segunda-feira, 29 de novembro de 2010

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Livros eletrônicos: variedade, preços mais baixos e livrarias preocupadas

Fonte: The New York Times

Esta temporada natalina pode ser aquela em que os consumidores e os livros eletrônicos são corretamente apresentados. Os e-books estarão amplamente disponíveis em grandes lojas varejistas, a preços razoáveis. "Esta será a temporada que fará toda a diferença para os e-books -não há dúvida alguma disso", opinou Peter Hildick-Smith, presidente da empresa de pesquisas de mercado sobre livros Codex Group. "Mais livros serão vendidos em formato de e-book. Isso também significa que muito menos gente vai fazer compras em livrarias."
Apenas uma parcela pequena do público consumidor de livros já adquiriu um leitor eletrônico, mas analistas preveem que essa parcela pode crescer nas próximas semanas, quando os consumidores começarem a fazer suas compras natalinas. Em uma pesquisa de consumo recente, 10% dos adultos entrevistados -contra 4% em 2009- disseram que planejavam dar um livro eletrônico de presente este ano.
A intenção anunciada corresponde ao aumento verificado nas vendas de livros eletrônicos. Dois anos atrás, editoras disseram que as vendas de e-books tinham chegado a 1% das vendas totais de livros, mas a cifra atual está mais próxima de 9% ou 10%.
Um ano atrás, o Kindle dominava a seara dos leitores eletrônicos, e o aparelho conserva essa posição. Mas o Nook, da Barnes & Noble, e o iPad, da Apple, estão emergindo como concorrentes.
Em outubro, a Barnes & Noble lançou uma versão a cores do Nook, por US$ 249; há também o Kobo, vendido pelas redes Borders e Wal-Mart, e dezenas de outros leitores eletrônicos.
"Pensando na categoria dos leitores eletrônicos, os grandes nomes, no ano passado, eram Nook, Kindle e Sony, mas sobretudo Nook e Kindle, em termos de vendas", disse William Lynch, executivo-chefe da Barnes & Noble. "A diferença este ano é que há muito mais opções disponíveis."
James McQuivey, analista da Forrester Research, previu que o excesso de leitores eletrônicos oferecidos vai confundir os consumidores.
"A grande gama de opções vai causar perplexidade", disse McQuivey. "Quando isso acontece, o consumidor volta para aquelas marcas conhecidas, que suscitam confiança e que são bem cotadas na divulgação boca a boca."
A ênfase sobre leitores eletrônicos pode prejudicar as vendas dos livros de capa dura, que constituem um presente natalino tradicional, e essa perspectiva está preocupando donos de livrarias.
"Este é, sem dúvida, o ano da engenhoca, e a engenhoca deste ano é o leitor eletrônico", comentou Geoffrey Jennings, proprietário da livraria Rainy Day Books, de Fairway, Kansas.
"Muitas pessoas vão comprar essas coisas e vão dizer 'mas não é como ler um livro'", previu Jennings. "Por outro lado, haverá gente que ganhará um e-book e dirá que é uma engenhoca divertida. Agora, as pessoas se cansam de engenhocas, depois de algum tempo."
Editores insistiram que a expansão dos leitores eletrônicos não os preocupa.
Carolyn Reidy, presidente e executiva-chefe da Simon & Schuster, disse prever que as vendas de livros eletrônicos subam muito no Natal, quando as pessoas vão abrir seus aparelhos eletrônicos de leitura e imediatamente começar a comprar livros.

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As mulheres sauditas não competem no esporte

