quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012



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21/03  Propostas da reforma política podem ser votadas no final de março: http://g1.globo.com  24.2.2012
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“ A poesia é a captação do absoluto num gesto particular.  O poeta é a manifestação  singular do eu-absoluto, que projeta a infinitude.”  Friedrich Schelling, filósofo alemão.  Revista Metáfora
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Propostas da reforma política podem ser votadas no final de março: Segundo Secretaria Geral do Senado, previsão é para o dia 21 de março. Líder do PSDB diz não acreditar na votação dos projetos ainda neste ano. http://g1.globo.com  24.2.2012

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Três dos 11 projetos inclusos no pacote da reforma política estão previstos para serem votados no plenário do Senado no dia 21 de março, informou a Secretaria Geral da Mesa nesta sexta-feira (24). A votação da reforma política foi um dos pedidos feitos pela presidente da República, Dilma Rousseff, em mensagem enviada ao Congresso no começo de fevereiro.



O primeiro projeto previsto para votação é o que trata do financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais. A proposta foi aprovada no ano passado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado.



Também esperando apreciação está a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 38/2011, que prevê a mudança da data da posse de presidente da República para o dia 15 de janeiro e a de governadores e prefeitos para 10 de janeiro.



A PEC recebeu emenda, já aprovada na CCJ, para determinar que os mandatos dos deputados estaduais e distritais eleitos em 2014 sejam encerrados em 31 de janeiro de 2019. O objetivo é unificar a data de posse dos deputados estaduais e distritais em todo o país.



A terceira proposta, a PEC 42/2011, prevê que qualquer alteração no sistema eleitoral deve depender de aprovação em referendo popular.



As três PECs precisam passar por dois turnos de discussão e votação no plenário do Senado. Todas as matérias que tratam de reforma política estão previstas para serem votadas na mesma sessão no plenário do Senado.



Descrédito



Embora esteja na pauta para votação, o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR,) afirmou nesta sexta-feira (24) que não acredita que os projetos consigam ser apreciados ainda este ano.



"Eu não sou capaz de gerar uma falsa expectativa de que vamos fazer reforma política porque não acredito que a façamos, nesse regime presidencialista forte, com um instrumento poderosíssimo que se chama medida provisória, sendo a Presidência da República quem legisla muito mais à frente e além de nós", afirmou Àlvaro Dias, em plenário.



Na análise do senador Pedro Simon (PMDB-RS), o Congresso não vota a reforma política porque não quer. Segundo ele, os estudos feitos sobre o tema não têm credibilidade.



"Em primeiro lugar, não se faz a reforma política porque nós não queremos, e os estudos de reforma política que são feitos são um mais vigarista que o outro. O Supremo Tribunal, depois de 20 anos que o Congresso não regulamentou o artigo da Constituição, determinou a fidelidade partidária", questionou.
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ESTANTE LEGAL: Ficha Limpa causa poucas mudanças no mercado literáriohttp://www.conjur.com.br/  24.2.2012

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O resultado do julgamento da Lei da Ficha Limpa pelo Supremo Tribunal Federal, na semana passada, não deve ter impacto significativo sobre o mercado editorial voltado ao Direito Eleitoral. Antes de o STF decidir pela constitucionalidade da Lei Complementar 135, sancionada em 2010, havia uma compreensível cautela, diante da expectativa de uma eventual mudança de rumos a poucos meses das eleições municipais de outubro e em plena temporada de concursos públicos. Sem as incertezas e com as "novas" regras definitivamente incorporadas à legislação eleitoral, bons livros sobre o tema lançados no ano passado permanecem atualizados e a tendência é de que continuem na relação dos mais procurados.



É o caso, entre outros, de Vade Mécum Eleitoral, um dos principais títulos da área. O livro, com 1,3 mil páginas, foi lançado em outubro e reúne toda a legislação e a evolução da jurisprudência no âmbito do Direito Eleitoral. Assinam a obra o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Ricardo Lewandowski, e o diretor da Escola Judiciária Eleitoral, André Ramos Tavares. Coube a Lewandowski, por sinal, o voto que abriu a sessão da última quinta-feira (16/2) que retomou o julgamento da Lei da Ficha Limpa, interrompida três vezes antes da decisão final.



