sexta-feira, 16 de março de 2012
Até 30/04 PRÊMIO. Estão
abertas as inscrições para Off Flip . Até 30 de abril, poetas e contistas de qualquer
nacionalidade podem se inscrever para a sétima edição do Prêmio Off Flip de
Literatura, que oferece R$ 11 mil, estadia e ingressos para debates da Feira
Literária Internacional de Paraty. Os interessados devem acessar o site
www.premio-offflip.net. FOLHA SP 16.03
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MÚSICA NEGRA. Gil, Criolo e Marcelo D2 tocam em Londres O
festival Back2Black, que vai acontecer em Londres durante a Olimpíada, anunciou
os artistas brasileiros Gilberto Gil, Luiz Melodia, Marcelo D2, Criolo, Emicida
e o grupo Filhos de Ghandi entre suas atrações. As apresentações acontecerão de
29 de junho a 1º de julho na capital inglesa. FOLHA SP 15.03
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Meio ambiente.
Para
presidente da Embrapa, Código Florestal terá que ser revisto em cinco
anos. Agência Brasil
16/03
-
Mesmo
com o texto do novo Código Florestal em tramitação no Congresso Nacional e sob
a ameaça de ter a votação adiada para depois da Rio+20 - a Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável -, em junho, o presidente da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Pedro Arraes, acredita
que, ainda que o Legislativo chegue a um consenso, o texto terá que ser revisto
em cinco anos.
Para
Arraes, o novo código representa um avanço sobre o tema e precisa ser aprovado,
mas está prejudicado por questões políticas e ideológicas. Esses componentes,
segundo ele, podem expor a necessidade de ajustes.
A
Embrapa foi uma das instituições que subsidiaram o debate no Legislativo, apresentando
resultados de estudos técnicos e científicos e, segundo Arraes, também sobre
pontos que exigem “bom-senso”.
“Há
um item, por exemplo, que diz que o produtor pode tirar 20 metros cúbicos [de
madeira] por hectare por ano para seu consumo. Se é 20, 5 ou 10 [metros
cúbicos], isso é uma decisão política e prática. Você acha que alguém vai
controlar o produtor que tira a madeira para cozinhar para os filhos dele? Ele
vai ter que pedir autorização para o Ibama [Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis]? Cria-se uma lei e como vai ser
aplicada? Em um país desse tamanho, com essa diversidade?”, indagou o
presidente da Embrapa.
Além
das regras que podem ficar comprometidas pela incapacidade de fiscalização de
todo o território nacional, Arraes também alerta sobre as diversas realidades
produtivas que existem no país. Na sua opinião, é difícil construir uma
legislação nacional para uma questão que guarda tantas especificidades.
Em
algumas regiões do Rio Grande do Sul, que vêm sofrendo constantemente com a
estiagem, por exemplo, os produtores retêm a água dos rios próximos como uma
medida preventiva e de resguardo da produção e renda. “Ele não pode reter água
porque tira aquele resquício de mata nas margens, mesmo que diga que vai fazer
uma represa e plantar muito mais em volta. Como você põe isso em legislação
nacional? Outra questão, no Sul do país, é a conveniência de plantar maçãs
naquela inclinação. Você vai a Portugal e é tudo assim há mil anos”, disse.
A
diversidade de biomas também foi apontada por Pedro Arraes como uma dificuldade
no cálculo exato e nacional do que seria o estoque de florestas suficiente para
garantir uma agricultura sustentável. Segundo ele, o georreferenciamento por
satélite que está sendo elaborado pela empresa, mapeando a produção e os tipos
de solo do território nacional, deve oferecer um cenário mais preciso para
balizar políticas públicas de incentivo por parte do governo.
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Ministro volta a defender mudanças no Código
Florestal. O Estado de S. Paulo - 16/03/2012
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O
ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, voltou a defender ontem mudanças no
Código Florestal para permitir a exploração de Áreas de Preservação Permanente
(APP). O benefício, uma anistia a desmatamentos, foi incluído no texto aprovado
pela Câmara em 2011 por emenda patrocinada pelo PMDB, sigla do ministro.
"A emenda é o único instrumento que temos para dar segurança jurídica ao
produtor", disse ele ao Estado. "Essa emenda 164 não existe mais, ela
foi dividida em vários artigos e preenche a necessidade do produtor." A
emenda proposta pelo PMDB vai contra o governo e permite que Estados definam
regras para APPs. Semana passada, a ministra do Meio Ambiente, Izabella
Teixeira, disse que o governo não abria mão de votar, na Câmara, texto aprovado
no Senado. A derrota do Planalto na votação de 2011 contribuiu para a troca de
Cândido Vaccarezza (PT-SP) pelo colega Arlindo Chinaglia na liderança do
governo na Câmara. / IURI DANTAS
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Os pobres podem salvar o mundo? Valor Econômico - 16/03/2012
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Os
acontecimentos até agora em 2012 confirmaram uma nova assimetria mundial.
