segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Crise faz cair vendas de produtos ecológicos The New York Times 16/10

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Erin Peters, dona de casa e mãe de três filhos, começou a usar produtos ecológicos há quatro anos, com seu filho Ryan, 3. Erin agora é adepta do "faça você mesmo" como resposta a crise

Em agosto, Llloyd Alter se deparou com os limites de suas convicções ambientais quando teve que trocar o telhado de sua casa em Toronto, que estava com goteiras. “Durante anos, eu disse que instalaria um telhado de metal refletor”, porque ele ajuda a reduzir o calor e baixa os custos de energia durante o verão, disse Alter, 58, arquiteto que escreve sobre design para o site Treehugger, voltado para a sustentabilidade. Mas “na hora do vamos ver, comprei um de asfalto”, disse ele.

As telhas de asfalto não são tão boas para refletir os raios do sol, e pior ainda, são feitas de um material a base de petróleo. Mas elas eram bem mais baratas: o custo total do novo telhado, incluindo sua instalação, foi de cerca de US$ 12 mil, observou Alter, enquanto “o telhado metálico provavelmente teria custado o dobro.”

É o tipo de queda na realidade que muitos consumidores ambientalmente conscientes enfrentam hoje em dia. E como Alter, a maioria acaba cortando seus gastos em vários itens, principalmente em produtos ecológicos, que normalmente custam mais do que os concorrentes tradicionais e são difíceis de justificar, ou até de pagar, quando os orçamentos estão apertados.

Numa economia ruim, o que costumava ser essencial pode rapidamente se tornar opcional.

Ao mesmo tempo, o que antes era apenas moda pode se tornar uma questão de necessidade. Atividades como plantar e conservar alimentos, criar galinhas e fazer suas próprias roupas e outros produtos domésticos agora são vistas por muitas pessoas como uma forma de economizar enquanto permanecem fieis aos valores ambientalistas.

David Quilty, blogueiro de Santa Fé, Novo México, parou de comprar camisetas de algodão orgânico e comprar alimentos na Whole Foods. E depois de anos comprando produtos de limpeza e sabão de empresas ecológicas como a Method e Seventh Generation, ele diz que não tem mais dinheiro para isso, então começou a limpar sua casa com uma solução que ele mesmo prepara.

Não é coincidência que seu blog ambiental The Good Human, muito lido, publicou recentemente um artigo intitulado “23 maneiras de usar vinagre para limpar de forma não tóxica”. Esta é apenas uma entre as várias matérias semelhantes que apareceram no site no ano passado, e que mostram a mudança do blog para uma mentalidade de “faça você mesmo”.

“Tenho que priorizar meus gastos, como muitas pessoas fazem hoje”, disse Quilty, 39, que sobrevive do blog e viu sua renda com anúncios cair em um terço nos últimos seis meses. “Eu simplesmente não tenho capacidade financeira.”

A mesma mudança de foco é evidente em outros blogs ambientais. Alter disse que vê isso acontecer diariamente no Treehugger.“Se você entrasse no site há quatro anos, antes da recessão, veria uma mensagem nova todos os dias sobre uma nova camiseta de bambu ou sandálias de bambu”, diz ele. “Não publicamos mais quase nada disso, porque as pessoas não têm dinheiro para comprar.”

Também desapareceu a ávida cobertura de laptops de US$ 1 mil com caixas feitas de plástico reciclado, móveis construídos com madeira cortada de forma sustentável e chapéus com painéis solares. Em vez disso, diz Alter, “estamos escrevendo muito mais sobre cozinhar, andar de bicicleta e política.”

Jill Fehrenbacher, 34, fundadora e editora-chefe do Inhabitat, um popular blog de design ecológico, diz que também cortou os artigos sobre produtos, uma mudança que seus leitores pediram. “Nos últimos anos, tivemos uma verdadeira resposta anti-consumo.”

Não é de surpreender que o setor de produtos ecológicos esteja sentindo isso. Laura Batcha, vice-presidente executiva da Associação de Comércio Orgânico, disse que embora o setor de produtos orgânicos tenha estourado nos últimos oito anos, passando de US$ 9 bilhões para US$ 29 bilhões em vendas, as taxas de crescimento anual do setor caíram para menos de 6% em 2010, de cerca de 15% e 20% anteriormente.

E algumas marcas sentiram isso mais fortemente que outras. De acordo com a SymphonyIRI Group, uma firma de pesquisa de mercado que acompanha lojas grandes (exceto o Wal-Mart), as vendas do produto de limpeza Clorox Green Works e de detergente para máquina de lavar-louças caíram mais de 30% cada no período de 12 meses que terminou no início de setembro. A Seventh Generation, uma marca ecológica popular, viu uma queda nas vendas de itens como toalhas de papel, que caíram mais de 15% durante o mesmo período (embora as vendas de alguns outros itens da companhia, como detergente, tenham subido numa porcentagem quase igual.) Enquanto isso, itens mais caros como carros híbridos tiveram uma queda de mais de 20% nas vendas no ano passado, de acordo com a Baum & Associates, outra firma de pesquisa de mercado.

Apesar de tudo isso, Batcha insiste que o setor ecológico continua sua “ascensão morro acima” (as taxas de crescimento do setor estão de volta aos dois dígitos baixos este ano, diz ela, embora não tenha números específicos), e a maior parte das pessoas não estão fazendo a escolha entre o ecológico e o barato. No momento, entretanto, muitos consumidores ambientalmente conscientes parecem pensar nas duas coisas.

