sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
Nordeste em alta. Temas nordestinos foram destaque em várias escolas
de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro. Políticos da região que mais
cresce no Brasil se preparam agora para tentar entrar no grupo A, o dos
presidenciáveis CORREIO BAB
23.02
-
Quem
acompanha as escolas de samba do Rio de Janeiro não pode deixar de notar a gama
de temas nordestinos incluídos no desfile do Grupo Especial este ano. Luiz
Gonzaga, Jorge Amado, cordel, São Luís do Maranhão. O sambódromo, sempre dado a
modismos, é uma demonstração de que o Nordeste está na moda. E a região saiu de
lá campeã, com a vitória da Unidos da Tijuca, com o enredo O dia em que toda a
realeza desembarcou na avenida para coroar o rei Luiz do Sertão. Resta saber se
o Nordeste irá se segurar na crista da onda em todos os quesitos.
No
quesito economia, as taxas de crescimento da região já foram maiores do que a
registrada na reta final de 2011. Os 6% de crescimento de atividade econômica
registrados em agosto chegaram a dezembro na faixa de 4,4%. Menor, mas bem acima
da média nacional, de 2,7%. Os dados são do Banco Central. Em termos de
salários, o rendimento médio dos trabalhadores também subiu de dezembro do ano
passado para janeiro deste ano em Recife e em Salvador, capitais pesquisadas
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Mas
tudo isso, acreditam os políticos da região, está diretamente relacionado com
os investimentos durante o governo do presidente Lula, a começar pelo Bolsa
Família, que ajudou a movimentar a economia local. Depois, os incentivos, como
as refinarias da Petrobras — uma em Pernambuco, terra natal do ex-presidente,
outra no Maranhão, estado do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. As duas
obras, entretanto, ainda não deram o ar da graça. Para completar, parte da construção
dos canais de transposição das águas do São Francisco está atrasada, assim como
a Transnordestina.
Por
falar em obras…
Os
políticos consideram que todas as vezes em que o investimento público cai, o
Nordeste é o primeiro a sofrer as consequências. Talvez estejam certos. Afinal,
a desaceleração na reta final de 2011 coincide com obras em ritmo mais lento. O
desafio, entretanto, é sair desta dependência dos recursos da União e gerar sua
própria receita. Para isso, a região precisa investir firme em industrialização,
uma tarefa nada fácil, uma vez que São Paulo ainda continua sendo o motor nesse
quesito.
O
governador de Pernambuco, Eduardo Campos, por exemplo, conseguiu no ano passado
acertar a instalação de uma montadora da Fiat em território pernambucano. A
obra já está em fase de terraplanagem. Como símbolo da mudança de patamar do
estado, que, em 2010, cresceu com taxa de dois dígitos, a fábrica ficará num
local onde há poucos anos existia um canavial. Com isso, Eduardo Campos tentará
marcar no imaginário popular a mudança da escravidão dos canaviais à
industrialização. Politicamente, o ganho é considerado certeiro até pelos mais
experientes políticos do Sudeste, de onde saíram todos os presidenciáveis dos
últimos tempos. (Lula, apesar de nordestino, cresceu na política em São Paulo).
Por
falar em política…
A
região hoje está repleta de nomes considerados de ponta. Além de Eduardo
Campos, de Pernambuco, estão nesse rol Jaques Wagner, da Bahia, e Marcelo Déda,
de Sergipe, ambos do PT. Além de Cid Gomes, do Ceará. Déda, por ser de um
estado menor e de um partido que costuma dar preferência aos paulistas, está
fora da lista de presidenciáveis. No caso do Ceará, a família Gomes teve a sua
chance com Ciro. Mas, no caso de Jaques Wagner e de Eduardo Campos, há quem
deposite fichas no mercado futuro da política.
Campos não perde uma onda boa, embora costume
veranear numa praia tranquila. Ele torceu pela Unidos da Tijuca como ninguém.
Agora, se prepara para surfar na vitória do enredo sobre o pernambucano Luiz
Gonzaga — que, por sinal, também teve uma ajuda do estado. No próximo dia 3,
sábado seguinte ao do desfile das campeãs, ele receberá o carnavalesco Paulo
Barros em Recife, para lhe entregar a Ordem do Mérito dos Guararapes, comenda
conferida aqueles que prestaram serviços a Pernambuco. Aparecerá ao lado do
campeão como “pé quente”.
