quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Tecnologia é libertadora, afirma editor do "NYT"

Fonte: folha.uol.com.br 10/11

Jornalista diz que ferramentas da web vão proporcionar mais oportunidades

No Brasil para participar de evento, editor afirma que jornal impresso vai existir ainda por muito tempo


No Brasil para participar do MediaOn 2010, encontro sobre jornalismo digital e novas mídias promovido pelo Terra e pelo Itaú Cultural, o editor de notícia interativa do "New York Times", Aron Pilhofer, defende que algumas histórias são mais bem contadas na web. Ele conversou com a Folha antes da palestra de abertura, ontem.

Futuro do jornalismo
Chegaremos a um ponto em que não importa para o jornalista se o que ele produz será publicado como texto ou em infográfico na web. Esse é o futuro. Temos de reconhecer que algumas histórias são mais bem contadas na web, sendo abordadas de diferentes formas, com áudio, vídeo, infográficos. Estamos começando a nos dar conta do poder desse tipo de jornalismo. A tecnologia é libertadora e vai proporcionar mais oportunidades [para os jornais].

Jornalista multimídia
Será que o jornalista vai ter que aprender a programar, editar vídeos, usar flash? Talvez não. Mas certamente não dói. O mais importante é entender as oportunidades. Você não tem de ser fotógrafo ou cinegrafista, mas tem que entender as possibilidades que esses recursos trazem. Tem de ser curioso e superar essa aura de mistério que ronda a web. Essa é a grande questão nas Redações hoje.

Papel x on-line
O papel ainda é o foco principal da Redação do "NYT", mas a importância da web está crescendo exponencialmente. Cinco anos atrás, não havia blog, e o espaço para comentários gerava controvérsia. Não vai demorar para que as duas áreas tenham igual importância. Mas o jornal impresso vai existir ainda por muito, muito tempo.

Interatividade
É relativamente fácil criar interação: você chamar pessoas para comentar, faz fóruns. Difícil é transformar isso em narrativas, usar a interação de forma a contar uma história que faça sentido.

Exemplo
No dia da eleição do Obama, criamos uma ferramenta chamada Word Train (trem de palavras) e convidamos as pessoas a escrever, em uma palavra, o que sentiam naquele momento. Depois elas tinham de escolher entre Obama, McCain ou nenhum. As palavras tinham a cor do candidato escolhido, e as mais populares iam ganhando tamanhos maiores. Fugimos da cobertura tradicional, em que a gente vai para a rua entrevistar eleitor. E produzimos um espaço para o leitor construir suas próprias histórias, em tempo real.

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Peluso defende reajuste de 56% para Judiciário

Fonte: folha.uol.com.br 10/11

Cezar Peluso, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), defendeu em visita a Washington o reajuste de 56% ao salário de funcionários do Judiciário.
O governo estuda a possibilidade de dar um reajuste menor para evitar sobrecarregar o Orçamento antes da posse de Dilma Rousseff.
Estima-se que o reajuste de 56% teria um impacto de R$ 7,2 bilhões ao ano para o Judiciário e de R$ 800 milhões no Ministério Público.
Peluso disse ser possível fazer o reajuste de forma escalonada. Mas afirmou que "cansou de ouvir que Estados vão quebrar". "Há uma resistência tremenda do Executivo [sobre investimentos] no Judiciário."
O ministro Paulo Bernardo (Planejamento) chamou o reajuste de "delirante".

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Pagamento de precatório não pode ultrapassar a 15 ano

Fonte: valoronline.com.br 10/11

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apertou o cerco contra os devedores de precatórios e estabeleceu que todos os Estados e municípios terão que quitar suas dívidas no prazo máximo de 15 anos. O plenário aprovou, ontem, alterações na Resolução nº 115, que regulamenta o pagamento desses títulos, para tornar possível o cumprimento da Emenda nº 62, de 2009. A norma deixava brechas para que o prazo de 15 anos não fosse cumprido pelos credores que optassem pelo regime mensal.

Com a alteração, os municípios e Estados que depositam mensalmente apenas a porcentagem mínima de sua receita líquida para o pagamento dos precatórios -- em torno de 1% a 2% -, poderão ser obrigados a adaptar o valor dessas parcelas para que cumpram o prazo de 15 anos.

