sexta-feira, 21 de outubro de 2011

VIDA RESTRITA. "Não basta conhecer bem a lei para ser um bom juiz"

Por Marina Ito

Quem pretende ser juiz federal precisa ter um mínimo de qualificações. E isso não significa apenas conhecer bem a lei. Passa também pelo domínio da gramática e até mesmo pela postura do candidato.conjur.com.br

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Quanto mais pobre o cidadão, mais impostos. Valor Econômico - 21/10/2011

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A partir da declaração do megainvestidor americano Warren Buffett, a terceira maior fortuna do mundo, pedindo aumento dos impostos para os mais ricos nos Estados Unidos, vários milionários europeus também passaram a defender essa medida naquele continente. Nesse contexto, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, encaminhou ao Parlamento proposta para que os ricos que tenham renda anual acima de € 500 mil passem a pagar uma sobretaxa provisória de 3%.

Esse fato é um bom motivo para discutirmos a carga tributária brasileira, já que nosso país é um dos mais injustos do planeta na cobrança da tributação. Os mais pobres são quem paga, proporcionalmente, mais tributos no Brasil, e não os ricos.

Nesse contexto, é importante lembrar que há um projeto de reforma tributária na Câmara dos Deputados que permanece "adormecido", aliás, como ocorreu com todos os outros elaborados nos últimos anos no Brasil. O debate em torno desse assunto no país acaba centrado em grande parte no aspecto da diminuição dos impostos porque a carga tributária é alta em relação aos serviços que o Estado oferece. Os que mais defendem a diminuição dessa carga são os empresários, baseados no argumento de que pagando muitos impostos seus negócios são dificultados. Fica praticamente excluída do debate a maioria da população brasileira e, principalmente, sua camada mais pobre - proporcionalmente a que paga mais impostos -, que não tem a menor ideia de quanto eles pesam no seu bolso.

Estudos desenvolvidos pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) comprovam claramente tal situação. Segundo um levantamento de 2008, pessoas cuja renda mensal familiar alcançava até dois salários mínimos comprometiam 53,9% de seus ganhos com o pagamento de tributos, enquanto que outras, com renda superior a 30 salários mínimos, comprometiam apenas 29%.

Outro dado de destaque nesse estudo do Ipea: um trabalhador que recebia até dois salários mínimos precisava trabalhar 197 dias para pagar os tributos, enquanto outro que ganhava mais de 30 precisava de três meses a menos de trabalho, ou exatos 106 dias.

Essa situação ocorre porque cerca de 50% da nossa carga tributária é indireta, isto é, incide sobre o consumo, atingindo indiscriminadamente toda a população, independentemente da renda e da riqueza de cada um. A cobrança da maioria dos tributos vem embutida no preço final das mercadorias. Vejamos um exemplo significativo:

Um cidadão que ganha R$ 1 mil por mês e coloca R$ 100 de gasolina no tanque do seu carro está pagando R$ 53 de impostos. Enquanto outro que ganha R$ 30 mil e abastece o tanque pelo mesmo valor também paga os mesmos R$ 53, levando isso à injustiça apontada.

Nos países capitalistas desenvolvidos, ao contrário daqui, a maior parte da carga tributária é direta e recai sobre a renda, a riqueza, a propriedade e a herança. Esses critérios são mais justos do que os existentes no Brasil porque tributa diretamente quem ganha mais e tem melhores condições de pagamento.

Segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), nos Estados Unidos a renda é responsável por 49% da carga tributária. Se comparado com o Brasil, que é de 19%, naquele país é 150% maior que a nossa. A média desse tributo nos países pertencentes à OCDE é de 37%, quase 50% maior que a brasileira.

Sobre a propriedade a carga americana é 10%, cerca de três vezes maior que a brasileira, que é de 3%. Na OCDE a média desse tributo é 6%, o dobro da nossa. Em relação ao consumo, ocorre justamente o inverso. Enquanto na carga tributária brasileira esse tipo de tributos representa em torno de 47%, na americana representam 16% e na OCDE ela representa na média, 37% do total. Esses dados confirmam que nos países desenvolvidos há muito mais justiça tributária que no Brasil.

Dois exemplos ilustram as diferenças entre aqueles países e o Brasil. Na Inglaterra, por exemplo, o imposto sobre a herança é cobrado há mais de 300 anos. Quando da morte da princesa Diana, em 1997, os jornais noticiaram que o fisco inglês cobrou de sua herança o imposto de US$ 15 milhões, metade dos US$ 30 milhões deixados para seus filhos. Naquele país, a taxação é apoiada até mesmo pelos conservadores. Segundo matéria da revista "Veja", publicada em setembro de 2007, o primeiro-ministro inglês Winston Churchil, que conduziu a Inglaterra na luta contra os nazistas, costumava dizer que o imposto sobre a herança era infalível para evitar a proliferação de "ricos indolentes". Por outro lado, no Brasil, o Imposto Territorial Rural - ITR arrecadado em todo o ano de 2007 e em todo território nacional, foi menor do que dois meses de arrecadação do IPTU da cidade de São Paulo. Esses dados falam por si.