Outro destaque a permanecer nas livrarias é Direito Eleitoral Brasileiro, do advogado e professor Joel José Candido. O livro aborda todas as etapas do processo eleitoral, desde a votação até a diplomação, passando pelo vários tipos de recursos previstos na legislação para a impugnação de mandatos eletivos. Em sua 14ª Edição, a obra está atualizada até a Lei 12.034/2009, que alterou pontos importantes das Leis 9.096, de 19 de setembro de 1995 (Lei dos Partidos Políticos); 9.504, de 30 de setembro de 1997, que estabelece normas para as eleições; e 4.737, de 15 de julho de 1965, que instituiu o Código Eleitoral. É provável que uma 15ª Edição esteja a caminho.



Pela abrangência e atualidade, Crimes Eleitorais, do criminalista Edson Brozoza, também se inclui entre os livros fundamentais em uma boa biblioteca sobre Direito Eleitoral. O autor identifica e analisa uma infinidade de atos ilícitos praticados não apenas por candidatos, mas também por eleitores, cabos eleitorais, assessores de campanha, marqueteiros, profissionais da imprensa, mesários, fiscais partidários e agentes públicos, entre outros personagens envolvidos nas eleições. Brozoza alerta para o fato de a lei estabelecer penas de até 10 anos de reclusão para a prática de crimes eleitorais, muitas vezes, segundo ele, cometidos "por desconhecimento ou má interpretação da legislação".



Reforma Eleitoral, de José Leite Filho e Juraci Guimarães Júnior, também permanece atualizado. Os autores organizaram o livro em quatro segmentos, que, na maioria das vezes, são apresentados aos leitores em títulos distintos. O ponto de partida é a Lei 12.034/2009 e as modificações produzidas por ela na Lei dos Partidos Políticos (Lei 9.096/1995); na Lei das Eleições (Lei 9.504/1997); e em alguns dispositivos do Código Eleitoral. Na parte final, eles analisam as alterações que a Lei Complementar 135/2010 promoveu na Lei Complementar 64/1990 (Lei das Inelegibilidades).



A opção pela abordagem de quatro importantes diplomas legais em um só livro, explicam os autores, surge da "necessidade de abordar as implicações que uma reforma pontual, embora extensa e profunda, acaba provocando no regime jurídico de diversos institutos eleitorais". Pode ter sido um risco calculado, pois uma decisão do STF desfavorável à Lei da Ficha Limpa comprometeria seriamente tais objetivos.

Para aqueles que não precisam de um aprofundamento maior e têm como objetivo preparar-se para enfrentar a maratona de concursos públicos, duas boas opções que continuam atualizadas são os livros Direito Eleitoral Descomplicado, de Rodrigo Martiniano Ayres Lins, e Direito Eleitoral, escrito por Ricardo Cunha Chimenti para a Coleção Sinopses Jurídicas, da Saraiva.



Em linguagem didática, os dois autores oferecem um material sob medida para quem tem muito a estudar e pouco tempo livre. Entre os temas abordados aparecem os principais conceitos na área do Direito Eleitoral, condições de elegibilidade, partidos e coligações, organização e competência da Justiça Eleitoral e do Ministério Público Eleitoral, convenções partidárias, arrecadação e prestação de contas das campanhas políticas, propaganda partidária e eleitoral e o que é definido como crime pela legislação eleitoral.





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Governo encerra negociações em torno do Código.  Valor Econômico - 29/02/2012

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O governo Dilma Rousseff decidiu ontem frear as negociações de mérito sobre o projeto do novo Código Florestal que tramita na Câmara dos Deputados. Apesar de críticas de alas mais radicais dos ambientalistas e ruralistas, a ideia dos articuladores políticos do Palácio do Planalto é aprovar na Câmara o texto que foi enviado pelo Senado. O Executivo quer fazer da aprovação do Código Florestal uma vitrine para o Brasil na conferência sobre desenvolvimento sustentável Rio+20, que será realizada no Rio de Janeiro em junho.

Na avaliação do Palácio do Planalto, o atual projeto de Código Florestal pode mostrar como o Brasil é um exemplo de país que sabe conciliar o crescimento econômico à preservação do meio ambiente. O assunto já foi tratado em reuniões entre as autoridades do governo e líderes de partidos aliados.

Segundo relatos de participantes desses encontros, tanto representantes da presidente Dilma como parlamentares da coalizão governista avaliaram que seria negativo o Congresso passar uma imagem ao mundo de que não tem colaborado com o Executivo brasileiro na aprovação de uma nova legislação sobre o assunto. Outro recado passado pelo governo aos parlamentares aliados é de que a presidente Dilma Rousseff não pretende ampliar novamente o prazo do decreto que suspende as punições a agricultores que desrespeitaram as leis ambientais. A última prorrogação ocorreu em dezembro passado. Agora, o prazo expira no dia 11 de abril.

