domingo, 5 de fevereiro de 2012
Rio de Janeiro Parceria dá sobrevida à Livraria Camões FOLHAPRESS 05.02
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A notícia do fechamento da livraria Camões, no Rio,
mobilizou não só seus frequentadores cariocas, mas até mesmo políticos
portugueses. Menos de um mês depois, no entanto, o anúncio de sua reabertura e
reestruturação deixou todos mais tranquilos. Na última semana, a Imprensa
Nacional/Casa da Moeda (INCM) – órgão ligado ao governo português que mantém a
Camões – divulgou a notícia da reabertura da livraria, possibilitada pela
parceria com o grupo Almedina.
Constituído por um conjunto de editoras e livrarias
portuguesas, além de uma filial brasileira, o Almedina será também parceiro na
remodelação da livraria carioca, que passará por reformas e reabrirá com acervo
maior ainda neste semestre. Inicialmente, o motivo alegado pela INCM para o
fechamento da Camões havia sido a situação financeira "irremediavelmente
comprometida" da livraria, que tinha custo mensal de até R$ 35 mil para o
órgão. O quadro ganhou peso com o agravamento da crise econômica portuguesa.
O encerramento das atividades da chamada "pequena
Portugal no Brasil" causou imediata mobilização nos dois países – a
livraria reúne cerca de 12 mil títulos da literatura lusa, incluindo livros
raros, e é considerada um marco cultural da presença portuguesa no País.
Abaixo-assinados contrários à decisão da INCM correram na internet,
intelectuais se manifestaram e parlamentares do Partido Socialista Português
pediram explicações ao governo do país. "Deixaríamos uma lacuna enorme no
Brasil, pois atendemos a todo o território nacional e há livros que não existem
aqui", diz Jorge Estrela, 76, gerente da Camões desde a sua abertura em
1972.
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Demarcação de terras
indígenas deverá passar pela aprovação do Congresso Agência
Brasil 05/02
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Brasília - As demarcações de reservas indígenas, que hoje
são feitas exclusivamente pelo Poder Executivo, poderão ter que passar pela
aprovação do Senado Federal ou do Congresso Nacional. Com esse objetivo,
propostas de emenda à Constituição (PEC) estão tramitando no Senado e também na
Câmara dos Deputados. Uma delas, de autoria do senador Mozarildo Cavalcanti
(PTB-RR), está pronta para ser votada pelo Senado. Se aprovada seguirá para
apreciação da Câmara.
A PEC dá ao Senado a competência privativa para aprovar os
processos de demarcação de terras indígenas. Ela também determina que a
demarcação dessas áreas ou de unidades de conservação ambiental respeite o
limite de 30% do território de cada estado.
Para Mozarildo Cavalcanti, é justo que os estados, por meio
de seus senadores, opinem sobre esse tipo de demarcação. “Nós estamos em uma
Federação. A demarcação significa confisco de terra dos estados, e quem
representa os estados é o Senado. Ele já é consultado sobre assuntos muito
menores, como indicações de autoridades e liberação de créditos”, disse o
senador.
A proposta prevê que o Senado precisará referendar a
demarcação feita pela União, mas a parte técnica continuará sendo feita pelos
órgãos técnicos do Executivo, como a Fundação Nacional do Índio (Funai). Apesar
disso, o senador questiona a maneira como essas demarcações vêm sendo feitas e
acha “suspeita” a forma como as áreas são delimitadas. “No caso de Roraima e de
Rondônia, coincidentemente o mapa das reservas se sobrepõe aos mapas das
reservas minerais”, declarou.
Por isso, ele acredita que é importante que as comissões
permanentes do Senado, como a de Constituição e Justiça (CCJ) e a de Assuntos
Sociais analisem e emitam parecer sobre as demarcações. Para o senador, essa
seria uma forma de pesar melhor as consequências da delimitação de certas áreas
que podem ser produtivas. “A União não dá assistência a essas terras, a
responsabilidade continua sendo estadual. Então, nada mais justo que o Senado
seja consultado”.
A PEC de Mozarildo Cavalcanti, que foi apresentada em 1999,
já passou pelas cinco primeiras sessões de discussão necessárias para a votação
em primeiro turno, mas recebeu apensamentos de outras propostas e retornou para
avaliação da CCJ. Agora ela está novamente pronta para ser votada, e o senador
espera que isso ocorra este ano.
Na Câmara dos Deputados há ainda 12 propostas sobre o mesmo
assunto, todas determinando que o Congresso tenha que aprovar as demarcações de
terras indígenas. Elas estão tramitando apensadas e já receberam parecer
favorável do relator Osmar Serraglio (PMDB-PR), mas ainda não foram votadas na
Comissão de Constituição e Justiça da Casa. O governo federal também planeja
enviar este ano ao Congresso um projeto que mudará as regras para demarcação de
terras indígenas e quilombolas.
