terça-feira, 18 de outubro de 2011

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"Na verdade, não sou um desenhista, mas um roteirista. Me meti a desenhar, a procurar atalhos para contar minhas histórias"

LEWIS TRONDHEIM Quadrinista Folha SP 18.10

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LITERATURA. Ferreira Gullar autografa livro em São Paulo

DE SÃO PAULO - O escritor e colunista da Folha Ferreira Gullar autografa hoje, às 18h, na Casa do Saber (r. Dr. Mário Ferraz, 414, Itaim, tel. 0/xx/11/3814-5811), seu "Em Alguma Parte Alguma" (ed. José Olympio, R$ 30, 144 págs.).

Primeiro livro de poemas inéditos do maranhense nos últimos 11 anos, "Em Alguma Parte Alguma" celebra também os 80 anos de Gullar, que venceu o Prêmio Camões no ano passado. Seu livro anterior é "Muitas Vozes" (1999).

A nova obra trata de temas como a arte, o universo, o exílio, a morte e a pequenez do ser diante do Universo. Folha SP 18.10

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"Nós não vislumbramos uma redução dos investimentos"

Do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmando que o avanço da crise internacional não vai reduzir a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) do Brasil, pois os planos de investimentos no país estão mantidos e vão sustentar a capacidade de crescimento.Valor Econômico - 18/10/2011

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Energia e meio ambiente (O Estado de S. Paulo 18/10)http://clippingmp.planejamento.gov.br/

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Grave afronta à inteligência nacional (Valor Econômico 18/10)http://clippingmp.planejamento.gov.br/

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Comissão da Verdade está sob fogo amigo (Valor Econômico 18/10)http://clippingmp.planejamento.gov.br/

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Juristas querem mais rigor no Código Penal para motorista que bebe e mata (O Estado de S. Paulo 18.10 )http://clippingmp.planejamento.gov.br/

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País perde com guinada protecionista (O Globo 18.10)http://clippingmp.planejamento.gov.br/

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Na rede

Assim como fez Chico Buarque, Marisa Monte começou pela internet a pré-venda do novo disco, O que você quer saber de verdade. O lançamento oficial será em 31 de outubro. A cantora também programou aplicativos do álbum para iPhone e Android. Esse é o primeiro CD de Marisa, em cinco anos, apenas com faixas inéditas. CorreioBsB 18.10

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"O homem é um ator". Mitos do Teatro Brasileiro homenageia o mestre da dramaturgia Augusto Boal, com depoimentos dos diretores Amir Haddad e Aderbal Freire-Filho. Cecília Boal também falará sobre o legado do marido CorreioBsB 18.10

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Augusto Boal deixou 22 livros escritos, traduzidos para mais de 20 idiomas

“Existem lugares no mundo em que as pessoas conhecem ele e não conhecem Pelé.” A frase é do diretor e professor teatral Amir Haddad, sobre o amigo Augusto Boal, diretor, dramaturgo e ensaísta que influenciou profundamente a cultura brasileira e criou novos limites para o jogo dramático. O próprio Haddad já comprovou esse prestígio. Durante uma viagem à Alemanha, entrou em uma livraria e pediu obras sobre teatro. O vendedor, então, disse que mostraria a ele algo especial, e o levou a uma estante de livros escritos por Boal. O legado do criador do Teatro do Oprimido será foco de mais uma edição do projeto Mitos do Teatro Brasileiro, em cartaz hoje, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), a partir das 20h.

O método criado por Boal, hoje presente em mais de 77 países, nos cinco continentes, casava teatro com pedagogia, tendo a transformação social como alicerce. A ideia era usar a ação dramática para formar lideranças nas centros urbanos, subúrbios e comunidades rurais. “É o teatro no sentido mais arcaico do termo.

Todos os seres humanos são atores — porque atuam — e espectadores — porque observam. Somos todos espect-atores”, escreveu o próprio Boal. Utilizado por não atores, serviria como instrumento de reflexão política. Seu conjunto de exercícios e jogos cênicos resultou em um novo método de preparação de atores, que teve impacto mundial.