Há não muito tempo, Alter estava numa mercearia, tentando decidir entre um bacon orgânico de US$ 10 por 450 gramas e uma marca não orgânica que custava US$ 5. No fim, ele não comprou nenhum dos dois.“Cada vez mais pessoas estão fazendo isso”, diz ela. “É como o 'dia do não compre nada' o ano inteiro.”

Para Erin Peters, uma dona de casa e mãe de três filhos que começou a usar produtos ecológicos há quatro anos, a abordagem “faça você mesmo” foi uma resposta para o que ela achava que era uma dificuldade financeira temporária. Quando a companhia de seu marido o transferiu de Washington D.C. para Raleigh, Carolina do Norte, em 2008, durante o colapso do mercado imobiliário, eles ficaram sobrecarregados com a hipoteca de uma casa e o aluguel de outra, até que finalmente venderam a casa um ano depois.

Durante aquela época, suas compras tinham uma espécie de moral da história liberal.

“Eu não podia nos enfiar em mais dívidas”, diz Peters, 32. “Mas sentia-me culpada se não comprasse os produtos ecológicos que costumávamos usar.”

Recentemente, eles tiveram outro problema: as mensalidades de seus planos de saúde subiram, o que significa que “perdemos algumas centenas de dólares do orçamento mensal”, disse Peters, e tiveram que fazer mais cortes de gastos.

Por enquanto, pelo menos, isso significa evitar produtos orgânicos. Eles também estão alugando uma casa menor perto do trabalho do marido e da escola das crianças. Economizando em gasolina, eles economizam dinheiro e reduzem sua pegada de carbono.

Peters também começou a plantar e conservar vegetais, e embora ela costumasse achar que as lojas beneficentes vendiam roupas “apodrecendo ou se desmanchando”, e nunca tivesse imaginado que compraria nelas, é onde está comprando suas roupas agora.

Mas apesar de deixar de lado coisas como produtos de limpeza ecológicos e alimentos orgânicos, Peters diz que está vivendo de uma forma mais sustentável que antes.

“Acho que a economia obrigou as pessoas a viver de forma mais sustentável”, diz ela. “Mesmo que elas não tivessem a intenção disso.”

Outras pessoas descobriram que podem viver simplesmente sendo mais seletivas. Megan Yarnall, 23, formada recentemente no Dickinson College, está com o orçamento restrito desde que saiu da casa dos pais há um ano e meio e foi para um apartamento em Yardley, Pensilvânia. Ela ainda compra alimentos orgânicos, mas não tão indiscriminadamente como quando estava na faculdade. “Para mim, é uma questão de escolher o que deve ser orgânico”, diz ela, “e o que não é tão importante que seja.”

Ela descobriu com um colega de trabalho na TerraCycle, a firma de design de reciclados de Nova Jersey onde ela trabalha, os chamados “doze sujos”, uma lista de 12 frutas e vegetais mais suscetíveis a absorverem pesticidas, com base em dados do Departamento de Agricultura dos EUA. Yarnall agora economiza dinheiro comprando alimentos orgânicos só dos itens que estão nessa lista. Isso significa gastar dinheiro com coisas como morangos, maçãs e alface, mas economizar em frutas de casca grossa como bananas.

Quilty se acomodou do seu jeito: para conseguir comprar carne de gado alimentado com pasto, ele compra frutas e vegetais de um mercado de produtores, que é “bem mais barato do que o Whole Foods”, diz ele.

E se a produção não é orgânica, pelo menos é local.“É uma compensação, mas vale a pena para mim comer a carne mais saudável que posso encontrar.”

Alguns temem que toda essa frugalidade possa resultar no que Gita Nandam chama de “reações involuntárias sem visão”, ou seja, deixar de comprar produtos ecológicos com custo imediato alto, apesar da economia que eles representam a longo prazo e da redução do impacto ambiental que proporcionam.

“As pessoas dizem: 'eu tenho apenas US$ 3 no bolso, então vou comprar lâmpada incandescente porque é mais barata'”, diz Nandan, 40, sócia da Thread Collective, uma firma de design de Nova York especializada em arquitetura sustentável. Mas “no fim, a matemática não funciona”, continua, porque a lâmpada leva a um consumo maior de energia, o que significa que a conta no final do mês será mais alta.

Nandan diz que sugere a seus clientes para economizar em algumas áreas (“não vamos gastar muito dinheiro em tinta ou naquela banheira de US$ 12 mil”) e usar essa poupança em materiais ecológicos mais caros que compensarão a longo prazo.

Ultimamente, ela vem divulgando um produto feito pela EnergyHub, um aparelho que permite aos moradores da casa monitorarem e controlarem seu uso de eletricidade.

“Se meus clientes vão pagar os US$ 300 a mais?”, pergunta. “Não sei, mas vale a pena ter essa conversa.”

Investir num monitor de energia pode não demandar muita avaliação durante tempos de vacas gordas. Mas como muitas das coisas ambientalmente conscientes que os consumidores falavam em fazer há alguns anos – instalar painéis solares, comprar carros híbridos, comprar casas com certificado LEED – isso pode ser um sonho que terá de ser postergado.

No início deste ano, Peters e seu marido fizeram um test-drive de um Leaf, um carro elétrico da Nissan. Comprá-lo seria melhorar a eficiência energética em relação ao Honda Odyssey 2004 do casal, e é algo que Peters diz que eles poderiam ter feito há algum tempo atrás.

