quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012



Parceria pelo meio ambiente.  




Governo local e Unesco assinam acordo de cooperação no valor de R$ 3,2 milhões para capacitar servidores Correio Braziliense - 15/02/2012

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O Distrito Federal vai ter apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para a capacitação dos servidores públicos que trabalham diretamente com o meio ambiente. O governo vai destinar o montante de R$ 3,2 milhões para a cooperação. Em troca, a entidade internacional oferecerá cursos de formação, de acordo com a demanda da Secretaria do Meio Ambiente e do GDF durante três anos. Para 2012, foram disponibilizados R$ 2 milhões. Até o momento, no entanto, o governo trabalha apenas com diretrizes e ainda não tem o planejamento sobre o destino exato da verba e a especificação do que vai ser feito ao longo do período. Esse é o primeiro acordo de cooperação técnica internacional firmado pelo Governo do DF na área de meio ambiente com um ente da Organização das Nações Unidas.

O acordo foi negociado ao longo dos últimos seis meses e, na manhã de ontem, o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e a Unesco formalizaram a parceria, em cerimônia realizada no Palácio do Buriti. A primeira atividade ofertada por meio do convênio está marcada para a próxima semana, quando os servidores do Ibram farão um curso de familiarização com o software pelo qual terão acesso a todo material da Unesco.

Fortalecimento
Segundo o coordenador de Ciências Naturais da Unesco no Brasil, Celso Schenkel, a ideia da agência não é substituir as ações governamentais, mas fortalecer as políticas públicas determinadas pelo Executivo local. "Os recursos são colocados de forma objetiva, com base em critérios técnicos para causar impacto positivo e atingir o público-alvo, no caso, toda a sociedade brasiliense", afirma. Além disso, ele defende que, mais do que recuperar áreas degradadas, é importante apoiar a estruturação do Ibram, para que o próprio órgão tenha capacidade de orientar ações em consonância com os objetivos do milênio e do desenvolvimento sustentável.

O Ibram tem cerca de 400 servidores. Desses, 200 devem participar dos treinamentos. Para o presidente do instituto, Nilton Reis, o benefício não ficará restrito a esses trabalhadores. "Não será um investimento em infraestrutura. O fundamento é transferir conhecimento ao servidor. Quando prestamos um serviço de excelência na área ambiental, a população tem garantida a qualidade de vida", detalhou o presidente. As demandas para a Unesco podem incluir áreas temáticas, como fiscalização e monitoramento, ou gestão de patrimônio. O Ibram também poderá personalizar os treinamentos.

A Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores intermediou as conversas entre o GDF e a Unesco. De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Eduardo Brandão, não é necessário pensar em outros convênios porque a pasta trabalha de forma integrada. "Esse processo vai beneficiar projetos como o Brasília Cidade Parque e o Caminho das Águas. Trazendo inteligência de fora com discussões profundas, nós vamos conseguir melhorar as áreas de lazer e de preservação", argumentou. De acordo com a secretaria, a assinatura do convênio reforça ainda o empenho do governo em fortalecer o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, conferido pela Unesco em 1987, e a reserva da biosfera do cerrado, que abrange 23% do DF e serve como anel protetor ao perímetro tombado.


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Floresta diferente?
O Estado de S. Paulo - 15/02/2012


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Em época de concessão da administração de aeroportos à iniciativa privada por um governo do PT, talvez se possa ter a esperança de que este governo aceite abrir algumas portas para formas mais modernas de gestão do patrimônio de biodiversidade existente no Brasil. A ideia que apresento aqui é a seguinte: as florestas existentes nas propriedades privadas não deveriam ser consideradas nas políticas brasileiras de conservação da biodiversidade? Por acaso essas florestas são deferentes em relação ao potencial de conservar flora e fauna, das que estão em unidades de conservação (UCs) e reservas indígenas - estas, sim, elegíveis para as metas?

