sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
Supremo
valida lei Maria da Penha mesmo sem denúncia da vítima FOLHA SP 09/02
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Maria
da Penha Maia Fernandes, a mulher que inspirou a lei que leva seu nome
Juíza aplica Lei Maria da Penha para proteger
transexual agredido em Goiás
Executivo e Judiciário fecham convênio para
impulsionar Lei Maria da Penha
Quase
por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira
(9) pela validade da Lei Maria da Penha –que pune violência doméstica contra
mulheres– mesmo sem manutenção da denúncia pela vítima. O relatório do ministro
Marco Aurélio de Mello tratou de uma iniciativa da Procuradoria-Geral da
República, alegando que agressões contra mulheres não são questão privada, mas
sim merecedoras de uma ação penal pública.
A
partir de agora, Ministério Público passará a ter a prerrogativa de denunciar
agressores e as vítimas não poderão impedir que isso aconteça. A lei não será
aplicada apenas em casos de lesões leves ou culposas (acidentais). Hoje, para
ter validade, é necessária uma representação da agredida e a manutenção da
denúncia contra o agressor. Estatísticas indicam que até 90% das mulheres
desistem no meio do caminho.
Os
críticos da Maria da Penha alegam exatamente que ela fere o princípio da
isonomia ao tratar a mulher de forma diferenciada. A única divergência no
julgamento foi do presidente da corte, Cézar Peluso. Ele discordou da falta de
exigência de denúncia da vítima porque “o ser humano se caracteriza por ser
sujeito da sua história”. O ministro disse ainda que tem “esperança de que a
maioria esteja certa”.
Já
para o ministro-relator, deixar a denúncia a cargo da vítima “significa
desconsiderar o temor, a pressão psicológica e econômica, as ameaças sofridas,
bem como a assimetria de poder decorrente de relações histórico-culturais, tudo
a contribuir para a diminuição de sua proteção e a prorrogação da violência”.
Gilmar Mendes chegou a cogitar um pedido de vistas que adiaria a decisão, mas
acabou desistindo da ideia.
O
vice-presidente do Supremo, ministro Carlos Ayres Britto, afirmou que uma lei
clara com eficácia independente da vítima funcionará melhor para defender as
agredidas do que repassar a elas a decisão de processar os agressores. “A mesma
liberdade para lobos e cordeiros é excelente para os lobos”, disse.
Supremo
validou a lei Maria da Penha mesmo sem denúncia da vítima; você é a favor ou
contra a decisão?
A
favor da decisão
Contra
a decisão
VOTARResultado
parcial
Lei
válida
Mais
cedo, o Supremo referendou por unanimidade a validade da lei, provocado por uma
ação declaratória de constitucionalidade enviada pela Presidência da República
em 2007. Na ocasião, estimulado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, ele afirmou que o mecanismo é uma necessidade para atenuar distorções
sociais que separam homens de mulheres.
De
acordo com Marco Aurélio, “a mulher é eminentemente vulnerável quando se trata
de constrangimentos físicos, morais e psicológicos em âmbito privado” e a
Justiça deve tratar os desiguais de forma desigual para que haja igualdade
real. “A abstenção do estado na promoção da igualdade de gêneros implica
situação da maior gravidade político-jurídica”, disse.
A
mais eloquente durante o primeiro dos dois julgamentos foi a ministra Cármen
Lúcia. Ela afirmou que até ministras do Supremo sofrem preconceito de gênero.
“Há os que acham que não é lugar de mulher, como já me disse uma determinada
pessoa sem saber que eu era uma dessas”, disse. “Gostamos dos homens. Queremos
ter companheiros. Mas não queremos carrascos.”
Ganhou a solidariedade do colega Luiz Fux. “Quando
uma mulher é atingida, todas são atingidas. Me solidarizo e digo que nós,
homens de bem, também nos sentimos atingidos quando uma mulher sofre violência
doméstica.”