Espremidos entre uma insegurança financeira sem precedentes e perspectivas
econômicas nebulosas, os países ricos da Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) e suas classes médias temem sofrer
enfraquecimento geopolítico e mobilidade social descendente. Em grande parte da
Ásia, África e América Latina, no entanto, reina otimismo.
Entre
os países desenvolvidos, essa mudança inesperada incitou medidas
protecionistas, exemplificadas na defesa pela França de uma
"desglobalização". Enquanto isso, entre os países emergentes, o
orgulho por vezes manifestou-se como arrogância, que após décadas de
prepotência do Ocidente, também chega com um quê de "schadenfreude",
o prazer pelo sofrimento alheio. As economias emergentes, em desenvolvimento e
desenvolvidas, no entanto, estão ligadas tão intimamente no mundo atual que, ou
conseguem sair remando da crise juntas, ou entrarão em uma zona de perigo como não
se vê desde a década de 30.
Depois
da Segunda Guerra Mundial, emergiu uma nova economia global, na qual um número
cada vez maior de países em desenvolvimento adotou modelos de crescimento
impulsionados pelas exportações, proporcionando matérias-primas e bens de uso
doméstico aos países industrializados. Essa nova economia foi um sucesso
inegável: mais pessoas deixaram a pobreza no século XX do que nos dois milênios
anteriores. E enriqueceu os países da OCDE, uma vez que a importação de bens e
serviços baratos fortaleceu seu poder de compra.
O
modelo, contudo, também enfraqueceu as estruturas sociais dos países ricos.
Ampliou desigualdades e excluiu uma proporção cada vez maior de suas populações
do mercado de trabalho. Além disso, é responsável pelos desequilíbrios
financeiros que nos afligem atualmente: para conter os efeitos do aumento da
desigualdade e menor crescimento, os países da OCDE impulsionaram o consumo
caindo em dívidas - tanto públicas (o que levou à crise das dívidas
governamentais da Europa) como privadas (o que facilitou a crise das hipotecas
"subprime" dos Estados Unidos).
Isso
teria sido impossível se os principais fornecedores de energia e bens
industrializados dos países da OCDE não tivessem, ao longo do tempo, se tornado
seus credores. Em uma extraordinária inversão da história, graças a grandes
reservas internacionais, os pobres do mundo agora financiam os ricos. De fato,
a hipertrofia do setor financeiro mundial de hoje em grande parte reflete os
esforços para reciclar os crescentes superávits dos países emergentes para
cobrir os déficits cada vez maiores dos países ricos.
Até
recentemente, essa dinâmica era considerada transitória. O crescimento dos
países emergentes necessariamente levaria a uma convergência mundial de
salários e preços, portanto, interrompendo a erosão da indústria nos países da
OCDE. A transição demográfica nos países emergentes encorajaria o
desenvolvimento de seus mercados domésticos, a queda em seus índices de
poupança e o reequilíbrio do comércio mundial.
Isso
pode ser verdadeiro na teoria, mas a duração desse período de transição, que
está no cerne da crise financeira mundial, foi terrivelmente subestimada. A
"reversão das carências" - a nova abundância de homens e mulheres que
participam ativamente da economia mundial, combinada com os limites cada vez
mais visíveis para os recursos naturais outrora abundantes no mundo - ameaça
prolongar a transição indefinidamente, por dois motivos.
Primeiro,
a partir do ponto de vista macroeconômico, não podemos mais contar com a queda
nos preços das matérias-primas, um dos estabilizadores econômicos em tempos de
crise. Dada a crescente demanda nos países emergentes, o custo dos recursos
naturais está destinado a ser um limitador cada vez maior.
Segundo,
do ponto de vista social, depois de a força de trabalho no mercado laboral
mundial ter dobrado no século XX, surgiu outro "exército industrial de
reserva" na China e entre os três bilhões de habitantes dos países em
desenvolvimento do mundo.
Um
reequilíbrio do crescimento mundial demasiado rápido, por meio da redução dos
desequilíbrios financeiros entre as economias da OCDE e seus mercados
emergentes credores é arriscado, porque provocaria uma profunda recessão nos
países da organização - e depois nas economias emergentes. Além disso, isso é
improvável, porque presume que os países emergentes terão déficits comerciais
com os países da OCDE e que os mercados domésticos dos emergentes se tornarão
motores do crescimento mundial.
