quarta-feira, 28 de março de 2012
Projeto que institui
Funpresp é aprovado.
O GLOBO 28.03
>>>>
Cerca de 75% dos brasileiros jamais pisaram em uma
biblioteca, diz estudo. O
Estado de S. Paulo - 28/03/2012
-
Pesquisa
do Instituto Pró-Livro mostra que 71% da população têm fácil acesso a uma
biblioteca
O
desempregado gaúcho Rodrigo Soares tem 31 anos e nunca foi a uma biblioteca. Na
tarde desta terça-feira, ele lia uma revista na porta da Biblioteca São Paulo,
zona norte da cidade. "A correria acaba nos forçando a esquecer essas
coisas." E Soares não está sozinho. Cerca de 75% da população brasileira
jamais pisou numa biblioteca - apesar de quase o mesmo porcentual (71%) afirmar
saber da existência de uma biblioteca pública em sua cidade e ter fácil acesso
a ela.
Vão
à biblioteca frequentemente apenas 8% dos brasileiros, enquanto 17% o fazem de
vez em quando. Além disso, o uso frequente desse espaço caiu de 11% para 7% entre
2007 e 2011. A maioria (55%) dos frequentadores é do sexo masculino.
Os
dados fazem parte da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto
Pró-Livro (IPL), o mais completo estudo sobre comportamento leitor. O Estado
teve acesso com exclusividade a parte do levantamento, cuja íntegra será
divulgada nesta quarta-feira em Brasília.
Para
a presidente do IPL, Karine Pansa, os dados colhidos pelo Ibope Inteligência
mostram que o desafio, em geral, não é mais possibilitar o acesso ao
equipamento, mas fazer com que as pessoas o utilizem. "O maior desafio é
transformar as bibliotecas em locais agradáveis, onde as pessoas gostam de
estar, com prazer. Não só para estudar."
A
preocupação de Karine faz todo sentido quando se joga uma luz sobre os dados.
Ao serem questionados sobre o que a biblioteca representa, 71% dos
participantes responderam que o local é "para estudar". Em segundo
lugar aparece "um lugar para pesquisa", seguido de "lugar para
estudantes". Só 16% disseram que a biblioteca existe "para emprestar
livros de literatura". "Um lugar para lazer" aparece com 12% de
respostas.
Perfil.
A maioria das pessoas que frequentam uma biblioteca está na vida escolar - 64%
dos entrevistados usam bibliotecas de escolas ou faculdades. Dados sobre a
faixa etária (mais informações nesta página) mostram que, em geral, as pessoas
as utilizam nessa fase e vão abandonando esse costume ao longo da vida.
A
gestora ambiental Andrea Marin, de 39 anos, gosta de livros e lê com
frequência. Mas não vai a uma biblioteca desde que saiu dos bancos escolares.
"A imagem que tenho é de que se trata de um lugar de pesquisa. E para
pesquisar eu sempre recorro à internet", disse Andrea.
Enquanto
folheava uma obra na Livraria Cultura do Shopping Bourbon, na Pompeia, zona
oeste, diz que prefere as livrarias. Interessada em moda, ela procurava livros
que pudessem ajudá-la com o assunto. "Nem pensei em procurar uma
biblioteca. Nas livrarias há muita coisa, café, facilidades. E a biblioteca,
onde ela está?", questiona. Dez minutos depois, passa no caixa e paga R$
150 por dois livros.
O
estudante universitário Eduardo Vieira, de 23 anos, também não se lembra da
última vez que foi a uma biblioteca. "Moro em Diadema e lá tem muita
biblioteca. A livraria acaba mais atualizada", diz ele, que revela ler só
obras cristãs. "Acho que nem tem esse tipo de livro nas bibliotecas."
>>>
Governo quer criar um time de 'campeões em
orgânicos' Valor
Econômico - 28/03
-
O
governo federal vai eleger os 30 grupos de produtores rurais mais avançados
hoje na agricultura familiar orgânica para transformá-los em uma "tropa de
elite" do segmento, voltados à exportação e ao atendimento de grandes
varejistas nacionais. A construção dessas futuras empresas-âncoras, que vêm
sendo tratadas como prioridade, visa não só alcançar as prateleiras mais
cobiçadas dos EUA, da Europa e do Japão - tradicionais consumidores desses alimentos
-, mas preparar o terreno para a primeira Copa do Mundo orgânica e sustentável,
em 2014, a ser anunciada nos próximos meses.