Eduardo Campos já se aliou a Gilberto Kassab, sua
porta de entrada em São Paulo, e agora planta uma semente no Rio de Janeiro. Se
vai dar certo, não se sabe. Mas que ele trabalha para ser candidato a
presidente, ninguém tem mais dúvidas. Resta saber quando.
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junho/2012
Valorização do juiz. A Asmego deve lançar até junho campanha de
valorização da magistratura. O objetivo, segundo o diretor de Assuntos
Institucionais e Legislativos da entidade, Levine Artiaga, é resgatar a imagem
dos juízes. O POPULAR 24.02
>>
Alternativas à prisão
Pequenos
traficantes agora fazem jus à substituição da pena privativa de liberdade por
sanções restritivas de direito. O POPULAR 24.02
-
Isso
será possível porque o Senado editou a Resolução 5/2012 suprimindo do artigo
33, parágrafo 4º, da Lei 11.343 (Lei de Drogas), a parte que impunha a
proibição, já considerada inconstitucional pelo Plenário do STF. O advogado
criminalista João Manoel Dantas, que tem entre os seus clientes réus acusados
de narcotráfico, alguns dos quais presos em presídios de segurança máxima,
defende a recente medida. “Colocar o pequeno traficante na prisão junto com
outros de maior porte não contribui em sua ressocialização. Só serve para
superlotar as cadeias”, diz.
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Estudo lista os desafios ambientais deste século. Valor Econômico - 24/02/2012
-
A
comunidade científica internacional listou as 21 questões ambientais emergentes
no século XXI, e no topo do ranking está a necessidade de ajustar a governança
aos desafios da sustentabilidade global. Ou seja: no sistema atual faltam
representatividade, dados, transparência, maior participação e eficiência na
transição para economias de baixo carbono. O segundo lugar do ranking é
surpreendente: não há profissionais capacitados para a economia verde.
Governança
é um temas-chave da Rio+20, a conferência da ONU sobre desenvolvimento
sustentável que acontece no Rio em junho.
Ali
o debate será sobre fortalecer e achar uma nova arquitetura para ambiente e
desenvolvimento Cientistas sustentável dentro da ONU. No estudo, divulgado esta
semana em Nairóbi, cientistas apontam uma falha generalizada que extrapola a
ONU e existe nas pequenas comunidades, cidades e regiões e em nível nacional.
Há um grande descompasso entre o que a ciência aponta como problemático e a
capacidade dos governos de encontrar soluções, mesmo que existam mais de 900
acordos internacionais com foco na proteção ambiental. A convenção do clima é
um dos exemplos emblemáticos.
Os
problemas de governança ambiental ganharam o topo da lista de temas que 428
cientistas de todo o mundo reconhecem como muito importantes, mas que,
acreditam, não estão recebendo a merecida atenção dos governos. O estudo
"21 Questões para o Século 21" levou quase um ano para ser realizado
pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma). A intenção é informar os
líderes que vão tomar decisões na Rio+20.
O
segundo lugar no ranking é a ausência de profissionais capacitados para o
desenvolvimento sustentável. Um estudo recente do Pnuma com a Organização
Internacional do Trabalho (OIT) nos EUA esbarrou na falta de engenheiros que
pudessem desenhar geradores solares. "Nos próximos dez anos, muitas usinas
nucleares no mundo serão desativadas, o que irá produzir um enorme volume de
lixo atômico", explica Joseph Alcamo, cientista-chefe do Pnuma e
coordenador da pesquisa.
Segundo
ele, há entre 35 e 40 usinas nucleares no mundo construídas nos anos 70 e que
se aproximam do prazo de validade. "O volume de lixo nuclear de uma usina
desativada pode ser entre 10 a 2.000 vezes maior do que quando ela estava em
operação", estima. Não há técnicos especializados neste assunto e menos
ainda na proporção necessária. "É preciso educar e capacitar para estes
desafios", diz.
Para
84% dos especialistas do estudo, a segurança alimentar será uma grande questão
no século em que a população mundial chegará a 9 bilhões. O temor não é novo,
mas há uma novidade, diz Alcamo: "É a dimensão ambiental do
problema". Trata-se de produção de alimentos ameaçada pela mudança
climática, pela competição pela terra entre comida e biocombustíveis ou que
enfrenta falta de água.