Inicialmente, estava prevista para ontem uma reunião no Palácio do Planalto dos ministros Ideli Salvatti (Relações Institucionais), Mendes Ribeiro Filho (Agricultura) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente) com parlamentares que têm participado das negociações relativas à proposta do novo Código Florestal. Haviam sido convidados o relator do projeto na Câmara, Paulo Piau (PMDB-MG), o ex-líder do PT na Câmara deputado Paulo Teixeira (SP), o líder do PMDB na Casa, Henrique Eduardo Alves (RN), os senadores Jorge Viana (PT-AC) e Waldemir Moka (PMDB-MS), além do deputado Márcio Macêdo (PT-SE). Viana relatou a proposição no Senado, enquanto Moka fez a ponte nas negociações dos ruralistas do Senado e da Câmara com os ambientalistas do Senado e o governo. Já Macêdo é ligado à causa ambiental.

No entanto, a reunião foi cancelada. Apenas os três ministros acabaram se encontrando. Houve o entendimento, por parte do governo, de que não deveria ser discutido o mérito do projeto e eventuais emendas que serão apresentadas ao relator do projeto na Câmara. O trio reafirmou que o texto defendido pelo Executivo é aquele aprovado pelos senadores, o qual é considerado "equilibrado" pelo governo federal.

A reunião entre Ideli Salvatti, Mendes Ribeiro Filho e Izabella Teixeira teve como pauta a definição de estratégias e procedimentos para a votação do projeto. Ficou definido, por exemplo, que os ministros da Agricultura e do Meio Ambiente se envolverão mais ativamente nas negociações com as bancadas de deputados ruralistas e ambientalistas, respectivamente. Ideli também participará das articulações, podendo atuar como mediadora quando as conversas entre os dois grupos estiverem travadas.
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Um escritor de vários países
Convidado para participar da 1ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura, o paquistanês Tariq Ali mira suas palavras contra o neoliberalismo e as ações dos EUA no mundo islâmico CORREIO BSB 29.02

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A democracia pode ser comparada a uma noz vazia: depois de esmagada no chão, constata-se que não há nada dentro. Tariq Ali não pensou na animação A era do gelo, mas gostou da metáfora ao ponto de repeti-la em diversas entrevistas. Membro do conselho editorial da The new left review, o paquistanês radicado em Londres, e conhecido como um dos intelectuais de esquerda mais críticos da contemporaneidade, acredita que a democracia está doente, que os Estados Unidos precisam rapidamente de um novo partido e que a Europa está se autoimplodindo.

Ali desembarca em Brasília em abril para participar da 1ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura. Vem lançar A noite da borboleta dourada, o último romance do Quinteto Islã, no qual narra a história da civilização islâmica desde os tempos de Saladino. O autor finaliza a série com uma história contemporânea. No livro, o narrador Dara, residente em Londres, vasculha lembranças da Fatherland (termo usado para se referir ao Paquistão) para escrever a história do artista Plato, emigrante paquistanês cujo amor de juventude foi oferecido a outro na terra natal. Personagens como Naughty Latifa, uma dona de casa devassa que dorme com homens poderosos na Londres contemporânea, e Dù Wénxiù, responsável por liderar uma revolução muçulmana na China, perpassam a narrativa de Ali.

O livro veio como resposta elegante a uma queixa recebida pelo autor desde o início do quinteto. “Recebi tantos e-mails e cartas reclamando nas duas últimas décadas, muitas pessoas perguntando ‘por que nunca escreve sobre seu próprio país?’. Eu o faço, e muito, mas não na ficção. Escrevi três livros sobre o Paquistão. A história real da Fatherland é mais original do que a melhor ficção. O que eu posso fazer?”, repara. Não só o Paquistão é alvo dos ensaios de Ali. O discurso afiado quando se trata de alvejar o neoliberalismo, o “imperialismo” norte-americano, o autoritarismo dos governos extremistas do Oriente Médio e a voracidade bélica de Israel estão em dezenas de livros publicados na última década.

Em Duelo (2010), Ali esmiuça a política de cooperação entre EUA e Paquistão. O Muro de Berlim, o idealismo comunista de Fidel Castro e o “Eixo da esperança” formado por Hugo Chávez, Evo Morales e Castro foram temas de livros recentes, todos publicados no Brasil. De Londres, onde mora, Ali conversou com o Diversão&Arte sobre os conflitos na Síria, a opção literária em A noite da borboleta dourada e a crise econômica na Europa.