O
passo inicial para montar esse time de ponta orgânico foi dado em janeiro
passado, com a assinatura de um convênio entre o Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA) e o Instituto de Promoção do Desenvolvimento (IPD) do Paraná para
a estruturação das glebas de alto potencial em negócios de fato. Ao longo
desses 12 primeiros meses (renováveis) estão previstos investimentos de R$ 3
milhões para um "intensivo" em capacitação no campo, o elo inicial e
também o mais fraco da cadeia produtiva de orgânicos. Há hoje no Brasil 52
empreendimentos de agricultura familiar - cooperativas ou associações,
representando 12 mil famílias - computadas pelo MDA que já embarcam produtos ao
exterior, ainda que com frequência bastante irregular.
"Nós
temos compradores ávidos de orgânicos, mas que não são pessoas que compram em
qualquer circunstância. Precisamos qualificar o produtor para chegar à prateleira",
diz Arnoldo Campos, diretor de geração de renda e agregação de valor do MDA.
"Precisamos criar empreendimentos capazes de acessar mercados. Então,
vamos turbinar 30 dos 52, os mais preparados".
De
acordo com o último Censo brasileiro, 90 mil produtores rurais afirmaram ser
orgânicos no país. Na prática, há muito menos que isso, já que a grande maioria
são pequenos agricultores que desconhecem a regulamentação para esse tipo de
agricultura e não contam com certificação.
Para
Ming Liu, coordenador da Organics Brasil, o braço do IPD que trabalha na
promoção dos produtos orgânicos brasileiros no exterior, o planejamento
estratégico é essencial se o Brasil quiser aumentar a sua participação no
mercado global, que movimentou no mundo US$ 55 bilhões em 2011. E também para
atender a demanda do mercado interno, aquecido pela guinada no poder de compra
de uma vasta classe média. Mas a falta de estrutura da cadeia produtiva
continua sendo um fator limitante. "Há muitos fabricantes que não
encontram matéria-prima orgânica disponível", afirma Ming Liu.
No
chão de fábrica, isso é uma realidade preocupante. A Mãe Terra, empresa que tem
crescido a uma taxa média de 30% ao ano, quase interrompeu a produção da sua
linha de cookies no mês passado porque o fornecedor de trigo desistiu do
"trabalhão" que é ser orgânico. "O principal fornecedor nacional
jogou a toalha", diz o diretor-geral Alexandre Borges, ex-fundador do
Flores Online que migrou para o segmento de orgânicos com o intuito de diversificar
a oferta nacional de produtos. De imediato, a empresa se viu obrigada a
recorrer a um outro fornecedor menor para dar continuidade às operações. Mas
terá que complementar com importações de trigo orgânico da Argentina. "A
priori queremos manter nosso fornecimento no Brasil, mas está muito
difícil", afirma o executivo.
Com
55 produtos em seu portfólio, a Mãe Terra já desistiu de alguns itens por
problemas semelhantes. "Paramos com o feijão orgânico, por exemplo, porque
ele chegava úmido e com caruncho. Nosso grande desafio é desenvolver uma cadeia
produtiva. Já perdemos muito dinheiro com isso por qualidade ruim e falta de
consistência no fornecimento".
A
Nutrimental, das barrinhas de cereais, e a Tozan, que comercializou soja entre
1991 e 2010, são outros casos de empresas que desistiram dos orgânicos por
quebra de contrato de entrega. "Vendíamos 11 mil toneladas ao ano de soja
ao exterior, mas deixamos o mercado porque não dá para produzir no Brasil.
Tivemos casos de contaminação química nos carregamentos entregues à Europa. O
fornecimento simplesmente não era confiável", diz Mauro Fujisawa, da
Tozan.
