quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Parceria
pelo meio ambiente.
Governo
local e Unesco assinam acordo de cooperação no valor de R$ 3,2 milhões para
capacitar servidores Correio Braziliense - 15/02/2012
-
O
Distrito Federal vai ter apoio da Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para a capacitação dos servidores
públicos que trabalham diretamente com o meio ambiente. O governo vai destinar
o montante de R$ 3,2 milhões para a cooperação. Em troca, a entidade
internacional oferecerá cursos de formação, de acordo com a demanda da
Secretaria do Meio Ambiente e do GDF durante três anos. Para 2012, foram
disponibilizados R$ 2 milhões. Até o momento, no entanto, o governo trabalha
apenas com diretrizes e ainda não tem o planejamento sobre o destino exato da
verba e a especificação do que vai ser feito ao longo do período. Esse é o
primeiro acordo de cooperação técnica internacional firmado pelo Governo do DF
na área de meio ambiente com um ente da Organização das Nações Unidas.
O
acordo foi negociado ao longo dos últimos seis meses e, na manhã de ontem, o
Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e a Unesco formalizaram a parceria, em
cerimônia realizada no Palácio do Buriti. A primeira atividade ofertada por
meio do convênio está marcada para a próxima semana, quando os servidores do
Ibram farão um curso de familiarização com o software pelo qual terão acesso a
todo material da Unesco.
Fortalecimento
Segundo
o coordenador de Ciências Naturais da Unesco no Brasil, Celso Schenkel, a ideia
da agência não é substituir as ações governamentais, mas fortalecer as
políticas públicas determinadas pelo Executivo local. "Os recursos são
colocados de forma objetiva, com base em critérios técnicos para causar impacto
positivo e atingir o público-alvo, no caso, toda a sociedade brasiliense",
afirma. Além disso, ele defende que, mais do que recuperar áreas degradadas, é
importante apoiar a estruturação do Ibram, para que o próprio órgão tenha
capacidade de orientar ações em consonância com os objetivos do milênio e do
desenvolvimento sustentável.
O
Ibram tem cerca de 400 servidores. Desses, 200 devem participar dos
treinamentos. Para o presidente do instituto, Nilton Reis, o benefício não
ficará restrito a esses trabalhadores. "Não será um investimento em
infraestrutura. O fundamento é transferir conhecimento ao servidor. Quando
prestamos um serviço de excelência na área ambiental, a população tem garantida
a qualidade de vida", detalhou o presidente. As demandas para a Unesco
podem incluir áreas temáticas, como fiscalização e monitoramento, ou gestão de
patrimônio. O Ibram também poderá personalizar os treinamentos.
A
Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores
intermediou as conversas entre o GDF e a Unesco. De acordo com o secretário de
Meio Ambiente, Eduardo Brandão, não é necessário pensar em outros convênios
porque a pasta trabalha de forma integrada. "Esse processo vai beneficiar
projetos como o Brasília Cidade Parque e o Caminho das Águas. Trazendo
inteligência de fora com discussões profundas, nós vamos conseguir melhorar as
áreas de lazer e de preservação", argumentou. De acordo com a secretaria,
a assinatura do convênio reforça ainda o empenho do governo em fortalecer o
título de Patrimônio Cultural da Humanidade, conferido pela Unesco em 1987, e a
reserva da biosfera do cerrado, que abrange 23% do DF e serve como anel
protetor ao perímetro tombado.
>>
Floresta
diferente?
O Estado de S. Paulo - 15/02/2012
-
Em
época de concessão da administração de aeroportos à iniciativa privada por um
governo do PT, talvez se possa ter a esperança de que este governo aceite abrir
algumas portas para formas mais modernas de gestão do patrimônio de
biodiversidade existente no Brasil. A ideia que apresento aqui é a seguinte: as
florestas existentes nas propriedades privadas não deveriam ser consideradas
nas políticas brasileiras de conservação da biodiversidade? Por acaso essas
florestas são deferentes em relação ao potencial de conservar flora e fauna,
das que estão em unidades de conservação (UCs) e reservas indígenas - estas,
sim, elegíveis para as metas?
