segunda-feira, 15 de novembro de 2010

15 a 21/11 Evento propõe abertura de empresa em um fim de semana

Fonte: valoronline.com.br 15/11

SÃO PAULO - Parece pouco tempo para se começar um negócio, de sexta à noite até domingo. Mas essa é a proposta do "Startup Weekend", evento que acontecerá no Campus Aclimação da FIAP, em São Paulo, entre os dias 19 e 21 de novembro, como parte da Semana Global do Empreendedorismo.

A proposta consiste em reunir pessoas com perfis profissionais diferentes e a vontade comum de abrir uma empresa na área digital. Os participantes serão divididos em grupos. E para garantir o equilíbrio de habilidades entre eles, os ingressos são divididos em categorias.

Durante as 54 horas do evento, os empreendedores receberão ajuda de profissionais experientes para montar suas startups, informações sobre desafios globais e cidades inteligentes e ainda farão apresentações para investidores convidados.

Será possível também concorrer a prêmios nacionais da IBM e da Advanced e se classificar para a competição internacional, que acontecerá entre as vencedoras de diversas cidades do mundo envolvidas na Semana Global.

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CINEMA

Salas populares alavancam dublados

Fonte: folha.uol.com.br 15/11

Há dez anos, 80% dos 20 campeões de bilheteria haviam sido lançados com cópias legendadas nos cinemas brasileiros. Em 2009, essa porcentagem caiu para 46%.
De acordo com Ricardo Szperling, diretor de programação do Cinemark, as versões dubladas não apenas representaram 54% do total de cópias lançadas -entre os 20 mais vistos- como atraíram 58% do público da rede no ano passado.
A curva começou a ser desenhada com a melhoria do som das salas e da dublagem e acentuou-se, nos últimos três anos, devido a uma mudança no perfil da plateia.
"É difícil haver pedidos de cópias dubladas de filmes para adultos em regiões que não sejam populares", crava Szperling.
Dentre os complexos do Cinemark em São Paulo, chamam a atenção, pelo gosto por filmes dublados, as unidades nos shoppings Interlagos e Aricanduva.
A resistência, por outro lado, concentra-se no que o executivo chama de "circuito marginal Pinheiros", nos shoppings Iguatemi e Cidade Jardim.
Como toda mudança, essa também tem gerado dúvidas. Que filme lançar dublado? Como distribuir as cópias? "A gente conversa com o gerente da sala, mas é um termômetro complicado. Sempre vai ter reclamação", diz.
Rodrigo Saturnino Braga, diretor-geral da Sony Pictures, diz ter acertado, por exemplo, ao lançar a versão dublada de "Plano B", algo impensável há pouco tempo.
Arrependeu-se, porém, de não tê-lo feito com "Comer, Rezar e Amar". "Tivemos reclamações por só ter a versão legendada. Se fosse lançar hoje, eu diria: "Dubla!'".(APS)

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É tudo verdade: Em "José e Pilar", Miguel Gonçalves Mendes traduz em imagens a música da intimidade e mostra a dimensão fabril e cotidiana, e não febril e mágica, do trabalho literário.

Fonte: valoronline.com.br 14/11

Ensaio sobre o amor

Há muitos filmes em "José e Pilar", o documentário de Miguel Gonçalves Mendes lançado na semana passada, um dia depois de conquistar o prêmio do público para não ficção brasileira (dada a coprodução pela O2) na 34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Assisti à produção por duas vezes e suas 2h05 de duração passaram voando em ambas.

Como o belo título anuncia, é antes de tudo o retrato de um casal. Lembrei-me de um dos mais ternos depoentes de "Reds" (1981), de Warren Beatty, que para definir John Reed e Louise Bryant dizia simplesmente: "They were a couple". Nesta era de amores expressos, há uma dimensão amorosa, de compartilhamento tão generoso quanto radical, que espanta e enternece. Eles eram um casal, e ainda o são, nesta máquina de eternidade chamada cinema.