Fonte: The New York Times
Quando a cavaleira olímpica saudita Dalma Malhas, de 18 anos, ganhou uma medalha de bronze em saltos ornamentais na primeira Olimpíada da Juventude em Cingapura, ocorrida em agosto, ela foi elogiada por Jacques Rogge, presidente do Comitê Olímpico Internacional.
"Esta é, de fato, a primeira vez em que uma atleta saudita participa de um evento internacional", o que dirá receber uma medalha, disse Rogge. Mas a reação no país muçulmano de Malhas vem sendo mais complicada.
A medalha levou a atleta ao centro de uma polêmica em torno de quais tipos de atividade atlética são aceitáveis para meninas e mulheres sauditas, se algum tipo for aceitável. As leis e os costumes que regem as vidas das sauditas estão entre as mais restringentes do mundo.
A separação entre homens e mulheres em locais públicos é rígida. Nas escolas femininas públicas da Arábia Saudita, as meninas são proibidas de praticar exercício físico, e mulheres não podem representar seu país em competições esportivas internacionais. Filha de uma cavaleira especializada em saltos ornamentais, Arwa Mutabagani, Dalma Malhas precisou custear suas próprias despesas olímpicas.
Em 31 de julho, o dissidente saudita Ali al Ahmed, diretor do Instituto para Assuntos do Golfo, lançou a campanha "No Women. No Play" (sem mulheres, sem jogo), exortando o COI a impedir a Arábia Saudita de competir nas Olimpíadas enquanto não autorizar a participação feminina.
Ahmed comparou a posição das mulheres sauditas à dos negros na África do Sul na era do apartheid, indagando por que o COI não suspendeu a Arábia Saudita de participar de Jogos Olímpicos, como fez com a África do Sul de 1964 até o fim do apartheid, no início dos anos 1990.
A carta olímpica afirma que "a prática do esporte é um direito humano" e que "discriminação contra um país ou uma pessoa com base em raça, religião, política, gênero ou outra é incompatível com a participação no movimento olímpico". Mas uma porta-voz do COI, Emmanuelle Moreau, indicou em e-mail que o COI não pretende censurar formalmente os países que não permitam a participação de mulheres nas Olimpíadas. "O COI busca assegurar que os Jogos Olímpicos e o movimento olímpico sejam universais e não discriminatórios", disse Moreau.
Fora das equipes olímpicas percebem-se alguns sinais de mudanças para as esportistas sauditas. Alguns times femininos particulares de basquete e futebol surgiram nas maiores cidades do país. Em 2008, Arwa Mutabagani tornou-se membro do conselho da Federação de Equitação da Arábia Saudita.
Lina al-Maeena, que, em 2003, fundou o Jeddah United -time de basquete feminino que cresceu e se tornou uma empresa de treinamento e administração esportiva-, espera que a pressão do COI possa ajudar a romper as barreiras à participação esportiva das mulheres.
"Em última análise, a carta olímpica diz que não haverá discriminação com base em gênero, religião ou etnia", disse. "E a Arábia Saudita não está cumprindo o exposto na carta olímpica."
Maeena disse que um olhar para os movimentos feministas globais a ajuda a conservar o otimismo. "Até a lei de 1972", disse, "as mulheres nos EUA não tinham igualdade de direitos nos esportes. E isso foi há três décadas apenas e em um país de 250 anos de idade. Nosso país tem apenas 78 anos."

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Plano Nacional de Cultura e pluralidade

Fonte: folha.uol.com.br 29/11

GILMAR MACHADO

Este plano visa propiciar o desenvolvimento cultural e integrar as ações do poder público para a valorização do patrimônio cultural brasileiro

O Congresso Nacional aprovou o Plano Nacional de Cultura (PNC). O ato representa valorização e democratização de uma das maiores riquezas do nosso povo, já que a educação e a cultura são pilares que sustentam o desenvolvimento e o crescimento de toda sociedade. O PNC vai valorizar o nosso povo, com tanta pluralidade de hábitos, costumes e artes. Além de definir princípios e objetivos para a área cultural nos próximos dez anos, a proposta discrimina os órgãos responsáveis pela condução das políticas para a área e aborda aspectos relativos ao financiamento. É um instrumento legal e de controle da sociedade para o cumprimento de metas de desenvolvimento cultural de caráter plurianual. O projeto resgata valores da educação e da cultura, sendo esta importante ferramenta para alcançar mentes e corações de estudantes, melhorando as condições e a contextualização do ensino e mostrando aos nossos alunos que a cultura e o ensino são moldes para fazê-los crescer como seres humanos. O plano visa propiciar o desenvolvimento cultural e integrar as ações do poder público para a valorização do patrimônio cultural brasileiro. Como diz o texto, será regido pelos princípios de diversidade cultural, de respeito aos direitos humanos, de responsabilidade socioambiental e de valorização da cultura como um vetor do desenvolvimento sustentável. Visa também estimular a produção, a promoção, a difusão e a democratização do acesso aos bens culturais; a formação de pessoal qualificado para a gestão do setor; e a valorização das diversidades étnica e regional. A história demonstra que tem havido um processo de exclusão da maioria de nossa população. Nossas crianças e nossos jovens, embora herdeiros de um grande patrimônio cultural e criativos o suficiente para enriquecê-lo, não conseguem ver seu próprio rosto na grande produção cultural dominante. A política cultural tem sido privilégio de poucos, que dividem entre si os recursos, sejam eles públicos ou privados, destinados à criação e à produção cultural. Desde 2005, com a aprovação da emenda constitucional nº 48, o Ministério da Cultura trabalha no tema. Vários fóruns de debates e estudos trouxeram subsídios à formulação do plano e garantiram o aprimoramento das diretrizes que agora orientam a execução das políticas culturais de todo o país. Um dos objetivos dos fóruns regionais era o de fortalecer a ação do Estado no planejamento e na execução das políticas culturais. Nossa proposta, ao criar o PNC, é estabelecer a transformação das políticas culturais como políticas estratégicas do Estado. Transformado em lei, permitirá ampliar o acesso dos brasileiros aos produtos culturais. Na medida em que cresce o acesso à cultura, aumenta o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e diminui a violência do país.