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Bienal Brasil do Livro .  Um time de estrelas CORREIO BSB 29.02

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Programada para ser inaugurada em 14 de abril na Esplanada dos Ministérios, e organizada pela Secretaria de Cultura, a 1ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura vai trazer à cidade um time de autores vindos de quatro continentes. Da África vêm o Nobel nigeriano Wole Soyinka, a moçambicana Paulina Chiziane e a poeta Conceição Lima, de São Tomé e Príncipe. Dos Estados Unidos, a ativista e romancista Alice Walker, autora de A cor púrpura, com o qual ganhou o Prêmio Pulitzer em 1982.

A América Latina estará presente nas vozes do colombiano Hector Abad, dos mexicanos Michel Bellatin e Guillermo Arriaga, além de brasileiros como João Ubaldo Ribeiro, Ziraldo, Milton Hatoun, Ferreira Gullar, Lourenço Mutarelli, Ruy Castro, Cristóvão Tezza e outros. A neozelandesa Gill Pittar, autora da série infantil Milly Molly, participa de Café Literário, espaço de encontro entre autores e público.

Para um seminário sobre temas que vão da fé ao fim das utopias estão confirmados a marroquina Fatema Mernissi, o paquistanês Tariq Ali, a indiana Vandana Shiva e o britâncio John Gray. As literaturas latino-americana e africana de língua portuguesa terão lugar especial na Bienal, com séries de encontros e debates. Veja programação no www.bienalbrasildolivro.com.br.


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Entrevista - Tariq Ali .  Por que decidiu encerrar o quinteto com uma história no presente? CORREIO BSB 29.02

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Como terminar o quinteto? Eu precisava ser moderno, precisava que fosse agora, nos dias de hoje. E tinha que ser na Fatherland. Aos poucos, o livro foi tomando forma. Mas outras histórias bateram à porta me distraindo e uma revolução chinesa muçulmana em Yunam me tirou um pouco a atenção. Eu poderia fazer um romance inteiro sobre esse evento interessante, mas uma intimação de moralidade determinou a estrutura de A noite da borboleta dourada. Fatherland e a China estão bem próximas. Meu romance reflete isso de formas diferentes. E fantasmas há muito desaparecidos voltam à vida quando escrevo. “Por que você matou Naughty Lateef?”, me perguntou um leitor. “Ela era a melhor coisa do livro!” Eu a matei? Não teria sido Fatherland?

Qual sua opinião sobre as mudanças no Islã desde os tempos de Saladino? Comparando com o século 15, o Islã tomou rumos tortos?
Muitos séculos se passaram desde então. É um pouco difícil de responder nesse formato. Meu livro O choque do fundamentalismo tenta algumas respostas. No passado, o Islã foi uma das maiores e mais desenvolvidas civilizações do mundo. Foi brutalmente expulso da Europa (Espanha, Portugal, Sicília…) e aí o Império Otomano foi lentamente implodido. O Islã virou um gueto, mas é loucura generalizar. E uma minoria religiosa extremista não deveria ser um critério para avaliar uma cultura inteira. Quando faço críticas aos Estados Unidos e seus seguidores, não os denuncio como cristãos, mesmo que a maioria dos lordes da guerra nos EUA sejam cristãos. Assim como não denuncio o judaísmo pelos crimes cometidos em Israel. Por isso, não deveríamos fazer isso com o islã.

O que acha do conflito na Síria?
Assad (Bashar al-Assad, presidente) deveria ter feito um acordo com a oposição interna logo que o movimento começou, mas os líderes do Ba’ath sírio são estúpidos e brutais. Agora, temos uma guerra civil sectária com alguns elementos implorando por uma intervenção ocidental à la Líbia. Isso seria um desastre para a região. Pressões não violentas da China, Rússia e Irã deveriam ser usadas para forçar algum acordo e Assad deveria ganhar de presente uma dacha na Bielorrússia ou no Quirguistão. Se o Ocidente intervir, o resultado será o mesmo caos que estamos vendo na Líbia hoje.

Quais são suas expectativas em relação à Primavera Árabe? Acredita que é um movimento com futuro ou algo pontual?
O início da Primavera Árabe foi em 1848, a primeira fase de uma luta nacional por independência e justiça social. Não acabou e ainda há muitos obstáculos.