Descontinuidade
de operações é tudo o que o governo não quer nesse momento. A corrida contra o
tempo começou, e o MDA sabe que já está atrasado. Está no forno a Política
Nacional de Agricultura Orgânica e Agroecológica, que será anunciada na Rio+20,
em junho, e ajudará a tirar do papel a Copa orgânica. Discutida há mais de um
ano pelos Ministérios dos Esportes, do Meio Ambiente, do Desenvolvimento
Agrário, pelo Sebrae e pelo setor privado, o evento esportivo mais popular do
mundo tem a ambição de ser memorável além dos gols previstos. A ideia é colocar
nos menus dos restaurantes e hotéis das 12 cidades-sede da Copa brasileira um
cardápio orgânico e de diferentes biomas.
Resta
saber se a oferta atenderá a demanda que virá. "Sem estruturação, não
iremos a lugar algum", admite Campos, do MDA.
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CINEMA Sancionada
lei para modernizar cinemas
Foi
sancionada ontem pela presidente Dilma Rousseff a lei que institui o Recine,
regime que suspende cobrança de impostos federais sobre investimentos na
construção e modernização de salas de cinema no país. A previsão é que até
1.800 salas sejam digitalizadas com os incentivos fiscais. FOLHA SP 28.03
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CINEMA "Xingu" tem pré-estreia grátis amanhã FOLHA
SP 28.03
-
A
Folha e o Cine Livraria Cultura promovem amanhã, às 20h, pré-estreia grátis de
"Xingu", filme de ficção que mostra a saga dos irmãos Villas Bôas.
Após a sessão, haverá debate com o diretor, Cao Hamburger. Senhas uma hora
antes no local (r. Padre. João Manoel, 100; tel. 0/xx/11/3285-3696; 12 anos).
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Festival destaca cinema metalinguístico Títulos
do É Tudo Verdade mostram processos cinematográficos suspensos ou condenados ao
esquecimento FOLHA SP 28.03
Na
seleção, há filme que Fellini sonhou sem realizar e visita a balneário
enquadrado por Saraceni em 1959
-
Resgatar.
Restaurar. Revelar. Esses verbos, conjugados com maior ou menor precisão com
aspectos da realidade e da história, fornecem sentido e vigor aos documentários
exibidos no festival É Tudo Verdade.
Neste
ano, o cinema recebeu um foco especial no evento, com títulos que levam a ver
nas imagens um tipo de elo perdido.
Múltiplas
são as possibilidades que se oferecem de resgatar, restaurar ou revelar
processos suspensos ou condenados ao esquecimento.
De
um filme que Fellini (1920-93) sonhou sem nunca ter realizado a um exercício de
admiração de uma cineasta pelo trabalho pioneiro do fotógrafo britânico Richard
Leacock (1921-2011). Da perambulação do roteirista Jean-Claude Carrière à
redescoberta de Claudio Caldini, realizador experimental argentino cuja obra
foi interrompida pela ditadura militar e que hoje trabalha como caseiro.
O
Brasil ficou particularmente bem representado nesse conjunto, com títulos que
ultrapassam o exercício de homenagens e devolvem projeções do país imaginado
-do sonho do futuro ao pesadelo convertido em realidade ou à ressaca da utopia.
"Dino
Cazzola - Uma Filmografia de Brasília" resgata os 30% que sobreviveram de
registros feitos pelo cineasta que fugiu para o Brasil depois de sua cidade
italiana ser destruída durante a Segunda Guerra. Aqui, ele se apaixonou pelas
promessas de "novo mundo" associadas à construção da capital no fim
dos anos 1950.
Das
imagens aéreas do cerrado, espaço escolhido para abrigar a cidade, aos esforços
de concretização dos traços abstratos de Niemeyer e Lúcio Costa (1902-98), tudo
o que Cazzola documentou com obstinação em grande parte já desapareceu.
O
que veio em seguida, na forma de excessos de poder e desvitalização do espaço
público, ressurge intacto no material que o cineasta nos legou com lucidez
histórica.
PAÍS
DESFEITO
"Xaréu
- Memórias do Arraial" revisita os remanescentes da população filmada por
Paulo Cesar Saraceni no curta "Arraial do Cabo", um dos faróis do
Cinema Novo.
