terça-feira, 6 de março de 2012


ESTANTE LEGAL.  A estreia de um juiz na literatura policial www.conjur.com.br
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O juiz Aylton Cardoso Vasconcellos faz a sua estreia oficial, nesta segunda, como o mais recente integrante da chamada literatura policial. Segredos de Sangue, de sua autoria, será lançado logo mais à tarde, no auditório da Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (Amaerj), no centro da cidade. O romance, que explora temas como corrupção, drogas, celibato e inclui uma abordagem sobre o meio jurídico, gira em torno de um detetive que decide investigar por conta própria o misterioso assassinato de um frade franciscano, que dirigiu um orfanato, onde ele, o detetive, passou parte da infância. Aos poucos, durante as investigações, vão surgindo os segredos acentuados no título, envolvendo o protagonista e sua família, formando um quebra-cabeça desconcertante.

É um livro de ficção, mas é inegável a influência do cotidiano vivido pelo autor, principalmente no desenvolvimento da trama e na construção dos personagens. "Toda obra de ficção exige um planejamento, um lado racional, mas você também escreve muito com o seu inconsciente", afirma o magistrado. "Os leitores que atuam na área jurídica, por exemplo, vão reconhecer muita coisa da nossa vivência."

Segredos de Sangue começou a ser escrito há cerca de 10 anos, antes mesmo de o autor ingressar na magistratura, em 2005. A história, por sinal, precisou ser interrompida duas vezes. Na primeira, para estudar para o concurso que o levou ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Depois, já empossado, para concluir o mestrado em Direito Processual na UERJ, em 2006. A trama só deslanchou mesmo quando Aylton Vasconcellos foi transferido para Arraial do Cabo, na região dos Lagos fluminenses, onde encontrou mais tempo e elementos para formatar a história.

Mas a demora na conclusão do livro foi benéfica para os leitores. "Se eu tivesse concluído o livro lá atrás, não teria tantos elementos, não teria conseguido incluir tantas experiências", afirma o autor, ao explicar que boa parte dessas experiências decorre do fato de trabalhar em uma vara única, com múltiplas competências. "Atuar em uma comarca do interior proporciona um contato com o drama humano em todos os seus aspectos, que eu não teria em um grande centro urbano, o que foi bom para o romance", diz.

O livro é o primeiro de uma trilogia planejada por Vasconcellos, leitor voraz e confesso admirador de grandes nomes da literatura mundial, como Dostoiévski, Cervantes, Alexandre Dumas e Arthur Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes, entre outros que, segundo ele, influenciaram e continuam a influenciar não apenas a sua visão de mundo, mas a própria maneira de julgar.

"A literatura te leva a conhecer melhor o ser humano e ter acesso à psicologia dos personagens, algo muito difícil de obter em um texto técnico ou científico", explica Vasconcellos. Para ele, entender melhor a motivação das pessoas, aquilo que está por trás de suas ações, ajuda qualquer pessoa a fazer um julgamento melhor. "E não só ao juiz, pois, afinal, todos julgam, instintivamente, o tempo inteiro, sejam as atitudes dos outros ou suas próprias ações."

Serviço:
Título: Segredos de Sangue
Autor: Aylton Cardoso Vasconcellos
Editora: Multifoco
Lançamento: 5 de março (segunda-feira)
Local: Auditório da Amaerj — Rio de Janeiro
Horário: 17h30
Informações: (21) 3133-2315
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Exposição sobre Antártica homenageará militares mortos no incêndio.  Museu Virtual da UnB abrigará mostra que contará história do descobrimento do polo sul e da presença brasileira no continente   www.unb.br