“Como a maioria dos norte-americanos”, diz ela, “eu tinha a mentalidade de que, se quisesse algo novo, podia sair de casa e comprar.”

Em vez disso, ela e o marido entraram num concurso para ganhar o carro e estão evitando comprar qualquer coisa. Quando a economia se recuperar, ela diz que espera comprar um novo veículo econômico em combustível, mas isso “está fora do alcance agora”.

O “limpa-tudo” de David Quilty

Encha um vidro de spray com dois terços de água e um terço de vinagre branco destilado. Para cortar o cheiro do vinagre, acrescente algumas gotas de óleo essencial como capim limão, sálvia ou cítrico. (O cheiro do vinagre se dissipa logo depois de usar o produto, então você pode deixar de lado os óleos essenciais caso tenha alergia à fragrâncias.)

Quilty estima que usa cerca de uma xícara de vinagre por vidro de spray e paga cerca de US$ 4 por um galão (3,7 litros). Isso significa que ele gasta cerca de 25 centavos por um vidro de produto de limpeza, o que é “bem, bem menos” do que os US$ 3 ou US$ 5 dos produtos de limpeza vendidos nas lojas, diz ele.“Eu o utilizo pela casa inteira como um limpa-tudo.”

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Sala de aula: lugar de grandes descobertas/ UnB

Em depoimentos à UnB Agência, professores conceituados falam sobre amadurecimento profissional, ensino e surpresas que fazem parte do cotidiano de um professor universitário . unb.br

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O aluno vai precisar de desempenho'. O Globo - 17/10/2011

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SÃO PAULO. Diretora executiva da Associação Brasileira de Educação Médica (Abem), Derly da Silva Streit representou a entidade nas discussões da criação do programa e vê pontos positivos na iniciativa do governo.

Como o programa governamental pode resolver o problema da carência de médicos nas regiões mais pobres do país?

DERLY DA SILVA STREIT: O programa sozinho não resolve isso. É uma das propostas dentro de uma estratégia de governo que tenta suprir as necessidades de atendimento médico. Precisa também de um projeto de carreira e condições técnicas. Sabemos que em torno de 30% dos egressos das escolas médicas não têm acesso ao programa de residência porque o número de vagas é menor do que o de formandos. E essas pessoas vão exercer a medicina em algum lugar porque têm registro.

O bônus causou muita polêmica.

DERLY: O bônus foi muito discutido, a gente sabe que é provisório. Sabemos que a qualquer momento podemos retirar esse bônus se entendermos que a proposta não foi conduzida de forma adequada.

Como a senhora vê a crítica das universidades de interferência na autonomia e de risco de distorções no sistema de acesso à residência?

DERLY: Fizemos algumas simulações e ficou claro que o aluno exemplar, que tira oito ou nove, vai continuar entrando na residência. Esse bônus vai diferenciar aquela faixa de alunos que estão na média. Também vai pegar um percentual que não vai atingir os grandes programas de residência.

Mas um aluno menos dedicado pode ser favorecido?

DERLY: O aluno, mesmo com bônus, vai precisar de desempenho. Se você é muito ruim, não vai conseguir uma boa residência com esse bônus.

E os questionamentos sobre a capacidade desse médico recém-formado de fazer atendimento?

DERLY: É uma coisa muito séria se a gente está admitindo que um médico recém-formado não tem condições de exercer a medicina básica. Porque as nossas diretrizes dizem que uma escola de medicina tem seis anos para preparar um médico generalista.

A senhora acredita nessa supervisão à distância?

DERLY: Não vai ser só à distância. E o Telessaúde é um programa interessantíssimo. Você manda os exames e tem acesso a uma segunda opinião, em tempo real. O médico não se sente sozinho.

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PIB pode crescer abaixo de 3% neste ano e em 2012, afirma economista Valor Econômico - 17/10/2011

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Mulheres têm apenas 7,7% das vagas dos conselhos Valor Econômico - 17/10/2011

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Paralisações no setor público exigem o uso da lei de greve Valor Econômico - 17/10/2011

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Paralisações no setor público exigem o uso da lei de greve. Valor Econômico - 17/10/2011

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Como ocorre todos os anos, há uma onda de movimentos grevistas protagonizada por servidores públicos e funcionários de empresas estatais. A mais ruidosa desta vez foi, sem dúvida, a dos empregados da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), que pararam por 28 dias. Segundo estimativa da direção da empresa, a greve provocou prejuízo de pelo menos R$ 200 milhões à estatal.

Essa perda reflete somente o custo imposto aos cofres públicos, uma vez que a ECT tem apenas um dono - o Tesouro. A sociedade arcou com um prejuízo difícil de calcular, mas que certamente contribuiu para o aumento da ineficiência da economia.

Outra categoria, a dos servidores e funcionários dos institutos de educação básica, profissional e técnica, está paralisada desde 1º de agosto. Nas últimas semanas, além da greve dos Correios, houve paralisações na Eletrobrás e na Embrapa, em bancos e universidades federais. Há ameaças de suspensão do trabalho na Petrobras, na Infraero e na Polícia Federal.

Quando uma greve dura mais de dois meses, como a da educação, é o caso de se perguntar: se um serviço público fica sem funcionar durante tanto tempo, qual é a sua utilidade para a sociedade? A educação é um serviço essencial e deveria ser tratado como tal, mas, na prática, não é assim. Uma tradição perversa brasileira ensina que greves nessa área duram sempre muito mais tempo que nas outras. As greves de professores e funcionários de universidades federais, que frustram jovens estudantes de todo o país que ingressam no ensino superior cheios de disposição, constituem um drama à parte, que merece a atenção das autoridades.