Embora
possa parecer, essa proposta não é mera provocação, tampouco tem a intenção de
criticar o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc). No entanto,
diante das mudanças que serão aprovadas nos sistemas de gestão das florestas em
propriedades privadas, caso o Congresso Nacional aprove a reforma do Código
Florestal, os mecanismos de mercado ganharão relevância ante os tradicionais
sistemas de comando e controle, justificando, assim, essa proposta.
Um
dos mais óbvios mecanismos de mercado são os pagamentos por serviços
ambientais, sobretudo os associados à conservação da biodiversidade. Tornar as
florestas em propriedades privadas elegíveis para as políticas de conservação
da biodiversidade, dado um conjunto de condicionantes que explico a seguir,
significa reconhecer que elas também poderão receber pagamentos por serviços
ambientais quando estes se tornarem realidade no Brasil.
Contando
União, Estados e municípios, o Brasil tem cerca de 110 milhões de hectares (ha)
de reservas indígenas, 52 milhões de ha de UCs de proteção integral, 55,8
milhões de ha de UCs de uso sustentável e 43,5 milhões de ha de áreas de
proteção ambiental (UCs de uso sustentável instituídas em áreas privadas). Por
outro lado, entre reservas legais (RLs) e áreas de preservação permanente
(APPs) conservadas - os dois instrumentos definidos pelo Código Florestal que
impõem a conservação nas propriedades privadas -, tem-se ao redor de 250
milhões de ha. Ou seja, as áreas privadas, mesmo considerando o enorme
contingente de propriedades que não está em conformidade com o código vigente,
possuem um montante de florestas equivalente ao total de áreas protegidas pelas
reservas indígenas e UCs instituídas pelo Snuc. Não há, portanto, como negar a
grande importância das florestas existentes em propriedades privadas.
À
luz das políticas brasileiras de conservação da biodiversidade, as florestas em
RLs e APPs são ignoradas. Apesar de o Código Florestal prever que são áreas
fundamentais para a conservação da biodiversidade, na prática elas são
reconhecidas somente como uma obrigação imposta aos proprietários rurais. Com isso
criamos, no Brasil, uma separação concreta entre florestas com as mesmas
funções ambientais que, em razão do tipo de propriedade (pública ou privada),
são tratadas diferentemente. Partindo do princípio de que o objetivo é
conservar a biodiversidade, essa distinção não faz nenhum sentido.
Um
exemplo que confirma essa tese são as metas da Convenção sobre Diversidade
Biológica (CDB), tratado internacional que busca garantir níveis mínimos de
conservação da biodiversidade. Para a CDB, uma área protegida é geograficamente
delimitada e regulamentada para conservar a biodiversidade. O mesmo conceito é
adotado pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos
Naturais (IUCN).
A
CDB recomenda que as metas devem ser cumpridas por meio de sistemas em áreas
protegidas, bem como via "outras medidas especiais de conservação, e
integradas em paisagens terrestres e marinhas mais amplas". No entanto, a
política brasileira reconhece como áreas protegidas elegíveis para cumprir as
metas da CDB apenas as UCs e terras indígenas. Se as APPs e áreas de RL são
protegidas pelo Código Florestal, como uma restrição à propriedade da terra que
visa a conservar a biodiversidade, uma vez efetivamente preservadas, devem
contar para as metas brasileiras de proteger ao menos 17% de cada bioma até
2020.
Não
estou, evidentemente, defendendo a inclusão de todas as florestas em RLs e
APPs. Aliás, se fosse assim, o Brasil já estaria cumprindo as metas da CDB em
cada um dos biomas encontrados em nosso território. É preciso estabelecer
critérios.
Considerando
a relevância das APPs para a conservação da biodiversidade, proteção do solo e
da água, entre outros serviços ambientais, essas áreas, desde que incluídas no
Cadastro Ambiental Rural (CAR), deveriam contar para as metas brasileiras.
