quarta-feira, 23 de março de 2011

Jabuti vai premiar apenas os primeiros


Segundo e terceiro lugares não sobem ao palco nem vão para a etapa final; categorias passam de 21 para 29
Mudanças têm como objetivo devolver prestígio e credibilidade ao mais tradicional prêmio literário do país
Fonte: folha.uol.com.br 23/03


Só o primeiro lugar de cada categoria será agraciado a partir de agora com o Jabuti, o mais tradicional prêmio literário brasileiro.
Não haverá mais distinção para segundo e terceiro lugares. Essa é a principal mudança do novo regulamento, anunciado ontem pela Câmara Brasileira do Livro.
"Queremos valorizar o vencedor de cada categoria e reduzir o número daqueles que sobem ao palco", explicou José Luiz Goldfarb, curador durante 21 dos 53 anos da premiação.
A mudança deve não apenas devolver prestígio ao vencedor de cada Jabuti, como também dar credibilidade ao prêmio. Explica-se: só os primeiros lugares vão concorrer agora ao grande prêmio de ficção e ao grande prêmio de não-ficção. Antes, também o segundo e o terceiro lugares passavam para essa última fase, que tem tradicionalmente outro júri.
Impede-se, assim, que se repita o "imbróglio" do ano passado, quando Chico Buarque, segundo lugar na categoria romance, levou o grande prêmio de ficção.
Após a festa de premiação, o grupo Record, um dos maiores do país, anunciou seu rompimento público com o Jabuti, por considerar que seu autor Edney Silvestre, vencedor da categoria romance, fora prejudicado.
"Entendo que eles me deram razão. Prevaleceu o bom senso", afirmou ontem Sergio Machado, presidente do grupo Record, ao saber do novo regulamento.
Convidado a participar da comissão que alterou as regras do prêmio, Machado disse que preferiu declinar para evitar constrangimento.

MAIS CATEGORIAS
Karine Pansa, presidente da CBL, evitou atribuir ao episódio a alteração nas regras do prêmio. "O Jabuti é aprimorado para acompanhar as necessidades que surgem do próprio mercado em expansão."
Foi por isso que, segundo diz, ocorreu a outra grande mudança no prêmio: para julgar melhor a diversidade de títulos (2.867 inscritos em 2010), o número de categorias passa de 21 para 29.
Criaram-se três novas. Quatro outras foram desmembradas (veja box ao lado).
Do modo como se agrupavam antes, livros de teor muito diferente concorriam juntos. Essa era outra crítica ao prêmio.
As inscrições começam hoje, por meio do sitewww.premiojabuti.org.br (onde se pode encontrar a íntegra do regulamento) e terminam em 31 de maio.
Não houve alteração no valor de cada premiação: R$ 3 mil por categoria e R$ 30 mil para cada vencedor do grande prêmio de ficção e de não-ficção. A CBL espera superar 3.000 inscrições.

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Brasileiro pobre também deveria ter painel solar

NOVO SECRETÁRIO NACIONAL DE CLIMA PREGA INCENTIVO FISCAL E QUER MUDANÇA DE ATITUDE Fonte: folha.uol.com.br 22/03

O novo secretário nacional de Mudança Climática, Eduardo Assad, tem dois recados para os empresários do país: se quiserem investir em energia alternativa, haverá crédito barato do governo. Se não quiserem, vão ter de investir do mesmo jeito.
Engenheiro com doutorado em hidrologia, o pesquisador da Embrapa Informática assumiu o cargo na semana passada, com carta branca da ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) para formular a política climática.
Ele diz que o recém-criado Fundo Clima, que começa neste ano com R$ 229 milhões, será o principal incentivador do desenvolvimento de tecnologias como energia solar, de marés e biodiesel.
Mas avisa que essas mesmas linhas de crédito devem abrir no governo o debate sobre restrições a financiamento para quem não quiser adotar tecnologias limpas. "Soltou-se essa lebre", afirma.
Um entrave sério, para ele, é a maneira de pensar em energia no Brasil. "Num país cuja mentalidade de geração de energia nos últimos 50 anos foi hidrelétrica, você tem posições que são refratárias imediatamente", diz.
"Se eu puder tomar meu banho com energia solar, será um passo razoável. Isso não é novo: a classe média alta em todas as cidades brasileiras já faz isso. Por que o pobre não pode fazer?"