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Laboratório  Cultura Viva lança novo Edital voltado a Pontos de Cultura www.labculturaviva.org
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O Laboratório Cultura Viva acaba de lançar mais um Edital voltado à produção dos Pontos e Pontões de Cultura, dessa vez para aquisição de obras de qualquer gênero, que deverão se juntar aos vídeos documentários e vídeos autorais premiados pelos Editais 01/2011 e 02/2011, que vão compor a revista eletrônica LabCulturaViva.
O Concurso para Seleção de Vídeos de Curta Duração (Edital 03/2012) premiará 39 obras com duração entre 2 e 4 minutos, captadas em qualquer formato e finalizadas em janela 16x9 com definição de imagem igual ou superior ao formato HDV.
O valor de cada prêmio é de R$ 800,00 (oitocentos reais) pela cessão de direitos e cada proponente poderá inscrever até quatro vídeos.
As inscrições vão até o dia 02 de abril de 2012 e o Edital na íntegra está disponível na plataforma
Qualquer dúvida, entrar em contato pelo e-mail: labculturaviva@gmail.com
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Petrobras vai investir R$ 320 milhões em bolsas de graduação e doutorado.  Agência Brasil   05/03/2012
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A Petrobras recebeu autorização da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para investir R$ 320,9 milhões na concessão de 5 mil bolsas de estudo, sendo 2.754 de graduação e 2.246 de doutorado, no âmbito do programa Ciência sem Fronteiras, do governo federal. Das bolsas de doutorado, 1.901 são para a modalidade sanduíche, em que o aluno estuda no exterior por 12 meses e retorna ao país para completar o curso, e 345 para modalidade plena, com duração de até 48 meses.

Os recursos são referentes a 1% da receita bruta que a empresa obtém nos campos de grande produção ou de alta rentabilidade, segundo estipulado na Cláusula de Investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento, prevista nos contratos de concessão. De 1998 a 2011 a cláusula garantiu geração equivalente a R$ 6,2 bilhões, sendo R$ 3,1 bilhões aplicados em instituições de pesquisa de 21 estados brasileiros, e R$ 569 milhões na formação de mão de obra, por meio do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural.
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A importância de uma Lei.  Lucio Rennó.  www.unb.br  05/03

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Site prevê integração da agricultura familiar ao mercado.  Valor Econômico - 06/03/2012
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Lançada no final de 2011 para cadastro de produtores, a Rede Brasil Rural começa a funcionar nesta terça-feira com apenas 250 cooperativas e associações. Elas equivalem a 12,5% dos 2 mil empreendimentos que possuem a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), instrumento de identificação do agricultor familiar para acessar políticas públicas.

Até o fim do ano, o programa deve contar com 1,5 mil cadastros de cooperativas, de acordo com o coordenador geral Marco Antonio Viana Leite. "Nossa meta é continuar cadastrando os produtores para aumentar nosso banco de dados e chegar a 1,5 mil cooperativas, que representam cerca de 45 mil famílias", diz.

O lançamento oficial do site chegou a ser prorrogado pelo governo devido à baixa adesão dos produtores. A previsão do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) era de que o serviço já estivesse disponível no mês passado.

O site pertence a uma plataforma eletrônica de comércio que reúne cooperativas de produtores rurais, fornecedores de insumos, consumidores públicos e privados, como forma de integrar o agricultor familiar ao mercado. "O projeto organiza toda a cadeia produtiva da agricultura familiar e é de extrema importância para o produtor. Com o RBR, o agricultor vai acessar os insumos de que tanto necessita, pesquisar preços no maior catálogo de produtos do país e conhecer novos mercados para oferecer sua produção", diz o coordenador Viana Leite.

A plataforma também possui uma área específica para os gestores municipais de alimentação escolar. A intenção do governo é facilitar a prestação de contas e a aquisição de produtos pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). A lei que regula a compra de produtos da agricultura familiar com essa finalidade foi aprovada em janeiro de 2010. Ela obriga o governo a repassar um mínimo de 30% do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para a compra de alimentos provenientes das unidades familiares de produção.

O coordenador da Rede Brasil Rural diz que a ferramenta trará grandes benefícios para os gestores do PNAE. "Eles poderão ter uma prestação de contas automática por meio do programa. A chamada para a compra dos produtos será distribuída para todos os fornecedores de um determinado Estado. Os empreendimentos cadastrados receberão todas as chamadas públicas, aumentando a concorrência e abaixando os preços", diz Viana leite.

As compras feitas pelos produtores cadastrados pela Rede Brasil Rural, do MDA, serão financiadas pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O banco irá disponibilizar um limite de crédito de até R$ 1 milhão por cartão do BNDES, com opção de cinco cartões por cooperativa, financiamento de três a 48 parcelas e taxas de juros que serão pré-fixadas no ato da compra.