A resolução do CNJ também estabelece punições em caso de atraso no pagamento. Entre elas, os Tribunais de Justiça poderão incluir a entidade devedora no Cadastro de Entidades Devedoras Inadimplentes (Cedin) e, em seguida, comunicar o CNJ sobre o valor da parcela não depositada, para que quantia equivalente seja bloqueada no Fundo de Participação dos Municípios.

O presidente da OAB, Ophir Cavalcante, lembrou durante a aprovação do novo texto que a entidade protocolou contra a Emenda nº 62 uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin), no Supremo Tribunal Federal (STF), por considerá-la "um calote contra a sociedade". Para ele, essa resolução deve funcionar como uma regra de transição, enquanto não há decisão do Supremo. Ophir afirma que a Emenda 62 acabou por impor à sociedade "um efeito tão nefasto que nem a Justiça sabe como utilizar os recursos que estão disponíveis para pagamento dos precatórios". Por ora, no entanto, enquanto a emenda está em vigor, o presidente entende ser necessário que esse vácuo seja solucionado, como fez o CNJ.

A interpretação dada pelo CNJ, tribunais de Justiça e OAB tem salvado da inconstitucionalidade alguns aspectos da emenda, na opinião do vice-presidente da Comissão de Dívida Pública da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo, Marco Antonio Innocenti. "Pela primeira vez criou-se efetivamente uma sanção a esses devedores", afirma. Isso porque antes da EC 62, só eram possíveis os sequestros de verbas em determinadas situações e a intervenção federal, descartada em alguns casos pelo Supremo. "Essas sanções são fundamentais para o equilíbrio dessa conta", diz Innocenti. Para o presidente da Comissão de Dívida Pública da OAB de São Paulo, Flávio Brando, o "prazo agora passa a ser fatal e não como imaginavam prefeitos e governadores de que seria uma espécie de Refis sem fim, que poderia demorar

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CNJ suspende juiz que ofendeu mulheres

Fonte: valoronline.com.br 10/11

O juiz Edilson Rumbelsperger Rodrigues, de Sete Lagoas (MG), foi afastado ontem da função por pelo menos dois anos pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em razão de comentários considerados machistas em suas decisões.

Rodrigues foi acusado de utilizar linguagem preconceituosa em processos que envolviam a aplicação da Lei Maria da Penha. Sancionada em agosto de 2006, a Lei nº 11.340 aumentou as penas para agressões contra mulheres. Para o juiz, a lei é um "conjunto de regras diabólicas". Numa decisão, ele escreveu que "o mundo é masculino e assim deve permanecer. A ideia que temos de Deus é masculina. Jesus foi homem". Rodrigues sustentou ainda que a lei seria um risco para a noção de família. "A desgraça humana começou no Éden: por causa da mulher."

Ontem, o CNJ se dividiu entre duas punições. Uma corrente de conselheiros considerou que era preciso retirar o juiz de suas funções. Outra ponderou que Rodrigues deveria sofrer a pena de censura e fazer um exame para verificar a sua sanidade mental.

Ao fim, prevaleceu o afastamento do juiz. A decisão foi tomada por nove votos a seis.

"A visão que o magistrado em causa tem da mulher entra em mortal rota de colisão com a Constituição", afirmou o presidente em exercício do CNJ, Carlos Ayres Britto. "O juiz decidiu de costas para a Constituição", acrescentou Britto. "A mulher é obra prima da criação. Acho que Deus só chegou à compreensão que era Deus quando chegou ao molde da primeira mulher."

O relator do processo no CNJ, Marcelo Neves, discutiu a possibilidade de remoção do juiz para outra vara, mas, depois, concluiu que essa medida não resolveria o problema. Ele também debateu a hipótese de o CNJ determinar a aposentadoria compulsória do juiz. Porém, verificou que ele não cometeu crime ou contravenção. Ao fim, Neves votou pela indisponibilidade de Rodrigues por dois anos. "A postura de prática preconceituosa por parte do juiz poderá ser modificada no futuro", afirmou o relator.

O afastamento é a pena mais grave prevista em lei para os juízes. Durante os dois anos, Rodrigues receberá vencimentos proporcionais ao tempo de serviço. Depois desse período, ele vai poder requisitar o retorno à função. A corregedora-geral de Justiça, ministra Eliana Calmon, sugeriu que o juiz fizesse um exame de sanidade mental para retomar a atividade, mas a proposta não foi aprovada.