"Peixes
representam 10% das calorias consumidas pelas pessoas no mundo, e 25% dos
estoques estão esgotados ou super explorados". "Há zonas pesqueiras
mortas perto da costa em função da poluição das águas", destaca. A
produção de biocombustíveis tem ocupado mais 2 milhões de hectares de terra por
ano. Há um acréscimo de 2 a 5 milhões de hectares ao ano de solos degradados.
"Há muitas soluções para isso", diz. "Um deles é recuperar as
áreas degradadas."
Cientistas
acreditam que reconstruir a ponte entre ciência e política é outra questão,
assim como lidar com migrações resultantes da mudança do clima, o potencial
colapso de sistemas oceânicos e o derretimento das geleiras.
>>>>>>
POLÍTICA CULTURAL » Marasmo brasiliense. Em
contraste com a programação efervescente de outros estados do país, faltam
investimentos pesados e uma linha de ação mais definida pela qualidade para as
unidades do Sesc no Distrito Federal CORREIO BSB 24.02
-
O
Teatro Sesc do Gama ostenta uma estrutura moderna de equipamentos cenotécnicos,
mas a programação não empolga a comunidade
Duas
épocas foram notáveis no Sesc, os anos 1970 (inclusive retratados no livro de
Maria de Souza Duarte, Educação pela arte: O caso Garagem) e os anos 1990,
quando ainda havia apenas o Teatro Sesc Garagem (913 Sul). A efervescência de
outrora ficou no passado, poucos projetos movimentam a instituição, apesar de
outros espaços terem sido abertos, como o Teatro Newton Rossi, na Ceilândia; o
Teatro Sesc Gama, no Setor Leste da cidade e o Espaço Cultural Paulo Autran, em
Taguatinga Norte.
Onde
foi parar a efervescência cultural? Entre as reclamações da classe artística
está a falta de diálogo entre a instituição e a comunidade. “O Sesc não nos
procura e quando nós vamos até eles tudo é muito difícil. Falta uma política
cultural, um plano de cultura”, argumenta Welligton Abreu, diretor, ator e
produtor do Hierofante Cia. de Teatro. A companhia está em atividade desde 1995
e tem sede em Ceilândia.
Rogero
Torquato, atual assistente de ação cultural, diretor do Sesc Garagem entre 1994
e 2006, informa que existe uma coordenação cultural composta por técnicos. Em
cada espaço do Sesc, há um técnico responsável. A programação anual é proposta
tanto pela coordenação quanto pelos técnicos, visando as necessidades de cada
local. “O Sesc não é uma produtora de eventos, é uma instituição.” Ele
questiona: “Em termos de política, o Sesc ampliou os seus espaços e cadê a
moçada para ocupá-los?”, indaga Torquato.
Outra
dificuldade apontada é o preço da diária dos teatros. Em Ceilândia, é de R$
1.284 (para este ano), que, segundo Welligton, é muito alta para os artistas da
cidade. A gestora cultural da Cia. Bagagem de Bonecos, Leda Carneiro, companhia
com sede no Gama, concorda com ele e explica: “Para suprir todos os custos
seria necessário aumentar o valor dos ingressos e não é isso que nós queremos.
Por ser um teatro novo (Sesc Gama), talvez a manutenção dele também seja cara,
mas os responsáveis poderiam fazer uma política diferenciada, por exemplo,
cobrando um valor mais barato para as companhias da cidade”. Torquato destaca
que para eventos ligados à cultura o preço dos aluguéis dos teatros é reduzido.
“Há uma isenção de taxas para eventos culturais e, muitas das vezes, até com a
gratuidade desse aluguel.”
O
Teatro Sesc Gama foi inaugurado em 2010 e tem espaço para cerca de 400 pessoas.
Mesmo com um moderno equipamento de cenotecnia, iluminação e sonorização não
conseguiu impactar tanto a comuidade. “Falta um pouco de divulgação dentro da
cidade, com as comunidades de cada local, pois as pessoas aqui no Gama ainda
não têm essa cultura de ir ao teatro. Nós estamos tentando disseminar esse
hábito”, completa Leda.
O
ator e diretor Adeilton Lima, que trabalha com teatro há 24 anos, aconselha: “O
Sesc de Brasília deveria se espelhar nas outras unidades do país, que se
diferenciam formando atores. É preciso aceitar as críticas e não fazer uma
política de província”. Se der uma olhadinha na programação dos Sescs
espalhados pelo Brasil, certamente o brasiliense sentirá inveja.
