Mark Twain ganha versão completa de sua autobiografia
Fonte: folha.uol.com.br 09/11
Autor norte-americano definiu embargo de cem anos para a publicação de determinados capítulos da obra
Decisão possibilitou ao escritor expressar suas opiniões livremente, afirma a editora do livro, Harriet Smith
Para Mark Twain, a única maneira de escrever uma autobiografia com liberdade era saber que não seria publicada até muitos anos após sua morte, em 1910. Para alguns trechos da própria história -que escreveu e ditou-, o autor deixou instruções bem específicas: "Palavras minhas que possam machucar os vivos devem esperar até edições posteriores. [...] Marquei certos capítulos que devem ser mantidos escondidos, lacrados e não publicados durante cem anos". Um século depois de sua morte, a Universidade da Califórnia lança o primeiro de três volumes da autobiografia completa que Twain, nascido em 1835, começou a elaborar nos anos 1870. A editora de "Autobiografia de Mark Twain - Volume 1" (760 págs.; edição eletrônica a partir de US$ 9,99, ou R$16,89, na Amazon.com, em inglês), Harriet Smith, diz que "muito do material já havia aparecido em edições prévias, mas algumas passagens haviam sido retiradas e incluídas em revistas e publicações menos conhecidas". Os outros dois volumes devem sair nos próximos "cinco ou seis anos". Leia abaixo os principais trechos da entrevista da editora à Folha.
Folha - Quão difícil foi editar esse primeiro volume? Harriet Smith - Foi um desafio, porque Mark Twain não deixou os materiais cuidadosamente reunidos e prontos para publicação. Além disso, muitos dos ditados datilografados sobreviveram em várias cópias, com mais de um conjunto de revisões autorais.
Pela nossa pesquisa, descobrimos o que os conteúdos deveriam ser e entendemos a história de como o livro foi criado. Em especial, percebemos que ele revisava uma cópia, atenuando a linguagem e apagando passagens, para que fossem publicados trechos em uma revista, a "North American Review".
Por sabermos que ele não tinha a intenção de que as revisões entrassem na versão final, as rejeitamos.
Como o embargo de cem anos está relacionado à liberdade de pensamento que ele buscava?
Mark Twain já havia decidido, em 1876, que não poderia escrever livremente a menos que soubesse que suas palavras não seriam publicadas até muito tempo após sua morte.
Mas ele não escolheu um período em particular: o embargo de cem anos foi um dos muitos que sugeriu.
Alguns de seus comentários sobre o cristianismo, por exemplo, ele queria que fossem ocultados por 500 anos.
Que outras razões ele tinha para exigir o embargo?
Não há dúvida de que tinha consciência de que o embargo seria uma estratégia de marketing eficiente quando chegasse a hora de lançar a autobiografia.
É notável que em 1906 ele tivesse a certeza de que haveria interesse em sua autobiografia cem anos depois.
O que Mark Twain diria dos EUA de hoje?
Como atacou as corporações corruptas, os capitalistas gananciosos e os abastados "barões ladrões" de seu tempo (como John D. Rockefeller), ele certamente teria atacado os banqueiros e financistas culpados por muitos dos problemas econômicos nos EUA. E ele provavelmente teria se posicionado contra as guerras no Iraque e no Afeganistão.
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Cientistas transformam pele em sangue
Fonte: folha.uol.com.br 09/11
Estudo canadense teve sucesso sem que células passassem por fase "embrionária", considerada mais instável
Técnica pode facilitar transplantes para males sanguíneos e ajudar doentes com câncer; teste seria em 2012
Um coquetel bioquímico preparado por cientistas do Canadá se revelou uma receita eficaz para transformar pele humana em sangue.
Não é só força de expressão. As células conhecidas como fibroblastos, extraídas de um retângulo de pele com 4 cm por 3 cm, foram "convencidas" a gerar todos os principais componentes do sangue, de eritrócitos (os populares glóbulos vermelhos) a células de defesa.
O mais importante, afirmam Mickie Bhatia e seus colegas da Universidade McMaster, é que a transformação foi relativamente direta. Para conseguir o feito, eles não precisaram reverter as células da pele a um estado "primitivo", parecido com o de células embrionárias.
O resultado, apostam eles, é que o procedimento é muito mais fácil de controlar, evitando riscos como o aparecimento de tumores a partir das células transformadas.
Em tese, o procedimento poderia ajudar pacientes que precisam de um transplante de medula óssea (justamente a fonte natural das células sanguíneas) ou pessoas que passaram por quimioterapia.
TRANSFUSÕES
Em ambos os casos, não haveria risco de rejeição, uma vez que a fonte das células seria a pele do próprio paciente. E até as transfusões de sangue poderiam assumir outra natureza com o uso da técnica, já que ela se mostrou capaz de produzir sangue suficiente para esse fim.