O
choque entre o trabalho artesanal e o industrial em 1959 deu lugar, hoje, à
falta de perspectivas com a modernidade convertida em ruínas e a urbanização
predadora. No meio, aparece um país desfeito, refeito e imperfeito.
"Mr.
Sganzerla - Os Signos da Luz" projeta outra visão, anárquica e irônica, a
partir do percurso do diretor Rogério Sganzerla (1946-2004) e, sobretudo, de sua
capacidade de devorar e vomitar referências definidoras do Brasil. Orson Welles
(1915-85) e Oswald de Andrade (1890-1954) encontram-se embalados por versos de
Noel Rosa (1910-37) e acordes de Jimi Hendrix (1942-70) para alimentar um sonho
de cinema sem limites.
A
longa entrevista de "Coutinho Repórter" completa o lote de
demonstrações de que, sem a visão oferecida por esses cineastas, não existem
imagens de um povo.
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Mostra dá a arte popular status de contemporânea Exposição
no Instituto Tomie Ohtake é parte de processo de valorização FOLHA SP 28.03
-
Sorte
dos artistas ditos populares começou a mudar em 2000, com a entrada deles nas
grandes exposições
Primeiro,
foram retirados de cena os termos "naify" e primitivo. Agora, no
livro "Teimosia da Imaginação" (WMF Martins Fontes, R$ 120), o
crítico Rodrigo Naves dá um passo além e põe de escanteio o adjetivo
"popular".
"[Reunimos]
um material que ajuda a colocar em xeque a concepção que vê na produção
artística das camadas mais pobres da população um caráter exclusivamente
singelo e lírico", diz Naves.
Somados
o livro, a exposição de mesmo nome e dez documentários que serão exibidos pela
TV Cultura a partir de 4 de abril, temos, como resultado, uma pergunta: por que
não tratar os artistas populares, simplesmente, como artistas contemporâneos?
"Durante
muito tempo, achou-se que a arte popular estava morta", responde a
galerista Vilma Eid. "O mercado ficou restrito aos ícones", diz,
referindo-se a José Antonio da Silva (1909-1996), Vitalino (1909-1963) e G.T.O.
(1913-1990).
VERNIZ
A
sina dos artistas que chegam ao Instituto Tomie Ohtake começou a mudar no
início dos anos 2000, quando, na mostra "Brasil 500 Anos", Emanoel
Araújo montou o módulo de arte popular. Seis anos depois, Lisete Lagnado
colocaria o acreano Hélio Melo na Bienal de SP.
O
mercado, como era de se esperar, abriu os olhos: os preços nos leilões subiram
e, em galerias especializadas, os artistas receberam uma mão de verniz, tendo
catálogos assinados por grifes da arte dita erudita e vernissages com
champanhe.
"Vivemos
um momento de reconhecimento da beleza e da verdade dessa arte", diz
Roberto Rugiero, da Brasiliana, a mais antiga galeria dedicada ao gênero em São
Paulo. Parte do reconhecimento vem do exterior.
A
Fundação Cartier, de Paris, por exemplo, exibirá obras de Veio, José Bezerra e
Nilson Pimenta.
Por
aqui, os preços de alguns artistas dobraram em um ano. Estão, é claro, longe de
Adriana Varejão ou Waltercio Caldas, mas batem na casa dos R$ 20 mil.
"Em
vista do que eu era, tô milionário. Antigamente, se tivesse na roça, tava
ganhando vinte real por dia. Hoje, graças a Deus, faço minha roça no
quadro", diz Pimenta. "Em Santa Teresa, tive a ideia de criar o
bondinho. Todo mundo ficou entusiasmado. Deu no 'Jornal do Brasil', daí passei
para 'O Globo', fiquei conhecido", conta Getúlio Damado.
O
que os dez artistas de "Teimosia da Imaginação" têm em comum é o
ponto de partida e o ponto de chegada. Partiram da lavoura ou do trabalho
braçal nas cidades. Chegaram a uma linguagem própria e cheia de significado -ou
seja, à arte.