O
segundo critério se aplicaria às RLs. Se UCs são elegíveis para as metas de
conservação de biodiversidade, isso significa que maciços florestais são
preferíveis a fragmentos. Isso me leva a propor que grandes áreas de RLs
deveriam também ser elegíveis - o que estimularia os proprietários de terra a
conservar extensões grandes ou, aprovado o novo Código Florestal, a compensar
RLs em grandes maciços.
Um
terceiro critério para dar elegibilidade às RLs seria o seguinte: florestas em
RLs que adensam APPs e estabelecem corredores ecológicos dentro e entre as
propriedades também ganhariam status diferenciado. Este critério e o anterior
poderiam ser aplicados em conjunto.
Em
minha opinião, está passando da hora de derrubarmos esse conceito de separar as
florestas entre as que têm valor para a biodiversidade - e por isso são
reconhecidas nas políticas de conservação - e as que não o têm, às quais sobra
a proteção pela obrigação. Sendo as florestas em áreas privadas em nada
diferentes em termos de conservação de fauna e flora das demais florestas, esse
serviço ambiental não deveria ser ignorado, como sempre foi até hoje.
>>>>
Patrulhas//
Marinha, Exército e Aeronáutica terão como prioridade para as próximas duas
décadas a proteção da Amazônia e o reforço no patrulhamento das áreas de
fronteira, terrestre e marítima, anunciou ontem o chefe do Estado Maior
Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos de Nardi, durante seminário
sobre defesa nacional na Câmara. Correio Braziliense - 15/02/2012
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Equilíbrio ameaçado
O
aquecimento global pode dificultar a sobrevivência, na Antártida, de peixes que
são a principal fonte de alimento para pinguins e algumas espécies de baleias e
focas Correio Braziliense - 15/02/2012
-
Pinguins
avistados na Antártida: esses animais podem ser alguns dos mais prejudicados
com o desaparecimento dos peixes nototenioides
As
regiões polares são os locais onde se observa o maior aumento de temperatura do
ambiente, devido às mudanças climáticas. Enquanto no planeta a elevação média
nos últimos 50 anos foi de 0,8ºC, na Antártida, o aquecimento foi 2ºC e, no
Ártico, de 5ºC. Inicialmente, os números não parecem alarmantes, mas podem
colocar em risco a vida de um grupo específico e muito importante de peixes que
vivem no Polo Sul: os nototenioides, base alimentar de diversos animais e
peça-chave para o equilíbrio ecológico da região.
Esses
peixes, adaptados para viverem em águas com temperaturas extremamente baixas e
para suportarem os altos níveis de radiação ultravioleta em seu hábitat, podem
sofrer estresse psicológico devido ao “calor”, como constatou uma equipe de
pesquisadores de diversos países, liderados por um cientista da Universidade de
Yale, nos Estados Unidos. O estudo, publicado nesta semana na edição on-line da
revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS),
inicialmente tinha como objetivo apenas compreender como os nototenioides
evoluíram para viver na região.
Espécies
ameaçadas: resultado de milhões de anos de evolução
“De
fato, conseguimos analisar seu processo evolutivo, mas, durante a pesquisa,
notamos que, devido ao padrão desses peixes de se adequarem às condições
polares, a tendência de o Oceano Antártico se aquecer representa uma ameaça
para as espécies”, comenta Thomas Near, principal autor do estudo e professor
de Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade de Yale.
Como
esses animais são a principal fonte de alimentação de pinguins, algumas
espécies de baleias e focas, a redução de sua população pode levar a um desequilíbrio
ecológico na região. Near descreve que as temperatura mais elevadas, além de
causarem estresse nos peixes, vão permitir que outras espécies não antárticas
colonizem as águas do Polo Sul. “Não sabemos o que pode ser feito, além da
prevenção do aquecimento do Oceano Antártico, para evitar a extinção dos
nototenioides”, lamenta o pesquisador de Yale.
O
diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília
(UnB) e especialista em mudanças climáticas, Saulo Rodrigues Filho, considera o
estudo um importante alerta. “Na Antártida, há a possibilidade de extinção
desses peixes e o grande potencial de aceleração da elevação do nível do mar —
causada pelo derretimento das geleiras do oeste da região. Esse fator, em
especial, coloca em risco diversas costas ao redor do globo, onde o nível do
mar pode aumentar entre 20cm e 70cm até o final deste século”, afirma.