Os governantes se mobilizam para abreviar movimentos de paralisação na Petrobras ou no Banco do Brasil, mas não têm a mesma presteza em relação aos da educação. Isso indica claramente quais são as prioridades de Brasília. Esse aspecto só torna mais urgente a necessidade de o governo propor ao Congresso a regulamentação do direito de greve dos funcionários públicos.

Quando era sindicalista, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva costumava dizer que greve sem corte de ponto é férias. Como líder dos metalúrgicos, Lula sabia que uma greve, embora legítima, tem custos. Quanto mais longa uma paralisação, maior é a parcela do salário dos grevistas subtraída por causa dos dias parados. Greve é um recurso radical. Revoltava Lula saber que, no serviço público, não se corta ponto. Na presidência, ele ameaçou estender ao funcionalismo as regras a que esteve submetido como sindicalista. Ficou, no entanto, na promessa.

Em 2007, diante da inexistência de legislação específica, o Supremo Tribunal Federal (STF) estendeu ao funcionalismo as regras da Lei de Greve (7.783/89), que rege os trabalhadores do setor privado. Em tese, portanto, o governo já poderia cortar o ponto de funcionários em greve. Lula não o fez e a presidente Dilma Rousseff também tem evitado recorrer a esse dispositivo legal.

Na maioria dos casos, o governo troca o corte de ponto por horas extras de trabalho. Trata-se de um engodo. Afinal, quem garante que as horas paralisadas serão repostas? Quem fiscaliza? Os grevistas? As informações vindas dos órgãos públicos dão conta de que não há reposição alguma e fica tudo por isso mesmo.

Na semana passada, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) decidiu que os empregados da ECT terão que repor, por meio de horas extras, 21 dos 28 dias parados. O tribunal manteve o corte de ponto dos outros sete dias, mas, numa decisão polêmica, considerou a greve não abusiva. Os funcionários conseguiram o que queriam e ainda receberam anistia por 21 dias parados.

Não há justificativa para dar tratamento diferenciado aos funcionários públicos. As regras deveriam ser até mais duras nos casos de greve em serviços essenciais, típicos do setor público. Ao contrário do trabalhador do setor privado, o servidor tem garantias e privilégios incomparáveis, como aposentadoria integral e estabilidade.

E há uma questão de segurança a ser considerada nos serviços essenciais. Petrobras, Infraero e ECT são empresas monopolistas. No caso de paralisação, compromete-se o funcionamento do país, com custos incalculáveis para toda a população. Outro caso é o das polícias. A lei deveria coibir a greve em serviços públicos em que atuam grupos armados que têm o monopólio da segurança, como faz a Constituição com os militares.

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Crise. Protestos se intensificam esta semana na Europa e nos Estados Unidos

Agência Brasil 17.10

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Cientistas sobem o tom contra novo Código Florestal. Documento entregue a senadores afirma que dilema entre produção agrícola e preservação é "falácia". Ignorados pela Câmara no semestre passado, pesquisadores tentam intervir com propostas "mais contundentes" Folha SP 17.10

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Em sua manifestação mais dura sobre a reforma do Código Florestal, as principais sociedades científicas brasileiras adjetivam partes do texto em análise como "injustificado" e "inconstitucional".

A SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e a ABC (Academia Brasileira de Ciências) entregaram na semana passada a senadores propostas para embasar as mudanças na lei. Para elas, a ciência não foi levada em conta no relatório do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), aprovado em maio no plenário da Câmara.

Entre as 18 assinaturas do documento há pesos-pesados como a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, Carlos Nobre, secretário de Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e Tatiana Sá, ex-diretora-executiva da Embrapa. Para eles, o maior entrave à expansão da agricultura não é a legislação ambiental, mas "a falta de adequação" da política agrícola do país.

Para os cientistas, um aumento marginal na produtividade pecuária -com medidas simples, como erguer cercas e fazer o manejo de pastos- liberaria 60 milhões de hectares para a agricultura. "Continua no Senado essa falácia de que não há espaço para preservar e produzir alimentos", disse Luiz Martinelli, da USP de Piracicaba. "Como é que eu vou dizer para a Europa não subsidiar sua agricultura quando a gente queima tudo sem nenhuma eficiência? É um tiro no pé."

As entidades também pedem que as APPs (áreas de preservação permanente), como margens de rios, sejam restauradas na íntegra, posição mais "ambientalista" que a do governo, que aceitou flexibilizar sua recomposição. Os cientistas exigem, ainda, que o Senado elimine do texto a menção à "área rural consolidada", que permite regularizar atividades agropecuárias em APPs desmatadas até 22 de julho de 2008. Segundo eles, a Constituição diz que "não há direito adquirido na área ambiental".

"Nosso livro anterior dava dados, mas não fazia afirmações tão contundentes", disse Carneiro da Cunha, aludindo a documento divulgado no semestre passado.

Expoente da antropologia, Carneiro da Cunha afirma que os senadores precisarão tratar um tema espinhoso sem acordo: a isenção de reserva legal para propriedades de até quatro módulos fiscais (medida equivalente a até 400 hectares na Amazônia).

"Quatro módulos não é o mesmo que agricultura familiar. É uma pegadinha." Ela diz esperar que o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), relator do código em três comissões, seja "persuadido por argumentos convincentes".