TEIMOSIA
DA IMAGINAÇÃO
QUANDO
amanhã a 13/5 - ter a dom das 11h às 20h
ONDE
Instituto Tomie Ohtake (r. Coropés, 88; tel. 0/xx/11/2245-1900)
QUANTO
grátis
CLASSIFICAÇÃO
livre
>>>
'Imprensa Gay no Brasil' é lançado hoje com debate. Encontro
acontece às 19h, no MAM, com a presença do deputado Jean Wyllys (PSOL)
-
A
visão da imprensa sobre a comunidade gay é tema de um debate que acontece hoje,
às 19h, no MAM.
O
encontro vai reunir a jornalista Flávia Péret, o deputado federal Jean Wyllys
(PSOL-RJ), o crítico e romancista João Silvério Trevisan e o psicanalista e colunista
da Folha Francisco Daudt.
Após
o debate, às 20h15, haverá o lançamento do livro "Imprensa Gay no
Brasil" (Publifolha), de Péret.
A
obra, que reconstrói quase meio século de história da imprensa, venceu a
primeira edição do Folha Memória -iniciativa da Folha de financiar pesquisas
sobre a formação do jornalismo no Brasil, com patrocínio da Pfizer.
Em
1978, durante o regime militar, surgiu o "Lampião da Esquina", o
primeiro jornal brasileiro assumidamente homossexual. Fazem parte do livro a
história da origem dessa e de outras publicações dirigidas ao público gay.
Para
participar, basta enviar, das 14h às 18h, nome, RG e telefone para
evento@grupofolha.com.br.
As
inscrições para a terceira edição do programa estão abertas até 30/4, no
folhamemoria.folha.com.br.
OS
GAYS NA VISÃO DA IMPRENSA BRASILEIRA
QUANDO
hoje, às 19h (debate) e às 20h15 (lançamento)
ONDE
MAM (av. Pedro Àlvares Cabral, s/nº, parque Ibirapuera; tel. 0/xx/11/5085-1300)
QUANTO
grátis
>>>
Rio vê nascer nova geração de músicos Jovens
artistas se dividem entre os herdeiros da Orquestra Imperial, as vozes da Lapa
e seguidores de Maria Gadú FOLHA SP 28.03
-
Maioria
das bandas e dos cantores se prepara para estrear em disco ou está para lançar
segundo trabalho
É uma questão numérica. A abundância de primeiros
ou segundos álbuns lançados nos últimos meses por artistas cariocas (ou ligados
ao Rio) indica incontestável renovação na cena local.
São
trabalhos que apresentam cantores e compositores novos -quase sempre bem jovens
(alguns não chegaram aos 25 anos). A maioria nasceu na cidade ou a adotou.
Segundo
o produtor Plínio Profeta, a diversidade de estilos é imensurável. Mas há três
correntes principais.
A
primeira é ligada à vanguarda, que ele chama de "cena criativa". São
"filhos da Orquestra Imperial", "big band" fundada no
começo dos 2000 que reuniu alguns dos artistas mais interessantes daquela
década, como Kassin, Domenico Lancellotti, Rodrigo Amarante, Thalma de Freitas
e Nina Becker.
Dessa
ramificação, além dos próprios integrantes da Orquestra (Rubinho Jacobina
prepara seu segundo CD), vêm meninos assumidamente influenciados por eles.
É
o caso do cantor Cícero e das bandas Tono (cujo guitarrista é Bem Gil, filho de
Gilberto Gil), Do Amor e Letuce.
Formado
pelo casal Letícia Novaes e Lucas Vasconcellos, o Letuce acaba de lançar
"Manja Perene", o segundo disco, de canções com títulos nada
convencionais, feito "Sempre Tive Perna", "Medo de Baleia"
e "Cataploft".
O
experimentalismo exacerbado incomodou alguns fãs da primeira viagem da banda,
bem mais romântica.
"A
gente se apaixonou, casou e agora faz manutenção dessa história", responde
Letícia aos insatisfeitos. "O amor também é broxante. Então, há momentos
broxantes na nossa música. Mas há bem mais coisa do que isso."