Não há dúvida que esse é um tema delicado e já causou ou foi pretexto para inúmeras revoluções. Dois exemplos são significativos. A data nacional da independência americana, 4 de julho, faz lembrar que uma das razões que foram amadurecendo para o início da guerra de libertação foi a cobrança de impostos como o Sugar Act (1764), do Stamp Act (1765) e o Tea Act (Lei do Chá, 1773). No Brasil, a Inconfidência Mineira, tentativa de libertar o Brasil de Portugal, que resultou no enforcamento do herói Tiradentes e no desterro das lideranças envolvidas no movimento, teve como motivo principal da revolta a "derrama", isto é, a cobrança de impostos atrasados feita pelos colonizadores portugueses aos moradores de Minas Gerais.

Diante dessa realidade, é necessário e urgente abrir um espaço na mídia e na sociedade brasileira para discutir a enorme injustiça que há entre nós e, consequentemente a necessidade de aprovação de uma reforma em que os tributos diretos pesem mais que os tributos indiretos na composição da carga tributária. Isso significaria uma das formas mais importantes de redistribuir a renda entre nós.

Finalmente cabe uma pergunta: por que no Brasil os banqueiros, grande empresários do agronegócio, das empresas nacionais e multinacionais, não tomam a iniciativa que foi tomada pelos ricos nos EUA e na Europa, isto é, propõem uma sobretaxa sobre seus ganhos?

Odilon Guedes é mestre em economia pela PUC/SP. Professor universitário e membro do Conselho Regional de Economia-SP. Foi presidente do Sindicato dos Economistas no Estado de São Paulo, vereador e subprefeito de São Paulo.

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STJ está perto de permitir casamento homossexual (Valor Econômico)

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Prêmios colocam cineastas na mira da censura do governo FSP 21.10

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Qualquer reflexão sobre o cinema hoje no Irã parte de uma constatação tão óbvia quanto surpreendente: no país dos aiatolás, a atividade cinematográfica é levada a sério. Para o bem e para o mal.

A relação entre o cinema e o governo de Ahmadinejad é marcada por uma contradição irremediável. Ao mesmo tempo em que desejam tirar proveito da uma imagem internacional de modernidade e sofisticação -que a arte carrega-, os comandantes do regime se sentem ameaçados pelo retrato do país que o cinema pode difundir.

É por tatear limites assim complexos que a censura é absolutamente imponderável. Exceção feita aos cineastas populares e oficiais, todos os outros aguardam o "sim" ou o "não" com apreensão.

Jafar Panahi e Mohsen Makhmabaf são vistos como inimigos. Ashgar Farhadi, de "A Separação", vencedor do Urso do Prata em Berlim, vai representar o país no Oscar.

Os próprios prêmios internacionais têm os dois lados da moeda. A visibilidade serve de escudo e também deixa o artista na mira do governo.

Não fosse o apoio da comunidade internacional, vários deles já teriam sido calados.

A Mostra, muito antes de a Primavera Árabe soprar, acolheu Makhmalbaf, Abbas Kiarostami, Panahi e outros.

Nessa disputa, o Brasil sempre teve um lado: o dos que acreditam que a beleza e a imaginação podem enfrentar o autoritarismo e a morte.

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"Rock Brasília" vai além das guitarras para contar a história. Filme de Vladimir Carvalho faz retrato impactante da geração de Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude FSP 21.10

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Poucos documentários na recente cinematografia brasileira nasceram com tanto potencial para as bilheterias como "Rock Brasília - A Era de Ouro". O motivo atende pelo nome Renato Russo.

No filme que chega hoje aos cinemas, Vladimir Carvalho completa uma trilogia documental sobre Brasília.

"Conterrâneos Velhos de Guerra" (1991) falava sobre a criação da cidade. "Barra 68" (2000) mostrava a invasão da UnB durante a ditadura.

Agora, ele enfoca o surgimento de uma geração de bandas de rock que saiu de lá para fazer sucesso no país inteiro durante a década de 80.

O documentário centra atenção nas três principais do movimento: Legião Urbana, Plebe Rude e Capital Inicial. A primeira extrapola as classificações musicais para entrar na galeria dos fenômenos culturais brasileiros.

A figura quase messiânica de seu líder, o cantor e compositor Renato Russo (1960-1996), foi aglutinadora da garotada local que formou bandas inspiradas no movimento punk inglês dos anos 70.

Carvalho registrou material com os roqueiros desde seus primeiros shows, ainda nas calçadas da capital. Nessas imagens antigas, as entrevistas contundentes de Renato Russo vão conquistar as gerações de fãs que a banda arregimentou até hoje.

Nada é mais impactante do que o registro do show da Legião Urbana no estádio Mané Garrincha, em 1988. A tensão entre os 50 mil presentes explodiu em confronto do cantor com o público. O show não acabou, e o documentário mostra a revolta dos fãs.

"Rock Brasília" passa pelo filtro da emoção, a partir de uma escolha feliz do cineasta. Ele contra parte da história em depoimentos dos pais dos garotos das bandas.

O resultado evidencia como a fúria roqueira era rito de passagem de uma geração vivendo sob o regime militar. Longe de panfletagem, o filme faz um retrato carinhoso sobre o amadurecimento.

Talvez algum fã reclame que o filme tenha pouco rock e muita conversa. Sim, mas a música está nos discos. As revelações de "Rock Brasília" valem mais do que três acordes de guitarra.