Embora possa parecer, essa proposta não é mera provocação, tampouco tem a intenção de criticar o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc). No entanto, diante das mudanças que serão aprovadas nos sistemas de gestão das florestas em propriedades privadas, caso o Congresso Nacional aprove a reforma do Código Florestal, os mecanismos de mercado ganharão relevância ante os tradicionais sistemas de comando e controle, justificando, assim, essa proposta.

Um dos mais óbvios mecanismos de mercado são os pagamentos por serviços ambientais, sobretudo os associados à conservação da biodiversidade. Tornar as florestas em propriedades privadas elegíveis para as políticas de conservação da biodiversidade, dado um conjunto de condicionantes que explico a seguir, significa reconhecer que elas também poderão receber pagamentos por serviços ambientais quando estes se tornarem realidade no Brasil.

Contando União, Estados e municípios, o Brasil tem cerca de 110 milhões de hectares (ha) de reservas indígenas, 52 milhões de ha de UCs de proteção integral, 55,8 milhões de ha de UCs de uso sustentável e 43,5 milhões de ha de áreas de proteção ambiental (UCs de uso sustentável instituídas em áreas privadas). Por outro lado, entre reservas legais (RLs) e áreas de preservação permanente (APPs) conservadas - os dois instrumentos definidos pelo Código Florestal que impõem a conservação nas propriedades privadas -, tem-se ao redor de 250 milhões de ha. Ou seja, as áreas privadas, mesmo considerando o enorme contingente de propriedades que não está em conformidade com o código vigente, possuem um montante de florestas equivalente ao total de áreas protegidas pelas reservas indígenas e UCs instituídas pelo Snuc. Não há, portanto, como negar a grande importância das florestas existentes em propriedades privadas.

À luz das políticas brasileiras de conservação da biodiversidade, as florestas em RLs e APPs são ignoradas. Apesar de o Código Florestal prever que são áreas fundamentais para a conservação da biodiversidade, na prática elas são reconhecidas somente como uma obrigação imposta aos proprietários rurais. Com isso criamos, no Brasil, uma separação concreta entre florestas com as mesmas funções ambientais que, em razão do tipo de propriedade (pública ou privada), são tratadas diferentemente. Partindo do princípio de que o objetivo é conservar a biodiversidade, essa distinção não faz nenhum sentido.

Um exemplo que confirma essa tese são as metas da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), tratado internacional que busca garantir níveis mínimos de conservação da biodiversidade. Para a CDB, uma área protegida é geograficamente delimitada e regulamentada para conservar a biodiversidade. O mesmo conceito é adotado pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).

A CDB recomenda que as metas devem ser cumpridas por meio de sistemas em áreas protegidas, bem como via "outras medidas especiais de conservação, e integradas em paisagens terrestres e marinhas mais amplas". No entanto, a política brasileira reconhece como áreas protegidas elegíveis para cumprir as metas da CDB apenas as UCs e terras indígenas. Se as APPs e áreas de RL são protegidas pelo Código Florestal, como uma restrição à propriedade da terra que visa a conservar a biodiversidade, uma vez efetivamente preservadas, devem contar para as metas brasileiras de proteger ao menos 17% de cada bioma até 2020.

Não estou, evidentemente, defendendo a inclusão de todas as florestas em RLs e APPs. Aliás, se fosse assim, o Brasil já estaria cumprindo as metas da CDB em cada um dos biomas encontrados em nosso território. É preciso estabelecer critérios.

Considerando a relevância das APPs para a conservação da biodiversidade, proteção do solo e da água, entre outros serviços ambientais, essas áreas, desde que incluídas no Cadastro Ambiental Rural (CAR), deveriam contar para as metas brasileiras.

O segundo critério se aplicaria às RLs. Se UCs são elegíveis para as metas de conservação de biodiversidade, isso significa que maciços florestais são preferíveis a fragmentos. Isso me leva a propor que grandes áreas de RLs deveriam também ser elegíveis - o que estimularia os proprietários de terra a conservar extensões grandes ou, aprovado o novo Código Florestal, a compensar RLs em grandes maciços.