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Outra associação de juízes tem verba estatal para evento em hotel

Fonte: folha.uol.com.br 10/11

Presidente da AMB havia criticado entidade por realizar encontro patrocinado em praia

A AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) realiza, de amanhã a sábado, reunião de juízes estaduais, em hotel à beira-mar, em Aracaju (SE), com patrocínio de R$ 1 milhão de empresas públicas e privadas.
Isso levou a Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) a acusar o presidente da AMB, Mozart Valadares, de "falta de coerência e oportunismo", ao criticar, ontem na Folha, o encontro de juízes federais na ilha de Comandatuba (BA), "por ser localizado em zona de praia".
São patrocinadores do evento da AMB: Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Banco do Estado de Sergipe, Correios, Souza Cruz, Vale, Vivo e Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária.
A Folha revelou que cada juiz federal desembolsará apenas R$ 750 para participar do evento de Comandatuba, com despesas pagas (exceto passagens aéreas), ocupando durante quatro dias apartamentos de luxo e bangalôs cujas diárias variam de R$ 900 a R$ 4.000.
A diferença é coberta pelo patrocínio de Caixa, Banco do Brasil, Eletrobras, Souza Cruz, Etco e Sindicom.
"Nunca neguei que a AMB recebe patrocínio. Mas não há nada gratuito. Os juízes e acompanhantes que estão em Aracaju pagam a inscrição, a hospedagem e a passagem aérea", diz Valadares.
Os dois eventos serão encerrados com show de Elba Ramalho. A Ajufe não revelou os patrocinadores e os valores. A AMB divulgou.
Na Bahia, a maior parte do tempo será dedicada a competições esportivas e atividades sociais. Em Sergipe, haverá campeonato de futebol e torneio de tênis. "Não é proibido fazer evento em cidade com mar, mas um encontro em Comandatuba, num resort, dá conotação de lazer", diz Valadares.
Valadares afirma que a AMB "não admite que o patrocinador indique palestrantes". Mas serão conferencistas em Sergipe a senadora Kátia Abreu, presidente da CNA, e Thales Baleeiro Teixeira, gerente da Vale.
Falarão no evento da AMB os ministros Luiz Fux, do STJ, e Ricardo Lewandowski e Ayres Britto, do STF.

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MARCELO COELHO

Criadores e criaturas

Fonte: folha.uol.com.br 10/11

Curioso que a imagem de Dilma oscile de "afilhada" sem personalidade a chefe "sem jogo de cintura"