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Potências são 'inoperantes' na questão palestina, afirma Patriota. Chanceler defende que o Quarteto dê lugar ao Conselho de Segurança nas negociações de paz. Ministro afirma que há risco grande de guerra civil na Síria e defende abstenção do Brasil em resolução contra Assad Folha SP 17.10

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O Conselho de Segurança da ONU precisa assumir a responsabilidade pela resolução do conflito entre Israel e palestinos porque o Quarteto formado por EUA, União Europeia, Rússia e o secretário-geral da ONU se mostrou "inoperante", afirma o chanceler Antonio Patriota.

À Folha, o ministro diz que o Brasil se absteve na última resolução sobre a Síria para evitar a "dinâmica de polarização" entre os membros permanentes do CS e manter espaço de negociação. Também criticou os países que lideram a força de intervenção na Líbia por tomarem decisões como o envio de armas aos rebeldes. Veja trechos de sua entrevista.

Abstenção na Síria

Estávamos trabalhando junto com Índia e África do Sul para promover o consenso no CS. Quando constatamos que havia uma dinâmica da polarização entre os membros permanentes, decidimos nos abster. Isso também preserva certa capacidade diplomática, até para negociar a ida à Síria da comissão investigadora do Conselho de Direitos Humanos. Nós condenamos a repressão contra manifestantes desarmados, mas buscamos soluções que levem a uma transição para melhores formas de governo pela via da negociação. O uso da força deve ser o último recurso, sobretudo para não piorar uma situação já desestabilizadora. Há um risco grande na Síria de guerra civil, de descontrole.

Intervenção humanitária Estamos funcionando sob a sombra do que aconteceu no Iraque. A intervenção sem autorização do CS, sob pretextos variados, gerou instabilidade, milhões de refugiados, centenas de milhares de mortos civis. Isso levou a presidenta Dilma a dizer na Assembleia Geral da ONU que a responsabilidade de proteger [civis] é um conceito que não implica em automatismo do uso da força. Por isso ela falou em responsabilidade "ao" proteger. Não se pode receitar um remédio que piore a doença.

Questão palestina

Há uma frustração enorme com a inoperância da metodologia atual. O Quarteto [grupo formado por EUA, Rússia, União Europeia e o secretário-geral da ONU], que ficou incumbido de promover negociações, em algumas das últimas reuniões não foi nem sequer capaz de produzir um relatório consensual. Por isso defendemos que a ONU assuma sua responsabilidade. Vamos e venhamos, o Conselho de Segurança foi criado para cuidar dos maiores desafios à paz e à segurança. Qual será o maior desafio hoje em dia? É a questão Israel-Palestina.

Ibas e Brics

A gênese dos dois fóruns é diferente. O Ibas [Índia, Brasil e África do Sul] é fruto de uma ação deliberada da diplomacia dos três países, de aproximar três grandes democracias de três continentes para criar sinergias. A agenda dos Brics [formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] visa a transformação da governança global, para torná-la mais democrática e representativa. Mas China e Rússia já são potências estabelecidas.

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Brasileiros se mostram competitivos em Frankfurt. Editores e autores nacionais chamaram atenção na feira, encerrada ontem. Preços de estrangeiros subiram para editores nacionais, que também alinhavaram vendas de autores para tradução Folha SP 17.10

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A Feira de Frankfurt, a mais importante do setor editorial, confirmou o esperado: com EUA e Europa em crise, os estrangeiros querem vender mais livros para o Brasil.

"O comentário era que o mercado brasileiro parecia vibrante, com as editoras disputando títulos vigorosamente, ao contrário dos mercados europeus", diz Roberto Feith, da Objetiva/Alfaguara.

A concorrência contribui, na opinião de Luiz Schwarcz, da Companhia das Letras, para o aumento de preços nos títulos comprados.

Já Leila Name, da Nova Fronteira (grupo Ediouro), conta que os leilões de livros foram iniciados "nos mesmos patamares estratosféricos" dos últimos cinco, seis anos.

"Não falo só de valores. A postura e a inflexibilidade dos contratos estrangeiros é inadequada ao nosso tamanho estratégico", opina.

Enquanto o Brasil se animou para comprar, também cresceu o interesse por autores brasileiros para tradução.

Ainda é cedo, porém, para atribuir a demanda por títulos do Brasil ao novo programa de internacionalização da literatura brasileira, apresentado no evento alemão pela CBL, Fundação Biblioteca Nacional e ministérios na quinta-feira passada.

Lucia Riff, dona da maior agência literária brasileira, diz que, em três décadas de Frankfurt, nunca foi tão procurada quanto desta vez.

"Quase sempre éramos nós que pedíamos reunião com os editores estrangeiros. Agora eles é que queriam marcar conosco", conta ela, que se encontrou com executivos de mais de uma dezena de países, da Alemanha à China.

Para negócios serem fechados, entretanto, é preciso muito mais tempo que o de uma feira -mesmo a de Frankfurt. Da Companhia das Letras, Chico Buarque ("Leite Derramado") sai em vários idiomas já no início do ano que vem. Michel Laub ("Diário da Queda"), pela Random House da Espanha. E há possibilidades para Carola Saavedra ("Flores Azuis" e "Paisagem com Dromedário") na França e Alemanha, diz Schwarcz.

A Rocco apresentou os livros teen de Thalita Rebouças a editores da Espanha, Itália e EUA. Para Paulo Rocco, porém, "a venda de brasileiros é operação para o ano todo, não para uma só feira".