Para
o especialista em bioprospecção de moléculas bioativas de peixes da Antártida
Luciano Paulino Silva, pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia, a situação pode não ser tão catastrófica se os peixes
conseguirem se adaptar ao novo clima. “Os nototenioides ocupam o ambiente
antártico há milhões de anos e, durante esse período, enfrentaram inúmeras
mudanças climáticas na região. Apesar de a ciência ainda não ter como prever a
extensão das alterações no clima esperadas para os próximos anos, não seria de
se admirar que esse grupo ainda fosse capaz de suportar essas mudanças
extremas”, analisa. Silva — que também conduz uma pesquisa sobre os
nototenioides (leia entrevista) —, no entanto, considera que a análise
comandada por Near é válida.
Silva
concorda que, apesar de a queima de combustíveis fósseis ter se mostrado uma
das responsáveis por aumentar a temperatura dos oceanos, não se sabe ao certo a
real contribuição dos humanos para o processo de aquecimento global. “Por esse
motivo, é muito difícil pensarmos em como podemos atuar para combater o
problema”, ressalta. O pesquisador da Embrapa afirma que, para preservar esses
organismos, uma medida simples é “estabelecer regulamentações mais rigorosas
para a manutenção dos estoques marinhos desse grupo de peixes, já que muitos
deles ainda hoje sofrem com a pesca predatória”.
Adaptação
Os
peixes nototenioides conseguem sobreviver a temperaturas extremamente baixas
porque possuem glicoproteínas anticongelantes, membranas celulares que se
tornam mais fluidas à medida que o frio aumenta. “Esses peixes também
apresentam redução de resposta ao choque térmico e muitas proteínas modificam
sua estrutura para que o metabolismo continue funcionando de maneira eficiente.
Outra característica importante é que os rins deles armazenam moléculas que
impedem o congelamento do organismo”, explica Near.
Tais
proteínas foram desenvolvidas entre 22 milhões e 42 milhões de anos atrás. Os
pesquisadores desvendaram nesse estudo, no entanto, que as espécies de
nototenioides que conseguiram gerar mais descendentes surgiram cerca de 10
milhões de anos após a aparição dessas glicoproteínas. “Com base nisso,
queremos determinar se a evolução das características desses animais estão
associadas à alimentação e à locomoção deles”, comenta. Outro ponto que a
equipe pretende analisar é compreender por que há tantas espécies de peixes
antárticos distintas.
Outra
possibilidade com base nessa pesquisa, segundo Silva, é o desenvolvimento de
novos trabalhos que identifiquem outras moléculas anticongelantes em peixes
antárticos. “Isso pode auxiliar, de maneira decisiva, a seleção de protótipos
de estruturas moleculares capazes de permitir a tolerância ao frio”, salienta.
“Esse estudo é a continuação dos projetos que buscam entender a evolução das
propriedades moleculares dos nototenioides para se adaptarem à Antártida”,
comenta o integrante da Embrapa. “Desse modo, o estudo contribui para o
conhecimento desse grupo de organismos e do hábitat deles”, conclui.
>>>
CONGRESSO
INTERNACIONAL »
Cientistas
debaterão soluções para o planeta
Publicação:
16/02/2012 02:00
Vamos
nos concentrar em vários desafios complexos e intimamente ligados à produção
alimentar e a fontes de energia e de água, além de potenciais soluções por meio
da cooperação internacional" Nina Fedoroff, presidente da Associação
Americana para a Promoção da Ciência
Como
não poderia deixar de ocorrer em um evento apresentado como a maior conferência
científica do mundo, os temas debatidos no encontro anual da Associação
Americana para a Promoção da Ciência (AAAS), que começa hoje em Vancouver, no
Canadá, são os mais variados. Os debates vão das últimas pesquisas sobre o
autismo até a próxima revolução agrícola, passando pelas consequências do
aquecimento global nos oceanos. Cerca de 8 mil participantes de 60 países são
esperados na edição de 2012 da conferência anual, que se realiza até 20 de fevereiro.