GILMAR MACHADO, 49, professor de história, é deputado federal reeleito (PT-MG), autor do Plano Nacional de Cultura e vice-líder do governo no Congresso Nacional.

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Corte Interamericana de Direitos Humanos vai discutir Guerrilha do Araguaia

Especialistas afirmam que país deve ser condenado por tortura, desaparecimento forçado de 70 pessoas e detenção arbitrária
Fonte: UnB.br 26/11

A ação do Exército que exterminou a guerrilha do Araguaia, nos anos 1970, será julgada pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, com sede na Costa Rica. O processo 11.552, movido por Julia Gomes Lund, busca responsabilizar o governo brasileiro por detenção arbitrária, tortura e desaparecimento forçado de 70 pessoas. A expectativa é que a decisão seja anunciada até o fim do ano.

Julia é mãe de Guilherme Lund, desaparecido desde 1973, quando tinha 26 anos. O jovem militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) mudou-se para a região do Araguaia (TO) em 1970, para participar do movimento armado contra a ditadura.

Diz o processo: “A Comissão Interamericana de Direitos Humanos submete o caso à Corte porque (...) as medidas legislativas e administrativas adotadas pelo Estado restringiram indevidamente o direito de acesso à informação dos familiares; e porque o desaparecimento das vítimas, a execução de Maria Lúcia Petit da Silva, a impunidade dos responsáveis e a falta de acesso à justiça, à verdade e à informação, afetaram prejudicialmente a integridade pessoal dos familiares dos desaparecidos e da pessoa executada”.

A comissão é um órgão de apuração. Colhe depoimentos de ambas as partes e encaminha para a Corte, composta por sete juízes oriundos de países membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) e que compõem a Corte.

SANÇÕES – O Brasil é signatário de acordo com a OEA, por isso está submetido às decisões da Corte. “O governo poderá ter que realizar medidas reparatórias, como indenização das famílias, a formulação de novas leis que garantam o acesso à informações e a abertura dos arquivos, que deverá ser ampla e irrestrita”, avalia Emerson Masullo, colaborador do Núcleo de Ciências Políticas da UnB. “Essa decisão vai promover o resgate da memória do país”, afirma.

Masullo acredita que, como a Relatoria Especial da OEA para Assuntos de Liberdade de Acesso à Informação tem acompanhado o caso, podem ser abertos precedentes na América Latina. “O Brasil, assim como El Salvador e a Guatemala, estão longe da realidade mexicana e chilena de liberação dos acessos de dados públicos”, analisa. Masullo ressalta que a Corte não pode obrigar o Brasil a acatar a decisão, mas pode determinar sanções como embargos econômicos.

“O julgamento por si só traz à tona questões da repressão e isso pode se cruzar com outros aspectos da ditadura”, diz Albene Miriam Ferreira Menezes, coordenadora do Núcleo de Estudos do Mercosul e professora do Departamento de História. Ela acredita que há chances de condenação. “Normalmente, as cortes de Direitos Humanos têm o perfil de condenar ações desse tipo”, avalia. Masullo concorda com a professora e afirma que “a condenação é dada como certa.

Segundo a historiadora, caso haja condenação é possível que outras questões relacionadas à ditadura venham à tona. “Temos na presidência um homem que participou de importantes greves durante a década de 1980 e uma presidenta eleita que fez parte da resistência em anos duros”, afirma Albene, sobre o contexto histórico e político do julgamento. Para ela, há possibilidade inclusive de serem criados precedentes para outras ações, como a revisão da Lei de Anistia. “Isso pode ser um trunfo para pressionar a liberação de arquivos que estão guardados e ter um significado em cadeia em relação à revisão da Lei”, explica.

A possível liberação de documentos sobre o período seria reveladora para a história do país. Segundo Masullo, mesmo quem viveu sob os anos de chumbo pode não estar preparado para enfrentar o resgate da memória. “Isso vale tanto para vítimas quanto para torturadores. Uma coisa é abrir os arquivos. Outra será se deparar com fotos publicadas em jornais e revistas”, disse. “Lembrar de memórias como essas será desagradével, mas é necessário”, completa.

Em 29 de abril deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou a revisão da Lei da Anistia, que permitiria punir torturadores e assassinos da ditadura. “Só o homem perdoa, só uma sociedade superior qualificada pela consciência dos mais elevados sentimentos de humanidade é capaz de perdoar. Porque só uma sociedade que, por ter grandeza, é maior do que os seus inimigos é capaz de sobreviver”, disse o ministro Cezar Peluso durante a sessão. Os ministros Ricardo Lewandowski e Carlos Ayres Britto foram os únicos que votaram pela revisão. O caso foi julgado improcedente por 7 votos a 2.

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