Folha - O que muda na secretaria de Mudança Climática?
Eduardo Assad - Estamos num processo de discussão. Hoje a secretaria se chama Secretaria de Mudança Climática e Qualidade Ambiental, provavelmente vai se chamar Secretaria de Mudança Climática e Recursos Hídricos, talvez florestas, para você ter mais aderência nessas questões todas. Uma das nossas missões é acompanhar o desmatamento. Outra é acompanhar políticas para reduzir desertificação. Acompanhar reduções de gases de efeito estufa. Discutir, acompanhar e participar dos sistemas de alerta.

Existe uma previsão no Fundo Clima de recursos para pesquisa em energia solar. Mas é pouco, não?
É pouco. Mas a boa notícia é que agora tem. Vamos competir com o setor elétrico? Absolutamente! O que nós queremos é que, naquelas regiões do Brasil onde você tem problemas de distribuição, áreas pequenas, municípios com 5.000, 10 mil habitantes, por que não utilizar energia solar, pelo menos para aquecer a água? Isso não pode ser uma opção somente das áreas urbanas, da classe média alta. Por que o pobre não pode usar coletor solar?

O Brasil tem condições hoje de usar energia fotovoltaica?
Tem. Existe um grupo no Rio Grande do Sul que desenvolveu um material muito legal e bastante eficiente. Então vamos agitar isso para encontrar soluções que falem, por exemplo, de refrigeração solar para preservar alimentos no sertão? Isso não é novo, é do meu tempo de estudante. É caro? É caro. Mas nas áreas mais afastadas dos grandes centros talvez não seja tão caro.
Vamos começar pelo começo, por aquelas áreas onde você pode fazer isso de uma forma mais eficiente. Isso gera demanda de pesquisa, de novos materiais, de eficiência. E você vê a partir daí se é possível.
Num país cuja mentalidade de geração de energia nos últimos 50 anos foi hidrelétrica, obviamente você tem posições que são refratárias imediatamente. E cálculos enormes dizendo que não é isso, que não é aquilo...
Quando você discute essas coisas, tem de olhar para o futuro, num horizonte de 40 anos, de 50 anos. Só que 30 anos atrás já se falava disso. E não se fez. Outra coisa importante: 8.000 km de costa e você não tem energia de marés. Por quê?
Também existem populações na beira do mar que têm dificuldade de ter energia. E é um absurdo não ter nenhum protótipo instalado. A iniciativa privada não quer? Tá bom, o governo quer.

E o Brasil comprou um protótipo da Alemanha?
Não sei se da Alemanha, mas comprou de fora.

Não é um pouco ingênuo achar que só porque existe dinheiro e expertise no país o negócio vai ser feito? Nosso empresariado é cronicamente ruim de inovação.
Vamos dizer que nós estamos mais ou menos na situação em que os EUA estavam em 1930, 1940, quando se decidiu que todos os equipamentos usados em ciência e tecnologia deveriam ser americanos. No momento em que isso foi feito, várias indústrias cresceram. Nós em grande parte perdemos esse "timing" no Brasil. Mas o governo pode sinalizar que está trabalhando nessa linha, energia renovável. Se eu coloco esse dinheiro a juros de mercado, ninguém vai pegar. Então nós vamos atrair recursos para isso.

Mas não basta oferecer a cenoura do juro barato, é preciso dar o chicote da regulação.
Vamos tentar pensar na posição mais favorável, não na cobrança, mas no incentivo: você tem de um lado esse incentivo, de outro um programa imenso no MCT de inovação, que precisa de recurso nosso para avançar.
Alguns exemplos importantes no Brasil surgiram nessa linha de energia. O exemplo de São Paulo e de Gramacho, do aterro sanitário, é fantástico. Você recicla, gera energia e atende 600 mil pessoas. É o melhor dos mundos. Dentro da lógica da redução de emissões, opções novas vão ter de surgir. Jogar pedra em energia solar, isso se faz há 30 anos.

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