Amir Haddad, por sinal, é um dos convidados a participar da noite, com formato de teatro-documentário, e dar um depoimento sobre o diretor. “Ele era uma voz atuante, um emblema de resistência, de possibilidade de construção de um outro mundo. Não esse mundo de corrupção, discriminação racial, segregação, saneamento étnico, violência e injustiça”, defende. Em 1992, Boal candidatou-se ao cargo de vereador, pelo Rio de Janeiro, e Haddad era confundido com ele nas ruas. Ao sair da cabine de voto, ouviu de um eleitor: “Votei em você”. “Eu tinha orgulho em ser confundido com alguém que abriu caminhos importantes e corajosos para a população brasileira. Caminhos que vão além do discurso ideológico, são atitudes humanistas”, afirma.

Cecília Boal: luta para preservar o acervo do marido no Brasil

A atuação de Boal não se resume a elevar o teatro ao posto de ferramenta social e política. Antes do Teatro do Oprimido, que ganhou formatação nos anos 1970, durante o exílio que o levou a viver entre a Argentina e a França, ele já acumulava longa experiência nos palcos. Integrou o Teatro de Arena, uma das maiores companhias brasileiras, e dirigiu espetáculos históricos. Durante a ditadura militar, realizou o famoso show Opinião, com Zé Keti, João do Vale e Nara Leão, que depois seria substituída pela estreante Maria Bethânia. Deixou 22 livros escritos, traduzidos para mais de 20 idiomas. Em 2008, foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz, e no ano seguinte foi nomeado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) embaixador mundial do teatro.

Como Brecht

Quando Boal faleceu, vítima de uma leucemia, em 2009, o diretor Aderbal Freire-Filho declarou: “Ele é um dos deuses do arquipélago do teatro, um dos mitos da nossa religião”. Também convidado a falar sobre o amigo na homenagem, Freire-Filho defende que Boal, ao lado de mestres como Constantin Stanislavksi e Bertolt Brech, marcou o século 20. “O que esses mestres têm de maior é propor um avanço, fazer com que o teatro vá mais longe na relação com a sociedade”, defende. Outra contribuição marcante, aponta Freire-Filho, é a criação dos seminários de dramaturgia, que revelaram textos clássicos de Oduvaldo Vianna Filho e Gianfranceso Guarnieri.

Amir Haddad: saudades do colega e criador do Teatro do Oprimido

O tributo contará ainda com os atores J. Abreu, codiretor do evento, a atriz Sílvia Paes e atores da Cia. Trincheira de Teatro, em cenas inéditas criadas pelo dramaturgo Sérgio Maggio. A primeira delas evoca o Teatro Fórum, uma das bases do sistema desenvolvido por Boal.

Nele, a barreira entre plateia e palco é destruída e os espectadores dialogam livremente com os atores. Uma cena em que há conflito e opressão será apresentada, e o público poderá assumir o papel de protagonista, apresentando soluções possíveis. Na segunda encenação, será revivida uma história real, dos bastidores do show Opinião. Além de atriz do Teatro do Concreto, Sílvia é multiplicadora das técnicas de Boal no Centro-Oeste. “O Teatro do Oprimido não é utopia. Ele não transforma o mundo inteiro, mas transforma sua própria vida. Eu mudei, como mulher e cidadã”, afirma.

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CINEMA » A ciência vira arte

Mostra de documentários científicos, exibidos no CCBB, destaca a relação do homem com o universo CorreioBsB 18.10

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Cena do filme Os segredos dos números primos: uma interação com as leis da física e o planeta

Em 11 de março deste ano, um terremoto de magnitude 8.9 na escala Richter, com epicentro no meio do Oceano Pacífico, provocou a formação de uma onda gigante que atingiu a região de Sendai, no arquipélago japonês. O tsunami arrastou carros e casas, provocou enchentes, devastação e resultou em mais de 8 mil mortos. Depois do recuo das águas e da reconstrução do país, talvez a pior das ameaças, invisível e perigosa, não foi interrompida até hoje.