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Google deve iniciar a venda de e-books no país antes que Amazon Folha SP 17.10

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A venda de e-books pela Amazon no Brasil é aguardada desde o começo do ano.

Outra marca que começou sua aproximação é a rede de varejo de livros canadense Kobo. Como a Amazon, porém, a Kobo também não tem data para estrear no país.

Deve ser mesmo o Google, que corre por fora, o primeiro entre os estrangeiros a operar nesse segmento. Segundo brasileiros que participaram dos encontros na Feira do Livro de Frankfurt, a chegada de livros digitais vendidos via Google pode ser esperada para breve.

Eles estimam que isso aconteça entre o fim deste ano e o começo do próximo.

O negócio é mais simples que o da Amazon, pois o Google não tem aparelho próprio.

A Amazon, além de contratar conteúdo e lançar uma livraria virtual em português, tem de acertar esquema tributário, comercial e logístico para vender a preços baixos as versões do seu Kindle.

Executivos da Amazon e do Google, reservados em seu diálogo com a imprensa, não comentam as conversas que tiveram com os brasileiros.

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CORREIO

50 anos de políticas ineficientes (CorreioBsB - 17/10)

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Fifa quer mudar nome de estádios no país. Projeto entregue pela Federação Internacional de Futebol para ser aprovado nas assembleias estaduais e municipais dá autonomia à entidade para alterar temporariamente a denominação dos "estabelecimentos esportivos"(CorreioBsB - 17/10)

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Brincando com o medo. Mestre dos filmes de terror, o italiano Dario Argento revela sua admiração por diretores brasileiros, como Zé do Caixão(CorreioBsB - 17/10)

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Eu gosto de rock progressivo. E acredito que uma das minhas contribuições foi o uso desse estilo pouco comum no horror

Dario Argento, cineasta

Rio de Janeiro — O diretor italiano Dario Argento, considerado um mestre do cinema, é um dos convidados do Festival do Rio. Em visita ao Brasil para participar da mostra em sua homenagem Dario Argento e seu mundo de horror, o realizador fala em entrevista ao Correio que suas famosas dublagens são resultado de atores que não funcionaram e que o cinema italiano contemporâneo está empobrecido pelo predomínio de comédias. Dario diz ainda que uma de suas contribuições ao cinema de horror foi usar o rock progressivo no gênero e destaca o nome de Zé do Caixão na produção nacional. O diretor italiano conta que deixa a ideia de refilmagem para quem se interessar por sua obra, mas lembra que torce para que não aconteça o mesmo que se passou com a versão de Gus van Sant para Psicose, de Alfred Hitchcock: para Dario Argento, nesses casos, é melhor assistir ao original.

O que inspirou o senhor a fazer

sua versão de Drácula?

Eu sempre gostei do livro de Bram Stoker. O personagem sempre se transforma em lobo ou morcego, mas, quem sabe, em outras criaturas. Ao mesmo tempo, não acho um personagem violento e, sim, um romântico. Quero dar ênfase ao trágico romance que envolve a história.

E por que fazê-lo em 3D?

Quando a pintura descobriu a perspectiva, o jeito de pintar mudou. Da mesma forma, o cinema. As novas técnicas de 3D são bastante diferentes das anteriores. Atualmente, o importante é a profundidade. Um outro motivo foi um vídeo de cinco minutos, que está disponível no YouTube, de Disque M para matar, do Alfred Hitchcock. As pessoas não sabem, pois foi exibido em 2D, mas ele fez esse filme em 3D nos anos 1950. As possibilidades aumentam dessa forma. Fazer Drácula em 3D também é uma forma de homenagear o mestre de suspense.

Além de Drácula, o senhor tem algum

novo projeto em mente?

No momento, estou concentrado no Drácula. Depois desse projeto, devo produzir algo para a TV para as distribuidoras europeias.

O senhor parece dar mais importância aos movimentos de câmera do que a dirigir os atores, além do uso de uma dublagem, no mínimo, curiosa.

Eu sou muito interessado nos movimentos da câmera, mas isso não significa que não goste de trabalhar com os atores. Tive ótimos atores, mas também outros que não funcionaram, me forçando a dublá-los (risos). Esse formato virou uma marca que faz parte do meu estilo.

Há algum ator, com quem ainda não trabalhou, com que o senhor gostaria de trabalhar?

Se um ator for bom para um filme e compuser o personagem, eu o contrato. Não tenho um sonho particular em trabalhar com alguém. Sempre depende da história e do projeto.

Quando está escrevendo um roteiro,

já pensa nos movimentos da câmera?

Sempre. Quando estou escrevendo o roteiro, imagino como cada sequência vai ser filmada. Isso me motiva.

Se tivesse a chance de

refazer algo em seus

filmes, o senhor faria alguma mudança?

Às vezes, não fico satisfeito com o resultado, mas não mudaria nada. Você acerta e erra, faz parte do processo. Deixo essas refilmagens para quem se interessar por minha filmografia. Estão refazendo Suspiria, só espero que não façam como o Gus van Sant fez com Psicose, de Hitchcock. Nesse caso, é melhor assistir ao original.

Cinco dias em Milão (Le cinque giornate) é uma

comédia dramática, um gênero bem diferente

do resto de sua obra.

Eu era o produtor e roteirista desse projeto. Na pré-produção, os atores me perguntaram o porquê de eu não estar dirigindo o filme. Houve alguns que só queriam fazer o filme se eu estivesse dirigindo. Acabei fazendo o filme. Foi uma aventura interessante.