Um terceiro critério para dar elegibilidade às RLs seria o seguinte: florestas em RLs que adensam APPs e estabelecem corredores ecológicos dentro e entre as propriedades também ganhariam status diferenciado. Este critério e o anterior poderiam ser aplicados em conjunto.

Em minha opinião, está passando da hora de derrubarmos esse conceito de separar as florestas entre as que têm valor para a biodiversidade - e por isso são reconhecidas nas políticas de conservação - e as que não o têm, às quais sobra a proteção pela obrigação. Sendo as florestas em áreas privadas em nada diferentes em termos de conservação de fauna e flora das demais florestas, esse serviço ambiental não deveria ser ignorado, como sempre foi até hoje.

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Patrulhas// Marinha, Exército e Aeronáutica terão como prioridade para as próximas duas décadas a proteção da Amazônia e o reforço no patrulhamento das áreas de fronteira, terrestre e marítima, anunciou ontem o chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos de Nardi, durante seminário sobre defesa nacional na Câmara. Correio Braziliense - 15/02/2012

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Equilíbrio ameaçado
O aquecimento global pode dificultar a sobrevivência, na Antártida, de peixes que são a principal fonte de alimento para pinguins e algumas espécies de baleias e focas Correio Braziliense - 15/02/2012

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Pinguins avistados na Antártida: esses animais podem ser alguns dos mais prejudicados com o desaparecimento dos peixes nototenioides

As regiões polares são os locais onde se observa o maior aumento de temperatura do ambiente, devido às mudanças climáticas. Enquanto no planeta a elevação média nos últimos 50 anos foi de 0,8ºC, na Antártida, o aquecimento foi 2ºC e, no Ártico, de 5ºC. Inicialmente, os números não parecem alarmantes, mas podem colocar em risco a vida de um grupo específico e muito importante de peixes que vivem no Polo Sul: os nototenioides, base alimentar de diversos animais e peça-chave para o equilíbrio ecológico da região.

           

Esses peixes, adaptados para viverem em águas com temperaturas extremamente baixas e para suportarem os altos níveis de radiação ultravioleta em seu hábitat, podem sofrer estresse psicológico devido ao “calor”, como constatou uma equipe de pesquisadores de diversos países, liderados por um cientista da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. O estudo, publicado nesta semana na edição on-line da revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), inicialmente tinha como objetivo apenas compreender como os nototenioides evoluíram para viver na região.

           
Espécies ameaçadas: resultado de milhões de anos de evolução

“De fato, conseguimos analisar seu processo evolutivo, mas, durante a pesquisa, notamos que, devido ao padrão desses peixes de se adequarem às condições polares, a tendência de o Oceano Antártico se aquecer representa uma ameaça para as espécies”, comenta Thomas Near, principal autor do estudo e professor de Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade de Yale.

Como esses animais são a principal fonte de alimentação de pinguins, algumas espécies de baleias e focas, a redução de sua população pode levar a um desequilíbrio ecológico na região. Near descreve que as temperatura mais elevadas, além de causarem estresse nos peixes, vão permitir que outras espécies não antárticas colonizem as águas do Polo Sul. “Não sabemos o que pode ser feito, além da prevenção do aquecimento do Oceano Antártico, para evitar a extinção dos nototenioides”, lamenta o pesquisador de Yale.

O diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em mudanças climáticas, Saulo Rodrigues Filho, considera o estudo um importante alerta. “Na Antártida, há a possibilidade de extinção desses peixes e o grande potencial de aceleração da elevação do nível do mar — causada pelo derretimento das geleiras do oeste da região. Esse fator, em especial, coloca em risco diversas costas ao redor do globo, onde o nível do mar pode aumentar entre 20cm e 70cm até o final deste século”, afirma.