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Sonoridades da natureza
O
Grupo Imbaúba tocará o repertório dos cincos discos da carreira CORREIO BSB 10.02
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Misturando
os sons da natureza e poesia, o Grupo Imbaúba (AM) traz a Brasília o repertório
dos cinco discos da carreira, privilegiando o álbum Mãe d’água (2011), último
lançamento. Formado há cinco anos por João Paulo Ribeiro (percussionista),
Rosivaldo Cordeiro (arranjador e multinstrimentista), Roberto Lima e Sofia
Amoedo (vocalistas e violão), e liderado por Celdo Braga (flauta e efeitos),
60, a banda mistura um trabalho instrumental com sons da natureza. “A gente
canta a beleza natural e chama a atenção das pessoas para a preservação de uma
maneira sutil e fora do clichê”, revela Celdo. O grupo encerra o projeto O
Brasil das Orquestras Populares, amanhã e domingo, às 21h, no Centro Cultural
Banco do Brasil (SCES, Tc. 2; 3108-7600).
Hoje,
às 21h, é a vez da Orquestra Republicana (RJ), formada em 2005 e composta por
11 integrantes, que tem entre outros, Alfredo Del Penho, (violão e vocal), que
participa do musical Sassaricando. O único a não se apresentar será Marcelo
Bernardes (saxofonista, flautista e arranjador), que está em turnê com Chico
Buarque. O repertório desse show será calcado, principalmente, no primeiro
disco, Orquestra Republicana ao vivo na Lapa (2009), gravado no Clube dos
Democráticos. Ingressos: R$ 6 (inteira) e R$ 3 |(meia). Classificação
indicativa livre.
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Filme sobre Maria Antonieta abre festival de Berlim
"Les
Adieux à la Reine", de Benoît Jacquot, traz rotina de monarca decapitada
pelo ponto de vista de criada. Longa
abre mão de fidelidade histórica ao apelar para erotismo e insinuar atração de
rainha por duquesa FOLHA SP 10.02
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Os
últimos dias da monarquia francesa do ponto de vista de uma criada. Fiel à sua
tradição política, o 62º Festival de Berlim começou ontem remontando à
Revolução Francesa.
"Les
Adieux à la Reine" (adeus à rainha, em francês), do veterano francês
Benoît Jacquot, narra os últimos dias da rainha Maria Antonieta (Diane Kruger)
em Versalhes, em 1789, antes de sua decapitação.
Os
eventos são mostrados a partir da rotina de Sidonie (Léa Seydoux), uma criada
fictícia que lê livros para a soberana. O filme é adaptado do romance da
francesa Chantal Thomas.
Há
cinco anos, Sofia Coppola criou polêmica em Cannes contando os últimos dias de
Antonieta. Goste-se ou não de Sofia, é uma diretora que busca criar um universo
próprio; Jacquot, não.
Em
"Les Adieux à la Reine", ele se contenta em criar um bom thriller,
com uma tensão crescente conforme se aproxima o final trágico da rainha e de
toda a corte.
SEM
FIDELIDADE
E
abre mão da fidelidade histórica apelando a um componente erótico -uma suposta
atração da rainha por sua melhor amiga, a duquesa Gabrielle de Polignac
(Virginie Ledoyen).
Ao
final, ainda envereda para a crítica social: a rainha intima a criada Sidonie a
ajudar na fuga dos nobres do Palácio de Versalhes e disfarçar-se como a
duquesa, arriscando o pescoço.
Um
drama histórico eficiente, de vocação comercial, mas que parece estranho à
competição pelo Urso de Ouro no festival.
Com
atuações naturalistas, "Les Adieux à la Reine" falha ao enfrentar um
problema do cinema atual, sobre como fazer um filme de época com câmeras
digitais, que implicam economia de produção mas também perda da atmosfera
criada pela película de 35 mm.
Mas
Jacquot não lamenta. "O discurso entre os meus colegas é o de lamentar o
fim da película, mas acho que o digital veio para melhor", diz.
"Querer
o 35 mm hoje é como ainda querer andar a cavalo quando todo mundo anda de
carro. Você até pode preferir o cavalo, mas não pode querer que o resto do
mundo também prefira", comparou o diretor.
Na
coletiva de imprensa, não faltou quem quisesse associar a Revolução Francesa do
filme à Primavera Árabe, que derrubou ditadores há décadas no poder e é tema de
vários filmes programados no festival.
O diretor não negou o paralelo. "Acho que o
fim de todos os reinos se parece. É como um naufrágio muito rápido, uma
situação de pânico. As pessoas chegam a um ponto em que não conseguem agir de
outra forma."
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