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CARLOS HEITOR CONY. O primeiro livro. Várias vezes, no passado, pensava em colocar papel na minha velha Remington portátil e começar do zero FSP 21.10

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DEZEMBRO DE 1997 - Estou reescrevendo "O Ventre", meu primeiro livro. Não esperei que a Companhia das Letras me mandasse o disquete, pedi que Flavinha digitasse o texto da sexta edição (Civilização Brasileira) e comecei a mexer fundo. No início, timidamente, depois fundamente. Sem alterar a história e o clima, estou fazendo, em termos de linguagem, um novo livro.

Afinal, 40 anos me separam do texto inicial de minha carreira. Nunca tive tempo para a revisão criteriosa, e no pouco que mexi, havia preguiça.

Várias vezes, no passado, pensava em colocar papel na minha velha Remington portátil e começar do zero. Agora, com o computador, com texto já digitalizado, podendo ser alterado, eliminado, acrescido, ficava difícil resistir à tentação.

Será realmente um texto novo para um romance antigo. Machado de Assis fez o mesmo, pelo menos há uma nota na terceira edição de "Brás Cubas" em que ele confessa que cortou "três dúzias de linhas" e "alterou palavras aqui e ali". É mais ou menos o que estou fazendo, embora em escala bem maior.

Afinal, o "Brás Cubas" pertence à fase madura de Machado, e não ao início de sua carreira.

"O Ventre" é o meu primeiro livro, quando não tinha nenhuma técnica e não dominava a linguagem. Pior: foi o único livro meu que escrevi diversas vezes, com versões até contraditórias.

Lembro que o Ênio Silveira, meu editor, já havia lido o original que lhe encaminhei em 1956 e decidira publicá-lo em grande estilo, apesar de a cópia que lhe entreguei ter saído lamentável.

Mas aí surgiram fatos novos: um parecer anônimo da Companhia Nacional (que era a matriz paulista da Civilização) reclamava do conteúdo do livro, dando razão à comissão que julgou o prêmio Manuel Antônio de Almeida, considerando-o o melhor dos concorrentes, mas negando-lhe o prêmio (que não foi dado naquele ano) devido à rudeza da linguagem e, sobretudo, pelo conteúdo sombrio e imoral.

E houve a publicação dos contos de Guimarães Rosa ("Corpo de Baile"), uma bomba literária, que mexia fundamente com a linguagem e a técnica da ficção. Até então, eu nunca tinha lido Guimarães Rosa, que mais tarde foi meu amigo e vizinho do Posto 6. A pedido do Ênio chegamos a fazer um livro juntos ("Os Sete Pecados Capitais").

Fiquei confuso. Afinal, minha formação no setor da literatura brasileira era concentrada em Manuel Antônio de Almeida, Lima Barreto e Machado de Assis.

Somente fui ler nossos autores contemporâneos depois de ter escrito o primeiro livro.

A explosão do Rosa me baratinou, evidente que não me atraiu pela sua temática, com a qual não tinha qualquer afinidade, mas me seduzi pela sua linguagem, que era nova, instigante. Nunca tentei imitá-lo, nem mesmo tomá-lo como ponto de referência.

Descobrindo uma nova expressão para contar uma história, enxuguei de tal maneira o texto de "O Ventre" que ele ficou absurdo, para não dizer que ficou idiota.

Senti isso e mais uma vez o reescrevi, "da capo", tentando voltar ao meu texto original, que resultou numa mistura complicada e ridícula. Há capítulos em que me derramo, outros em que me mutilo, enfim, o texto que serviu de base à primeira edição e seguintes foi lamentável.

Apesar disso, tive boa crítica, algumas espinafrações veementes, mas há aqueles que o consideram como o meu melhor livro, inclusive o próprio Ênio, que leu todos os meus outros livros, inclusive o "Quase Memória" que lhe entreguei no Procardíaco, uma semana antes de sua morte.

Eu sentia a fragilidade do texto, embora assumisse a história. Estava apenas perdido em questão de linguagem; na realidade, ainda não tinha uma. Só agora, 40 anos depois, e com a facilidade do computador, encontrei o estilo que me satisfazia, embora nem sempre o considere adequado ao tipo de histórias que pretendo contar.

Vou agora publicá-lo em nova editora. Estou na metade do livro, em sua sétima edição. Terminei ontem a revisão da primeira parte, Flavinha garante que terminará a digitação na segunda-feira; no fim da semana, pretendo entregá-lo ao Luiz Schwarcz. Incluirei uma pequena nota como a de Machado de Assis, que em Brás Cubas mexeu em apenas "três dúzias de linhas".

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Banquete audiovisual. Mostra Internacional de Cinema está de luto pela morte de Leon Cakoff, mas exibirá um rico programa de filmes FSP 21.10

Apesar do luto depois da morte do diretor da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Leon Cakoff, falecido há uma semana em decorrência de um câncer, a trigésima quinta edição do evento será realizada a partir de hoje. Uma nova regra restringiu a seleção apenas a filmes estrangeiros inéditos no Brasil e colocou a mostra em concorrência direta com a seleção do Festival do Rio, encerrado na última terça-feira. Na capital paulista, serão exibidos 250 títulos até 3 de novembro. Nos anos anteriores, sem a restrição do inetidismo, chegaram a ser exibidos pelo menos 400.