O vazamento de material radioativo dos reatores da usina de Fukushima para as águas do mar e para o ar continua ameaçando a população daquele país. O perigo radioativo que ainda ameaça o Japão é tema do documentário inédito Fukushima: mapeando a radiação, cuja estreia mundial será no próximo domingo, às 20h30, no Centro Cultural Banco do Brasil, durante a programação da 17ª Ver Ciência — Mostra Internacional de Ciência na TV, que será iniciada hoje, às 16h30.

Mapeando a radiação é uma produção da tevê pública japonesa NHK, responsável por reportar para o mundo, em noticiário todo falado em inglês, as informações sobre o que acontecia em Sendai. “Um grupo de cientistas voluntários testou os níveis da radiação e percebeu que está inaceitável. Mas, por razões de Estado, a NHK, que é uma emissora pública, tem um tratamento editorial alinhado às respostas dadas pelo governo japonês. Nós vamos passar o filme dentro da programação respeitando o direito a opinião no regime democrático. A ideia é levantar o debate sobre a energia nuclear, com seus méritos e problemas”, adianta um dos curadores da mostra José Renato Monteiro, sobre o documentário.

Conhecimento

Assuntos menos catastróficos, destinados a pessoas interessadas em astrologia, tecnologia, biologia e temas afins, também serão apresentados. “A mostra Ver Ciência é educativa sim, mas prefiro dizer que é cultural. A intenção não é ser necessariamente pedagógica. A busca pelo conhecimento científico e tecnológico faz parte do patrimônio da humanidade ao qual todo mundo tem de ter acesso. O esforço do homem para conhecer a realidade faz parte dos direitos humanos, na verdade”, afirma Monteiro. Outra produção da NHK, homenageada este ano, investiga a relação com os números primos e as leis físicas que regem o planeta em Os segredos dos números primos.

Como não poderia deixar de ser, os programas da rede inglesa BBC, com produções bem conhecidas dos brasileiros, bate ponto no Ver Ciência com um dia todo dedicado a ela. Na sessão Dia da BBC, a ênfase começa no universo microscópico dos elementos da tabela periódica de Química, uma história volátil: o poder dos elementos; passa pelo funcionamento do organismo humano em Dentro do corpo humano: do início ao fim; sai de um indivíduo e abarca a Terra em Estamos mudando nosso planeta?; até chegar ao universo inteiro As maravilhas do universo: poeira de estrelas. Claro, não faltam aos filmes da BBC o uso abundante de efeitos de computação gráfica e planos captados por microcâmeras incríveis.

» As mulheres e o Nobel

Programa contendo três cinebiografias de mulheres cientistas: a polonesa Marie Curie, descobridora da radioaividade e única cientista a ganhar dois prêmios Nobel de Ciência; a astrônoma chilena María Teresa Ruiz, que desenvolveu estudos sobre estrelas anãs e a existência de um superplaneta e, por fim, a história de Rosalind Franklin, cujo nome foi apagado da história de descoberta da dupla hélice da molécula de DNA em 1953. Os cientistas James Watson e Francis Crick teriam usado uma das fotos da pesquisa de Rosalind sem autorização e por meio da imagem alcançado uma das maiores descobertas do século 20.

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MPB » Sem medo de ser intensa. Em seu terceiro CD, Mariana Aydar passeia por caminhos diversos, do forró ao fado, com parceiros como Emicida e Luisa Maita CorreioBsB 18.10

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Mariana diz que escolheu as músicas "pelo coração": na lista, além das inéditas, entraram versões de Caetano, Zé Ramalho, Monarco e Romulo Fróes

Entre as guitarras e os sopros introdutórios dos 50 segundos de A saga do cavaleiro e o forró O homem da perna de pau, há um mundo que é vasto, mas não totalmente desconectado. Mariana Aydar nem precisou de tempo para perceber as conexões. Nascida e criada no ecletismo musical, a cantora e compositora ligou os pontos rapidinho. Cavaleiro selvagem aqui te sigo, terceiro disco da artista, é o seu trabalho mais autoral e artesanal.