Quais dos seus filmes são os favoritos?

São todos meus filhos, mas eu tenho uma preferência por Suspiria, Terror na ópera e A mansão do inferno.

O senhor disse, em entrevista recente, que

Asia, sua filha, era uma atriz em evolução,

poderia comentar essa declaração?

Não devem ter compreendido o que eu disse. Um profissional precisa estar em constante estado de evolução. Quem para corre o risco de estagnar. Nada foi planejado na carreira da Asia. Quando tinha 9 anos, um diretor me pediu permissão para convidá-la para um filme, e depois mais outro. E foi assim sucessivamente. Ela tem um dom natural.

Como o senhor analisa o jeito de ela dirigir?

Ela tem um jeito muito livre, próprio e interessante na abordagem de seus roteiros. Seu estilo é movimentar a câmera e tentar contar a trama por meio das imagens.

Como foi trabalhar com Bernardo Bertolucci

e Sergio Leone em Era uma vez no oeste?

Eu escrevi o roteiro com Bernardo. Somos bons companheiros. Sergio sempre falava sobre os movimentos da câmera. Ele era um mestre e talvez venha daí algumas das minhas influências.

Parte dos críticos acredita que a nova geração

de diretores italianos não está à altura do

cinema que já foi feito na Itália.

Atualmente, a maioria dos filmes produzidos na Itália é de comédias. Isso empobrece, mas gosto do trabalho do Paolo Sorrentino e do Matteo Garrone.

Pode falar sobre sua parceria com Claudio

Simonetti e o uso do rock progressivo nas

trilhas sonoras de seus filmes?

Claudio faz as trilhas dos meus filmes desde 1975, em Prelúdio para matar, quando ainda fazia parte da banda Goblin. Eu gosto de rock progressivo. E acredito que uma das minhas contribuições foi o uso desse estilo pouco comum no horror.

Quais são as suas maiores influências?

São muitas, mas posso citar o Hitchcock e os cineastas expressionistas alemães, como Robert Wiene, F. W. Murnau e Fritz Lang. Também fui influenciado pela nouvelle vague francesa.

O senhor tem algum conhecimento sobre

os novos cineastas brasileiros?

Não conheço a nova geração de diretores brasileiros. Gosto do Diários de motocicleta, do Walter Salles, e de Cidade de Deus, do Fernando Meirelles. Da antiga geração, gosto do Glauber Rocha. Também acho interessante o trabalho do José Mojica Marins, o popular Zé do Caixão.

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MúSICA » Caipira sinfônico. Com apresentações hoje e amanhã, chega a Brasília espetáculo que funde os dois gêneros, com a participação da Orquestra do Teatro Nacional(CorreioBsB - 17/10)

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Dércio Marques é um dos cantores que atuam no projeto, com arranjos do maestro Joaquim França

A incorporação de elementos do pop à música sertaneja tem sido promovida por duplas que fazem sucesso, atualmente, como Jorge & Mateus, Victor & Leo, Bruno & Marrone e Zezé Di Camargo & Luciano. Na contramão dessa proposta, surgiu uma outra que soou inusitada: a fusão do clássico com o caipira, num musical que depois de circular pelo país, chega a Brasília, para apresentações hoje, às 20h, e amanhã, às 10h e às 20h, na Sala Villa-Lobos.

Dirigido por Nilson Rodrigues, o espetáculo Brasil clássico caipira, com direção musical de Rildo Hora, tem arranjos e orquestração do maestro Joaquim França. Estruturado originalmente em um grupo de câmara de violinos, violoncelo, violão, contrabaixo, piano e percussão, será apresentado pela primeira vez com a participação de uma orquestra sinfônica, no caso, a do Teatro Nacional Claudio Santoro.

Sob a regência do maestro Cláudio Cohen, a sinfônica vai acompanhar cinco cantores, que interpretam clássicos do gênero. São eles: Dércio Marques, Pereira da Viola, Genésio Tocantins e As Irmãs Galvão. Haverá, ainda, a participação do ator Antônio Grossi, ao interpretar textos — histórias e causos da música caipira — que entremeiam as canções.

Recheado de pérolas da música caipira, o roteiro traz 22 clássicos, entre os quais Luar do sertão (Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco), Rancho fundo (Ary Barroso e Lamartine Babo), Cabecinha no ombro (Paulo Borges), Meu primeiro amor (Cascatinha e Inhana), Chico Mineiro (Tonico e Francisco Ribeiro), Tristeza do Jeca (Angelino de Oliveira), Chuá chuá (Pedro Sá Pereira e Ary Pavão) e Chalana (Mário Zan).

Idealizado em 2009 por Nilson Rodrigues, Brasil clássico caipira foi concebido para comemorar os 80 anos da gravação do primeiro disco do gênero, produzido pelo escritor, poeta e folclorista Cornélio Pires. O 78 rotações trazia de um lado Jorginho do Sertão, e do outro, Moda de peão. Já o espetáculo tem curadoria do radialista Adelson Alves. “Em Brasília, haverá a última apresentação do musical. Transformado em série de televisão, com o acréscimo de entrevistas, será exibido no próximo mês, em cinco capítulos, pela TV Brasil”, anuncia Rodrigues.

Riqueza

Para o maestro Cláudio Cohen, a fusão das duas linguagens deságua no que ele chama de caipira sinfônico. “A transposição agrega maior riqueza musical e detalhes sonoros, com uso de instrumentos próprios da música clássica, como violino, viola, violoncelo, oboé e flauta. Com isso, a música caipira ganha mais harmonia, maior brilho e terá a parte acústica valorizada”.