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ENCONTRO COM O FUTURO
» Ditadura da economia
Para especialistas, as pessoas estão mais empenhadas em ter
casa, emprego e uma posição social. Não se preocupam com ações que influenciem
a vida dos outros CORREIO BSB 05.02
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A universitária Débora Ferreira Couto Pinto, 19 anos, foi às
urnas pela primeira vez nas eleições que levaram Dilma Rousseff à Presidência
da República. A brasiliense tem consciência de que exerceu um direito
conquistado a duras penas ao longo da história política brasileira. Para ela,
no entanto, falar sobre a atividade dos deputados e senadores no Congresso
Nacional faz pouco sentido. Diferentemente da maioria dos brasileiros, Débora é
um exemplo de cidadania quando o assunto é não jogar lixo no chão ou dar lugar
a um idoso no ônibus, mas não se lembra de todos os deputados em quem votou.
“Não tenho o menor interesse. É sempre a mesma história. Até já tentei, mas
vejo o descaso o tempo todo”, justifica.
No que diz respeito à política, Débora é bem diferente de
sua mãe, a funcionária pública Rosa Maria Ferreira Lima, 57 anos. Filha da
ditadura, no seu tempo de escola, a paulista de São Vicente aprendeu a cantar o
Hino Nacional com a mão direita sobre o coração. Na sala de aula, ela ouviu
preceitos voltados ao respeito, à ordem e à obediência. À época, a disciplina
obrigatória denominada Educação Moral e Cívica difundia os valores exigidos
pelo governo de seus cidadãos.
Democracia
A diferença entre a prática de cidadania de Rosa e de Débora
é um retrato fiel do que ocorreu entre as suas gerações. Autor da dissertação
de mestrado em direito Concepção da Cidadania, defendida na Universidade de São
Paulo (USP), Ovídio Jairo Rodrigues Mendes, explica que se, antes, a ditadura
era política, hoje, ela é econômica. “As novas gerações estão menos cidadãs”,
sentencia. A seu ver, as mudanças refletem, entre outros fatores, a própria
democratização. A educação passou a ser voltada para que a pessoa tenha
condições de competir no mercado de trabalho. “Se a pessoa tem casa, emprego e
uma determinada posição, significa que ela atende às necessidades do dia a dia.
Mas não está preocupada com o seu papel na sociedade nem em como a sua ação
cotidiana influi na vida dos outros”, observa o pesquisador.
Não à toa, o antropólogo Gilberto Velho afirma que existem
dois brasis. Um onde as pessoas têm mais dinheiro no bolso, alimentam-se melhor
e compram aparelhos modernos. E outro em que boa parte dessas mesmas pessoas
vive em bairros sem água e esgoto, tendo que usar um transporte público
precário. “Um país que tem hospitais e escolas públicas funcionando com a atual
precariedade não está sequer perto de um projeto de cidadania mais efetivo”,
avalia. Ele destaca o contraste: “Há coisas extraordinárias, casas com
computadores e televisores grandes, de última geração. Mas essas mesmas
famílias não têm acesso à educação e a sistema de saúde de qualidade”.
Para Rosa, moradora da Asa Sul, em Brasília, um dos piores
transtornos na cidade é o trânsito. “Cada um está em seu carro. Você dá a seta
e os outros motoristas aceleram para não deixar você entrar”, reclama. O
comportamento, mais uma vez, se reflete nas estatísticas. Sob a justificativa
de dar mais “uma fechadinha” ou ultrapassar o sinal por um motivo mais nobre ou
urgente, o trânsito deixa um rastro de sangue. Dados do Ministério da Saúde
revelam que, de 1996 a 2010, o número de mortos em acidentes saltou 15%, de
35,3 mil para 40,6 mil. Em 15 anos, a violência nas vias públicas ceifou 519
mil vidas.
Ao contrário do princípio de que, no trânsito, o mais forte
protege o mais fraco, os que estão cercados de menos equipamentos são os mais
prejudicados. Em 2010, dos 40,6 mil mortos, o maior número foi de
motociclistas: 10.134. Depois deles, estão os pedestres (9.078), os motoristas
de automóveis comuns (8.659) e os ciclistas (1.453). Os condutores de
transporte pesado — sim, os mais fortes — somaram 738 óbitos. Além da própria
vida, o custo para os cofres públicos foi alto. As 146.060 internações de
vítimas de acidentes de trânsito financiadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
em 2010 causaram um rombo de R$ 187 milhões.
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