Desde Peixes pássaros pessoas, lançado em 2009, Mariana alimenta seriamente o que começou com certa timidez. “Comecei a gostar muito dessa história de compor e passei a fazer pedaços de música, trechos e tal”, conta. “Depois analisei esse material e vi que tinha ali algo em comum, uma linha rítmica forte e uma influência afro-brasileira, moura, já intrínseca nas composições.” Para dar liga, chamou Duani, parceiro desde o primeiro disco, e o maestro e compositor Letieres Leite, dono do que ela chama de “musicalidade ancestral”. “E o Duani tem essa familiaridade com a música nordestina, o pop e o rap”, completa.

Gravado em estúdio e ao vivo, Cavaleiro selvagem aqui te sigo não teve interferências técnicas. Cada faixa foi gravada apenas três vezes. Mariana não quis modificar nada em estúdio para poder preservar ao máximo a espontaneidade e aproximar as sessões do clima de palco. “Fez toda a diferença”, garante. “Deu mais vida, mais calor ao disco. A gente se colocou prazos e limites, então teve todo esse sabor, sem nenhuma edição. O que está lá é o que a gente gravou.”

Cavaleiro selvagem aqui te sigo

Terceiro disco da cantora Mariana Aydar, produzido por Duani e Letieres Leite. Universal Music, 13 faixas. R$ 24,90.

Mariana não faz sozinha o percurso de nove faixas do disco. Em Solitude, ela dá a mão aos parceiros Jwala e Luisa Malta para, mais adiante, se juntar a Emicida em Cavaleiro selvagem. O rapper precisou adentrar o universo da canção para terminar o que ela havia começado. “Eu tinha esse pedaço da música encalhado, uma melodia que ficava rodando na cabeça. No Twitter, perguntei se alguém sugeria um parceiro e falaram no Emicida”, conta. “Ele entrou tanto na minha onda e na canção que fez as melodias que eu poderia fazer. A sagacidade dele é genial, muito raro de se ver.”

Com Tiganá Santana e Guilherme Held, ela fez a bucólica Floresta e foi beber em outras fontes com o reggae Nine of ten, de Caetano Veloso, e o forró O homem da perna de pau, de Edson Duarte. A faixa, aliás, trouxe de volta lembranças de que Mariana gosta muito, coisas do tempo em que ela cantava forró. “O disco tem essa influência, esse resgate das tradições nordestinas sem clichê, sem ser um disco de forró ou influenciado por ele”, observa. “Mesmo quando eu cantava forró, queria verter um pouco. O homem da perna de pau tem uma mensagem muito positiva. Escolhi basicamente por isso e virou um forró meio carimbó, meio brega. Forró é uma zona de conforto para mim, me sinto bem e feliz.”

Melancolia

A versatilidade de Mariana fica clara em Porto, um fado triste e lírico de Nuno Ramos e Romulo Fróes escrito com destino certo. Quando Fróes sugeriu que Mariana tinha algo da melancolia do fado português, ela não entendeu. Então veio a canção e uma viagem a Portugal. “Vi aquela intensidade nos fados, as pessoas cantam de olho fechado e eu sempre tive muito isso. Sempre fiz música com intensidade e acho que é isso que liga eu, Nuno, Romulo e o fado: não ter medo de ser intenso, não ter medo de ser triste.”

Tristeza, aliás, falta na música brasileira segundo avaliação da artista. “Às vezes eu sinto que a música atual tem uma ode à felicidade, a uma música mais de festa, mais pra cima. E essa carga emocional de tristeza, de intensidade existe, está aí, não temos que ter medo dela.”