A
principal missão da AAAS, que publica a prestigiosa revista Science, é
sensibilizar o público, os líderes políticos e os pesquisadores sobre as
grandes questões científicas e da sociedade. O tema central da conferência
deste ano é “O desenvolvimento de uma sociedade humana global fundada no saber
em um mundo cada vez mais aberto”. “Vamos nos concentrar em vários desafios
complexos e intimamente ligados à produção alimentar e a fontes de energia e de
água, além de potenciais soluções por meio da cooperação internacional”,
informou, em um comunicado, a presidente da AAAS, Nina Fedoroff, geneticista e
bióloga molecular de ponta, professora na Universidade da Pensilvânia (Estados
Unidos).
Aproximadamente
150 simpósios em todas as áreas científicas — da astronomia até as matemáticas,
passando por medicina, ciência do clima, pesquisa de novas fontes de energia —,
estão programas para o colóquio, o primeiro da AAAS no Canadá. A maioria das
conferências anuais da associação, criada em 1848, aconteceu nos Estados
Unidos. Várias sessões serão consagradas a Vancouver, cidade costeira, ao
impacto do aquecimento global sobre o ecossistema oceânico do planeta e aos
meios de proteger as espécies animais marinhas recorrendo aos satélites e à
criação de áreas protegidas.
Alimentação
e saúde
Os
pesquisadores também devem apresentar trabalhos sobre os riscos no sistema
alimentar global com as mudanças climáticas, o que contribui, em alguns países,
para o aumento da escassez de alimentos e a elevação dos preços, uma situação
agravada pela proibição de exportação de alimentos a partir de culturas
transgênicas.
Outras
pesquisas voltadas para a produção de carne em laboratório, sem animais, para
atender uma duplicação do consumo no mundo até 2050 e reduzir o impacto da pecuária
sobre o meio ambiente, serão apresentadas. Essa atividade já responde por 18%
das emissões totais de gases do efeito estufa produzidos pelo homem.
Na
medicina, vão ter destaque trabalhos sobre como a interação de fatores
genéticos e ambientais podem contribuir para o autismo. Quanto à obesidade, os
pesquisadores dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos vão
apresentar um modelo matemático para prever com precisão quanto uma pessoa pode
ganhar ou perder de peso tendo em conta o consumo diário de alimentos e o nível
de atividade física.
>>
Feira espanhola atrai colecionadores para aplacar a
crise
Arco
gastou um terço de seu orçamento na tentativa de garantir compradores para suas
mais de 200 galerias
A
31ª edição do evento, inaugurada ontem, tem a Holanda como país de destaque e
aposta em obras vistosas e polêmicas FOLHA SP 16.02
-
Na
semana em que a nota da dívida espanhola sofreu mais um rebaixamento das
agências de risco, a Arco -uma das principais feiras de artes plásticas do
mundo- bancou a vinda de 250 colecionadores para Madri, cem a mais do que em
2011.
Com
isso, torrou um terço de seu orçamento de cerca de R$ 9 milhões na tentativa de
garantir compradores em tempos de crise.
Não
parece fácil abrir o calendário global das feiras de arte num dos países mais
atingidos pela recessão na Europa. No caso da Arco, que abriu ontem com três
décadas de estrada, a tarefa é bastante árdua.
Em
seu segundo ano à frente da feira, Carlos Urroz, que entrou com um choque de
ordem limando as galerias menos criteriosas, garante que 80% das casas
presentes no ano passado estão de volta, num total de mais de 200.
"Nesses
momentos de crise, as feiras são importantes porque dinamizam o mercado",
disse Urroz à Folha. "Também é importante ter uma presença internacional
de colecionadores que se interessam pelas galerias."
No
lugar de estreitar laços com países emergentes, a Arco se volta para a Europa,
com a Holanda como país de destaque -uma tentativa de reforçar o colecionismo
europeu que, aos poucos, vem se reavivando com resultados positivos nos últimos
leilões.
Enquanto
casas como Sotheby's e Christie's apostam em obras-primas para garantir o fluxo
de caixa, galerias na Arco trazem obras vistosas -e polêmicas- aos pavilhões da
feira.