Enquanto
isso, ficam as lembranças e a nostalgia de outros tempos. O produtor Luciano
Lima assistiu a várias apresentações musicais que fomentaram nele a vontade de
se tornar músico e trabalhar nessa área. “O Sesc sempre foi um reduto do rock brasiliense.
O Torquato dava muito apoio”, lembra Luciano.
Por
lá, passaram vários nomes que marcaram a história do rock brasiliense, como
Little Quail, Raimundos, Maskavo Roots, Os Cabeloduro, Pravda, Oz e tantas
outras bandas.
Porém,
nem só de música era feito o Sesc Garage, o teatro estava presente. Lá, por
exemplo, nasceu o Jogo de Cena e o grupo Os Melhores do Mundo, quando ainda se
chamavam A Culpa é da Mãe. “Nós ficamos em cartaz lá por uns quatro anos
apresentando a peça Sexo — A comédia, era uma área muito bacana”, relembra
Jovane Nunes, um dos integrantes da companhia.
>>>
O exemplo vem de fora. Conhecida
por sua vasta programação cultural, São Paulo se distingue também pela atuação
do Sesc. CORREIO
BSB 24.02
-
São
32 unidades, 18 só na capital, que semanalmente abrigam cerca de 350 mil
pessoas, seja apenas passeando, assistindo a shows, exposições ou participando
de oficinas. “A gente tem observado que as pessoas vêm ao Sesc para se
encontrar, namorar, ler um livro… Já que todos os nossos espaços são abertos ao
público”, conta Luiz Dioclécio Massaro, diretor regional do Sesc-SP em
exercício.
O
site do Sesc-SP (www.sescsp.org.br) divulga a programação cultural das
unidades. Em fevereiro e março há pelo menos mil atividades, entre espetáculos,
oficinas, música, dança, circo e muito mais. Na programação de 2012 está também
a 38ª edição do Festival Sesc Melhores Filmes, que trará à cidade os longas que
foram mais votados por meio do site da instituição em 2011.
Essa
atitude de investir em cultura é bem antiga, como explica Massaro: “Há 30 anos,
o Sesc optou por investir na área cultural. Foram feitos grandes investimentos,
tudo foi planejado. Priorizamos áreas especiais para os espetáculos”.
A
programação, segundo Luiz, preza pelo conteúdo e pela novidade. “Nós tentamos
trazer artistas consagrados, mas que não estão na grande mídia e artistas
novos, ainda em seu primeiro disco.
Procuramos também apresentar sempre uma grande diversidade cultural. Estamos,
este ano, promovendo uma série de apresentações de tribos indígenas
desconhecidas”.
Outro
estado que se destaca pela intensa programação cultural, Pernambuco também tem
um Sesc atuante. Embora seja ligada mais em literatura e teatro, a instituição
não deixa de prestigiar outras áreas. Na sessão musical, artistas
pernambucanos, que já são sucesso no circuito independente no Brasil estiveram
no palco do Sesc, como Alessandra Leão, Karina Buhr , entre outros.
São
16 unidades, sendo uma móvel, que juntas receberam mais de 2 milhões de visitantes
em suas diversas atividades, no ano passado. Das unidades, três se destacam por
funcionarem como centros culturais. São elas: Petrolina, Arcoverde (casa de
Lirinha, ex-Cordel do Fogo Encantado) e Garanhuns. O Sesc de Pernambuco também
tem um estúdio de gravação, uma escola de teatro para formação de atores e 16
companhias teatrais. “O que limita a gente é o baixo orçamento, mas, mesmo
assim, não impede que a gente agregue as tendências de todo o estado e
regiões”, explica o coordenador de Cultura do Sesc, José Manoel Sobrinho.
A unidade de Pelotas é uma das 36 da
instituição que no ano passado promoveram mais um 1,7 milhão de ações culturais
para a população. No Rio Grande do Sul, o Sesc também faz parcerias com
entidades amigas, como a Aliança Francesa, a prefeitura de cada município ou
entidades públicas. “Nós procuramos descentralizar as atividades do Sesc em
várias cidades do estado, entre outras coisas, fazemos circuitos culturais”,
afirma Sílvio Bento, gerente de Cultura do Sesc-RS.
A
Mostra Cariri de Cultura é uma das que mais se sobressai no Sesc — Ceará. No
passado, ela chegou à 13ª edição e na programação há espetáculos de dança,
teatro, música e exposições com artistas de todo o Brasil.