Os filmes mais aguardados são os que passaram pelos Festivais de Cannes, Berlim e Veneza deste ano. Do diretor russo Alexander Sokurov, será apresentando Fausto, que venceu o Leão de Ouro na Itália. O garoto da bicicleta (filme da noite de abertura), dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, e Era uma vez na anatólia, de Nuri Bilge Ceylan, dividiram o Grande Prêmio do Júri em Cannes. É chance também para assistir Caverna dos sonhos esquecidos, o documentário produzido em três dimensões por Werner Herzog, que teve acesso a uma caverna com pinturas pré-históricas na França. O segundo filme de animação da quadrinista Marjane Satrapi (Persépolis), Frango com ameixas também está na programação. Assim como Habemus papam, o novo filme do italiano Nanni Moretti.

Condenado a seis anos de prisão domiciliar em seu país, o diretor iraniano Jafar Panahi produziu um documentário justamente sobre a reclusão em sua casa. O fato transforma as sessões de This is not a film numa espécie de demonstração de apoio vinda aqui do Brasil. Muitos títulos brasileiros que estão sendo muito aguardados serão exibidos na mostra este ano. É o caso da adaptação do livro de Marçal Aquino feita pelo cineasta Beto Brant Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios. Assim como o novo documentário de Eduardo Coutinho, As canções, e Amanhã nunca mais, de Tadeu Jungle.

Filmes clássicos que acabaram de ser restaurados: Taxi driver, de Martin Scorsese, Laranja mecânica, de Stanely Kubrick e 1900, de Bernardo Bertolucci ganharão exibições especiais. O documentário Era uma vez… Laranja mecânica, sobre os bastidores do clássico de Kubrick dirigido pelo francês Antoine de Gaudemar, é uma das atrações. O norte-americano Elia Kazan autor de Sindicato de ladrões, Uma rua chamada pecado, A luz é para todos ganhará retrospectiva e está prevista a visita da viúva do cineasta ao Brasil. Também serão exibidos filmes do diretor armênio Sergei Parajanov de A cor da romã, com exposição dedicada a ele no Museu da Imagem e do Som.

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MARIA ALICE SETUBAL. Até quando vamos tolerar desigualdades? Temos a chance de fazer a revolução educacional que a sociedade demanda, mas para isso precisamos superar a aceitação das desigualdades FSP 21.10

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Não podemos aceitar como inevitáveis as cenas de guerra entre policiais, exército e moradores de comunidades vulneráveis a que assistimos diariamente pela mídia, assim como não é natural que grande parte da população sofra com falta de saneamento básico, vivendo em moradias precárias, em locais com poucos equipamentos de saúde, esportes e cultura, onde a violência e o tráfico de drogas denunciam a falta do Estado e de políticas públicas.

Não é normal que apenas 18,4% das crianças de zero a três anos tenham acesso à creche e que 25% das crianças de quatro a cinco anos estejam fora da educação infantil. É inadmissível que somente 51% dos jovens de 15 a 17 anos cursem o ensino médio. Ou ainda salas de aula fechadas por péssimas condições e Estados que não cumprem a lei do piso salarial dos professores, acordado em torno de R$ 1.200.

Enfim, não podemos permitir a perpetuação das desigualdades educacionais evidenciadas pelos resultados pífios de escolas de territórios de alta vulnerabilidade social das grandes metrópoles e de escolas dos pequenos municípios rurais nas avaliações nacionais.

E o que nós, cidadãos, empresas e organizações podemos fazer? Devemos nos unir para pressionar nossos governantes, para que façam valer o direito a uma educação de qualidade para todos.

Soluções isoladas não apresentam resultados efetivos e ainda aumentam as desigualdades, caso das empresas que investem na capacitação de seus funcionários como resposta ao "apagão da mão de obra" ou que abrem escolas de excelência para poucos afortunados.

Não é aceitável que tenhamos escolas boas para a classe média alta e escolas ruins para as crianças pobres. A educação de qualidade ainda é vista como privilégio de poucos. É natural querermos o melhor para os nossos filhos. Entretanto, se não reivindicarmos melhores escolas para todos, aumentaremos ainda mais o fosso da desigualdade na nossa sociedade.

Como parte dos países emergentes, o Brasil finalmente tem voz. No entanto, ainda não mostramos a que viemos e como podemos fazer a diferença e influenciar o mundo.

Muitos apontam que essa influência se dará pela riqueza da nossa biodiversidade e pela possibilidade de mostrarmos saídas para uma sociedade sustentável. Ou, ainda, pela nossa miscigenação, capacidade de articulação e diálogo para alcançar consensos e lidar com o diferente e, finalmente, nossa alegria e criatividade, dimensões cada vez mais valorizadas no mundo contemporâneo. Nesse cenário, a educação tem um papel primordial.

Priorizar a educação é nos indignarmos com o fato de não garantirmos ainda que nossas crianças e jovens tenham uma aprendizagem adequada. É incorporarmos de forma radical, como fizeram Xangai, Finlândia e Canadá, primeiros colocados nas avaliações educacionais internacionais, o direito de cada um e de todos a uma educação de qualidade e que responda aos desafios do século 21.