Entre
elas, estão um Francis Bacon de cerca de R$ 25 milhões -obra mais cara da
feira-, um Botero de cerca de R$ 2 mi, uma imagem do ditador Francisco Franco
(1892-1975) conservada num freezer da Coca-Cola e projetos de cunho político.
Na
obra do brasileiro Marlon de Azambuja, bandeiras de países europeus estão
presas a blocos de concreto.
Outros
artistas brasileiros expostos na Arco tiveram bom desempenho. Nas primeiras
horas da feira, o Centro Georges Pompidou, de Paris, mostrou interesse em
comprar uma escultura de Lygia Pape (1927-2004) avaliada em cerca de R$ 1
milhão.
Galerias
paulistanas também negociaram alguns trabalhos de Eduardo Berliner e Lia Chaia
pouco depois da abertura dos portões.
>>>>>
'Xingu' divide público e crítica em Berlim
Filme
de Cao Hamburger, exibido na seção Panorama, aborda de forma épica a criação do
Parque Nacional do Xingu
Produção
cria drama na relação entre os irmãos Villas-Bôas, que passaram mais de 40 anos
naquela região FOLHA SP 16.02
-
Com
uma acolhida gélida na sessão para imprensa, em uma sala de 500 lugares com
lotação de menos de 10% de sua capacidade, "Xingu" teve, ontem, sua
segunda exibição no 62º Festival de Berlim, a Berlinale.
Entretanto,
na primeira sessão para o público, no último sábado, a situação foi bem
distinta, com sala lotada e aplausos no final.
A
nova produção de Cao Hamburger, que deve estrear no Brasil em abril, conta a
saga dos irmãos Villas-Bôas, responsáveis pela criação do Parque Nacional do
Xingu, em 1961, uma área de mais de 27 mil quilômetros quadrados, que se
equipara à de um país como a Bélgica.
"Essa
não é uma história muito conhecida e, através de gerações, ela vem sendo
esquecida. Por isso quisemos resgatá-la", disse Hamburger, em Berlim,
cidade de origem de seu pai.
Em
2007, o diretor concorreu ao Urso de Ouro com "O Ano em que Meus Pais
Saíram de Férias".
"Além
disso, ela é muito atual, já que os problemas continuam até hoje."
"Xingu"
é exibido na seção Panorama, a segunda mais importante do festival.
O
filme não só relata de forma épica a criação do parque, como apresenta de forma
dramática a relação dos irmãos.
Eles
eram três, apesar de dois deles, Orlando (1914-2002) e Cláudio (1916-1998),
terem ficado mais conhecidos, por se dedicarem o tempo todo à causa.
Leonardo
(1918-1961), que teria sido o primeiro a ir para a região, a abandona e morre
cedo do coração.
A
EXPERIÊNCIA
Os
atores João Miguel (que interpreta Cláudio) e Caio Blat (Leonardo) também estão
em Berlim.
"Posso
dizer que sou outra pessoa depois deste filme, porque passei a ter um
entendimento do Brasil que só essa experiência proporciona. Os índios
incorporam rito e mito, e isso está além de qualquer treinamento teatral",
afirmou João Miguel.
"Xingu",
contudo, não é um documentário ilustrativo sobre a criação do parque. "Para
fazer o filme, ouvimos muita gente, não nos baseamos apenas nos livros dos
Villas-Bôas, mas em pessoas que os conheceram. Ouvimos muitas versões. O filme
é a minha", definiu Hamburger.
O
CONVITE
Segundo
o diretor, a ideia do filme partiu da própria família dos indianistas: "A
viúva de Orlando e seu filho nos procuraram e aceitei com a condição de ter
total liberdade para fazer o longa".
Nesse
sentido, por exemplo, o filme aposta que assim como Leonardo teria saído da
região após ter se relacionado com uma índia, Cláudio também teria.
"Eles
passaram 40 anos na região. Seria difícil que nada tivesse acontecido",
disse Andrea Barata Ribeiro, uma das produtoras de "Xingu".