Para o especialista em bioprospecção de moléculas bioativas de peixes da Antártida Luciano Paulino Silva, pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, a situação pode não ser tão catastrófica se os peixes conseguirem se adaptar ao novo clima. “Os nototenioides ocupam o ambiente antártico há milhões de anos e, durante esse período, enfrentaram inúmeras mudanças climáticas na região. Apesar de a ciência ainda não ter como prever a extensão das alterações no clima esperadas para os próximos anos, não seria de se admirar que esse grupo ainda fosse capaz de suportar essas mudanças extremas”, analisa. Silva — que também conduz uma pesquisa sobre os nototenioides (leia entrevista) —, no entanto, considera que a análise comandada por Near é válida.

Silva concorda que, apesar de a queima de combustíveis fósseis ter se mostrado uma das responsáveis por aumentar a temperatura dos oceanos, não se sabe ao certo a real contribuição dos humanos para o processo de aquecimento global. “Por esse motivo, é muito difícil pensarmos em como podemos atuar para combater o problema”, ressalta. O pesquisador da Embrapa afirma que, para preservar esses organismos, uma medida simples é “estabelecer regulamentações mais rigorosas para a manutenção dos estoques marinhos desse grupo de peixes, já que muitos deles ainda hoje sofrem com a pesca predatória”.

Adaptação
Os peixes nototenioides conseguem sobreviver a temperaturas extremamente baixas porque possuem glicoproteínas anticongelantes, membranas celulares que se tornam mais fluidas à medida que o frio aumenta. “Esses peixes também apresentam redução de resposta ao choque térmico e muitas proteínas modificam sua estrutura para que o metabolismo continue funcionando de maneira eficiente. Outra característica importante é que os rins deles armazenam moléculas que impedem o congelamento do organismo”, explica Near.

Tais proteínas foram desenvolvidas entre 22 milhões e 42 milhões de anos atrás. Os pesquisadores desvendaram nesse estudo, no entanto, que as espécies de nototenioides que conseguiram gerar mais descendentes surgiram cerca de 10 milhões de anos após a aparição dessas glicoproteínas. “Com base nisso, queremos determinar se a evolução das características desses animais estão associadas à alimentação e à locomoção deles”, comenta. Outro ponto que a equipe pretende analisar é compreender por que há tantas espécies de peixes antárticos distintas.

Outra possibilidade com base nessa pesquisa, segundo Silva, é o desenvolvimento de novos trabalhos que identifiquem outras moléculas anticongelantes em peixes antárticos. “Isso pode auxiliar, de maneira decisiva, a seleção de protótipos de estruturas moleculares capazes de permitir a tolerância ao frio”, salienta. “Esse estudo é a continuação dos projetos que buscam entender a evolução das propriedades moleculares dos nototenioides para se adaptarem à Antártida”, comenta o integrante da Embrapa. “Desse modo, o estudo contribui para o conhecimento desse grupo de organismos e do hábitat deles”, conclui.

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CONGRESSO INTERNACIONAL »
Cientistas debaterão soluções para o planeta

Publicação: 16/02/2012 02:00
           
Vamos nos concentrar em vários desafios complexos e intimamente ligados à produção alimentar e a fontes de energia e de água, além de potenciais soluções por meio da cooperação internacional" Nina Fedoroff, presidente da Associação Americana para a Promoção da Ciência

Como não poderia deixar de ocorrer em um evento apresentado como a maior conferência científica do mundo, os temas debatidos no encontro anual da Associação Americana para a Promoção da Ciência (AAAS), que começa hoje em Vancouver, no Canadá, são os mais variados. Os debates vão das últimas pesquisas sobre o autismo até a próxima revolução agrícola, passando pelas consequências do aquecimento global nos oceanos. Cerca de 8 mil participantes de 60 países são esperados na edição de 2012 da conferência anual, que se realiza até 20 de fevereiro.