VIVEMOS MEIO obcecados com a hereditariedade hoje em dia. Quem tem filhos pequenos corre o risco de tornar-se especialista nesse tipo de coisa.
Joãozinho não para quieto, não se concentra na lição de casa, são onze da noite e ele pula na cama como um possesso.
"Ah, já vi tudo", diz a mãe num suspiro exausto. "Ele puxou ao tio Quincas..."
Era um sujeito que foi expulso do colégio aos 12 anos para nunca mais voltar, nunca ficou mais de três meses num emprego e terminou seus dias num acidente de motocicleta.
Já a Talita, por sua vez, não desgruda do espelho, esperneia se não comprarem o tamanquinho de salto da Barbie e é uma fofoqueira prodigiosa na salinha do maternal.
O pai observa as evidências num misto de rancor e desconsolo. Volta-se para a mulher com neutralidades venenosas: "Não sei não, ela leva o jeito de ficar igualzinha àquela sua prima, a Amanda...".
Júnior é rabugento e pouco sociável. A genética não engana: trata-se do avô, tal e qual, só que de tênis, bermuda e boné.
Tanto fatalismo familiar tende a tornar-se, claro, uma profecia que se autorrealiza; colado o rótulo, oferecido o modelo, fica mais difícil que a criança se afaste da herança que lhe foi atribuída.
Penso em outro argumento, todavia, para contestar esse tipo de investigação sobre a origem dos defeitos das crianças.
A genética pode ter parte, claro. Mas acredito que será sempre facílimo reconhecer num menino ou menina de cinco anos as falhas de caráter que qualquer adulto possui.
Gula, inveja, fofoca, vaidade, incapacidade de aceitar frustrações, agitação ou preguiça aparecem com transparência total em qualquer criança pequena.
Talvez a lista dos culpados de sempre -o tio Quincas, a prima perua, o avô ranzinza- seja simplesmente composta de adultos que, por alguma razão, não souberam se livrar dos defeitos que tiveram durante a própria infância.
Não são os ancestrais do monstrinho de hoje. São simplesmente os monstrinhos de anteontem que não conseguiram evoluir para um estágio mais dissimulado, mais contido, mais civil e suportável.
A velha frase segundo a qual "a criança é o pai do homem" mereceria, desse modo, uma leitura menos determinista. Ao mesmo tempo em que se discutem como nunca os métodos na educação dos filhos, fala-se tanto em genética e hereditariedade que o poder do ambiente social, das influências e circunstâncias acaba sendo desconsiderado.
Tomo um ou dois exemplos da política sem mudar muito de assunto. Virou clichê, por exemplo, falar do "DNA stalinista" deste ou daquele dirigente do PT. O DNA os ajuda, certamente, quando usam argumentos de esquerda para desqualificar seus críticos.
Mas não me consta que esse mesmo DNA tenha perturbado, por exemplo, as relações de José Dirceu com o megamilionário Carlos Slim, dono de um império de comunicações que o faz o homem mais rico do mundo em alguma dessas listas que se publicam por aí.
Lembro ainda o velho Marx, que no seu "O Dezoito Brumário" dizia que, conforme mudavam as alíquotas dos impostos sobre o vinho, os viticultores degustavam o buquê de cada ministério.
Não é difícil apreciar o buquê dos novos eleitos, seja qual for o seu DNA leninista ou popular. Empreiteiras e bancos financiaram largamente as campanhas de todo político que importa no Brasil.
Uma charge publicada nessa segunda-feira mostrava Lula comovido, como um pai coruja, diante dos primeiros voos de autonomia protagonizados por Dilma Rousseff: "Eles crescem tão rápido", babava-se o criador diante de sua criatura. Curioso que a imagem de Dilma oscile entre a de uma "afilhada" sem personalidade e a de uma chefona autoritária e "sem jogo de cintura".
Debutante ou madrasta? Talvez as duas coisas e muitas outras. Para seu marqueteiro, João Santana, falta no imaginário brasileiro o lugar da "rainha", só ocupado, segundo disse em entrevista à Folha no domingo, pela Princesa Isabel.
Eis Lula no lugar de D. Pedro 2º. Bom argumento, em todo caso, para se desconfiar mais do que nunca de DNAs e leis da hereditariedade.

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Português representará Brasil em Veneza

Fonte: folha.uol.com.br 10/11

Curador diz haver escolhido artista criado no Rio porque ele rompe estereótipo nacional

FABIO CYPRIANO


O artista português Artur Barrio será o representante do Brasil na Bienal de Veneza, no próximo ano. A escolha foi feita por Agnaldo Farias e Moacir dos Anjos, curadores da 29ª Bienal de São Paulo, onde o artista também se encontra em cartaz.
Barrio nasceu na cidade do Porto, em 1945, e desde 1955 vive no Rio de Janeiro, onde estudou arte e desenvolveu toda a sua carreira.
"Aqui eu comecei do zero, mas tenho essa posição estranha de ser um artista português, sem nunca ter trabalhado em Portugal. Por isso fico muito contente em representar o Brasil, algo que sempre pleiteei", disse Barrio, por telefone, do Rio.
A escolha pelo artista, segundo Dos Anjos, visa romper com certo estereótipo nacional. "Criações fundamentais da cultura brasileira como o neoconcretismo, a bossa nova e a arquitetura moderna quase sempre excluem os traços de inacabamento, de atrito e de ruído simbólicos que são cruciais na nossa formação e se impõem como força na obra de Barrio."
Apesar de ter alcançado grande repercussão na 11ª Documenta de Kassel, em 2002, ao encher de pó de café seu espaço, fazendo com que o cheiro invadisse outras obras, Barrio nunca participou da Bienal de Veneza.
Nas últimas décadas, a representação brasileira sempre foi composta por dois artistas, o que é rompido pela dupla de curadores.
Além de ocupar o pavilhão brasileiro, onde Barrio criará uma nova instalação, os curadores buscam outro espaço na cidade, para exibir as obras dos anos 1970,vistas atualmente na Bienal.
As trouxas de carne embrulhadas em tecido e espalhadas num parque de Belo Horizonte são um dos mais contundentes trabalhos de arte dessa época.
Velejador e mergulhador, Barrio espera levar seu barco à Veneza, para criar a nova obra: "Não sou de fazer projetos, desenvolvo no espaço, mas quero fazer uma variante do café, na Documenta."
A representação brasileira em Veneza tem apoio dos ministérios das Relações Exteriores e da Cultura.
Em São Paulo, Barrio apresenta também "Da Inutilidade da Utilidade da Política da Arte", instalação que mescla fotos subaquáticas com carcaças de peixe e elásticos presos em pregos no chão.
Na abertura, aliás, muitos tropeçavam nos pregos, que foram rebaixados, para evitar quedas. "Era só as pessoas olharem por onde andam, que nada aconteceria", diz.