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'Falta cultura florestal ao produtor', diz especialista   O Estado de S. Paulo - 06/03/2012
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A celeuma em torno do Código Florestal está longe de acabar. Com a iminência da votação do projeto na Câmara dos Deputados, questões como a anistia aos desmatadores, a diminuição das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e a manutenção das Reservas Legais voltaram à tona.

"Não consideramos o perdão das multas como anistia, pois quem desmatou o que não devia terá de recuperar as áreas que degradou", afirma Cesario Ramalho da Silva, presidente da Sociedade Rural Brasileira. Ele crê que o desmatador será monitorado por meio do Cadastro Ambiental Rural (CAR).

"Quem infringiu a lei vai se comprometer a recompor a floresta. O produtor não é um bandido", defende Silva.

Mercado. A necessidade de recomposição dos 18 milhões de hectares desmatados ilegalmente deve aquecer o mercado de mudas e sementes, diz o agrônomo Eduardo Ciriello, diretor da Tropical Flora Reflorestadora. "Nos últimos cinco anos, com a atuação mais firme dos órgãos fiscalizadores, a quantidade de viveiros de mudas já dobrou no País. Se todo mundo que tiver de recompor áreas realmente o fizer, vai faltar muda e semente."

Para ele, um entrave a uma negociação racional em torno do Código é a falta de cultura florestal do produtor rural brasileiro.

"Ele não está acostumado a ver, na reserva legal, um espaço que também pode ser produtivo. Ele pode consorciar espécies nativas que não produzem com nativas produtivas de madeira de lei, por exemplo", afirma. "A RL virou uma coisa mítica, um espaço em que ninguém mexe. Isso deveria ser mais discutido."
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Estória de João Joana.  A poesia de Carlos Drummond de Andrade se une à música de Sérgio Ricardo para contar a saga de uma mulher nordestina em cordel CORREIO BSB 06.03
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Manhã perdida na década de 1980. Enquanto folheia o jornal, o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade se depara com uma notícia incomum: em algum lugarejo árido e poeirento do Nordeste, um estivador musculoso e recluso acabava de dar à luz, chocando a pequena cidade. Não se sabe, em riqueza de detalhes, o que instigou o poeta itabirano a contar essa trama rocambolesca, mas a saga árida dessa mulher transformada em homem acabou virando seu único cordel. Os versos foram musicados por Sérgio Ricardo e viraram o cordel sinfônico Estória de João Joana, que estreou em Brasília em 1985, voltou ao palco da Sala Villa Lobos do Teatro Nacional seis anos depois e agora retorna a Brasília pela terceira vez, em temporada que se estende de hoje a quinta, com a formação original.

“É um espetáculo absolutamente livre. Nem tão erudito, nem tão popular. Até hoje, quando ouço, me emociono”, afirma Sérgio Ricardo, apontando a obra como uma de suas melhores criações. Como seu cordel não se enquadra no padrão comercial, o compositor explica que os raros investimentos em montagens fizeram com que ele fosse quase inédito. Pelos seus cálculos, os versos de Drummond casados com sua melodia foram exibidos ao público em apenas cinco temporadas. Um disco foi lançado, com vozes de Chico Buarque, Geraldo Azevedo, João Bosco, Alceu Valença, Elba Ramalho e Telma Tavares, mas a baixa tiragem o alça ao posto de raridade fonográfica.

Sua ideia, a princípio, era imprimir melodia ao lirismo de Drummond. Foi ao revelar o plano a Gianfrancesco Guarnieri, ator e então secretário de Cultura de São Paulo, que ouviu que o texto poderia ser transformado em balé. A empolgação com o tema veio como uma reação em cadeia. O maestro Isaac Karabtchevsky foi quem cravou: a roupagem ideal seria uma sinfonia. Apesar da sonoridade erudita, o cordel passeia por diversos ritmos musicais, como a guarânia e o samba, por exemplo.