O que acha da passagem de bama pela presidência dos EUA e de como ele lida com o Oriente Médio? Gosta da ideia de reeleição?
A política de Obama é essencialmente uma continuação da de Bush, tanto em casa quanto no exterior. Eu acho, salvo um inesperado desastre, que ele vai ganhar com uma larga margem porque os Republicanos estão carentes de um candidato sério. Romney é uma versão mórmon de Obama. Os Estados Unidos precisam desesperadamente de um novo partido ou movimento político.

E sobre a crise europeia? ê uma luz?
Os euro-americanos liberais e os políticos conservadores que formam a espinha dorsal das elites governantes estão comprometidos com o capitalismo neoliberal. A escrita já está no quadro. Grécia, Espanha, Itália e Irlanda estão em situação miserável. O euro está ameaçado, mas os políticos procedem como se nada de sério estivesse acontecendo. Eles alegam acreditar na moderação e na tolerância e travam guerras intensas para impor os mesmos valores aos estados recolonizados. Apesar de renegarem religiosamente a violência terrorista, eles não têm problemas em defender a tortura, as rendições e o assassinato de indivíduos, os estados de exceção ilegais em suas próprias pátrias para que possam prender qualquer um por tempo indeterminado. Enquanto isso, os cidadãos bons da Euro-América que se opõem à guerra bancada por seus governos desviam seus olhares da morte, das feridas e da “orfanização” dos cidadãos do Iraque, Afeganistão, Líbia, Paquistão… e a lista só cresce.

A guerra e as intervenções nos estados árabes em conflito viraram uma prática banal?
A guerra — jus belli — é agora um instrumento legítimo já que é usado com a aprovação dos norte-americanos ou, de preferência, pelos próprios Estados Unidos. Tem sido apresentada como uma “necessidade humanitária”: um lado está ocupado em cometer crimes e o outro, numa posição de moralidade superior, está simplesmente administrando as punições necessárias, enquanto o Estado a ser vencido tem sua soberania renegada. Essa substituição é cuidadosamente policiada por uma combinação de bases militares, “nãos” e dinheiro. Essa colonização ou exercício de domínio no século 21 é ajudada pela mídia global, um pilar essencial para conduzir operações políticas e militares.

O senhor veio ao Brasil diversas vezes. O que acha do país?
Adoro o país, tem lindas paisagens, gosto das pessoas, dos intelectuais críticos, gosto do MST e gosto menos dos políticos, ainda que a política exterior do Brasil tenha melhorado muito sob a gestão de Lula e Dilma. O país não é mais um estado vassalo e isso é importante para toda a América do Sul. Mas no front doméstico é preciso fazer muito ainda na educação e na saúde. O Estado tem que criar uma infraestrutura social para educar seus cidadãos, do mais pobre ao menos pobre. Gosto da arquitetura de Brasília, acho que foi um grande desafio construí-la.
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POP »  Recife- Paris, sem escalas.  O grupo pernambucano Bande Dessinée expõe em álbum de estreia uma clara inspiração na música francesa dos anos 1960 e 1970 CORREIO BSB 29.02
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Bande Dessinée, formada em 2007: mistura retrô de rock,iê-iê-iê, jazz e surf music

Tudo começou com uma coletânea de France Gall circulando de mão em mão, numa troca de figurinhas entre amigos. Isso foi em Recife, por volta de 2004. O designer Raul Luna apresentou o som da cantora francesa — que fez sucesso nos anos 1960 — aos músicos Filipe Barros e Thiago Surugay. “Ficamos de cara com aquelas músicas, o universo sonoro, a piração dos arranjos de metais e como ela conseguia juntar tantas influências de maneira tão pop”, lembra Filipe. Ouvir France Galle levou a dupla a descobrir também Serge Gainsbourg, Nino Ferrer, Dalida “e um monte de gente que formava a cena dos 1960 na França”.

 “Essas músicas começaram a rolar nas festinhas e isso foi virando algo bem forte. Ficamos tão instigados que pensamos em começar um projeto tocando essas canções.” Aí, três anos depois de terem posto as mãos naquele disco de France Gall, Filipe e Thiago criaram a Bande Dessinée, grupo recifense que acaba de estrear em disco com o álbum Sinée qua non. A sonoridade retrô, mistura de rock, iê-iê-iê, jazz e surf music, aparece em músicas próprias, grande parte delas em francês — três são em português e uma em italiano, influência de outra descoberta pop dos anos 1960, a italiana Mina.