Se
a análise for correta, uma nova estratégia de reequilíbrio mundial precisará
começar em algum outro lugar que não nas economias ricas da OCDE. A adoção de
novos modelos de crescimento no mundo em desenvolvimento - as partes do Sudeste
Asiático, América Latina e África que não adotaram estratégias impulsionadas
pelas exportações - pode proporcionar, pelo menos em parte, a demanda em falta
que a economia mundial precisa tão urgentemente.
O
sucesso desse cenário depende da combinação de três elementos. Primeiro, o
comércio entre países em desenvolvimento e países emergentes precisa
acelerar-se, desenvolvendo, portanto, o mesmo tipo de relação entre consumidor
e fornecedor existente entre países avançados e emergentes. Segundo, os
mercados internos dos países mais pobres do mundo precisam ser desenvolvidos de
forma a alimentar mais crescimento doméstico. E, terceiro, os fluxos
financeiros para os países em desenvolvimento - sejam investimentos externos
diretos ou fundos assistenciais ao desenvolvimento - precisam aumentar e
precisam vir não apenas das economias industrializadas, mas também dos países
emergentes e dos exportadores de petróleo.
Reciclar
os superávits mundiais por meio dos "bilhões na base da pirâmide"
pressupõe uma completa reformulação dos modelos econômicos convencionais, o que
essencialmente supõe que o milagre econômico asiático pode ser replicado.
Afinal, mesmo se o mundo conseguir crescimento econômico significativo até
2050, dois bilhões dos nove bilhões de pessoas do mundo ainda estarão vivendo
com menos de US$ 2 por dia e outro bilhão terá pouco mais do que isso.
Os
pobres do mundo não deveriam ser vistos como um fardo, tanto pelas economias
emergentes como pelos países ricos. Na atual crise econômica mundial, são a
melhor estratégia de saída que temos.
Jean-Michel
Severino é diretor de análises da Fondation pour les Études et Recherches sur
le Développement International (FERDI) e gerente da Manager of Investisseur et
Partenaire
Olivier
Ray é economista do desenvolvimento do Ministério de Relações Exteriores da
França. São coautores de "Africa"s Moment" (A hora da África, em
inglês).
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O piso salarial para professores Valor Econômico - 16/03/2012
-
Em
julho de 2008, o presidente Lula sancionou a lei que criou o piso salarial para
os professores da rede pública. O valor desse piso atualmente é de R$ 1.451.
Vários Estados e municípios alegam não ter condições de pagá-lo. Por isso, a
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) acaba de convocar
uma greve nacional de professores, que está tendo adesão em vários Estados. Em
que medida o piso salarial é a melhor forma de valorizar o professor
brasileiro?
Antes
de tudo, é importante ressaltar que é fundamental valorizar a carreira de
professor. Apesar de não ser condição suficiente para garantir o aprendizado,
várias pesquisas mostram o impacto positivo que um bom professor pode ter na
vida dos seus alunos. Além disto, nas sociedades em que o professor é mais
valorizado, os melhores alunos do ensino médio escolhem essa carreira, o que
cria um círculo virtuoso. Mas, será que o piso salarial com as regras atuais é
a melhor maneira de conseguir valorizar o professor e aumentar a qualidade do
ensino?
Parece-me
que não. Segundo as regras atuais do Fundo de Desenvolvimento da Educação
Básica (Fundeb), todos os Estados e municípios têm que gastar 25% de sua
receita de impostos e transferências com educação. Além disso, 60% desse
montante tem que ser gasto com a educação básica e, mais importante, 60% desses
recursos têm que ser gastos com salários dos professores em exercício. Assim,
os professores de cada Estado recebem (em tese) 9% das principais receitas dos
Estados. Os recursos do Fundeb são distribuídos entre as redes municipais de
cada estado de acordo com a proporção dos seus alunos no total.
Quais
as vantagens do Fundeb? A principal vantagem é que o aumento dos gastos com
professores acompanha a expansão das receitas dos municípios e Estados. Assim,
quando a arrecadação do Estado cresce, os professores ganham mais, ou mais
professores são contratados, de acordo com as necessidades de cada rede. O
valor do gasto mínimo por aluno, que deve ser seguido em todos os Estados e
municípios, é determinado pelo governo federal, que complementa os gastos de
cada ente federativo até que esse valor seja atingido, transferindo recursos para
os estados e municípios mais pobres. Assim, se o valor determinado pelo governo
federal for alto demais, ele próprio terá que arcar com o ônus de transferir
mais recursos. De fato, o governo federal tem feito isso de forma crescente nos
últimos anos, o que reduz a desigualdade nos gastos entre os Estados.