Com a partitura na mão, Sérgio Ricardo se viu sozinho. Todos os apoiadores iniciais abandonaram a ideia. O cordel foi ressuscitado graças a um projeto de uma multinacional. A primeira versão contou com o grupo Nós da Dança, em temporada no teatro João Caetano, no Rio. “Ficou bonito e bem resolvido, mas não completou minha vontade”, explica Sérgio Riccardo. Todos os elementos coreográficos foram retirados e o espetáculo tornou-se, prioritariamente, musical. Na primeira apresentação em Brasília, ele cantou sozinho. Nas apresentações seguintes, ganhou o auxílio luxuoso de Elba Ramalho, Alceu Valença, Telma Tavares e Zélia Duncan.

No palco
Os instrumentistas que o acompanham, Lui Coimbra (violão e charango), Bororó (baixo), Jurim Moreira (bateria) e Marçalzinho (percussão), estiveram no palco da estreia, em 1985. Brasília terá também o privilégio de assistir à retomada do espetáculo com a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, regida por Cláudio Cohen, no palco. De hoje a quinta-feira, eles contarão com uma constelação da música brasileira para ajudá-los na missão: Sérgio Ricardo divide os microfones com os filhos, João e Marina, e com Elba, Alceu e Geraldo Azevedo.

Além da passagem pela capital do país, a trupe se apresenta no Rio de janeiro, com a Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem. Está em negociação uma apresentação em Salvador, com a Orquestra Jovem das Américas, do Teatro Castro Alves, e outra no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, com a participação da sinfônica. São Paulo também está nos planos da produção.

Estória de João Joana  /  Cordel sinfônico de Carlos Drummond de Andrade e Sérgio Ricardo. Com Sérgio Ricardo, Alceu Valença, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Marina Lufti e João Gurgel. De hoje a quinta, às 20h, na Sala Villa Lobos do Teatro Nacional (Via N2 - Setor Cultural Norte - 3325-6239). Ingressos gratuitos, retirados a partir das  12h, na bilheteria do teatro. Classificação indicativa livre.

Os versos

A mulher surgia nele
ao mesmo tempo que o filho,
tal qual se brotassem junto
a espiga com o pé de milho,
ou como bala que estoura
sem se puxar o gatilho.

Se os manos levaram susto,
até eu, que apenas conto.
E o povo todo, assuntando
a estória ponto por ponto,
ficou em breve inteirado
do que aí vai sem desconto.

Nem menino nem menina
era João quando nasceu.
A mãe, sem saber ao certo,
o nome de João lhe deu,
dizendo: Vai vestir calça
e não saia que nem eu. (…)

Trecho do poema Estória de João Joana, de Carlos Drummond de Andrade

» Olhar do interior
Sérgio Ricardo é paulista de Marília. Drummond, mineiro de Itabira. Juntos, eles mergulharam na cultura nordestina, para apresentar a obra exibida hoje à noite. “Somos do interior e sempre tivemos a terra nas mãos. As pessoas do interior são ligadas à vida camponesa e a problemática popular do campo”, explica Sérgio. Tanto ele quanto o poeta guardaram reminiscência da infância passada na fazenda e a ligação com o povo. No caso de Sérgio Ricardo, sua ligação com o povo foi além. Ele adotou a comunidade do Vidigal como sua, na época em que os moradores estavam sendo expulsos do local. O músico, compositor e multiartista não se contentou em ajudar a população a garantir a regularização da moradia. Nunca mais saiu de lá e já completa 37 anos de vida na favela.

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LITERATURA »  O outono do mestre
Prêmio Nobel e dono de obra clássica, Gabriel García Márquez completa hoje 85 anos. Para festejar, Cem anos de solidão finalmente ganha versão em e-book CORREIO BSB 06.03
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García Márquez: o pensamento político e a imaginação se confundem nos livros escritos pelo colombiano ganhador do Nobel em 1982

O colombiano Gabriel García Márquez celebra seu aniversário de maneira inovadora. Seu livro mais conhecido, Cem anos de solidão (1967), ganha versão em e-book, supervisionada pela amiga e agente literária Carmen Balcells. Também jornalista e contista, Márquez tem outras coisas a comemorar, como lembrou o jornal espanhol El País: 60 anos do primeiro conto, La tercera resignación (A terceira resignação, em tradução livre), 45 de Cem anos, 30 do Prêmio Nobel e 10 desde que começou a publicar volumes de memórias, Viver para contar. “Minha relação com ele tem sido uma experiência tão enriquecedora que já não recordo nem quando começou ou se seguimos ancorados nessa nuvem de sonho”, contou Carmen ao diário espanhol. O romance será vendido a 5,99 euros (R$ 13,65).