O ecletismo do disco pode parecer bizarrice. “Tinha tudo para dar errado e dá certo”, brinca Mariana. Mas há algo de sincero na maneira como ela organiza os ritmos e passeia pela música brasileira. Paulistana de 31 anos, filha do músico Mario Manga, ela ouviu de tudo desde criança. “Mesmo o disco tendo essa influência afro-brasileira e o forró, eu não quis que os temas falassem sobre esse Brasil regional porque não faz parte do meu universo, não seria sincero. Então usei linguagens mais universais para que todo mundo possa se identificar.”

E nessa experiência, ela juntou um time disperso que tem ainda Zé Ramalho com Galope rasante e Não foi em vão, de Thalma de Freitas, um capricho acalentado por Mariana desde que ouviu a canção em disco da Orquestra Imperial. Para fincar os pés na tradição, ela incluiu sua versão de Vai vadiar, de Monarco e Ratinho. Escolhas emotivas, sem pudores ou ponderações quanto à originalidade. “Às vezes a gente fica meio cheio de dedos do que gravar ou não porque uma coisa já foi gravada. Eu, basicamente, escolhi as músicas pelo meu coração. Me arrepiou? Vou gravar.”

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MPB » Pra todo mundo cantar junto. Em Eternamente, Tunai revisita sucessos dos 30 anos de carreira CorreioBsB 18.10

Tunai pode se orgulhar. É difícil apontar um outro compositor brasileiro com músicas cantadas por tantas estrelas da MPB como ele. Elis Regina, Gal Costa, Nana Caymmi, Elba Ramalho, Simone, Ivete Sangalo, Milton Nascimento, Ney Matogrosso e Emílio Santiago são alguns dos intérpretes que já gravaram músicas desse mineiro de Ponte Nova, radicado no Rio de Janeiro há mais de três décadas e popularíssimo em Brasília.

Nas últimas vezes em que esteve na capital, Tunai falou com entusiasmo do CD com o qual comemoraria 30 anos de carreira como cantor. Eternamente, o álbum que acaba de chegar ao mercado, lançado pelo selo MZA Music, reúne 17 canções assinadas por ele — a maioria, sucessos que costumam ser cantados em coro pela plateia de seus shows.

Gravado entre abril e setembro de 2010, Eternamente ganhou registros com clima de “ao vivo”, embora tenham sido feitos em estúdio. “Com músicos maravilhosos, da importância de Wagner Tiso (piano), Robertinho Silva (bateria e percussão), Carlos Malta (sax e flauta), Victor Biglione (guitarra), Jurim Moreira (bateria), Luiz Alves (baixo) e João Baptista (baixo), pude explorar melodias de um repertório que está na memória de muita gente”, comemora.

Motivo para celebrar é o que não falta para Tunai. Nesse disco, além dos músicos extraordinários que o acompanham, ele teve ao seu lado — para criar versões dos clássicos autorais — Milton Nascimento, Simone, Zélia Duncan, Jane Duboc, Jorge Vercillo e Patrícia Mellodi. “É ou não é um luxo dividir arranjos com Wagner Tiso e ter comigo Luiz Alves e Robertinho Silva (outros dois integrantes do lendário Som Imaginário, do Clube da Esquina)?”

Certas canções, parceria de Tunai com Milton Nascimento, que a gravou originalmente, volta agora num dueto dele com o coautor. “Milton, com quem sempre mantive uma forte amizade, me presenteou ao participar também de outras duas faixas. Em As aparências enganam (lançada por Elis no LP Essa mulher, de 1979), faço um ‘trieto’ com ele e Simone; e em Rádio Experiência junto minha voz às de Bituca e Jorge Vercillo, com locução final do radialista Fernando Mansur, conterrâneo de Ponte Nova”, comenta.

Eternamente

CD de Tunai e convidados. Lançamento MZA Music, 17 faixas. Preço médio: R$ 20.