Entretanto,
desde 2008 foi instituído o piso salarial para os professores, que funciona em
paralelo com a regra do Fundeb. O piso fixa o salário mínimo inicial dos
professores para uma jornada de até 40 horas semanais. É interessante notar que
o reajuste do piso é determinado justamente pela evolução do gasto mínimo por
aluno, fixado pelo governo federal para o Fundeb. Entre 2009 e 2012 o valor do
piso passou R$ 950 para R$ 1.451, um aumento de 52%, frente a uma inflação de
17%.
Assim,
temos duas regras determinando os valores gastos com professores da rede
pública no país: o Fundeb e piso salarial. Quais as desvantagens do piso? Em
primeiro lugar, ele assume o mesmo valor em todo o país, enquanto o custo de
vida varia muito de um lugar para outro. O poder de compra de um professor que
recebe o piso em Recife é 25% maior do que o de um professor que recebe o piso,
mas vive em Brasília. Além disto, o salário pago por cada município independe
das suas receitas, ao contrário do Fundeb.
Vale
notar que a lei do piso determinou também que 1/3 da jornada de 40 horas do
professor deve ser gasta com atividades extra-classe. Assim, como cada
professor está trabalhando menos horas na sala de aula, serão necessários mais
professores para as redes, todos recebendo o valor do piso. Isso pode fazer com
que os prefeitos deixem de cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, correndo o
risco de serem acionados judicialmente ao final do mandato. Além disso, essa
regra pode "estrangular" todos os outros gastos com educação, que não
sejam salários dos professores.
Finalmente,
o governo federal não ajuda os gestores locais a arcar com os maiores salários.
O governo simplesmente fixa o valor do piso e transfere para os gestores locais
a responsabilidade pelo pagamento, usando os recursos do Fundeb. É por isso que
governadores e prefeitos estão reclamando. Dados da PNAD de 2009, por exemplo,
mostram que, enquanto no DF, Acre e Amapá quase todos os professores recebiam
acima do piso, nos municípios da Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Minas Gerais,
mais de metade dos professores recebiam salários abaixo desse valor. Assim,
para valorizar o professor o melhor seria aumentar o valor do gasto mínimo por
meio do Fundeb e fiscalizar sua aplicação. Ou mudar a regra de reajuste do
piso.
Há,
além de tudo, uma questão de horizonte temporal. Apesar do seu impacto
financeiro imediato, o aumento no salário dos professores só terá efeito na
qualidade da educação no longo prazo, se os movimentos corporativos permitirem.
No curto prazo, tem acontecido exatamente o contrário. Mesmo nos lugares em que
recebem acima do piso, como no DF, os professores aderiram à greve, sem motivo
aparente. Quem perde sempre são os alunos, que não tem nada a ver com essa história
e continuam sem aprender quase nada.
Naercio
Menezes Filho é professor titular - Cátedra IFB e coordenador do Centro de
Políticas Públicas do Insper - e professor associado da FEA-USP. Escreve
mensalmente às sextas-feiras
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Professores decidem hoje se prorrogam protesto. Pelo
cronograma inicial, ato acaba hoje; docentes querem cumprimento do piso
nacional CORREIO 16.03
-
Professores
da rede pública na maior parte do país decidem hoje se estendem a paralisação
nacional iniciada anteontem, segundo a CNTE (Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Educação).
A
previsão inicial era que o ato, convocado pela entidade, se encerrasse hoje.
De
acordo com a confederação, praticamente todos os 24 Estados que integram o
movimento, além do Distrito Federal, agendaram assembleias para hoje, entre
eles SP -além do ES, o RJ também não participou, disse a CNTE.
O
protesto reivindica o cumprimento do piso nacional, criado por lei em 2008 e
fixado hoje em R$ 1.451; alguns governos alegam não ter condições de adotá-lo.
Levantamento
feito pela Folha no final de 2011 indicava que 17 Estados não obedeciam a essa
lei.
As
unidades da Federação que tiverem outras reivindicações -além do piso- terão
autonomia para decidir o próprio ritmo das negociações, informou a CNTE.
Em
SP, por exemplo, o valor já é pago, mas há discordância sobre o período
destinado a atividades fora das aulas -também parte da lei.
Já
o Sindicato dos Professores no DF pede a reestruturação do plano de carreira.