Dono de um inabalável estilo, em que situações fantasiosas se misturam a eventos realistas, Márquez costuma levar para a ficção um temperamento memorial e crítico sobre suas origens.

Macondo, que pode ser vista como uma versão alegórica de Aracataca, seu município de nascimento, é cenário de algumas de suas histórias, e foi apresentada pela primeira vez em Cem anos de solidão. Segundo o jornalista e escritor Eric Nepomuceno, que verteu obras do autor para o português (editora Record), o colombiano tem biografia única na história da prosa.

“Conseguiu uma junção quase impossível: uma literatura da mais alta qualidade e uma popularidade sem comparações. Ele é insuperável em prestígio, número de vendas e carinho dos leitores”, diz o jornalista, amigo de Márquez desde 1974.

Político e sonhador
O imaginário do escritor foi decididamente influenciado por seus avós maternos, com quem morou quando criança. Deles, ouviu casos reais e mágicos. Enquanto o avô, o coronel Nicolás Ricardo, investia em relatos sobre a guerra civil e a rivalidade entre liberais e conservadores, a avó, dona Tranquilina Iguarán Cotes, lançava-se em fantasmagóricos contos e lendas.

Para ele, a palavra, portanto, é  terreno tanto de ideologia política — o escritor é amigo do ditador cubano Fidel Castro — como de imaginação. “Ele diz, repete e insiste que não há uma linha na obra inteira dele que não tenha como ponto de partida a realidade. E qualquer um que conhece a América Latina sabe que a imaginação popular e a memória coletiva estão perfeitamente refletidas nos livros, em tudo que ele escreveu. Os acadêmicos chamam isso de realismo mágico, porque precisam explicar tudo. Como não entenderam nada do que ele escreveu, inventaram esse carimbo idiota. Qualquer um que tenha tido uma avó na América Latina ouviu as histórias que ele conta”, diz o tradutor, que cuida da seção de literatura latino-americana na 1ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura (14 a 23 de abril, na Esplanada dos Ministérios).

O primeiro texto literário publicado, La tercera resignación, no jornal El Espectador, iniciou uma longa carreira nas letras. Ele equilibrava seu trabalho no jornalismo, já morando na cidade de Barranquilla, com a escola de direito na Universidade de Cartagena. Nunca chegou a concluir o curso. Desde aqueles primeiros movimentos, sua vida foi cercada de curiosas anedotas.

Uma delas conta que Márquez, quase sempre sem nenhum tostão no bolso, morou por algum tempo num prostíbulo de Barranquilla. O motivo: os quartos eram os mais baratos da região. Outra curiosidade diz que, quando terminou Cem anos de solidão, teve que mandar o manuscrito pelo correio, do México, onde vive desde os anos 1960, a Buenos Aires, em duas partes, também por razões financeiras.

Márquez também se notabiliza por outras obras importantes, como Amor nos tempos do cólera (1985) e Memória de minhas putas tristes (2004). No campo da não ficção, acumula vários títulos, a exemplo do recente Eu não vim fazer um discurso (2010) e Notícia de um sequestro (1996), reportagem de fôlego sobre o narcotráfico na Colômbia.

Trecho de Cem anos de solidão
“Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo. Macondo era então uma aldeia de vinte casas de barro e taquara, construídas à margem de um rio de águas diáfanas que se precipitavam por um leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos.

O mundo era tão recente que muitas coisas careciam de nome e para mencioná-las se precisava apontar com o dedo. Todos os anos, pelo mês de março, uma família de ciganos esfarrapados plantava a sua tenda perto da aldeia e, com um grande alvoroço de apitos e tambores, dava a conhecer os novos inventos.”