Neste filme a partir de um escritor, são numerosas as cenas que confiam no não verbal para captar essa íntima cumplicidade. No escritório, Pilar fala ao telefone, projetando seu corpo sobre Saramago, sentado à escrivaninha. Ele amorosamente contempla, acaricia e beija de forma marota e fugaz a "derrière" da companheira.

Numa festa de aniversário do escritor em sua Azinhaga natal, ei-lo de pé diante de um portentoso bolo, pronto para apagar as velinhas tão logo se encerre a canção tradicional; antes de fazê-lo, ele se estica para estender a mão à margem direita do quadro, onde descobrimos, sentada escondida entre numerosos celebrantes, Pilar.

Mais adiante, em recuperação da doença que o hospitalizou na virada de 2007 para 2008, vemos um frágil Saramago saindo de casa rumo a novo compromisso público, amparado por um colaborador de sua fundação na ilha de Lanzarote. Eles passam e ao fundo a câmera revela uma elegante Pilar, que fecha a trava superior do portão e acelera o passo empurrando preventivamente a cadeira de rodas da qual aos poucos se liberta seu amado. Essa peça de câmera de pequenos gestos traduz em imagens a música da intimidade. José e Pilar, Pilar e José.

Há algo de "Entreatos" (2004), de João Moreira Salles, nessa ênfase de Mendes sobre os instantes privados em vidas tão públicas. "José e Pilar" é também um documentário sobre a vida do escritor em nossa era da celebridade.

José Saramago e sobretudo Pilar Del Rio sabiam que era preciso jogar o jogo do Prêmio Nobel como pop star - mas havia um preço a pagar. Assim, diante do circo da mídia e dos eventos, entre autógrafos, debates, entrevistas, fotos e júris, parecem confiar como antídoto na pequena câmera do documentário. Uma impressionante crença no cinema corre subterraneamente em "José e Pilar".

No entretempo, há que escrever. Outro eixo dramático valioso do documentário é o acompanhamento do processo de escrita do penúltimo romance de Saramago, "A Viagem do Elefante", lançado mundialmente em sua visita ao Brasil no fim de 2008. Ei-lo partilhando em voz alta alguns desafios de pesquisa, dividindo uma passagem saborosa num passeio com Pilar, assumindo o temor de não o concluir por causa da crise de saúde, discutindo com a companheira e primeira tradutora opções da versão espanhola, até a festa íntima do ponto final.

Nesse "making of" de um romance, Saramago, o escritor, e Mendes, o cineasta, operam uma saudável desconstrução do mito romântico do gênio literário, aquele do escritor como iluminado demiurgo, que solitária e sofregamente recebe a dádiva dos deuses e concebe uma obra de arte. Escrever é trabalho, trabalho e trabalho, 99% de transpiração e 1% de inspiração, seja o autor um inexperiente estreante ou o responsável por obras da dimensão de "O Ano da Morte de Ricardo Reis" (1984) e "Ensaio Sobre a Cegueira" (1995).

Essa dimensão fabril e cotidiana, e não febril e mágica, do trabalho literário apresentava-se já no documentário anterior de Mendes, "Autografia" (2004), dedicado ao poeta e pintor português Mário Cesariny (1923-2006). Foi depois de o ver que Saramago aceitou o projeto de Mendes de filmá-lo, dizendo apenas não saber se teria a dizer algo tão interessante quanto o líder do surrealismo lusitano. Apesar da mesma estrutura em "atos", resultaram obras marcadamente distintas, com a hegemonia do "cinema de entrevista" em "Autografia" e do Cinema Direto em "José e Pilar".

"Nossa única defesa contra a morte é o amor", dizia Saramago, morto aos 88 anos em junho. Mendes concentra-se no amor num filme inevitavelmente pontuado pelo espectro do desaparecimento de um de seus protagonistas. Não é à toa que José encare a câmera para um recado: "Pilar, encontramo-nos noutro sítio". E assim se fez. Esse sítio é o cinema.

Amir Labaki é diretor-fundador do É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentários.