Para isso são necessários professores bem formados e comprometidos e, sobretudo, gestores que desenhem políticas e deem as condições necessárias para que as escolas possam cumprir suas metas.

Obviamente, isso exige recursos para a qualidade das instalações, dos profissionais e dos materiais didáticos. Temos a chance de fazer a revolução educacional que a sociedade brasileira demanda, e temos valores que podem viabilizar um modelo educacional consistente com o mundo contemporâneo.

O que precisamos é superar a aceitação das desigualdades, nos unirmos na indignação e fazermos valer o direito de todos a uma escola pública de qualidade.

MARIA ALICE SETUBAL, doutora em psicologia da educação pela PUC-SP, é presidente dos conselhos do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária, da Fundação Tide Setubal e do IDS - Instituto Democracia e Sustentabilidade.

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Presidente ordena auditoria informal no ministério. A presidente Dilma Rousseff vai acompanhar pelos próximos dias a situação do ministro do Esporte, Orlando Silva, para então definir seu futuro. FSP 21.10

A Folha apurou que, por determinação do Planalto, a Controladoria-Geral da União vai fazer uma varredura nas ações e contratos da pasta que foram alvo de denúncias para embasar a decisão do Planalto.

A presidente reuniu por mais de duas horas sua equipe no Palácio do Alvorada ontem à noite assim que chegou da África.

Os ministros presentes fizeram um diagnóstico pessimista do noticiário. Mesmo assim, o governo quer identificar ele próprio a situação no ministério e checar se há esquemas de corrupção na pasta.

Será feita uma avaliação minuciosa para identificar a extensão real das supostas irregularidades e das condições políticas de Orlando Silva conduzir a organização da Copa.

Esses, segundo interlocutores do governo, serão os dois pontos decisivos para determinar se o ministro continua ou não.

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Meio século de Aruc. A Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro comemora 50 anos com shows de Monarco e da Velha Guarda Portela, Evandro Barcellos e Makley Matos CorreioBsB 21.10

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Referência do samba em Brasília, a Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro (Aruc) é um pedacinho do Rio de Janeiro na cidade. Era na casa do então militar Paulo Costa que funcionários públicos transferidos da capital fluminense se reuniam para criar eventos de esporte e música. Os encontros cresceram a tal ponto que a associação se transformou em uma das principais escolas de samba de Brasília, a Aruc, que comemora hoje 50 anos.

A festa começa às 20h e conta com importantes nomes do samba carioca, como Monarco e da Velha Guarda Portela, Dorina e Marquinhos Diniz. Evandro Barcellos, Makley Matos, grupo Luz do Samba e Bateria Nota 10 completam a programação.

“É uma alegria enorme participar dessa celebração. A Portela é madrinha da Aruc, assim, será uma festa para as duas. Ficamos muito honrados”, diz Tia Surica, integrante da Velha Guarda, que desembarcou essa semana de uma turnê na Europa. “Minha relação com a Aruc vem de muitos anos. A Velha Guarda foi à escola várias vezes. Aí temos um tratamento especial porque o pessoal gosta do samba carioca. Não teremos muitas novidades no repertório, mas os fãs podem esperar por Quantas lágrimas, de Manacéia; Coração em desalinho e Vai vadiar, composições minhas com Ratinho e, claro, o hino da Portela. Vai rolar o samba puro, da antiga, porque este é o nosso papel: manter acesa a chama do samba tradicional”, completa Monarco.

Com 33 anos de Aruc, Evandro Barcellos lembra como chegou à quadra no Cruzeiro. “Comecei tocando cavaquinho nos desfiles e, depois, entrei para a Ala de Compositores. Mas até quando morei fora, não conseguia ficar longe da escola. Eu vivi no Rio e de lá produzia os shows que iam acontecer aqui”, conta. Ao lado de Makley Matos, ele acompanhará Dorina e Marquinhos Diniz. “Vamos cantar muito partido-alto e samba de raiz”, adianta.

Amor azul e branco

Com 50 anos, 46 desfiles e 31 títulos, a Aruc coleciona histórias. De 1986 a 1993, a azul e branco levou todos os títulos e tornou-se a primeira e única escola de samba no Brasil a ser octacampeã. “Superamos até a Portela, que ganhou sete vezes na década de 1940”, recorda Moacyr de Oliveira, o Moa, presidente da agremiação. Curiosamente, a oitava vitória veio com Portela, de Paulo a Paulinho, homenagem à madrinha carioca.

Primeira escola convidada a desfilar num 7 de setembro, em 2011, ela foi palco de momentos inesquecíveis, com shows de Cartola, João Nogueira, Zeca Pagodinho e Beth Carvalho. Outra alegria: em 2009 ela foi reconhecida como Patrimônio Cultural e Imaterial do Distrito Federal. Mas nem todo carnaval é marcado por glórias. Em 1974, uma crise interna e o número reduzido de integrantes levou a Aruc à desclassificação.

Campeã neste ano com Aruc jubileu de ouro — Uma história de amor em azul e branco, o enredo foi o ponto de partida para as comemorações de meio século de samba e revela o carinho com os moradores do Cruzeiro. “A comunidade está presente sempre. O pessoal transforma a Aruc na extensão da sua casa. Sempre que pinta uma dificuldade, ela não nos deixa na mão. No último samba-enredo, um trecho dizia: ‘A comunidade me socorre’. Foi inspirado em Agoniza, mas não morre, de Nelson Sargento”, orgulha-se Moa.