 Principais obras
» Relato de um náufrago (1955)

» Ninguém escreve ao coronel (1961)

» Os funerais da Mamãe Grande (1962)

           


» Cem anos de solidão (1967)

» O outono do patriarca (1975)

» Crônica de uma morte anunciada (1981)

           


» O amor nos tempos do cólera (1985)

» Doze contos peregrinos (1992)

» Do amor e outros demônios (1994)

           


» Memória de minhas putas tristes (2004)


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Política cultural.  Calote artístico
Artistas e produtores culturais reclamam atrasos no pagamento de cachês O POPULAR/GO  06.03
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Um atraso incomum da Prefeitura de Goiânia no pagamento a artistas e produtores que participaram de eventos culturais promovidos no ano passado está tirando o sono de muita gente. Eventos que nos últimos anos tornaram-se carros-chefe da cultura no município, como o festival de artes cênicas Goiânia em Cena, a miscelânea do Revirada Cultural e o Festcine podem entrar para a lista de recusa de artistas da cidade – e também de muita gente convidada de fora – por conta do tempo absurdo de atraso na liberação de cachês.

A situação tem se agravado ainda mais nos últimos dias, já que os ânimos parecem ter ficado exaltados nos dois lados do balcão de negociação. Segundo envolvidos procurados pelo POPULAR, a Secretaria Municipal de Cultura (Secult Goiânia), responsável pelo gerenciamento dos eventos, nem tem mais dado explicações ou estabelecido novos prazos, para pagamentos que deveriam ter sido efetuados no ano passado, simplesmente porque ainda não tem informação do que poderá ser feito.

Alguns artistas têm tentado seguir pela via diplomática, embora em alguns casos a situação esteja ficando cada vez mais delicada. “Já havia atrasado alguns meses, mas nunca tanto como agora. Sempre havia uma reposta às nossas cobranças e desta vez não há”, reclama o ator e diretor Dionísio Bombinha, do premiado grupo goiano Teatro que Roda, de Goiânia. “Que eu saiba nenhum grupo recebeu ou sabe exatamente quando o pagamento será feito. Não tem como os artistas não se revoltarem”, completa ele, que espera para receber o cachê do Goiânia em Cena, realizado em outubro passado e cujo pagamento foi prometido para novembro.

Uma das convidadas de fora para o festival de artes cênicas, a Raça Cia. de Dança, de São Paulo, está entre as prejudicadas. Dirigida pelo coreógrafo Edy Wilson, a companhia tem uma dívida de R$ 10 mil a receber da Secult, mas não saber quando verá o dinheiro. Não é a primeira vez que isso acontece. Em 2009, quando foi convidada pela primeira vez, a companhia também esperou mais que o previsto. “Só que não demorou tanto e também não fui tão maltrado como agora”, conta Wilson, que diz ter sido maltrado por funcionários do departamento financeiro da Secult. “Uma me perguntou por que participamos se sabíamos que iria atrasar. Outro disse que se eu quisesse podia processar, mas que por isso iremos demorar uns cinco anos para receber”, afirma.

Constante

Ano após ano, festivais municipais como o Goiânia em Cena e o Festicine, e mais recentemente o Revirada Cultural, vem mantendo o hábito de atrasar os pagamentos dos artistas. Na maioria das vezes são quitadas primeiro as dívidas com empresas que prestam serviço de organização, hospedagem e transporte, para só depois ser efetuado o pagamento de cachês. “A gente estava acostumado a esperar mais do que o normal, mas neste ano isso ficou pior”, diz um produtor, que prefere não se identificar. Falar sobre o assunto é um tabu entre artistas. “Quem fala ou reclama em público sobre o assunto sempre sofre represálias”, conta uma atriz, que também prefere anonimato.

O POPULAR apurou que neste ano a situação se complicou tanto que até mesmo alguns prestadores de serviço estão esperando para receber pelo trabalho que prestaram em eventos culturais. No Goiânia em Cena, por exemplo, é o caso dos espaços cênicos privados, como Teatro Sesi e Madre Esperança Garrido, alugados mas não pagos até hoje.