>>>>
2011: um ano que não terminou para a educação. Paulo
Castro. Economista,
é diretor-presidente do Instituto C&A CORREIO BSB 24.02
-
O
ano de 2011 chegou ao fim e deixou um sentimento de frustração para todos os
que veem na educação o caminho inevitável para a construção de um Brasil socialmente
justo e democrático. A votação do Projeto de Lei nº 8.035/2010, o nosso Plano
Nacional da Educação (PNE), foi mais uma vez postergada, deixando em aberto
temas decisivos que não podem mais aguardar. Estamos em atraso em relação ao
documento legal que define as metas para a educação brasileira até 2020.
Mais
do que lamentar a aparente falta de prioridade que a educação ocupa na agenda
de setores do governo, é tempo de ressaltar aspectos que tornam esse PNE um
capítulo à parte na história do país. Nunca houve uma oportunidade tão clara e
decisiva de participação da sociedade nos rumos de seu sistema de ensino. Há
quem demonstre não ter entendido bem esse fato, em uma espécie de miopia
social, por exemplo, creditando o elevado número de emendas (mais de 3 mil) a
mero jogo de interesses sindicais ou político-partidários.
Em
primeiro lugar, é legítimo e democrático que todos os setores se manifestem e
defendam seus interesses. Mas é preciso ver também que grande parte das emendas
foi produzida após amplos e subsidiados debates em diferentes fóruns, como a
Conferência Nacional da Educação (Conae), em 2010.
A
Conae mostrou-se instância fecunda. Embora seja passível de aprimoramento, foi
capaz de ampliar a voz e o protagonismo de diferentes atores sociais. Dessa
conferência, que reuniu mais de 4,5 mil educadores, nasceu um documento com o
consenso possível, de caráter construtivo e propositivo.
Do
mesmo modo, o PNE deve ir à votação enriquecido em 2012 com as contribuições do
movimento PNE pra Valer!, coordenado pela Campanha Nacional pelo Direito à
Educação, do qual participam instituições de diferentes segmentos, como a União
Nacional dos Dirigentes Municipais (Undime) e a Associação Nacional de
Pesquisadores em Educação (Anped).
A
presença de representantes da sociedade civil nas diferentes fases de
construção e tramitação do PNE é prova de que a educação definitivamente
convoca a atenção dos brasileiros, não mais a reboque de problemas dramáticos,
como filas por matrículas em portas de escola, nem atrás de longa lista de
direitos sonegados pelo Estado, como saúde e segurança. É tema que se torna
cada vez mais o prato do dia, num efeito em cadeia que só tende a se
aprofundar.
Esse
dado torna mais assombrosa a distância entre as demandas sociais na educação e
a efetiva prioridade dedicada na agenda executiva do país. Tanto é assim que,
na cobertura da imprensa, o grande destaque é conferido ao braço de ferro
travado sobre qual deve ser o investimento público do setor em relação ao PIB —
questão de suma importância, pois, pela primeira vez, as metas do PNE estarão
costuradas com fontes de financiamento, assegurando sua exequibilidade.
O
impasse é simbólico e, por si, educativo. Mostra que, como sociedade,
precisamos vencer uma barreira sutil na história de nossa República: aquela
segundo a qual a participação social é tratada como algo desejável e belo para
dar ”sensação de democracia”, mas que não pesa efetivamente nas decisões,
principalmente quando elas implicam disponibilização de recursos financeiros
condizentes com as metas propostas.
O
financiamento da educação não pode ser argumento para tornar a aprovação do PNE
tema de gabinetes. Ao contrário, mais do que nunca é tempo de discutir com a
sociedade como ela espera ver aplicadas as riquezas arrecadadas pelo país.
Vamos em frente. A votação do PNE urge. É preciso reconhecer que a educação
brasileira sofre pelo acúmulo de problemas ao longo de sua história e que o
PNE, que findou em 2010, não cumpriu boa parte do que prometeu.
Para
não repetirmos erros passados, precisamos considerar as instâncias de
participação e controle social como elementos que potencializam tanto a
qualidade do plano quanto sua execução. O texto a ser votado, se não é o ideal,
já está inevitavelmente vitaminado pela atuação das representações da sociedade
civil, uma seta que indica estarmos no caminho certo para garantir, enfim, o
direito básico de educação de qualidade para todos.