A principal missão da AAAS, que publica a prestigiosa revista Science, é sensibilizar o público, os líderes políticos e os pesquisadores sobre as grandes questões científicas e da sociedade. O tema central da conferência deste ano é “O desenvolvimento de uma sociedade humana global fundada no saber em um mundo cada vez mais aberto”. “Vamos nos concentrar em vários desafios complexos e intimamente ligados à produção alimentar e a fontes de energia e de água, além de potenciais soluções por meio da cooperação internacional”, informou, em um comunicado, a presidente da AAAS, Nina Fedoroff, geneticista e bióloga molecular de ponta, professora na Universidade da Pensilvânia (Estados Unidos).

Aproximadamente 150 simpósios em todas as áreas científicas — da astronomia até as matemáticas, passando por medicina, ciência do clima, pesquisa de novas fontes de energia —, estão programas para o colóquio, o primeiro da AAAS no Canadá. A maioria das conferências anuais da associação, criada em 1848, aconteceu nos Estados Unidos. Várias sessões serão consagradas a Vancouver, cidade costeira, ao impacto do aquecimento global sobre o ecossistema oceânico do planeta e aos meios de proteger as espécies animais marinhas recorrendo aos satélites e à criação de áreas protegidas.

Alimentação e saúde
Os pesquisadores também devem apresentar trabalhos sobre os riscos no sistema alimentar global com as mudanças climáticas, o que contribui, em alguns países, para o aumento da escassez de alimentos e a elevação dos preços, uma situação agravada pela proibição de exportação de alimentos a partir de culturas transgênicas.

Outras pesquisas voltadas para a produção de carne em laboratório, sem animais, para atender uma duplicação do consumo no mundo até 2050 e reduzir o impacto da pecuária sobre o meio ambiente, serão apresentadas. Essa atividade já responde por 18% das emissões totais de gases do efeito estufa produzidos pelo homem.

Na medicina, vão ter destaque trabalhos sobre como a interação de fatores genéticos e ambientais podem contribuir para o autismo. Quanto à obesidade, os pesquisadores dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos vão apresentar um modelo matemático para prever com precisão quanto uma pessoa pode ganhar ou perder de peso tendo em conta o consumo diário de alimentos e o nível de atividade física.
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Feira espanhola atrai colecionadores para aplacar a crise
Arco gastou um terço de seu orçamento na tentativa de garantir compradores para suas mais de 200 galerias
A 31ª edição do evento, inaugurada ontem, tem a Holanda como país de destaque e aposta em obras vistosas e polêmicas FOLHA SP 16.02
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Na semana em que a nota da dívida espanhola sofreu mais um rebaixamento das agências de risco, a Arco -uma das principais feiras de artes plásticas do mundo- bancou a vinda de 250 colecionadores para Madri, cem a mais do que em 2011.

Com isso, torrou um terço de seu orçamento de cerca de R$ 9 milhões na tentativa de garantir compradores em tempos de crise.

Não parece fácil abrir o calendário global das feiras de arte num dos países mais atingidos pela recessão na Europa. No caso da Arco, que abriu ontem com três décadas de estrada, a tarefa é bastante árdua.

Em seu segundo ano à frente da feira, Carlos Urroz, que entrou com um choque de ordem limando as galerias menos criteriosas, garante que 80% das casas presentes no ano passado estão de volta, num total de mais de 200.

"Nesses momentos de crise, as feiras são importantes porque dinamizam o mercado", disse Urroz à Folha. "Também é importante ter uma presença internacional de colecionadores que se interessam pelas galerias."

No lugar de estreitar laços com países emergentes, a Arco se volta para a Europa, com a Holanda como país de destaque -uma tentativa de reforçar o colecionismo europeu que, aos poucos, vem se reavivando com resultados positivos nos últimos leilões.

Enquanto casas como Sotheby's e Christie's apostam em obras-primas para garantir o fluxo de caixa, galerias na Arco trazem obras vistosas -e polêmicas- aos pavilhões da feira.