Alguns dos grupos procuradores pela reportagem disseram não que sabem mais o que fazer para quitar dívidas contraídas para as apresentações. “Os artistas de São Paulo que trouxemos para dar oficinas e fazer grafites dos contêineres do Contendo Arte me ligam e não sei mais o que dizer”, afirma a galerista e produtora cultural Lydia Himmen, cujo evento fez parte da programação da Revirada Cultural. Lydia chegou a reivindicar o pagamento publicamente ao prefeito Paulo Garcia, via Twitter. “Ele disse que faria o possível para que saísse (o pagamento) ainda na semana passada. Cheguei a tirar uma cópia com a declaração”, conta ela. Até agora nada foi feito e o prefeito não se pronunciou mais sobre o assunto.

Situação semelhante está passado o artista plástico e DJ Glauco Vilela. “Fui convidado a fazer uma exposição dos meus fazines no Complexo Casa das Artes, mas até hoje estou sem receber.” O valor do cachê combinado pelo artista foi de R$ 500. Um dos produtores culturais contratados pela Prefeitura para o Revirada Cultural, Kaio Bruno Dias não sabe bem explicar o motivo do atraso para o artistas, muitos amigos. “Acredito que tenha sido uma questão de gestão financeiro, depois da troca na parte financeira”, tenta explicar ele a quem lhe perguntar.

A reportagem entrou em contato com responsáveis pelos eventos, para saber o que a Secult tem dado de explicação. “Nós ainda temos vários processos em andamento. O que a Secult nos garante é que agora é preciso esperar reabrir no orçamento municipal de 2012 para efetuar os pagamentos”, diz Glacy Antunes, presidente da comissão organizadora do Goiânia. “Nós produzimos, mas repassamos os custos, dentro do orçamento previsto, para a Secult”, emenda Carlos Brandão, responsável pelo Revirada Cultural e Goiânia Canto de Ouro.

A reportagem do POPULAR apurou que o orçamento da pasta cultural passou por sérias dificuldades no ano passado e por isso ficou sem ter como accar com todos os recursos empenhados para 2011. Além disso, algumas parcerias importantes, como o patrocínio da Funarte ao Goiânia em Cena, simplesmente não foram possíveis, por conta da falta de quitação de uma pendência entre o Município e o Governo Federal. De acordo com o secretário Kleber Adorno, no entanto, o problema todo foi gerado por um erro de previsão das notas e recibos para serviços e cachês.

Mesmo que a maioria dos pagamentos dos eventos tivesse previsto para outubro e novembro, tudo foi jogado, segundo ele, com data para 30 de dezembro de 2011. “Como esse dia foi decretado como ponto facultativo, não houve tempo para a emissão das notas e tudo teve que ser realocado para o orçamento de 2012”, justifica. Questionado por que a data não foi prevista para mais cedo, o secretário disse que o ano foi atípico. Ele também preferiu não falar em novas datas, pois “mesmo que deseje que os pagamentos sejam efetuados amanhã, dependemos das secretarias de Finanças e Planejamento”. Ele pede o que muitos artistas parecem ter se cansado de dar: “Paciência. Isso acontece.”
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Biografia revela amargura de Vonnegut.   Livro lançado nos Estados Unidos mostra facetas desconhecidas do autor e discute os dilemas da vida de escritor.  Obra mostra detalhes da vida do criador de "Matadouro 5", listado entre as cem melhores obras do século 20 FOLHA SP 06.03

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O escritor Kurt Vonnegut, que teve obras queimadas nos EUA e é autor do clássico "Matadouro 5", em foto de 2006
Beberrão, mulherengo, amargo, imaturo e inseguro: assim é o Kurt Vonnegut (1922-2007) que emerge da biografia "And So It Goes" (assim vai, em tradução livre), lançada nos EUA no final do ano passado. Mas o livro também o retrata como revolucionário da ficção científica, amante apaixonado, crítico do capitalismo, militante antibelicista, porta-voz das angústias da juventude.

Charles Shields, que em 2006 lançou a biografia de Nelle Harper Lee, autora do romance antirracista "O Sol é para Todos", mergulha sem dó nem piedade na vida do escritor, que foi prisioneiro dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, mas, na velhice, parecia estar mais sentido com dramas familiares do que com os traumas da rápida carreira militar.