Depoimentos

“A Aruc foi fundada na quadra 16. Vim para Brasília em 1959, transferida do Rio de Janeiro. Na época éramos 20 componentes. Nos reuníamos e começávamos a batucar em caixas de fósforo, tampa de panela. Um dos moradores disse: ‘Vamos fazer uma escola de samba’. A gente riu e achou melhor fazer um bloco de carnaval. Mas ele insistiu: ‘Vamos começar do alto’. E foi assim que em 1961 desfilamos pela primeira vez com o enredo JK — Cidade de Deus. Minha filha Leila foi a primeira porta-bandeira mirim. Quando Natal da Portela veio a Brasília batizar a escola, foi um momento inesquecível. Acho que ele imaginava que chegaria aqui e acharia um deserto, mas viu o Cruzeiro, a cidade do samba. Foi muito emocionante porque a gente espera tudo nessa vida, mas ser homenageado por uma escola como a Portela foi demais”.

Dona Ivone Araújo, 80 anos, fundadora da Aruc

“Em 1977, o enredo foi Chico Rei, sua história e sua glória. E, para escolher qual seria o samba vencedor, o presidente na época, Nilton Sabino, convidou vários jurados, entre eles, a professora Carvieicha. Porém, no dia da votação, Sabino não pôde comparecer e eu fiquei como responsável pelo evento. Para minha surpresa, na hora da apuração, a professora não tinha dado nota. Ela disse que os salgadinhos oferecidos estavam muito gostosos, que a festa era muito bonita e que ela não tinha ido lá para ficar dando nota. Quase fui à loucura. E, para piorar, dois jurados disseram que só entregavam o mapa de apuração na presença do Sabino. O jeito foi fazer a apuração sem as três notas. No fim, deu tudo certo, mas só eu sei o sufoco que passei”.

Hélio dos Santos, 58 anos, ex-presidente da agremiação.

ARUC 50 ANOS

Hoje, a partir das 20h, shows com Monarco e a Velha Guarda da Portela, Dorina, Marquinhos Diniz, Evandro Barcellos, Makley Mattos, Bateria Nota 10 e os grupos Luz do Samba e Samba do Karrapixo, na Aruc (Área Especial nº 8, Cruzeiro Novo; 3361-1649). Entrada: 2kg de alimentos não perecíveis. Não recomendado para menores de 16 anos.

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ROCK » Três acordes etílicos. Gravado em dois dias, No bar, segundo disco da banda brasiliense Gramofocas, captou em estúdio a energia do trio ao vivo CorreioBsB 21.10

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O boteco onde os Gramofocas se reuniam serviu de inspiração para letras, arte do encarte e cenário para fotos

Uma década separa Amor, cerveja e sessão da tarde, a segunda fita demo da banda Gramofocas, e No bar, o segundo CD do trio brasiliense — que será lançado esta noite, com show no Cult 22 Rock Bar. Nesse meio tempo, muita coisa aconteceu com o grupo de Paulo Rocker (baixo e voz), Pedro Silva (guitarra e voz) e Victor Amigo Punk (bateria). O primeiro disco, Sempre que eu fico feliz eu bebo, saiu em 2005. Três anos depois, foi a vez de Gang bang, CD dividido com a extinta banda Capotones. Em 2009, o guitarrista lançou A aurora do deicida, estreia de sua nova banda, Pedrinho Grana & Os Trocados.

Na avaliação de Paulo, No bar é ao mesmo tempo uma evolução em relação ao primeiro disco e uma volta às raízes da banda (que começou as atividades em 1998). “No disco dividido com os Capotones, a gente se perdeu um pouco. No CD novo, a gente voltou. Ele consegue ser mais Gramofocas do que o primeiro”, compara o baixista. “O primeiro era mais variado, eclético de certa maneira. O novo é bem cru, sem muita firula”, acrescenta Pedro.

Como indicava a fita cassete de 10 anos atrás, amor, cerveja e sessão da tarde são inspirações primordiais para os Gramofocas. E em No bar não é diferente. Oito das 16 faixas têm citações etílicas, duas reproduzem áudios tirados de comédias dubladas e tantas outras falam das desventuras românticas dos rapazes.

Copo sujo

A capa, o encarte e uma música do disco fazem referência ao boteco onde eles beberam incontáveis litros de cerveja barata. “Eu e o Pedroca morávamos lá perto. Durante muitos anos, sem grana, a gente vivia ali. Crescemos, paramos de ir lá, começamos a tomar cervejas melhores. Mas foi parte da nossa história. E é legal remeter a alguma coisa de Brasília”, comenta Paulo, 30 anos. “O que mais me incomodava eram os copos sujos desse bar. Às vezes, eu pegava um copo de plástico no posto de gasolina ali perto”, diverte-se Pedro, também 30 anos.

No bar foi gravado em dois dias, em agosto do ano passado. “A gente ensaiou muito. E a ideia era gravar todo o instrumental junto, para soar bem verdadeiro”, conta Paulo, que nesse disco assumiu o posto de vocalista, antes dividido com Pedro. A gravação relâmpago — que contou com posteriores colaborações do guitarrista André Vasquez, dos Sapatos Bicolores — resultou em um disco com a pegada que o grupo tem nos shows.