Profeta
diz que, no Rio, a "cena criativa" é a que mais carece de público.
"São Paulo, nesse sentido, está bem na frente. Lá, o cenário independente
aparece mais."
LAPA
A
segunda corrente que se evidencia na nova cena carioca tem raiz na Lapa.
Revitalizada
também nos anos 2000, a região serviu então de cenário para a recolocação do
samba no centro nevrálgico do pop nacional. Lá, atuavam Teresa Cristina, Pedro
Miranda (que conclui terceiro CD) e Moyseis Marques (do grupo Casuarina).
Marques,
que lança agora "Pra Desengomar", diz que a Lapa passou por um
momento inicial, nos anos 2000, que era "muito reverente".
"Estávamos
deslumbrados com a redescoberta daquele repertório clássico, Nelson Cavaquinho,
Zé Kéti, que, para nós, era novidade."
Ele
diz que foi só no meio da década que seus pares tomaram coragem para fazer os
primeiros sambas autorais. Mas ainda eram comparados a Chico Buarque, Cartola e
Paulinho da Viola.
"Eu
mesmo procurava essas semelhanças", diz. "Hoje, estamos um momento
adiante: Teresa Cristina, que só cantava Candeia, canta agora Adriana
Calcanhotto junto com Marisa Monte."
Nessa
configuração mais pop, os sambistas vêm se aproximando da Zona Sul e fazem
shows para público que não frequentava a Lapa.
A
terceira nova corrente tem uma paulista, Maria Gadú, como força motriz. Antes
de estourar nacionalmente com "Shimbalaiê", em 2009, a cantora já
tinha uma turma, batizada Varandistas (porque se reuniam na varanda do cineasta
Caio Sóh, na Barra).
Enquanto
"filhos da Orquestra" trabalham pela não canção -ou em embate com as
fórmulas clássicas-, Varandistas atuam a favor dela.
Sete
músicos com essas características foram reunidos no CD e DVD "Sarau",
editado pela Universal Music: os cariocas Gugu Peixoto, Aureo Gandur, Fred
Sommer e Taís Alvarenga, o brasiliense Daniel Chaudon, e os paulistas João
Guarizo e Toni Ferreira.
"Gadú
descortinou para as gravadoras o que estava acontecendo", diz Clemente
Magalhães, produtor do "Sarau". "É um movimento da canção, das
rodas de violão nas festas. Todos são compositores hiperativos."
A
gravadora quer lançar trabalhos individuais de todos. Chaudon, o primeiro, com
"Me Conta uma Música" (já nas lojas), vem sendo chamado de "Gadú
de calça".
>>>
Filme de Herzog enfoca pena capital sem ceder a
dramatização maniqueísta
FOLHA SP 28.03
-
Na
faceta documental de sua obra, o cineasta Werner Herzog habituou o público a
segui-lo nos extremos.
As
condições rarefeitas da sobrevivência em tempos de guerra, as paisagens geladas
do fim do mundo, o isolamento humano em meio à natureza ou o tempo perdido no
fundo de uma caverna pré-histórica foram algumas das experiências-limite que o
diretor já registrou.
Com
"Ao Abismo: Um Conto de Morte, Um Conto de Vida", a câmera do alemão
volta a enfrentar o extremo ao abordar o tema da pena capital e confrontar a
corrente de pensamento, predominante em parte dos EUA, que defende o direito de
matar.
O
filme parte de uma entrevista com Michael Perry, rapaz de 28 anos acusado de um
triplo homicídio no Texas em 2001. Dentro de uma cabine de segurança, Perry
responde com lucidez ao questionamento de Herzog, inteirado de que só lhe
restam oito dias de vida antes da execução.
O
testemunho do condenado completa-se com o depoimento de seu cúmplice, de
familiares das vítimas e de profissionais da lei, incluindo um ex-carrasco.
A
opção pelo tratamento multifocal, no entanto, não mira o ideal de
imparcialidade, já que Herzog impõe seus pontos de vista por meio da voz
explícita, que interroga e acua os entrevistados.
A
força do conjunto vem da superposição de experiências e por não ceder ao apelo
da dramatização maniqueísta.