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Brasil não transforma ciência em lucro

Fonte: folha.uol.com.br 10/11

Segundo nova pesquisa, país investe tanto quanto Espanha ou Itália, mas não consegue inovar em tecnologia

Cientistas não saem da academia; décadas de mercado fechado teriam acomodado a iniciativa privada, diz Unesco

O Brasil já gasta tanto com ciência quanto a Espanha ou a Itália, mas ainda está atrás de ambas na sua capacidade de transformar esse dinheiro em resultados palpáveis.
Essa é a conclusão de um novo relatório da Unesco, que é divulgado de cinco em cinco anos. Entre 2002 e 2008, os anos utilizados como referência, o investimento em pesquisa no país passou de R$ 25,5 bilhões para R$ 32,7 bilhões.
Esse foi um dos fatores que fizeram a produção científica brasileira pular de 12 mil artigos científicos para 26 mil nesse período.
A outra causa, na opinião de Hugo Hollanders, especialista holandês em inovação que é um dos responsáveis pelo relatório da Unesco, foi a evolução da internet, especialmente da banda larga, que permitiu a difusão mais rápida do conhecimento entre os pesquisadores dos países em desenvolvimento.
"A ciência mundial era dominada por Europa, Japão e EUA, mas o mundo está se tornando gradualmente multipolar. Coreia, Brasil, China e Índia estão desenvolvendo as suas potencialidades, ainda que a África continue atrasada em relação às outras regiões", disse Irina Bokova, diretora-geral da Unesco.
A situação asiática, porém, é melhor do que a brasileira. Hollanders lembra que "nos últimos cinco anos, muitos líderes acadêmicos americanos e europeus têm recebido convites de trabalho e vultosos orçamentos de pesquisa em universidades do Leste Asiático".

SEM EMPRESAS
O grande problema do Brasil, porém, é escorregar na hora de tirar a pesquisa da universidade e levá-la às empresas, diz o relatório. Três quartos dos cientistas do país estão nas universidades, quase sempre públicas -nos EUA, quase 80% deles trabalham na iniciativa privada.
Existem exceções, como a pesquisa tecnológica no setor aeronáutico e no campo (o cultivo de soja e a produção de etanol, por exemplo), mas, em geral, as empresas brasileiras investem relativamente pouco em inovação.
"A falta de ousadia da maioria das indústrias brasileiras pode ser fruto de décadas de funcionamento em um mercado fechado e em meio a uma economia pouco confiável", escrevem a quatro mãos Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp, e Hernan Chaimovich, professor da USP.
Além disso, as empresas do país reclamam da falta de trabalhadores qualificados, especialmente em áreas ligadas à engenharia.
Isso acontece porque o país começou a investir tarde em formação avançada.
Com universidades muito jovens (a Unicamp, por exemplo, tem menos de 50 anos), o Brasil pode gastar até mais do que países europeus (com universidades mais velhas que o Brasil), mas vai precisar esperar alguns anos ainda até ter uma massa crítica de cientistas.
O consolo é que, entre a os países em desenvolvimento, o Brasil vai bem.
O resto da América Latina está cientificamente estagnado. Na África, alguns países até crescem rapidamente, como Angola e Nigéria, mas partindo de atividades pobres em pesquisa, como a mera extração de petróleo com técnicas consagradas.

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