Em
Curitiba, os professores municipais voltam hoje às salas de aula. Em
assembleia, decidiram retomar o trabalho até a entrega de uma nova proposta da
prefeitura, que deve ser divulgada no dia 21.
Os
professores do RN já decidiram seguir o cronograma inicial. Isto é, só
participam da mobilização até hoje.
>>>
França defende economia limpa na Rio mais 20 CORREIO 16.03
-
Yves
Saint-Geours: medidas ambientais, apesar da crise
O
governo francês considera a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20, uma oportunidade única para dar visibilidade a um tema
ofuscado na agenda internacional pela crise econômica. A delegação francesa,
composta por aproximadamente 300 integrantes, vai insistir na consolidação das
metas estabelecidas há 20 anos pela Rio-92. Segundo o embaixador Yves
Saint-Geours, o governo francês pretende direcionar esforços para a sustentação
da “economia verde” com uma base social e o fortalecimento de uma governança
internacional sobre o tema.
Na
avaliação do embaixador, o meio ambiente permanece uma das agendas prioritárias
da União Europeia, em que pese a crise econômica instalada no continente. “Os
europeus podem ter papel ativo e concreto na Rio+20. Apesar da crise, vamos
propor medidas para o meio ambiente”, adianta Saint-Geours. No entendimento do
diplomata, a busca por soluções que estimulam o desenvolvimento sustentável é
fundamental para oferecer saídas ao continente emperrado pela recessão e pela
crise fiscal. “Não posso dizer que teremos grandes resultados, mas nosso
desafio é encontrar um novo viés de crescimento”, analisa o embaixador.
O
segundo ponto a ser defendido pela delegação francesa é o estabelecimento de
uma governança internacional para tratar de questões ambientais. Os
instrumentos da Organização das Nações Unidas, pontua Saint-Geours, ainda são
insuficientes para obter avanços nesse tema. A criação de uma agência mundial,
com poder efetivo para acompanhar a execução de políticas públicas que
conciliassem crescimento econômico com preservação do meio ambiente, constituiria
um marco importante a ser alcançado na Rio+20.
Caças
e educação
Na
relação com o Brasil, o embaixador destaca o crescimento do comércio bilateral
— com um aumento de 23% em 2011 — e as parcerias franco-brasileiras,
especialmente na área de educação. Sobre a venda de caças Rafale para as Forças
Armadas, o governo francês mantém a disposição de negociar, apesar das idas e
vindas de Brasília, e aguarda um desfecho do caso para 2012. “Seria uma
desilusão se a decisão (sobre os caças) não saísse este ano”, comenta.
Se
está cauteloso nos assuntos referentes à Defesa, Saint-Geours demonstra
entusiasmo com o projeto Ciência sem Fronteiras. Até 2014, o governo francês
pretende oferecer a 10 mil brasileiros a oportunidade de estudar nas
universidades do país europeu. “Isso é mais importante do que muitas outras
parcerias”, ressalta o diplomata. Ele acredita que o investimento em recursos
humanos é um trabalho de longo prazo, com benefícios para as duas economias.
Hoje, três mil brasileiros estudam na França, segundo o chefe da representação.
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Rumo à reforma agrária »
Frei Betto . Frei
Betto é escritor, autor, em parceria com Marcelo Gleiser, de Conversa sobre a
fé e a ciência (Agir), entre outros livros CORREIO 16.03
-
Caiu
mais um ministro, o do Desenvolvimento Agrário. Nomeado o novo: Pepe Vargas
(PT-RS), que foi prefeito de Caxias do Sul por dois mandatos e mantém boas
relações com o MST.
A
esperança é que a presidente Dilma Rousseff tenha dado o primeiro de três
passos urgentes para o Brasil não ficar mal na foto do “concerto das nações”,
como diria o Conselheiro Acácio. Os outros dois são o veto ao Código Florestal
proposto pelo Senado e uma nova política ambiental e fundiária que prepare bem
o país para acolher, em junho, a Rio+20.
A
questão fundiária no Brasil é a nódoa maior da nação. Nunca tivemos reforma
agrária. Ou melhor, uma única, cujo modelo o latifúndio insiste em preservar:
quando a Coroa portuguesa dividiu nossas terras em capitanias hereditárias.
Desde
2008, o Brasil ultrapassou os EUA ao se tornar o campeão mundial de consumo de
agrotóxicos. E, segundo a ONU, vem para o Brasil a maioria dos agrotóxicos
proibidos em outros países. Aqui são utilizados para incrementar a produção de
commodities.