Ao recriar Frisson, seu maior sucesso radiofônico, Tunai dividiu a interpretação com Patrícia Mellodi. “Também me deu prazer enorme ter ao meu lado duas intérpretes do calibre de Zélia Duncan e Jane Duboc, fazendo duo em Eternamente e Olhos do coração, respectivamente”, elogia. Nessa última, uma das muitas parcerias do compositor com o poeta Sérgio Natureza, a letra foi feita em homenagem a Ray Charles, Stevie Wonder (responsável por um dos melhores shows do Rock in Rio) e José Feliciano — todos cegos.

Sozinho, o cantor exibe seu elogiado lado de intérprete, soltando a voz nas releituras de Sintonia, Só de amor e Blues afins; e nas inéditas Regina, Daniela (compostas para homenagear, na ordem, a mulher e a filha) e Manutenção, em que faz espirituoso autorretrato do cotidiano como músico e dono de casa. Com o disco enfim lançado, Tunai passa a cuidar da agenda de shows. No último dia 13, ele se apresentou no Rio de Janeiro, no Teatro Rival BR. Em 12 de novembro, estará no Tom Jazz, em São Paulo. “Estão sendo acertados outros shows para Belo Horizonte e Porto Alegre. Antes do fim do ano devo fazer o T-Bone, em Brasília”, avisa.

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MÚSICA » Chiquinha Gonzaga, primeira e única. Partituras da compositora estão disponíveis na internet a partir de hoje. Mais da metade é inédita. Alexandre Dias e Wandrei Braga preparam quatro recitais para o lançamento em Brasília, em novembro CorreioBsB 18.10

Há muitos “primeiros” na biografia de Chiquinha Gonzaga e todos eles estão muito associados à vida da compositora. “Primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil”, “primeira compositora popular”, “autora da primeira marcha carnavalesca”, pontuam os textos biográficos da artista, mas, quando se trata de conseguir partituras, a situação fica complicada. Chiquinha Gonzaga está entre os compositores brasileiros que mais produziram. No entanto, há pouquíssimo material disponível.

Essa constatação turbinou o ânimo dos pianistas Wandrei Braga e Alexandre Dias, dois fascinados pela obra da carioca. Graças a eles, Chiquinha será também a segunda artista brasileira a ter disponibilizada em rede a obra completa para piano. A partir de hoje, com um clique ou dois, qualquer músico do planeta pode baixar as partituras no site www.chiquinhagonzaga.com.br. O projeto segue os passos da empreitada já realizada pelos músicos com Ernesto Nazareth, cuja obra também está disponível na internet.

O trabalho é resultado de pesquisa iniciada há três anos com um garimpo que inclui revisão de obras já publicadas e editoração de partituras inéditas capazes de iluminar a trajetória artística da compositora. Chiquinha Gonzaga ficou mais conhecida pela vida do que pela obra. Compôs a primeira peça aos 11 anos e desbravou muitos cenários de exclusividade masculina naquele fim de século 19 e início de 20.

Além da marchinha Ô abre alas, era famosa pelo pulso forte e pediu o divórcio de um casamento precoce ainda na adolescência porque o marido encrencava com a dedicação da moça ao mundo musical. O problema é que as particularidades da vida da artista ofuscaram a obra. “Se você pedir para um chorão nomear 10 composições dela, ele vai falar Ô abre alas e mais duas ou três”, acredita Dias. “As pessoas não imaginam que ela tem mais de 300. Esse projeto revela um número imenso de gêneros que ela compôs. É conhecida pelas marchinhas, mas fez também mais de 40 valsas, peças sacras e peças de caráter erudito.”