>>>>
Universidade reprovada ( Editorial FOLHA SP )
Um
artigo do físico Carlos Henrique de Brito Cruz nesta Folha revelou a medíocre
evolução do ensino superior no país, na última década, ao coligir informações
sobre o número de formandos nas faculdades e universidades brasileiras. FOLHA SP 24.02
-
Segundo
dados oficiais do Ministério da Educação reunidos pelo diretor científico da
Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), houve queda
expressiva na ampliação dos cursos superiores nos últimos anos, quando se
considera o total de alunos que, de fato, obtiveram diplomas.
Entre
1995 e 2005, a taxa média de crescimento do total de diplomados pelas
universidades -vale dizer, instituições que se dedicam tanto ao ensino quanto à
pesquisa- foi de 11% ao ano. Entre 2005 e 2010, o incremento anual decaiu para
ínfimo 0,2%.
A
situação é mais grave nas escolas de elite do ensino superior sob
responsabilidade direta do poder público. Entre 2004 e 2010, diminuiu o número
absoluto de alunos graduados em instituições públicas de nível superior. No
segundo ano de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 202.262
estudantes obtiveram diplomas nessas faculdades; em seu último ano na
Presidência, 178.407 alunos chegaram ao fim de seu curso universitário em
instituições públicas.
Não
se trata de insuficiência exclusiva do último mandatário, nem apenas do governo
federal, uma vez que os dados dizem respeito também a instituições estaduais e
municipais. Além disso, a queda no ritmo de expansão do ensino superior reflete
deficiências de formação escolar anterior.
De
todo modo, a gestão Lula não se sai bem mesmo quando considerados os números de
ingressantes no nível universitário -sempre maior que o de egressos- em seus
dois mandatos. Entre 1995 e 2002, o total de alunos que chegou à universidade
em cursos presenciais (ou seja, excluído o ensino a distância) mais que dobrou,
de 510 mil para 1,2 milhão. Sob Lula, a quantidade de novos alunos cresceu só
cerca de 30%, para 1,6 milhão de estudantes.
O
número decepcionante de formandos provavelmente decorre do despreparo de muitos
estudantes para cursar a universidade. O fulcro do problema, na avaliação de
Brito Cruz e outros, está na etapa escolar anterior, o ensino médio.
Há
uma década o número de adolescentes formados no nível secundário se encontra
estagnado em cerca de 1,8 milhão por ano, enquanto o total de vagas abertas a
cada ano no ensino superior já supera esta marca, se incluídos também os cursos
a distância.
Será
impossível ampliar o total de formandos nas universidades, com ênfase na
qualidade, sem reformar também o ensino médio.
>>>
Autora contrapõe sobrenatural e racional em tom burocrático FOLHA SP 24.02
-
Tristeza
e dor, mais do que medo e assombrações, povoam "A Mulher de Preto",
romance da britânica Susan Hill que deve ganhar mais visibilidade com a estreia
do filme homônimo.
Lançado
em 1983, trata-se de uma história de fantasmas em que não há figuras cobertas
por lençol branco ou que fazem "buuu" ao dobrar a esquina; também não
aparecem mortos-vivos horripilantes a decepar cabeças.
Basta
a presença de uma jovem enlutada para provocar calafrios numa pequena
comunidade rural.
Transformada
em vingança, sua amargura não escolhe vítima: qualquer um que a aviste é alvo
da maldição.
O
leitor, porém, demora a ser apresentado à figura que vestia "uma roupa de
um preto intenso, que parecia ter sido claramente desenterrada de algum baú
velho". A mulher "estava sofrendo de uma terrível doença
debilitante"; pálida, tinha "a pele fina extremamente esticada nos
ossos, de forma que emitia um brilho azul-esbranquiçado".
Quem
a viu foi Arthur Kipps, que relata seu encontro com a Mulher de Preto como
forma de exorcizar sofrimentos do passado. E escreve como se fizesse um boletim
de ocorrência, em ordem cronológica: não há um crime, um mistério, um momento
de terror que precise ser desvendado; ao contrário, a tensão é construída
lentamente.
Chega
a explodir, mas é só no final que todo o mistério se explica e o leitor
descobre a origem do "horror mortal e do terror no espírito" que por
décadas acompanham Kipps.
O
tom relatorial, que, não raro, anda de mãos dadas com a burocracia, é dado
desde a primeira frase.