“As composições em outros idiomas entraram porque era natural para mim, como compositor, e para a banda. Nossa onda não é fazer reverência a ninguém, ou imitar x ou y. A convergência de idiomas e sotaques faz parte do nosso universo criativo. Fazemos música brasileira conectada com o mundo. Descobrir o outro é se descobrir”, declara o guitarrista, que, além de Thiago (bateria), arregimentou Márcio Oliveira (trompete), Tati Monteiro (voz), Ed Staudinger (teclado) e Miguel Mendes (baixo). “Todo esse grupo foi fundamental para a gente chegar à sonoridade do Sinée qua non. Não imagino esse disco sem a presença de cada um dos músicos que fazem parte da Bande.”

As referências aos anos 1960 também estão no refinado projeto gráfico de Raul Luna — sim, o designer que provocou tudo isso —, cheio de imagens de objetos de design da época e sem nenhuma informação sobre a banda. “O projeto tem esse lado viajado, sem focar na imagem dos músicos, mais voltado para um horizonte imagético, que transportasse nossa sonoridade para o disco. As informações estão no CD mesmo, foi uma viagem do nosso designer”, explica o líder da Bande Dessinée (o que em francês quer dizer “história em quadrinhos”). Mas ele lembra que o ouvinte mais curioso vai encontrar na internet todas as informações (www.bandedessinee.com.br).

Em um lugar de identidade cultural local forte, como é Recife, a recepção à banda não poderia ter sido melhor. “Começamos realizando um show e terminamos fazendo uma temporada de dois meses. No primeiro ano, tocamos muito, quase 60 shows em seis meses, parecia grupo brega”, brinca Filipe. Para ele, o interesse pelo diferente é que faz a capital pernambucana ser tão efervescente. “Quando surgimos, inserimos novas referências e tendências para dialogar com a cultura da cidade. Isso eu acho valioso, renova a cena. Depois, muita gente começou a tocar nossas músicas em festinhas, shows e a citar alguns desses artistas como referência para seus trabalhos”.

Lançado o álbum, a expectativa da Bande Dessinée agora é circular cada vez mais além dos limites de Pernambuco. E chegar, inclusive, a Brasília. “Tocamos na festa Criolina em São Paulo, que começou em Brasília. Estamos circulando e temos alguns projetos aprovados para o segundo semestre, mas no momento estamos na parte de produção e tentando superar as dificuldades de circulação dentro do cenário independente.”

Depois da febre
A cantora parisiense, hoje com 64 anos, foi uma das grandes sensações da música francesa nos anos 1960 e, embora não tenha conseguido manter a mesma notoriedade a partir da década de 1980, não parou depois disso nem deixou de fazer sucesso. O disco mais recente de Gall é o ao vivo Pleyel, de 2005, e coletâneas são lançadas quase que anualmente na França com os sucessos da cantora — muitos deles compostos por Serge Gainsbourg, como Les sucettes, N'écoute pas les idoles, Laisse tomber les filles, Poupée de cire, poupée de son e Baby pop.

Referências

Ontem
“Nosso foco é a década de 1960, sobretudo Gainsbourg. O movimento da época foi superimportante, mas foi ofuscado pela Beatlemania, que dominou todo o interesse e a nossa memória contemporânea. O mais instigante é ver como eles anteciparam conceitos trabalhados pelos tropicalistas e até pelo Manguebeat. Nas músicas deles, havia uma diversidade incrível de estilos, estéticas e idiomas, antecipando essa ideia de fazer uma música globalizada e, ao mesmo tempo, pop, acessível.”

Hoje
“Da música francesa mais recente, gostamos de Yann Tiersen, Mathieu Chedid (sobretudo na trilha de As bicicletas de Belleville), do disco Le fil, de Camille, do Paris Combo e de um grupo novo chamado Brigitte. Mas não acho que eles nos influenciam tão fortemente. Dos grupos dos 1990 para cá, gosto muito do Air e do Stereolab. O disco novo da Charlotte Gainsbourg também ficou muito bonito.”

           

SINÉE QUA NON
Primeiro CD do grupo pernambucano Bande Dessinée. 12 faixas, produzidas por Missionário José e André Édipo. Lançamento Sambada Produções. Preço médio: R$ 18.
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Bandidos de toga, batina, farda... Jesseir Coelho de Alcântara é juiz de Direito e professor
O POPULAR/GO 27.02

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Recentemente, a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e membro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Eliana Calmon, fez uma declaração que deixou o Brasil estarrecido: “há bandidos de toga”, referindo-se a magistrados que cometem ilícitos escondidos e amparados em seus cargos.