Basta
dizer que 50% desses “defensivos agrícolas” são aplicados na lavoura de soja,
cuja produção é exportada como ração animal. E o mais grave: desde 1997 o
governo concede desconto de 60% no ICMS dos agrotóxicos. E o SUS que aguente os
efeitos... nos trabalhadores do campo e em todos nós que consumimos produtos
envenenados.
Os
agrotóxicos não apenas contaminam os alimentos. Também degradam o solo e
prejudicam a biodiversidade. Afetam a qualidade do ar, da água e da terra. E
tudo isso graças ao sinal verde dado por três ministérios, nos quais são
analisados antes de chegarem ao mercado: Saúde, Meio Ambiente e Agricultura.
É
uma falácia afirmar que os agrotóxicos contribuem para a segurança alimentar. O
aumento do uso deles em nada fez decrescer a fome no mundo, como indicam as
estatísticas.
A
Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) tenta manter o controle sobre
a qualidade dos agrotóxicos e seus efeitos. Mas, quando são vetados, nem sempre
consegue vencer as pressões da bancada ruralista sobre outros órgãos do governo
e, especialmente, sobre o Judiciário.
A
Cúpula Mundial do Meio Ambiente na África do Sul, em 2002, emitiu um documento
em que afirma que a produção mundial de alimentos aumentou em volume e preço
(devido ao uso de agrotóxicos e sementes transgênicas). À custa de devastação
dos solos, contaminação e desperdício da água, destruição da biodiversidade,
invasão de áreas ocupadas por comunidades tradicionais (indígenas, clãs,
pequenos agricultores etc.). Fica patente, pois, que a chamada “revolução
verde” fracassou.
Hoje,
somos 7 bilhões de bocas no planeta. Em 2050, seremos 9 bilhões. Se medidas
urgentes não forem tomadas, há de se agravar a sustentabilidade da produção
agrícola.
Diante
desse sinal amarelo, o documento recomenda: reduzir a degradação da terra;
melhorar a conservação, alocação e manejo da água; proteger a biodiversidade;
promover o uso sustentável das florestas; e ampliar as informações sobre os
impactos das mudanças climáticas.
Quanto
aos primeiro e terceiro itens, sobretudo, o Brasil marcha na contramão: cada
vez mais se ampliam as áreas de produção extensiva para monocultivo, destruindo
a biodiversidade, o que favorece a multiplicação de pragas. Como as pragas não
encontram predadores naturais, o recurso é envenenar o solo e a água com
agrotóxicos. E com frequência isso não dá resultado. No Ceará, uma grande
plantação de abacaxi fracassou, malgrado o uso de 18 diferentes “defensivos
agrícolas”.
Tomara
que o ministro Pepe Vargas consiga estabelecer uma articulação interministerial
para livrar o Brasil da condição de “casa da mãe Joana” das multinacionais da
insustentabilidade e da degradação do nosso patrimônio ambiental. E acelere o
assentamento das famílias sem-terra acampadas à beira de rodovias, bem como a
expropriação, para efeito social, de terras ociosas e também daquelas que
utilizam mão de obra escrava.
Governo
é, por natureza, expressão da vontade popular. E a ela deve servir. O que
significa manter interlocução permanente com os movimentos sociais interessados
nas questões ambiental e fundiária, irmãs siamesas que não podem ser jamais
separadas.
>>>
Menos burocracia para o verde. Grupo
de cientistas propõe que a ONU reformule seu sistema de discussão ambiental,
criando uma agência com estrutura de decisão mais simplificada CORREIO 16.03
-
Lago
de represa seco na Bósnia: aumento do desequilíbrio ambiental no planeta é
sinal de que as decisões políticas sobre o tema precisam de urgência
Quando
a Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada, em 1945, seu principal
objetivo era promover a cooperação internacional na solução dos problemas
econômicos, sociais e humanitários. Se, na década de 1940, as questões
universais com as quais o organismo deveria se preocupar estavam limitadas,
basicamente, aos conflitos bélicos e às tensões políticas, hoje novos problemas
desafiam o órgão, com destaque para a questão ambiental.
Em
artigo publicado na edição de hoje da revista científica Science, o grupo Earth
System Governance, composto por cientistas de vários países, incluindo o
Brasil, afirma que as questões ambientais só poderão ser resolvidas no âmbito
internacional depois de uma grande restruturação na Nações Unidas. Para eles, a
Rio+20, conferência que acontece em junho no Rio de Janeiro, será uma grande
oportunidade para promover essas mudanças e um teste crucial para verificar se
há vontade política para enfrentar os problemas relacionados ao meio ambiente.