Estrelas da constelação do Brasil clássico caipira, as Irmãs Galvão (Mary e Marilene), que estão comemorando 65 anos de carreira, participam do projeto desde o início. “Ninguém tem a ideia do que esse espetáculo representa para nós. Quando vemos um gênero musical que é tão discriminado e posto de lado, recebendo esse tratamento respeitoso, nos enchemos de orgulho. Estamos honradas por fazer parte de um projeto tão significativo”, comemora Mary.

Músico e cantador mineiro, Pereira da Viola entende que o manancial artístico-cultural selecionado para o espetáculo representa “extratos muito representativos de uma música que atravessa séculos, mantendo-se na memória afetiva dos brasileiros, principalmente dos interioranos. Em boa hora, clássicos dessa música foram reunidos num espetáculo que tem sido aplaudido por onde passa”.

Visão semelhante tem o cantor e compositor Genésio Tocantins, outro participante do musical. “Brasil clássico caipira é um livro aberto da história da música popular brasileira. Sinto uma alegria imensa por estar ao lado, nesse espetáculo, de companheiros como Dércio Marques, Pereira da Viola e das queridas Irmãs Galvão, que lutam incansavelmente por manter viva e pulsante essa cultura tão nossa”.

Brasil clássico caipira

Espetáculo com Dércio Marques, Pereira da Viola, Genésio Tocantins e Irmãs Galvão e participação do ator Antônio Grassi, acompanhados pela Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, sob a regência do maestro Cláudio Cohen, com direção geral de Nilson Rodrigues, direção musical de Rildo Hora, arranjos e orquestração do maestro Joaquim França. Hoje, às 20h, e amanhã, às 10h e às 20h, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional. A entrada é gratuita, mas os ingressos devem ser retirados na bilheteria do teatro até uma hora antes do início do espetáculo. Classificação indicativa livre.

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SISTEMA PRISIONAL » 50 anos de políticas ineficientes. DF e Goiás esperam ajuda do governo federal para contratar pessoal e construir centros de detenção(CorreioBsB - 17/10)

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O aumento do número de policiais é uma das demandas mais urgentes. Apenas para a PM, reforço de 2,3 mil homens

A situação caótica do Entorno não é novidade para as autoridades. De acordo com o chefe do Gabinete de Gestão de Segurança Pública do Entorno do DF, coronel Edson Costa Araújo, são 50 anos tentando implementar políticas eficazes nas áreas de saúde, de educação, de infraestrutra e de segurança pública. Agora, a esperança é que a solução venha do governo federal. Em setembro, a presidente Dilma Rousseff mostrou a preocupação com os 19 municípios que circundam a capital federal e solicitou aos governadores do DF, Agnelo Queiroz (PT), e de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), que enviassem à Casa Civil um documento com as principais necessidades da região. O intuito é analisar a proposta para incluir o Entorno em ações do Programa de Desenvolvimento do Entorno.

Um levantamento feito pelo gabinete mostra que, para melhorar a segurança pública e o sistema prisional, seriam necessárias mudanças drásticas e grande investimento. Só em estrutura física, o pedido é que sejam liberados R$ 500 milhões para a construção de 11 presídios, 20 unidades de polícia pacificadora — no modelo das que funcionam no Rio de Janeiro — compra de mobiliário, equipamentos para as unidades, entre outros itens.

Para possibilitar que as atuais estruturas e as novas funcionem adequadamente, eles pedem um efetivo de 8 mil profissionais para a área de Segurança Pública do Entorno. Atualmente, são 2,7 mil. Isso representaria um gasto fixo de R$ 550 milhões anuais. A necessidade na Polícia Militar é que o efetivo aumente de 1,7 mil para 4 mil; na Polícia Civil, o salto precisa ser de 434 para 1.234; de 171 para 1.674 no Corpo de Bombeiros; 72 para 577 na polícia técnico-científica e um aumento de 238 para 956 agentes prisionais. Os gastos com armamento e custeio ficariam em R$ 70 milhões anuais.

O relatório com todas essas solicitações, além da inclusão de áreas essenciais, será entregue ainda este ano para a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hofmann. “Não adianta investirmos em estrutura se não tivermos pessoal. Elaboramos um programa largo que atenda todo o sistema. Ele deve ser discutido com os governadores do DF e de Goiás e com a ministra”, ressaltou o coronel Edson Costa. Ele acredita que o investimento do Governo Federal deve ser complementado pela proposta do senador Rodrigo Rollemberg de destinar, em 10 anos, 5% do Fundo Constitucional para o Entorno. “Temos que acabar com esse apartheid que existe entre o Entorno e o DF. Os investimentos precisam começar a vir da capital também. Os problemas das regiões estão diretamente ligados”, complementou.

A proposta é polêmica e desagrada o governador do DF. “É impossível retirar verbas do Fundo Constitucional. Ele é a sobrevivência da capital. Lançar mão desse recurso é colocar o DF sob ameaça”, afirmou Agnelo, em sessão solene em homenagem ao Dia das Crianças, na última quarta-feira, no Cento Comunitário da Criança, em Ceilândia. Ele alega que o PAC do Entorno, sugerido pela presidente da República, e outros programas seriam soluções mais corretas. “Uma grande intervenção será feita no Entorno, mas não com recursos do Fundo Constitucional”, reforçou Agnelo.

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