Entre elas, estão um Francis Bacon de cerca de R$ 25 milhões -obra mais cara da feira-, um Botero de cerca de R$ 2 mi, uma imagem do ditador Francisco Franco (1892-1975) conservada num freezer da Coca-Cola e projetos de cunho político.

Na obra do brasileiro Marlon de Azambuja, bandeiras de países europeus estão presas a blocos de concreto.

Outros artistas brasileiros expostos na Arco tiveram bom desempenho. Nas primeiras horas da feira, o Centro Georges Pompidou, de Paris, mostrou interesse em comprar uma escultura de Lygia Pape (1927-2004) avaliada em cerca de R$ 1 milhão.

Galerias paulistanas também negociaram alguns trabalhos de Eduardo Berliner e Lia Chaia pouco depois da abertura dos portões.
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'Xingu' divide público e crítica em Berlim
Filme de Cao Hamburger, exibido na seção Panorama, aborda de forma épica a criação do Parque Nacional do Xingu
Produção cria drama na relação entre os irmãos Villas-Bôas, que passaram mais de 40 anos naquela região FOLHA SP 16.02

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Com uma acolhida gélida na sessão para imprensa, em uma sala de 500 lugares com lotação de menos de 10% de sua capacidade, "Xingu" teve, ontem, sua segunda exibição no 62º Festival de Berlim, a Berlinale.

Entretanto, na primeira sessão para o público, no último sábado, a situação foi bem distinta, com sala lotada e aplausos no final.

A nova produção de Cao Hamburger, que deve estrear no Brasil em abril, conta a saga dos irmãos Villas-Bôas, responsáveis pela criação do Parque Nacional do Xingu, em 1961, uma área de mais de 27 mil quilômetros quadrados, que se equipara à de um paí­s como a Bélgica.

"Essa não é uma história muito conhecida e, através de gerações, ela vem sendo esquecida. Por isso quisemos resgatá-la", disse Hamburger, em Berlim, cidade de origem de seu pai.

Em 2007, o diretor concorreu ao Urso de Ouro com "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias".

"Além disso, ela é muito atual, já que os problemas continuam até hoje."

"Xingu" é exibido na seção Panorama, a segunda mais importante do festival.

O filme não só relata de forma épica a criação do parque, como apresenta de forma dramática a relação dos irmãos.

Eles eram três, apesar de dois deles, Orlando (1914-2002) e Cláudio (1916-1998), terem ficado mais conhecidos, por se dedicarem o tempo todo à causa.

Leonardo (1918-1961), que teria sido o primeiro a ir para a região, a abandona e morre cedo do coração.

A EXPERIÊNCIA

Os atores João Miguel (que interpreta Cláudio) e Caio Blat (Leonardo) também estão em Berlim.

"Posso dizer que sou outra pessoa depois deste filme, porque passei a ter um entendimento do Brasil que só essa experiência proporciona. Os í­ndios incorporam rito e mito, e isso está além de qualquer treinamento teatral", afirmou João Miguel.

"Xingu", contudo, não é um documentário ilustrativo sobre a criação do parque. "Para fazer o filme, ouvimos muita gente, não nos baseamos apenas nos livros dos Villas-Bôas, mas em pessoas que os conheceram. Ouvimos muitas versões. O filme é a minha", definiu Hamburger.

O CONVITE

Segundo o diretor, a ideia do filme partiu da própria família dos indianistas: "A viúva de Orlando e seu filho nos procuraram e aceitei com a condição de ter total liberdade para fazer o longa".

Nesse sentido, por exemplo, o filme aposta que assim como Leonardo teria saído da região após ter se relacionado com uma í­ndia, Cláudio também teria.

"Eles passaram 40 anos na região. Seria difí­cil que nada tivesse acontecido", disse Andrea Barata Ribeiro, uma das produtoras de "Xingu".