Isso causou uma celeuma enorme, principalmente em alguns membros do Supremo Tribunal Federal, a mais alta Corte de Justiça do País.

Apurações devem esclarecer se há e quem são os bandidos que usam o nome e o cargo para tais práticas. O certo é que, quem não deve não teme, e os bons profissionais não precisam se preocupar com isso. Os bandidos de toga merecem a punição.

O problema é que, embora um erro não justifica o outro, há também bandidos que usam batina e farda, bem como outros que têm mandatos públicos.

Temos vários párocos pedófilos e charlatães que usam a batina nos santuários em nome de Deus. Há policiais militares inescrupulosos e truculentos que vestem farda e não a honram. Inúmeros são os políticos, eleitos legitimamente pelo voto popular, que são verdadeiros criminosos com a coisa pública. São corruptos imundos. Claro que toda essa sujeira não dá autorização ou sinal verde para que haja magistrado irregular e com conduta ilícita, agindo como bandido de toga. O ideal seria que todos cumprissem bem seus deveres, sem delito. Trata-se de uma obrigação o cidadão não infringir a lei.

A Constituição Federal reza que todos são iguais perante a lei. Assim, não existe classe de brasileiros que está acima das demais.

O certo é que se existem bandidos de togas, igualmente não deveria haver bandidos de batina e farda, e outros canalhas que se aproveitam de seus mandatos para cometer crimes.

Aliás, não somente esses apontados acima é que não deveriam praticar ilícitos. Nenhuma pessoa, por mais simples que seja, não deveria ser taxada de bandido, usando ou não, toga, batina, farda...

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Público se prepara para ver Chico, Morrissey e Dylan.   Já esgotaram ingressos para show de ex-líder dos Smiths em SP; turnê de Chico começa amanhã na cidade FOLHA SP 29.02

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Três grandes artistas têm ingressos disputadíssimos para shows nas próximas semanas: Chico Buarque, Morrissey e Bob Dylan.

A nova turnê de Chico, que chega a São Paulo amanhã, estava com ingressos esgotados nas datas até o dia 25 de março. Seis novas apresentações foram marcadas, entre 30 de março e 8 de abril.

O cantor inglês Morrissey, ex-Smiths, cantará em São Paulo no dia 11 de março, mas não há mais ingressos disponíveis. Restam apenas para as apresentações em Belo Horizonte (dia 7) e no Rio (9).

O cantor e compositor americano Bob Dylan, ícone da canção de protesto nos anos 60, faz turnê brasileira em abril, começando no dia 15.

Ingressos estão à venda para Brasília, Belo Horizonte e Porto Alegre. Para shows em São Paulo e no Rio, há esquema de pré-venda na internet até a próxima segunda-feira.

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Câmara aprova mudança em Previdência de servidores.    Proposta ainda irá ao Senado; se aprovada, funcionário público que quiser receber acima do teto do INSS terá de fazer contribuição extra FOLHA SP 29.02

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Depois de mais de 12 anos de discussão, o texto principal que institui o fundo de previdência complementar do servidor público foi aprovado ontem à noite na Câmara por 318 votos a 134.

O projeto ainda pode sofrer modificações em nova votação marcada para hoje -ontem foi aprovado o texto principal, mas ainda falta analisar os destaques. Depois, ainda seguirá para o Senado.

A proposta iguala o teto das aposentadorias dos servidores públicos federais civis ao do regime privado.

Com isso, o valor máximo do benefício pago pela União será de R$ 3.916,20 (atual teto do INSS), com o desconto de 11% do salário.

Quem quiser um benefício maior terá que pagar outra contribuição, que irá para um fundo complementar. O governo também participará deste fundo, empatando o índice aplicado pelo trabalhador, até o limite de 8,5%.

O novo sistema previdenciário, que valerá apenas para os novos servidores, visa acabar com o deficit do setor.

Dados da equipe econômica mostram que os cerca de 950 mil aposentados e pensionistas da União geraram, em 2011, um deficit em torno de R$ 60 bilhões.

Para efeito de comparação, no INSS, que banca a aposentadoria do setor privado e tem mais de 20 milhões de aposentados e pensionistas, o deficit foi de R$ 35 bilhões.

A expectativa é que, em um primeiro momento, o novo regime gere despesas extras para a União, que terá que arcar com os dois modelos de Previdência (o novo e o antigo).