O estudo, que deve ser publicado em edição futura da revista científica "Nature", tira partido de uma explosão de pesquisas anteriores na área de "transmutação" celular. Os cientistas já sabem, por exemplo, que a ativação de certos genes é capaz de deixar células de pessoas adultas mais maleáveis a essa transmutação.
No caso do sangue, a chave parecia ser o gene OCT4, cuja ativação levava ao aparecimento de algumas características preliminares das células do sangue.
Tomando isso como base, a equipe do Canadá adicionou uma cópia extra desse gene às células da pele e, depois, embebeu-as num coquetel de substâncias que, pelo que se sabia, favoreciam a especialização e a multiplicação das células do sangue.
O truque funcionou, e o uso de algumas outras substâncias foi suficiente para produzir com precisão o tipo desejado de célula, como glóbulos vermelhos, por exemplo. A ideia é poder testar a técnica em transplantes para pessoas em 2012.
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As lições da França para a conservação da natureza no Brasil
Fonte: UnB.br 09/11
Pesquisadora da UnB mapeou os pontos de cooperação entre os países e revelou falhas no sistema brasileiro de gestão e manutenção de Áreas Protegidas
Apesar das diferenças territoriais que deixam a França muito aquém da diversidade encontrada nos ecossistemas do Brasil, os franceses têm muito a ensinar aos brasileiros em termos de conservação da natureza. Uma parceria inédita entre os países, coordenada pela pesquisadora do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (CDS) Caroline Jeanne Delelis, mapeou os pontos de cooperação entre as nações em termos de criação e gestão de Áreas Protegidas (APs).
Uma prévia do trabalho, que será publicado em forma de livro no próximo 14 de dezembro, foi apresentada na palestra de abertura da Semana de Biologia da UnB, nesta segunda-feira, 8 de novembro. Na apresentação, Caroline destacou três aspectos da política de meio ambiente francesa que podem qualificar a conservação da natureza no Brasil: o pacto entre a sociedade civil e o Estado, os critérios rigorosos na criação de APs e a valorização dos saberes e produtos locais.
Na França, a responsabilidade pelas unidades de conservação é de todos. E é esse, segundo a pesquisadora francesa, o segredo do sucesso na gestão das APs. “Temos um conselho formado por representantes do governo e da comunidade local que se envolvem em todas as etapas do processo: da elaboração do plano para área à sua gestão efetiva”. No Brasil, de forma geral, a questão se resume às decisões de técnicos do Estado. “É preciso envolver diferentes atores para um modelo eficiente”, diz.
Outro problema na gestão das APs brasileiras, segundo a especialista, é a falta de critérios para a criação das unidades. “Aqui é tudo muito rápido e fácil, pois não há exigência de um projeto fechado que garanta o funcionamento da área, como os recursos necessários e a estrutura e equipe adequadas”. Caroline afirma que, apesar de ampliar o número de áreas protegidas, a falta de critérios gera os chamados “parques de papel”. “São áreas que não funcionam efetivamente pela falta de planejamento”.
A valorização da cultura local é outra lição francesa a ser aprendida pelos brasileiros. Caroline observa que esta é uma ferramenta para aproximar as populações locais das políticas de meio ambiente. “Na França há um espécie de selo que dá identidade aos aspectos peculiares da comunidade”, aponta. A pesquisadora usa como o exemplo o Cerrado brasileiro. “Aqui temos um fruto muito peculiar que é o pequi. Incentivar a exploração sustentável desse recurso é uma maneira de gerar desenvolvimento social e ambiental”.
PARCERIA – A cooperação franco-brasileira para o mosaico de Áreas Protegidas, promovida pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com a Embaixada da França, começou em 2005. “Contamos com diversas reuniões de gestores e especialistas para troca de informação entre os países com o foco nas unidades de conservação do Brasil”, explica Jeanne. O lançamento do livro com os resultados dos trabalhos, aberto ao público, ocorrerá no Parque Nacional de Brasília (Água Mineral).
Durante a palestra que lotou os Anfiteatro 7 da UnB, Caroline ainda destacou alguns aspectos que fazem do Brasil o país mais megadiverso do planeta. “Aqui existem 1,8 milhão de espécies, que correspondem a 13% da diversidade do mundo”. A especialista ainda apontou a fragmentação como a maior ameaça à conservação do meio ambiente. “O alto endemismo em áreas como o Cerrado e Mata Atlântica acaba ameaçado pela derrubada de áreas de conexão e fluxo de espécies e genes”, alerta.