"Vonnegut detonou seu pai, sua mãe e, especialmente, seu irmão mais velho. Depois de mais de três quartos de século, ele ainda os culpava por feridas abertas em seu coração", escreve Shields no prólogo do livro, contando uma de suas poucas conversas com Vonnegut.

Talvez por isso tenha provocado a ira do filho de Vonnegut, Mark, que criticou duramente o livro, dizendo que Shields ignorou "uma tonelada de evidências", pintando o autor como um ser amargurado por ter a obra considerada subliteratura em certos círculos literários.

Independentemente de perfis psicológicos, traumas de infância, amores mal resolvidos e casamentos desfeitos, a obra de Vonnegut desponta por si mesma. O libelo antibelicista "Matadouro 5", seu trabalho mais famoso e que também ganhou versão cinematográfica, é listado em 18º lugar entre os cem melhores romances do século 20 pela Modern Library.

A biografia escrita por Charles Shields vai além da fofoca doméstica. Mostra os intestinos do processo criativo de Vonnegut e acompanha a gestação de cada um de seus romances. Discute o papel da ficção científica e entra em alguns meandros das tendências literárias da segunda metade do século passado. Às vezes, o biógrafo assume um tom moralista e deixa sua opinião imbricada na história que relata.

Acima de tudo, porém, o que se vê é a trajetória de um homem determinado a contar histórias e a viver de seu ofício, independentemente de sacrifícios a fazer. Escrevia sempre, reservando momentos de paz para sua produção em meio às dificuldades financeiras e problemas familiares enfrentados em grande parte da vida. Esse raio-x da produção faz de "And So It Goes" candidato a livro de cabeceira para aspirantes a escritor ou para quem deseje entender um pouco mais a profissão.

"Quando escrevo, não quero contar uma história sobre um homem, um caso de amor ou um julgamento. Quero falar sobre todo o maldito planeta, a nossa sociedade inteira", disse. Sem esquecer o mercado, como explicou a seus alunos: "Vocês estão no ramo do entretenimento. Sua primeira missão é conquistar o leitor e fazer com que ele continue a ler."

Shields, com essa superdocumentada biografia de um dos ícones da literatura militante do século 20, consegue tal feito.

FOLHA.com
Leia entrevista com o autor em
folha.com/no1057288

AND SO IT GOES - KURT VONNEGUT: A LIFE
AUTOR Charles J. Shields
EDITORA Henry Holt and Co.
QUANTO US$ 30 (cerca de R$ 52, 528 págs.)
CLASSIFICAÇÃO ótimo
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'1922 - A Semana que Não Terminou' é lançado hoje.   Livro de Marcos Augusto Gonçalves revê Semana de Arte Moderna, que faz 90 anos FOLHA SP 06.03
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O livro "1922 - A Semana que Não Terminou" (Companhia das Letras), de Marcos Augusto Gonçalves, editorialista e repórter da Folha, será lançado hoje, às 19h, no Conjunto Nacional.

Haverá sessão de autógrafos com o autor. O evento é gratuito e aberto ao público.

A obra, fruto de três anos de pesquisas, cobre o período que vai da virada do século a 1923 e mostra que o modernismo no Brasil começou antes da Semana de Arte Moderna de 1922 -que completa 90 anos em 2012.

Para medir a importância do movimento artístico, Gonçalves entrevistou intelectuais, como Antonio Candido, recuperou momentos-chave e traçou perfis de seus criadores com detalhes.

O volume apresenta o cotidiano da elite intelectual e artística da época, que incluía encontros promovidos por Oswald de Andrade (1890-1954).

Realizada no Theatro Municipal de São Paulo entre os dias 13 e 17 de fevereiro, a Semana guarda algumas curiosidades reveladas pelo autor. Foi a primeira vez, por exemplo, que uma plateia paulista ouviu a música de Heitor Villa-Lobos (1887-1959). Além disso, artistas foram convidados às pressas para completar a programação.

1922 - A SEMANA QUE NÃO TERMINOU
QUANDO hoje, às 19h
ONDE Companhia das Letras (av. Paulista, 2073, tel. 0/xx/11/3170-4033)
QUANTO grátis

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