O
contato com os índios parece ter sido tão forte que Hamburger pretende continuar
com o assunto em suas próximas produções.
"Quero
abordar a Amazônia profunda. Eu ouvi falar de índios que fogem da civilização
branca. É esse universo que quero investigar a partir de agora."
>>>>
PASQUALE CIPRO NETO
'Embora (ainda) seja (ainda) mais rápido...'
Refiro-me
a palavras clássicas nesse tipo de questão, como "também",
"só", "ainda", "simples" etc.
Diga
já e agora, caro leitor: onde colocar o bendito "ainda" no trecho que
está no título desta coluna? FOLHA SP 16.02
Imagino
que, de cara, você já tenha descartado a hipótese do "tanto faz",
visto que não tanto faz coisíssima nenhuma. Se o advérbio "ainda" for
posto antes de "seja", seu papel será modificar justamente essa
palavra, isto é, seu papel será o de indicar que X ainda é mais rápido do que
Y. Se o advérbio "ainda" for posto depois de "seja", ou
melhor, antes de "mais rápido", seu papel será o de modificar essa
expressão, isto é, seu papel será o de reforçar essa expressão ("X é
rápido, mas Y é ainda mais rápido" ou "X é rápido, mas Y é mais
rápido ainda"). Ficou claro?
De
onde tirei o trecho que está no título desta coluna? E qual era posição do
"ainda" na frase em questão? O trecho estava num site e integrava uma
matéria cujo título era este: "Desorganização 'rouba' até 30% do tempo de
viagem do usuário de metrô em São Paulo". Destaco o trecho do qual faz
parte o excerto que está no título da minha coluna: "Usar o metrô de São
Paulo em dias úteis -segunda a sexta-feira- é um pouco de todas essas
experiências acima descritas, embora o meio de transporte seja ainda mais
rápido que os carros e ônibus que inundam o trânsito mais intenso do
Brasil".
Como
o leitor deve ter percebido, a palavra "ainda" não está na posição em
que deveria estar. Com a redação adotada, não se transmite a ideia que se quer
transmitir. O que se quer é informar que, apesar dos problemas, o metrô
paulistano ainda é mais rápido do que os automóveis e os ônibus, mas, ao pé da
letra, não se informa isso.
Está
aí um prato cheio para bancas de vestibulares e concursos que evitam questões
do tipo "certo ou errado", "assim ou assado" etc. Numa
dessas provas, far-se-ia uma questão mais ou menos assim: "Há no texto uma
passagem em que a posição de uma palavra altera o sentido pretendido pelo
redator. Qual é essa palavra? Qual é o sentido pretendido e qual é o
efetivamente transmitido pela frase original? Reescreva o trecho, pondo essa
palavra em outra posição, de modo que se transmita o sentido desejado e
cabível, levando em conta o contexto".
O
caro leitor notou que comecei esta coluna já explicando, mostrando o que ocorre
com a alteração da posição da palavra "ainda". Numa prova, o
candidato não recebe nenhuma "dica", ou seja, tem de ler e reler até
achar, sozinho, o nó. Nessas horas, é fundamental ser atento e, já que se trata
da posição, buscar as pistas tradicionais nesse tipo de questão. Quando
menciono "pistas tradicionais", refiro-me a palavras clássicas, como
"também", "só", "ainda", "simples" etc.
A Fuvest e a Unicamp já fizeram muitas questões sobre esse problema.
Lembro
aqui um caso que comentei há muitos anos e que ainda se ouve a bordo de aviões
Brasil afora, na hora do desembarque em alguns aeroportos: "Informamos que
o desembarque também poderá ser feito pela porta traseira da aeronave".
Duma
leitura rigorosa e radical da frase pode-se concluir que, além do desembarque,
outra(s) coisa(s) pode(m) ser feita(s) pela porta traseira da aeronave. A frase
que não admite contestação é esta: "Informamos que o desembarque poderá
ser feito também pela porta traseira da aeronave". Como se vê, se a
intenção é incluir outra porta (a traseira), o ideal é colocar a palavra
"também" o mais perto possível da expressão "porta
traseira". É isso.
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