O
racional -encarnado aqui pelo metódico advogado- se contrapõe ao sobrenatural;
é como se o ceticismo de um avalizasse a realidade e a concretude do outro.
A
isolada mansão é o palco do embate. A determinação de Kipps de saber quem e o
que havia visto é solapada pelo pavor, o horror, "o medo do mal".
Descobre que, afinal, fantasmas existem.
Após
ter ficado perto da morte, acaba por conhecer a história que aterroriza aquela
comunidade.
Quase
perde a razão e passa por dias de febre e desvario, mas retorna a sua vidinha
cotidiana. Não sem levar consigo o temor de ser uma futura vítima da Mulher de
Preto.
A
MULHER DE PRETO
AUTORA
Susan Hill
EDITORA
Record
TRADUÇÃO
Flávio Souto Maior
QUANTO
R$ 29,90 (208 págs.)
>>>
Rubem Fonseca vence prêmio em Portugal
Autor,
que ganhou 20 mil euros por "Bufo & Spallanzani", fez discurso
bem-humorado FOLHA SP 24.02
-
O
escritor Rubem Fonseca recebeu ontem, na cidade portuguesa de Póvoa do Varzim,
o Prêmio Literário Casino da Póvoa. O autor ganhou 20 mil euros (cerca de R$ 46
mil) por "Bufo & Spallanzani", publicado em Portugal no ano
passado.
Fonseca
viajou a Portugal para receber a homenagem da 13ª edição do encontro literário
Correntes D'Escritas. Ele concorria com autores como Enrique Vila-Matas,
Leonardo Padura e Inês Pedrosa.
Ainda
ontem o escritor brasileiro, que ganhou em 2003 o Prêmio Camões, o mais
importante da língua portuguesa, foi condecorado pelo governo português com a
Medalha de Mérito Cultural.
"Amo
a língua portuguesa, é uma língua lindíssima", disse ele durante o
discurso de agradecimento.
"Adoro
poesia. Lembrei-me de Camões. Vocês me permitem que eu leia Camões?",
perguntou. Em seguida, recitou o soneto "Busque Amor Novas Artes, Novo
Engenho" e terminou com um "Viva a língua portuguesa!".
Em
sua justificativa para o prêmio de "Bufo & Spallanzani", o júri
declarou que trata-se de "uma obra reveladora da diversidade do
humano". A nota destacou, ainda, o rigor da escrita de Fonseca, "bem
como a qualidade da arquitetura romanesca".
FALANTE
Em
geral avesso a entrevistas e a discursos em público no Brasil, o autor se
mostrou bastante falante e bem-humorado no festival.
"A
escrita é um risco total?", perguntou ele na tarde de ontem, de microfone
na mão e andando de um lado para o outro no palco.
"Na
verdade, escrever é uma forma socialmente aceita de loucura. Nessa mesa somos
todos loucos, cada um à sua maneira!"
Depois,
apontando para plateia, disse: "Não basta ser louco, também tem que se ser
alfabetizado".
Despertando
risos na plateia, ele completou: "Só existe um caso de escritor analfabeto.
Ocorreu no século 14, o nome do escritor era Catarina de Siena, tinha de ser
uma mulher, né? Agora, era uma santa, e isso podia ser um milagre. E, como
santa, era louca, porque todo o santo é louco, e nós sabemos disso".
Por
fim, Fonseca, que vez por outra tentava emular o sotaque português, terminou
sua participação dirigindo-se ao público.
"E
vocês aí não pensem que, não sendo escritores, também não são loucos!"
>>
USP é a universidade que mais forma doutores. Instituição
é a primeira do mundo nesse quesito, afirma ranking feito por chineses FOLHA SP 24.02
-
A
USP é a universidade do mundo que mais forma doutores, de acordo com o ARWU
(Ranking Acadêmico de Universidades do Mundo), elaborado pela Universidade de
Xangai, na China.
Contudo,
na classificação geral de instituições, que tem a Universidade Harvard em 1º
lugar, a USP figura apenas entre as 150 melhores do planeta (após o 100º lugar,
o ARWU só divulga grupos de 50 universidades). Universidades dos EUA e
britânicas são as 20 primeiras.
Na listagem geral há outras brasileiras além da
USP. A Unicamp está entre as 300 primeiras, por exemplo. A quantidade de
doutores formados é um dos indicadores da avaliação do ARWU.
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