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Judiciário: PECs propõem punição maior a juízes envolvidos em corrupção

Fonte: valoronline.com.br 14/11

Entidades querem impedir 'demissão' de magistrados

Os magistrados brasileiros conseguiram uma importante vitória na tentativa de derrubar propostas de emenda constitucional (PECs) que acabam com a aposentadoria compulsória e permitem, como punição máxima em processos administrativos, a perda do cargo pelo juiz. O deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Federal, apresentou parecer pela inconstitucionalidade do projeto de autoria da senadora Ideli Salvati (PT-SC), que tramita no Congresso Nacional desde 2003.

Enquanto batalham na Câmara dos Deputados, entidades de classe da magistratura tentam, em outro front, invalidar uma resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que uniformizou os procedimentos para o julgamento administrativo de juízes. Tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF) duas ações diretas de inconstitucionalidade (Adins), ajuizadas pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), contra a Resolução nº 30, de 2007. Para as entidades, o órgão não poderia disciplinar o assunto, apenas rever decisões de tribunais ou avocar processos disciplinares em curso. Procurado pelo Valor, o CNJ não quis se manifestar sobre assunto.

Desde que foi criado, em 2005, o CNJ já puniu 26 magistrados, mandando 19 deles para casa, por meio de aposentadoria compulsória. Entre eles, estão o ministro afastado do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Paulo Geraldo de Oliveira Medina, e o desembargador do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região, José Eduardo Carreira Alvim. Os magistrados foram acusados de beneficiar, por meio de sentenças, empresas que solicitavam liberação de máquinas caça-níqueis à Justiça. O caso foi relatado pelo corregedor nacional de Justiça, ministro Gilson Dipp, que considerou as condutas dos magistrados incompatíveis com as funções exercidas. O voto do ministro foi seguido pelos demais conselheiros. Foi a primeira vez que o CNJ julgou e condenou um ministro de tribunal superior.

A divulgação desses casos - que podem ser anulados com uma decisão do Supremo pela inconstitucionalidade da Resolução nº 30 - renovaram os ânimos dos que defendem uma maior punição aos magistrados e levou a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) a impedir, inclusive, os condenados de praticar a advocacia. Hoje, um juiz ou desembargador só perde o direito à aposentadoria se for condenado pela Justiça, situação rara até então. Para que se puna com demissão, é necessário que a Constituição Federal e a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman) sejam alteradas.

Atualmente, tramitam no Congresso Nacional duas propostas de emenda constitucional. Uma é de autoria do deputado Raul Jungmann (PPS-PE), apresentada em 2007. A outra, da senadora Ideli Salvatti. O projeto da senadora está mais adiantado. Passou pelo Senado em julho e foi enviado para a Câmara dos Deputados. Mas não passou pelo crivo do relator do projeto na CCJ, deputado Eliseu Padilha, que atendeu a um pedido da AMB. O presidente da entidade, Mozart Valadares Pires, reuniu-se diversas vezes com o parlamentar para discutir o assunto. "A proposta retira da magistratura garantias constitucionais, como a vitaliciedade. Isso abre um perigoso precedente. Deixa o juiz fragilizado", diz Pires.

Em seu voto, o deputado Eliseu Padilha entendeu que a proposta viola a garantia constitucional da vitaliciedade, que "representa importante garantia não para o próprio juiz, enquanto pessoa, mas para o Poder Judiciário, enquanto instituição, pois são as garantias concedidas pela Carta Magna que dão ao julgador a necessária independência para a correta distribuição da justiça, sem a preocupação quanto a eventuais perseguições ou censura". Para ele, a perda do cargo deve ser decretada apenas "por sentença judicial transitada em julgado, conforme determina a Constituição Federal, garantindo-se ao punido o uso de todos os meios de defesa admissíveis em direito, aplicando-se o devido processo legal".

A decisão do parlamentar, que ainda será levada ao crivo dos demais integrantes da CCJ da Câmara, foi criticada pelo presidente da OAB, Ophir Cavalcante. "A proposta não é inconstitucional. Não retira garantias dos magistrados, que devem estar incomodados com as decisões do CNJ", diz o advogado. "O que o projeto confere é dignidade para a magistratura."

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