O contato com os índios parece ter sido tão forte que Hamburger pretende continuar com o assunto em suas próximas produções.

"Quero abordar a Amazônia profunda. Eu ouvi falar de í­ndios que fogem da civilização branca. É esse universo que quero investigar a partir de agora."
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PASQUALE CIPRO NETO
'Embora (ainda) seja (ainda) mais rápido...'
Refiro-me a palavras clássicas nesse tipo de questão, como "também", "só", "ainda", "simples" etc.
Diga já e agora, caro leitor: onde colocar o bendito "ainda" no trecho que está no título desta coluna? FOLHA SP 16.02


Imagino que, de cara, você já tenha descartado a hipótese do "tanto faz", visto que não tanto faz coisíssima nenhuma. Se o advérbio "ainda" for posto antes de "seja", seu papel será modificar justamente essa palavra, isto é, seu papel será o de indicar que X ainda é mais rápido do que Y. Se o advérbio "ainda" for posto depois de "seja", ou melhor, antes de "mais rápido", seu papel será o de modificar essa expressão, isto é, seu papel será o de reforçar essa expressão ("X é rápido, mas Y é ainda mais rápido" ou "X é rápido, mas Y é mais rápido ainda"). Ficou claro?

De onde tirei o trecho que está no título desta coluna? E qual era posição do "ainda" na frase em questão? O trecho estava num site e integrava uma matéria cujo título era este: "Desorganização 'rouba' até 30% do tempo de viagem do usuário de metrô em São Paulo". Destaco o trecho do qual faz parte o excerto que está no título da minha coluna: "Usar o metrô de São Paulo em dias úteis -segunda a sexta-feira- é um pouco de todas essas experiências acima descritas, embora o meio de transporte seja ainda mais rápido que os carros e ônibus que inundam o trânsito mais intenso do Brasil".

Como o leitor deve ter percebido, a palavra "ainda" não está na posição em que deveria estar. Com a redação adotada, não se transmite a ideia que se quer transmitir. O que se quer é informar que, apesar dos problemas, o metrô paulistano ainda é mais rápido do que os automóveis e os ônibus, mas, ao pé da letra, não se informa isso.

Está aí um prato cheio para bancas de vestibulares e concursos que evitam questões do tipo "certo ou errado", "assim ou assado" etc. Numa dessas provas, far-se-ia uma questão mais ou menos assim: "Há no texto uma passagem em que a posição de uma palavra altera o sentido pretendido pelo redator. Qual é essa palavra? Qual é o sentido pretendido e qual é o efetivamente transmitido pela frase original? Reescreva o trecho, pondo essa palavra em outra posição, de modo que se transmita o sentido desejado e cabível, levando em conta o contexto".

O caro leitor notou que comecei esta coluna já explicando, mostrando o que ocorre com a alteração da posição da palavra "ainda". Numa prova, o candidato não recebe nenhuma "dica", ou seja, tem de ler e reler até achar, sozinho, o nó. Nessas horas, é fundamental ser atento e, já que se trata da posição, buscar as pistas tradicionais nesse tipo de questão. Quando menciono "pistas tradicionais", refiro-me a palavras clássicas, como "também", "só", "ainda", "simples" etc. A Fuvest e a Unicamp já fizeram muitas questões sobre esse problema.

Lembro aqui um caso que comentei há muitos anos e que ainda se ouve a bordo de aviões Brasil afora, na hora do desembarque em alguns aeroportos: "Informamos que o desembarque também poderá ser feito pela porta traseira da aeronave".

Duma leitura rigorosa e radical da frase pode-se concluir que, além do desembarque, outra(s) coisa(s) pode(m) ser feita(s) pela porta traseira da aeronave. A frase que não admite contestação é esta: "Informamos que o desembarque poderá ser feito também pela porta traseira da aeronave". Como se vê, se a intenção é incluir outra porta (a traseira), o ideal é colocar a palavra "também" o mais perto possível da expressão "porta traseira". É isso.

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