E se a ideia era soar mais Gramofocas do que antes, a opção funcionou. Os três acordes do punk rock dos Ramones e os coros dos Toy Dolls são inspirações que sempre estiveram presentes no DNA sônico da banda. Mais do que emulá-los, os Gramofocas deglutiram essas influências e as tornaram suas, a ponto de as músicas expressarem, acima de tudo, a inconfundível personalidade sonora da banda.

Treze anos depois, o que mantém os Gramofocas na ativa? “Nossa música é simples e tem muita energia. E a melhor coisa é dividir essa energia com o público”, afirma Pedro. Uma coisa que dá para reparar é que algumas musicas falam da própria banda, como Paracatu, A gente vai beber e Motoboy — que cita uma outra música nossa, Paraty surf. E isso é amor. A gente vive muita coisa e se diverte muito juntos. Não dá para enjoar disso, saca?”, arremata Paulo.

No bar

Segundo disco da banda brasiliense Gramofocas. 16 faixas. 53 HC/ V8 Sounds. R$ 15. Show de lançamento hoje, às 22h, no Cult 22 Rock Bar (Centro de Atividades 7, Lago Norte). Abertura: Sapatos Bicolores. Discotecagem com Lucas Billy e Olavo Perigoso. Entrada: R$ 10, at

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TEATRO » Competição brasiliense . Vestida de mar, de Ricardo César, concorre à estatueta de espetáculo CorreioBsB 21.10

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Sete grupos selecionados, de acordo com critérios como diversidade de linguagem, visibilidade, inserção social e técnicas de montagem, participam do 9º Prêmio Sesc do Teatro Candango até o dia 28, no Teatro Garagem. Realizada há nove anos, a mostra competitiva distribui um total de R$ 20 mil em prêmios divididos em nove categorias e destinados a espetáculos do DF. “O que a gente vê ao longo dos anos é que a qualidade dos espetáculos aumentou bastante e a diversidade de linguagem também”, repara Ruggero Torquato, coordenador do prêmio.

Neste ano, foram 32 produções inscritas, todas já vistas no DF em temporadas ao longo de 2010 e 2011. Ineditismo não é uma preocupação para os organizadores da mostra. “A gente prefere que já tenha cumprido uma temporada. É um dos pontos do regulamento. Fazer uma mostra inédita é difícil porque Brasília não tem volume de produção e as pessoas precisam apresentar os espetáculos.” Entre os espetáculos selecionados, estão Vestida de mar, de Ricardo César; Pulsações, do Teatro do Instante; Entrepartidas, do Teatro do Concreto; Dunas, da Sutil Ato; e Avenca, da Trupe de Argonautas. A premiação está marcada para o dia 29, às 20h, no Teatro Garagem.

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TURISMO » Brasília seduz mais estrangeiros. No ano passado, 37,9 mil moradores de outros países vieram à capital, número 30% maior que o de 2009. Como a cidade vai sediar jogos das copas das Confederações e do Mundo, a expectativa do setor é de um crescimento ainda superior CorreioBsB 21.10

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Alemães, Frank e Christiane ficaram encantados com a arquitetura de Brasília

A arquitetura moderna e os traços de Oscar Niemeyer são os grandes atrativos de Brasília. Mas os visitantes que chegam à capital não passeiam apenas por monumentos e pontos turísticos. Eles movimentam vários setores da economia e ajudam a lotar bares, restaurantes e lojas. No ano passado, o número de turistas estrangeiros que visitaram a cidade aumentou 30%, em comparação com 2009. Ao todo, 37,9 mil pessoas de várias nacionalidades desembarcaram em Brasília e ajudaram a aquecer a economia local. A expectativa para os próximos anos é que o volume de visitantes continue crescendo. O anúncio, feito ontem, de que a capital vai sediar a abertura da Copa das Confederações, em 2013, e jogos da Copa do Mundo, em 2014, animou ainda mais empresários do setor de turismo.

Segundo Carlos Vieira, vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagem no DF, o anúncio oficial da Federação Internacional de Futebol (Fifa) é mais um incentivo para o segmento. “A expectativa é muito boa, porque a capital tem infraestrutura e será vitrine para a realização de outros eventos”, ressalta. “Toda a cadeia de turismo será beneficiada”, completa o vice-presidente da Associação Brasiliense da Indústria de Hotéis, Plínio Rabello.

Entre os visitantes estrangeiros que vieram à capital no ano passado, os vizinhos da América do Sul se destacam. Argentinos, chilenos, peruanos, paraguaios e uruguaios respondem por 36,4% do total de turistas que chegam a Brasília. Os americanos somaram 12,7%. Em 2009, eles respondiam por 25,6% do total.

Convenções, encontros e negócios ainda são os responsáveis por atrair a maioria dos visitantes. Dos 37,9 mil que estiveram na capital no ano passado, 44,9% afirmaram que não escolheram a cidade para passar férias ou se divertir, mas vieram representar empresas ou participar de eventos internacionais e de convenções. Apenas 9,5% dos turistas que passeiam pelas ruas da cidade buscam lazer. Desses, quase a metade se disse interessada em atividades relacionadas à natureza, como ecoturismo ou turismo de aventura.