Entre
os sete pontos que o grupo defende no artigo (veja quadro), destaca-se a
proposta de criação de uma Agência Mundial do Meio Ambiente, semelhante à
Agência Mundial de Saúde (OMS), que substituiria o Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (Pnuma). Uma das vantagens, segundo os especialistas,
seria a possibilidade de mudar a forma de votação dentro da autarquia, com a
implantação do sistema de maioria qualificada, o que simplificaria o processo e
facilitaria a aprovação de resoluções e normas.
A
pesquisadora Susana Camargo Vieira, da Universidade de Itaúna (UI), uma das
autoras do texto, explica que a situação ambiental chegou a um ponto tão sério
que é necessário deixar as longas e intermináveis discussões internacionais de
lado e agir de maneira rápida objetiva. “Não dá mais tempo para ficarmos
pensando e discutindo a questão. Precisamos de ações diretas e concretas”,
defende. “Precisamos criar mecanismos para diminuir a burocracia e a lentidão
das tomadas de decisões. Uma agência especializada poderia fazer isso de
maneira bastante eficiente.”
Outra
sugestão do grupo é uma reforma da Comissão das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável (CDS). Concebida dentro da Eco92, realizada no Rio
de Janeiro em 1992, a organização ligada ao Conselho Econômico e Social da ONU
tem a missão de elaborar e implementar as orientações internacionais ligadas ao
desenvolvimento econômico aliado à sustentabilidade. “Quando a CDS foi criada,
vivíamos um outro momento histórico, do pós-Guerra Fria. O modelo criado, com
representação geográfica dos países, fazia sentido”, diz Susana. “No entanto,
esse modelo está esgotado para os padrões atuais, com as potências emergentes e
a questão ambiental ainda mais grave”, completa a brasileira.
A
ideia é que o novo CDS fosse vinculado à Assembleia-Geral da ONU — órgão máximo
das Nações Unidas — com peso maior de decisão cabendo ao G20. Isso incluiria
nas decisões países como o Brasil, que tem uma importância crucial para o
equilíbrio ecológico do mundo. “Atualmente, o conceito de que o desenvolvimento
está ligado apenas a ganhar dinheiro foi superado. A questão ambiental conecta-se
com os direitos humanos. Não é possível se considerar rico se não há água para
beber”, completa a especialista mineira.
Obstáculos
O
porta-voz do Pnuma, Nick Nuttall, explica que o fortalecimento do órgão é uma
demanda. Atualmente existem mais de 100 países que deram sinais de que desejam
ver o programa reforçado. “Por quê? Porque a voz e a autoridade de tomada de
decisão dos ministros responsáveis pelo meio ambiente podem muitas vezes ser
marginalizadas”, afirma Nuttall. “Quando ministros do meio ambiente se
encontram no Conselho de Administração do Pnuma, suas decisões são transmitidas
para a Assembleia-Geral da ONU em Nova York. Lá, essas decisões podem ser
acordadas ou apenas arquivadas. No caso de ministros da Saúde, esse problema
não acontece”, afirma.
Ele
lembra, contudo, que a questão ambiental ainda não é vista como prioritária no
mundo. “O Pnuma tem apenas 58 Estados-membros e o financiamento é voluntário”,
lembra. Além disso, ele vê como um obstáculo a dificuldade de botar em prática
aquilo que é proposto em acordos internacionais. “As nações gastam uma grande
quantidade de tempo e habilidade em negociação de acordos multilaterais
ambientais, mas a execução muitas vezes fica aquém da ambição”, lamenta.
A
coordenadora do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de
Brasília (UnB), Cristina Inoue, explica que, politicamente, a criação de uma
agência da ONU é uma meta difícil. “Seria necessário um novo acordo
internacional. Não é possível as Nações Unidas criarem uma agência. Ela deve ser
fruto de um novo sistema jurídico”, argumenta a pesquisadora.
Além
disso, para Cristina, a criação de uma nova estrutura para as discussões
ambientais não necessariamente melhoraria a situação, porque todo o sistema
atual de discussões multilaterais passa por problemas. “De certa forma, todos
os mecanismos democráticos internacionais vêm ficando desacreditados. Alcançar
acordos multilaterais está cada vez mais difícil”, conta a especialista. A
ausência da participação de outros atores que não os governos, como a sociedade
civil e o mercado, estaria deixando as estruturas mais desacreditadas. “A
solução, por enquanto, tem sido a discussão em fóruns menores, como o G8 e o
G20”, completa a professora.