Braga e Dias começaram a busca por partituras inéditas ou já publicadas em coleções de instituições públicas e particulares espalhadas pelo país até descobrirem que toda a obra de Chiquinha Gonzaga estava guardada no Instituto Moreira Salles (IMS). No ano passado, com patrocínio do edital Natura Musical, os músicos conseguiram se organizar para tocar o projeto de editar e disponibilizar as obras na internet. Mais da metade das partituras acessíveis a partir de hoje são inéditas, nunca foram sequer publicadas. Algumas, inclusive, consistiam apenas em manuscritos que precisaram ser editados e revisados. “Não são reproduções de partituras antigas, fac-símiles. Reeditamos tudo. Além disso, colocamos versões cifradas para quem não sabe ler partituras”, avisa Dias.

O site será lançado hoje no IMS do Rio de Janeiro, onde Braga e Dias fazem também dois recitais com algumas das composições inéditas encontradas durante a pesquisa. Em novembro, a dupla lança o projeto em Brasília com um programa de quatro recitais. No repertório entram valsas, composições sacras, como uma Ave Maria e um Agnus Dei, polcas e uma fantasia pela qual nutrem carinho especial. “Ela é uma surpresa porque a gente não está acostumado a ver a Chiquinha compor de forma tão rebuscada”, conta Dias.

Além de equipes de design e editoração, a dupla contou com a ajuda de Edinha Diniz, autora da biografia Chiquinha Gonzaga: uma história de vida e responsável pela primeira listagem de obras da compositora. A escritora produziu um texto para cada capa de partitura, mimo que vai ajudar músicos e curiosos a compreender um pouco mais das opções musicais da artista.

Um time de 17 professores da Escola Portátil de Música do Rio de Janeiro, especializada em choro e parceira do projeto, também preparou arranjos para composições inéditas a serem incluídas no repertório de um recital. “Agora, Chiquinha Gonzaga vai entrar para o hall de compositores brasileiros de fato, porque um compositor sem partitura disponível não serve para muita coisa”, avisa Braga.

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Redução do poder do CNJ trará impunidade, afirma corregedora. Em evento da Folha, ela reafirmou que bandidos usam judiciário para se esconder Folha SP 18.10

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A impunidade nos casos de crimes de juízes vai aumentar se o poder de investigação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) for diminuído, disse a corregedora do conselho, a ministra Eliana Calmon, em debate ontem à noite no auditório da Folha.

Há algumas semanas, ela foi alvo de uma polêmica envolvendo o judiciário e o ministro do Supremo Tribunal Federal Cesar Peluso, ao afirmar que existem bandidos "escondidos atrás da toga" no judiciário brasileiro.

A afirmação foi feita em resposta a uma ação da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) no STF, que tenta restringir o poder de investigação do CNJ.

Ontem, ela explicou que sua afirmação não foi genérica, mas reafirmou que há caso de bandidos que tentam se esconder atrás da Justiça.

"Não temos uma sociedade de santos, temos uma sociedade que tem um esgarçamento moral muito forte", afirmou a corregedora.

Segundo ela, o país tem uma tradição "patrimonialista", o Estado é efetivamente espoliado sem muito pudor, e naturalmente que o Poder Judiciário não pode ser diferente dos outros poderes e nem pode ser diferente da sociedade brasileira", afirmou.

A corregedora participou do evento que teve como tema a atuação do CNJ e que contou com a presença do presidente da Apamagis (Associação Paulista de Magistrados), Paulo Dimas Mascaretti, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

O encontro foi mediado pelo repórter especial da Folha Frederico Vasconcelos.

No final de setembro, ela criticou a iniciativa de juízes de tentar reduzir o poder de investigação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

"Acho que é o primeiro caminho para a impunidade da magistratura, que hoje está com gravíssimos problemas de infiltração de bandidos que estão escondidos atrás da toga", declarou em entrevista à APJ (Associação Paulista de Jornais).

O presidente do STF, Cezar Peluso, criticou publicamente as declarações de Calmon.

Peluso defende que as investigações contra magistrados comecem nas corregedorias locais e que o CNJ monitore esse processo.

