

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O brasileiro já compra mais roupas e acessórios do que livros e revistas na internet.

Dos 53,5 milhões de pedidos feitos no comércio eletrônico em 2011, 7% se destinavam ao setor de moda e acessórios, segundo o relatório WebShoppers, divulgado ontem pela consultoria e-bit.

O brasileiro passou a comprar mais roupas, calçados e artigos esportivos pela internet recentemente.

Há dois anos, o segmento era apenas o 26º colocado no ranking. Agora, ocupa o quinto lugar, passando o setor de livros e revistas.

O aumento na padronização de tamanho das roupas influenciou na mudança, diz Pedro Guasti, diretor-geral do e-bit. "Imagina comprar uma blusa M e chegar uma que, para você, é P."

A categoria também ganhou força há três anos com a chegada de grandes lojas. Criada em 2011, a Dafiti é uma delas. No ano, o site teve 74 milhões de acessos.

São dois os trunfos do e-commerce de moda, diz Malte Huffmann, um dos fundadores da Dafiti. Um deles é reunir grande volume de produtos em um só canal. O outro é levá-los pela web a locais em que as grifes não abririam lojas, como o Nordeste.

O setor já tem uma multinacional. Com receita de R$ 600 milhões em 2011, a Netshoes opera desde então na Argentina e no México.

A categoria se mostra promissora. A empresa estima receita 60% maior em 2012, de R$ 1 bilhão. "O e-commerce não pode ser encarado como varejo tradicional", diz Roni Cunha Bueno, diretor de marketing da Netshoes.

Nos EUA, mercado considerado "adulto", o setor de moda girava US$ 18 bilhões em 2009. As vendas na web representavam 10% de todo o comércio da categoria.

No Brasil, a receita do e-commerce cresceu 26%, alcançando R$ 18,7 bilhões em 2011. A alta ficou abaixo dos 30% esperados por causa da turbulência econômica e da greve dos Correios.

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