O deficit só seria zerado em um prazo de mais de 30 anos. O aporte inicial para implementação do fundo será de R$ 100 milhões.

PRESSÃO DA BASE ALIADA

O novo fundo foi usado para pressionar o governo em diversas frentes.

O PDT, por exemplo, que aguarda por uma definição no Ministério do Trabalho, votou majoritariamente contra a proposta. A bancada do PSB de São Paulo, que pleiteia mais atenção nas negociações pela prefeitura da capital, fez o mesmo.

Já o PR, em busca de indicar um novo ministro dos Transportes, ameaçou votar contra, mas recebeu a promessa de que o problema seria resolvido. Mesmo assim, o partido votou rachado (20 sim, entre 32 deputados).

O projeto é semelhante a proposta que passou recentemente na Assembleia Legislativa de São Paulo -onde os deputados do PT votaram contra. Já o PSDB votou a favor tanto no plano federal quanto no estadual.

Diante das ameaças, o Planalto teve que fazer diversas concessões no texto.

Uma das principais, apoiada pelo PT, abriu a possibilidade de a gestão dos recursos ser feita pelos próprios participantes, levando a oposição a criticar possível partidarização. Na proposta original, a administração era feita, obrigatoriamente, por uma instituição financeira.

O governo também aceitou criar um Fundo de Cobertura de Benefícios Extraordinários para arcar com aposentadorias especiais, além de abrir a possibilidade da instituição de três fundos separados, um para cada Poder.




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ANÁLISE AMBIENTE.   Sustentabilidade e economia verde beneficiam coletividade
AINDA HÁ EMPRESAS QUE NÃO ABSORVERAM A CULTURA DE ECONOMIA COM BASE SUSTENTÁVEL FOLHA SP 29.02


É grande a expectativa sobre os novos paradigmas socioeconômicos que a Rio+20 oferecerá, em especial ao setor produtivo. O evento colocará o Brasil na pauta mundial sobre a sustentabilidade.

Estratégias ambientais e de responsabilidade social aliadas ao negócio passaram a ser elementos indispensáveis para a competitividade das empresas, ainda mais que a globalização exige produtos e serviços em conformidade com as práticas sustentáveis. E a pressão social se torna cada vez mais intensa à medida que a sociedade passa a compreender e a cobrar atitudes firmes nessa direção.

Apesar das "pressões", ainda há empresas e segmentos descolados dessa nova realidade por não terem absorvido a cultura de um padrão de economia com base sustentável. Desconhecem sua emissão de gases de efeito estufa, despejam efluentes sem tratamento nos rios, não incorporam a comunidade em seus projetos, devastam áreas imprudentemente etc.

Os grandes projetos empresariais em andamento no Brasil, como mineração, infraestrutura e logística, têm sobre as regiões em que se localizam o efeito multiplicador de impactos interdependentes: econômicos (com efeitos diretos, indiretos, induzidos e fiscais sobre as economias regionais e locais); ambientais (pelas modificações no sistema ecológico); sociais (por meio de transformações nos mecanismos de distribuição de renda e de riqueza); urbanos (gerados por intensos fluxos migratórios que pressionam as frágeis estruturas urbanas), entre outros.

Para que qualquer empreendimento seja realmente sustentável, demanda-se no Brasil uma nova relação entre empresa e Estado, na qual as políticas públicas se articulem efetivamente com as empresariais.

Além disso, o compromisso com a sustentabilidade deve ser incorporado definitivamente à raiz da cultura empresarial e não ser algo imposto pela opinião pública ou pelos mercados. O novo paradigma de desenvolvimento com base em uma economia verde, a ser debatido na Rio+20, traz evidentes benefícios para a coletividade.

A meta é o bem-estar de toda a sociedade em harmonia com o planeta, e o meio empresarial tem de estar engajado nessa ampla discussão.

RINALDO CÉSAR MANCIN é diretor de assuntos ambientais e diretor-presidente interino do Ibram.

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MINERAÇÃO

Governo pretende regularizar atividade em áreas indígenas

DE BRASÍLIA - O governo federal quer destravar a atividade de mineração em áreas indígenas, tendo em vista o potencial econômico de alguns terrenos, principalmente na Amazônia.

O argumento é de que o aproveitamento das riquezas minerais em terras indígenas vai estimular a geração de renda e melhorar a vida das comunidades locais, além de coibir a exploração ilegal. Segundo o governo, a Constituição prevê a atividade, mas ainda necessita de lei para regulamentá-la.