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Caixa exibe obras de seu acervo em todas as capitais
Fonte: folha.uol.com.br 08/11
Mostra gratuita vai até o dia 28 e tem nomes como Portinari e Lasar Segall, além de artistas contemporâneos
O modernista Di Cavalcanti está em São Paulo. E também em Mato Grosso, na Paraíba, no Rio Grande do Sul e em mais cinco Estados.
Di Cavalcanti é um dos artistas da Galeria Caixa Brasil, exposição que acontece simultaneamente nas 27 capitais do país em comemoração aos 150 anos da Caixa Econômica Federal.
Inaugurada na última sexta-feira, a mostra com obras do acervo artístico do banco ficará em exposição até o dia 28, com oficinas e entrada gratuita.
Em cada cidade serão apresentadas cerca de 20 obras, entre pinturas, gravuras, esculturas e fotografias. Nomes consagrados das artes plásticas compartilham espaço com artistas contemporâneos.
O visitante de Brasília, por exemplo, poderá conferir "Emigrantes com Lua" (1910), de Lasar Segall, "Estrada de Ferro Central do Brasil" (sem data), de Tarsila do Amaral, e também "O Livro dos Mártires VI" (2001), do jovem Marcelo Moscheta.
A lista nacional abrange ainda Portinari, Djanira, Aldemir Martins, Antônio Poteiro e Glauco Rodrigues. O visitante também poderá votar em suas obras preferidas. As três mais votadas em cada capital vão compor uma nova exposição em janeiro de 2011, nos cinco espaços da Caixa Cultural (Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo).
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Russos inovam em ações de protesto
Fonte: folha.uol.com.br 08/11
Contra repressão, sociedade tem usado novos modos de expressão, principalmente com organização on-line
Novos movimentos sociais surgem e país vive onda de luta por liberdade de expressão reforçada pela internet
Com o surgimento de diversos movimentos sociais desde o último verão, a Rússia vive hoje uma onda de luta pela liberdade de expressão que pode ser comparada talvez apenas àquela do início da glasnost (transparência) e da perestroika (reestruturação econômica).
Mesmo sujeita a repressão, a sociedade civil tem encontrado modos de expressão por meio de inventivas ações de protesto.
Muitas dessas ações têm tido repercussão auxiliadas principalmente pela divulgação e organização on-line.
Uma delas é a "Estratégia 31" -protestos em todos os meses que vão até o dia 31 para reivindicar o exercício do artigo de mesmo número da Constituição russa. Esse é o artigo que dá ao cidadão a liberdade de agrupamento.
Numa ocorrência mais recente, uma "disputa de calendários" agitou o curso de jornalismo da Universidade Estatal de Moscou.
Uma turma de meninas resolveu presentear o premiê Vladimir Putin em seu aniversário com um calendário em que apareciam seminuas.
Mas uma segunda facção logo se formou e, aproveitando o barulho da mídia, fez uma versão on-line do calendário em que apareciam bem cobertas, com os lábios lacrados por fita crepe e fazendo perguntas provocativas ao premiê, como "Quem matou Anna Politkovskaya [jornalista assassinada em 2006]?".
"Meu julgamento é que a internet tem sua parte nisso. Por causa dela, hoje há mais russos a par das coisas", afirma Marvin Kalb, especialista em política euro-asiática da Universidade Havard.
"Creio que os líderes da Rússia estão, ou deveriam estar, preocupados sobre qual será o papel da internet em encorajar os russos a serem mais abertos, mais céticos e questionarem o governo mais abertamente", diz.
BALDES AZUIS
Entretanto, não é só na internet que a rebelião popular tem encontrado espaço. Outro movimento bastante popular é o dos "baldes azuis".
Nele, motoristas da capital vinham ridicularizado a supremacia dos burocratas russos que, munidos de luzes tipo giroflex azuis, têm garantidas mordomias no trânsito -como circular pela faixa reservada a ambulâncias, policiais ou autoridades.
Cidadãos comuns andavam colocando baldes azuis no teto e até pulando sobre os capôs dos carros beneficiados pelo giroflex para protestar contra as vantagens.
Analistas, porém, vêm diferenças entre as manifestações atuais e as da época das reformas lançadas por Mikhail Gorbatchov em 1985.
O observador Dmitri Gorenberg, do Centro Davis de Estudos Russos e Euro-asiáticos, lembra em seu blog que "um fator crucial que permitiu que o ativismo inicial da perestroika se tornasse algo mais foi a disposição das autoridades em possibilitar que ele se desenvolvesse e crescesse".
Segundo Gorenberg, os protestos atuais não ameaçam a hegemonia do poder instaurado, e o governo do presidente Dmitri Medvedev não teria motivos para se preocupar.
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