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A jovem era das revoluções. A era das revoluções que estamos inaugurando promete muito menos sangue e poluição Folha SP 18.10

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ATENÇÃO! SE o seu filho, como os meus, frequentemente não escuta o que você diz e vive de cabeça baixa, batucando os dedos freneticamente no smartphone, ele pode estar tramando uma revolução.

Basta isso, um cantinho e uma conexão. Que as revoluções virão. Já estão vindo.

Sintomaticamente, começaram no mundo árabe, uma região sufocada e amordaçada durante décadas por tiranias que pareciam inexpugnáveis, mas que desmancharam rapidamente diante do novo poder popular de informação e de mobilização.

É um poder pulverizado por jovens digitalizados que muitas vezes, sozinhos de suas casas, colocam batalhões de ativistas nas ruas para enfrentarem tanques e baionetas nada virtuais.

Os jovens foram da frente da TV, uma janela com grades, para a frente da janela da web, enorme, escancarada. Nesse movimento, ganharam voz e ouvidos, ganharam dentes.

A internet é de todos e para todos, mas os jovens a dominam porque a criam e são criados por ela. Eles têm DNA digital. Agora as chances de suas ideias encontrarem eco e tração são muito maiores. O poder é jovem como nunca foi antes.

É notável a ausência de partidos políticos ou grupos organizados tradicionais, como igrejas e sindicatos, envolvidos na mobilização de milhares de pessoas em mais de 950 cidades de 82 países no sábado passado, uma "ola" global de protestos derivativa do movimento "Ocupe Wall Street", de Nova York.

Não há uma estrutura tradicional, mas uma ideia por trás dessa onda, a de que os modelos político e econômico não estão funcionando bem e que a correção necessária só virá com protestos de rua.

Concorde-se ou não com suas bandeiras, essa "ola" global é um marco histórico de organização popular horizontal, transnacional, digital e jovem. É uma prova cabal da erosão de fronteiras e outras inibições.

E é só o começo. Ou melhor, é só o começo do começo.

Estou em Paris para o 7º Fórum da Juventude da Unesco, a organização da ONU para a educação, a ciência e a cultura, da qual fui nomeado embaixador da Boa Vontade neste ano com meus amigos Vik Muniz e Oskar Metzavaht.

A sede da Unesco em Paris ferve com a emergência jovem. Essa organização respeitada e tradicional tem, como nenhuma outra, capacidade de apoiar e inspirar os jovens, reunindo representantes de dezenas de países e culturas para compartilhar experiências.

Todos devem participar dessa discussão. Ela é global e aberta (www.unesco.org). Estarão em Paris 250 delegados jovens dos 193 países-membros e mais de 250 observadores da sociedade civil. Precisamos entender como eles conduzirão as mudanças no mundo e facilitar essas transformações.

É preciso lembrar que, em vários países, os jovens já começaram a mudar o mundo começando por mudar o seu próprio mundo.

Eles estão usando armas como telefones celulares, câmaras digitais e redes sociais.

Essas armas transformaram protestos por democracia em revoluções populares. E ajudam a organizar campanhas por direitos humanos, por melhorias na educação e contra a corrupção.

Com o poder digital, o poder local vira global.

Qualquer um, de sua casa, pode participar dos fluxos ilimitados e incessantes que definem o nosso mundo contemporâneo: o fluxo de informações, de pessoas, de produtos.

É um fluxo global, transformador, que derruba todas as barreiras à frente.

A era das revoluções foi um termo usado para definir o período de movimentos tectônicos como a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, que mudaram o mundo antigo e moldaram a modernidade.

Vivemos no pós-moderno, no pós-tudo, que justamente por isso é pré-tudo. A era das revoluções que estamos inaugurando promete muito menos sangue e poluição. Seus motes são a colaboração, o respeito ao ser humano e ao ambiente.

Mesmo em meio ao pessimismo que vigora aqui no hemisfério Norte, há razões para otimismo. O fluxo será mais forte que o refluxo da crise econômica.

NIZAN GUANAES, publicitário e presidente do Grupo ABC

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