A
cada testemunho, "Ao Abismo" traz à tona a dimensão dostoievskiana do
crime e sua punição, ordena os argumentos e expõe uma lógica em que se
confundem justiça e vingança. No documentário, a morte paira como o limite
impossível de transpor.
(CÁSSIO
STARLING CARLOS)
AO
ABISMO: UM CONTO DE MORTE, UM CONTO DE VIDA
EXIBIÇÕES
Espaço Itaú de Cinema Botafogo, Rio (hoje, às 22h30, e amanhã, às 17h)
QUANTO
grátis
CLASSIFICAÇÃO
14 anos
AVALIAÇÃO
bom
>>>
Ameaça sobre o legado de Jorge Amado O
cenário de "Gabriela, Cravo e Canela", referência em turismo
sustentável, está ameaçado pela construção de 2 portos, que vão trazer navios
de grande porte FOLHA SP 28.03
-
Às
vésperas da Rio+20, o governo baiano propõe implantar no sul da Bahia um
"projeto de desenvolvimento" com uma visão de progresso do século 20:
a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), com o objetivo de exportar
commodities e minério de ferro através da construção de dois portos em Ilhéus.
O
governo do Estado assume a responsabilidade pelo licenciamento ambiental dessa
infraestrutura portuária perante o Ibama, ainda que um dos portos seja de uso
privativo da Bamin (Bahia Mineração).
O
minério de ferro basicamente será explorado por essa empresa em uma mina no
município baiano de Caetité. Sua vida útil seria de quinze anos, e a sua
implantação comprometeria 27 cavernas.
Vale
lembrar que, pela sua importância, as cavernas são consideradas bens da União
pela Constituição. Ela são ainda protegidas pela Constituição da Bahia.
Importa
aqui chamar a atenção para a real vocação do sul da Bahia, ainda mais no ano de
celebração dos 100 anos de Jorge Amado, o mais popular escritor brasileiro do
século 20.
Todos
sabem que seus livros são ambientados no sul da Bahia -o mais conhecido,
"Gabriela, Cravo e Canela", acontece em Ilhéus.
É
importante lembrar também que a região é uma referência em turismo sustentável
no Brasil. Isso se viabilizou graças aos investimentos públicos financiados
pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento nos últimos anos.
A
implantação do projeto coloca em risco toda essa economia geradora de postos de
trabalho e renda para a população local.
Com
relação ao projeto original de se implantar o terminal privativo na Ponta da
Tulha, houve inegável avanço em se reconhecer que aquela localização
comprometeria os frágeis atributos ecológicos lá existentes, especialmente os
recifes de corais.
A
Bahia é um dos poucos litorais no Atlântico Sul com ocorrência de corais, algo
que foi assinalado por Charles Darwin em seu livro "The Structure and
Distribution of Coral Reefs" ("A Estrutura e a Distribuição dos
Recifes de Corais").
A
nova localização, Aritaguá, oferece graves riscos à região, com possibilidade
de que as praias do litoral norte sofram sérios problemas de erosão. Isso,
aliás, consta dos estudos ambientais, sem que uma resposta efetiva tenha sido
dada.
Os
navios de grande porte para o transporte de minérios podem provocar danos
irreversíveis aos corais da região. Há ainda, obviamente, a incompatibilidade
entre um destino turístico com características tão especiais com uma
infraestrutura de exportação de minérios e com a eventual transformação
daqueles municípios em um polo industrial.
Todos
são a favor de que se encontre uma solução para os problemas do sul da Bahia. É
preciso criar postos de trabalho, melhorar o IDH da região e, enfim, gerar
oportunidades para a população lá residente.
Por
outro lado, implantar uma economia na região às custas do patrimônio ecológico
e cultural significa privilegiar uma visão estreita, de curtíssimo prazo, que
está na contramão de uma economia verde sintonizada com os limites ecológicos
da região e do planeta.
É
a consagração do atraso em nome do progresso.
FABIO
FELDMANN, 56, é ambientalista. Foi deputado federal por três mandatos e
candidato a governador do Estado de São Paulo pelo PV
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