Aprovação
mais fácil
No
sistema de maioria qualificada, para que uma determinada resolução seja
aprovada, é preciso que mais de 50% dos votantes aprovem a questão. Atualmente,
as questões mais simples são aprovadas pela Assembleia-Geral da ONU por maioria
simples, excluindo-se as abstenções e votos nulos. As questões mais complexas
exigem a maioria de dois terços, cerca de 66,7% dos votos. Para os acordos e
tratados internacionais — como os de mudanças climáticas na Conferências das
Partes (COP) — é necessário consenso.
Sete
propostas
Confira
as alterações que o grupo de pesquisadores sugere para a reformulação
do
sistema ambiental da ONU:
»
Criar de uma agência internacional para o meio ambiente ao estilo OMS. O órgão
catalisaria as discussões ambientais internacionais
»
Reforçar a integração entre os fatores sociais, ambientais e econômicos no
Conselho de Desenvolvimento Sustentável, que ganharia mais status e
possibilitaria maior participação dos integrantes do G20
»
Adotar medidas internacionais que fechem as lacunas regulatórias. Entre elas,
está a adoção de normas que possibilitem a implementação de tecnologias de
ponta em áreas combiotecnologia e nanotecnologia
»
Integrar os conceitos de sustentabilidade e economia. Os especialistas sugerem
a adoção de medidas que estimulem a economia verde e punam a economia poluidora
»
Optar pelo sistema de maioria qualificada para a adoção de normas
internacionais ambientais. Segundo o grupo, essa é a maneira mais rápida,
eficiente e democrática de alcançar consensos globais sobre questões urgentes
»
Envolver mais as populações nacionais nas questões debatidas nos fóruns
internacionais. Muitas vezes, a comunidade não se vê representada nos debates
mundiais e, portanto, não trabalha para a sua implementação
»
Garantir o financiamento da questão ambiental. Para o grupo, é responsabilidade
dos países ricos criar instrumentos econômicos que ajudem os países mais pobres
a lidar com o problema
>>>
MARINA SILVA.
Onde o povo
está FOLHA SP 16.03
-
No
início desta semana, enquanto o noticiário político mostrava que tudo muda para
permanecer igual, uma reportagem do cotidiano na metrópole comoveu a todos: o
drama de nove crianças -entre elas, bebês- encontradas sozinhas, famintas, em
um apartamento bem precário no centro de São Paulo. A primeira descrição,
apressada, foi de que a mãe tinha deixado as crianças para beber em um local
próximo.
Dias
depois, com a interferência de assistentes sociais, informou-se que ela tinha
saído para fazer um "bico", e que por isso deixou os filhos no
apartamento de outra pessoa. Mas a comoção não foi menor. A fome não era por
abandono, mas por a mãe não ter dinheiro. Muitas questões são levantadas nesses
casos: falta de planejamento familiar, o abandono das famílias pelos pais e até
mesmo a violência contra mulheres e crianças.
Mas
chamo a atenção para outro ponto: famílias chefiadas por mães em situação grave
de pobreza ainda não são alcançadas pelos programas sociais. De 1993 a 2008, o
número de pessoas vivendo em condições de extrema pobreza diminuiu em mais de
50%, mas as que vivem em famílias chefiadas por mulheres quase não participaram
dessa mudança: passaram de 5,5, em 1993, para 5,2 milhões em 2008, segundo
levantamento coordenado pelo saudoso economista André Urani. Redução quase
imperceptível. Muitos chamam o fenômeno de feminização da pobreza.
Tal
caso mostra uma difícil realidade. Segundo a imprensa, após devolver as
crianças para sua mãe, a primeira providência da assistência social foi
inscrevê-las no Bolsa Família. Ou seja, mesmo após mais de dez anos de
programas de transferência de renda -se considerarmos os primeiros programas
implantados-, vemos uma mãe nessa situação não ter acesso ou não ter sido
encaminhada para um programa de apoio familiar.
Em
2010, na elaboração de programa de governo, propusemos a "terceira geração
de programas sociais" -ampliar e integrar os programas de erradicação da
pobreza, pensando numa Rede de Agentes de Desenvolvimento Familiar que tomasse
a iniciativa de ir, como diz a canção, "onde o povo está".
No
caso dessa mãe, o trabalho consistiria, num primeiro momento, em tirar a
família da condição de pobreza extrema para depois ajudá-la a planejar seu
desenvolvimento, auxiliando-a a ter acesso aos serviços públicos e a
treinamento, educação e trabalho.Famílias como a que foi citada têm prioridade
nas creches de que tanto precisam?
O
triste é ver que a indigência social no Brasil permanece submetida à opulência
política nos destaques do noticiário -o que revela como tudo muda para
permanecer igual.
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