Plínio Rabello, da indústria de hotéis, diz que é visível o maior fluxo de estrangeiros na cidade, mas ele conta que muitos ficam com uma má impressão por conta das fragilidades do transporte e da segurança pública. “O turista estrangeiro normalmente é qualificado, chega com referências de padrão internacional e com poder de gasto alto. Mas é complicado fazer turismo em Brasília. Como o visitante vai fazer um passeio a pé à noite como os de qualquer grande cidade fazem? A calçada é malconservada e as ruas são inseguras”, comenta.

Boa receptividade

Além disso, ele lembra que muitos visitantes ficam chocados com o problema da falta de manutenção de monumentos e com a ausência de infraestrutura para os turistas. “Não tem banheiros, falta sinalização turística e a conservação dos nossos monumentos está muito longe do ideal. Mas, por outro lado, todos os visitantes elogiam a receptividade dos brasileiros, que, mesmo sem falar a mesma língua dos turistas, se esforçam para ajudar e para se comunicar”, finaliza o vice-presidente da associação.

O guia turístico Roberto Torres recebe visitantes estrangeiros e domésticos há mais de 30 anos. Como fala várias línguas, entre elas inglês e alemão, trabalha quase sempre com turistas internacionais. Para ele, a situação do turismo em Brasília ainda está longe do ideal. “Não percebi esse aumento no fluxo. Pelo contrário, a cada mês, tínhamos um grupo de americanos, mas a operadora suspendeu os passeios a Brasília. Algumas agências brasileiras e de fora têm preconceito contra a cidade”, acredita.

No começo da semana, Roberto Torres guiou um grupo de 29 pessoas, entre alemães e austríacos. Os estrangeiros vieram para passar 15 dias no país, mas dedicaram apenas um dia a Brasília. Ainda assim, todos aproveitaram ao máximo a curta temporada na capital federal. Visitaram a Igreja Nossa Senhora de Fátima, a Igrejinha, conheceram a quadra onde fica o monumento desenhado por Oscar Niemeyer, a 308 Sul, e ouviram explicações sobre o projeto de Lucio Costa. Depois, passaram pela Esplanada dos Ministérios, pela Igreja Dom Bosco e pelo Memorial JK.

Os advogados alemães Christiane Wiesner, 32 anos, e Frank Stoever, 47, estavam no grupo. Eles ficaram encantados com a arquitetura de Brasília e se surpreenderam com o fato de a capital ter sido construída em apenas três anos. “Percebemos as influências de Le Corbusier nas obras da cidade e ficamos encantados com a arquitetura”, conta Christiane. “No início, estávamos com receio de ir a Brasília, já que nossa prioridade era visitar o Rio de Janeiro e a região da Amazônia. Mas a cidade foi incluída no roteiro e não nos arrependemos de jeito nenhum”, afirma Frank.

Ranking nacional

Brasília está entre as 15 cidades do país mais visitadas por turistas estrangeiros. Pesquisa realizada a pedido do Ministério do Turismo e da Embratur mostra que a cidade é a 11ª na preferência dos gringos. A capital federal subiu três posições no ranking e cresceu sua participação no ano passado.

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PREVENçãO » Hábitos saudáveis contra a osteoporose CorreioBsB 21.10

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A partir de amanhã, o Ministério da Saúde começa a mobilização nacional de prevenção à osteoporose. As atividades estão ligadas ao dia mundial de combate à doença, que atinge os ossos, lembrado hoje. A campanha deste ano terá como foco o público infantil, e o governo pretende estimular hábitos saudáveis para prevenir o número de casos no país.

Os pais serão orientados a oferecer aos filhos uma boa alimentação, rica em cálcio, nutriente encontrado de forma abundante em leite e derivados. Nesta sexta-feira, a comunidade científica discutirá o tema na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), das 9h às 16h. No sábado, o evento acontecerá no Parque da Cidade, das 9h às 12h.

Entre as medidas recomendadas por técnicos da pasta estão a redução no consumo de refrigerantes, a prática de atividades físicas e a exposição ao sol. Segundo Luiza Machado, coordenadora nacional de Saúde do Idoso do Ministério da Saúde, é importante que as crianças peguem sol sem filtro solar, das 8h às 10h, para a fixação do cálcio nos ossos por meio da vitamina D. “Tudo o que fazemos ao longo da vida se reflete quando ficamos idosos. O nosso osso perde massa e isso aumenta a fragilidade. Queda em idosos é um problema de saúde pública. Precisamos mudar esse quadro”, afirmou.

Fraturas

Dados do Ministério da Saúde mostram que cerca de 10 milhões de pessoas sofrem de osteoporose no país. Estima-se ainda que um milhão de brasileiros terão fraturas osteoporóticas a cada ano. Com base nisso, o governo federal pretende diminuir em 2% ao ano a taxa de internações hospitalares.

Além da campanha de mobilização, foram firmados acordos com estados e municípios para a redução das ocupações de leitos. Em 2010, o ministério gastou R$ 81 milhões com pacientes que apresentavam fragilidade nos ossos. Cerca de 74 mil cidadãos foram internados na rede pública por fratura de fêmur.

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